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ISSN (on-line): 1806-3756

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Apresentações

2006 - Vol.32 - Supplement 5

TABAGISMO

AO001 A ASSOCIAÇÃO INVERSA ENTRE O TABAGISMO E ÍNDICE DE MASSA CORPORAL PODE SER EXPLICADA PELA GENÉTICA?
Chatkin JM, Scaglia NC, Chatkin G, Fritscher CC, Taufer M, Abreu CM, Blanco DC, Oliveira G
Faculdade de Medicina da Pontifícia Universidade Católica do Rio Grande do Sul (Pucrs), Porto Alegre, RS, Brasil.
Palavras-chave: Tabagismo; Leptina; Obesidade
Introdução: A cessação do tabagismo é uma estratégia essencial para reduzir a morbidade e a mortalidade associada às doenças causadas por esse hábito. A abstinência tabágica geralmente resulta em aumento de peso, sendo uma preocupação da população em geral e dificultando o sucesso de muitas tentativas de abandono do fumo, além de tornar-se um fator de risco para o fracasso destas tentativas. Polimorfismos genéticos do receptor de leptina nos centros cerebrais de controle da saciedade podem estar envolvidos. Objetivos: Estudar o papel do polimorfismo Gln223Arg do receptor de leptina na associação do índice de massa corporal com o status tabágico. Métodos: Foi realizado um estudo transversal com voluntários de ambos os sexos entre 18 e 63 anos de idade, classificados como fumantes, não fumantes ou ex-fumantes. Os sujeitos preencheram um questionário padronizado com variáveis demográficas e relacionadas ao tabagismo. Foi coletada amostra de sangue para estudo genético do polimorfismo Gln223Arg do receptor de leptina por PCR/RFPL. Resultados: A amostra incluiu 228 doadores, sendo 174 (60,4%) homens, com idade média de 34.6 ± 11.0 anos. Houve 106 (36.8%) não fumantes, 99 (34.4%) fumantes e 83 (28.8%) ex-fumantes. As freqüências genotípicas foram 38.9%, 51,4% e 9,7% para os indivíduos GG, AG e AA respectivamente. Não foi encontrada associação significativa entre os genótipos estudados e o status tabágico. Os valores médios de IMC conforme os polimorfismos dos receptores de leptina classificados por status tabágico foram para não fumantes e ex-fumantes de 26.02, 25.82 e 24.97 respectivamente para GG, AG e AA (p > 0.05). Para os fumantes, os valores foram 24.51, 25.84 e 28.41 respectivamente para GG, AG e AA (p = 0.007). Conclusão: Detectou-se associação entre o polimorfismo Gln223Arg do receptor de leptina, BMI conforme o status tabágico. Fumantes com genótipo AA apresentaram IMC maior quando comparado aos outros grupos. Em não fumantes e ex-fumantes esta associação não foi estatisticamente significativa. Infere-se que o papel da nicotina no peso corporal possa ter relação com este polimorfismo.

AO002 PROGRAMA DE ABANDONO DO TABAGISMO: UMA ESTRATÉGIA QUE FUNCIONA?
Chatkin JM, Scaglia NC, Chatkin G, Fritscher CC, Jeremias ET, Abreu CM, Beck MG, Bandeira MP
Faculdade de Medicina da Pontifícia Universidade Católica do Rio Grande do Sul (Pucrs), Porto Alegre, RS, Brasil.
Palavras-chave: Tabagismo; Abandono; Tratamento
Introdução: O abandono do hábito tabágico é um processo bastante complexo, onde ainda são baixos os índices de sucesso, apesar do crescente uso de medicamentos que auxiliam na cessação deste hábito. O Ambulatório de Auxílio ao Abandono do Tabagismo do Hospital São Lucas da PUCRS é um programa estruturado com o objetivo de aumentar as taxas de sucesso desse processo. Objetivos: Avaliar taxas de sucesso e fatores que podem interferir no processo de cessação do tabagismo em pacientes inseridos em um programa estratégico estruturado. Métodos: Desde junho de 1999 até maio de 2006 buscaram atendimento 746 paciente no programa, sendo que em 194 casos foi optado pelo não tratamento naquele momento, 146 casos foram encaminhados para tratamento psiquiátrico e/ou clínico antes e 406 casos foram avaliados em ensaio clínico aberto. Todos os participantes receberam terapia cognitivo-comportamental. O tratamento farmacológico foi dividido em quatro grupos: apenas terapia cognitivo-comportamental, bupropiona, terapia de reposição de nicotina ou ambas. Foram analisadas as taxas de abstinência através do método de Kaplan-Meier. Outros fatores que poderiam interferir no ato de cessação do tabagismo também foram analisados como sexo, idade, escolaridade, número de tentativas prévias de cessação, grau de dependência à nicotina, comorbidades e tipo de convênio. Resultados: 64% dos pacientes tratados foram do sexo feminino, 15% receberam apenas terapia cognitivo-comportamental, 63,8% receberam bupropiona, 3,3% terapia de reposição nicotínica e 5,3% utilizaram o tratamento combinado. Na análise dos fatores interferentes na cessação do tabagismo, apenas o tratamento farmacológico foi associado ao aumento da taxa de sucesso, sendo RR = 0,55 (IC = 0,37-0,83) para Brupropiona, RR = 0,51 (IC = 0,26-0,98) para terapia de reposição de nicotina e RR = 0,54 (IC = 0,32-0,89) para tratamento combinado. Conclusão: O tratamento farmacológico mostrou-se como fator protetor para cessação do hábito tabágico em relação à terapia cognitivo-comportamental aplicada isoladamente.

AO003 ANÁLISE DA RECAÍDA EM 593 EX-FUMANTES APÓS 12 MESES DO TRATAMENTO: IMPLICAÇÕES PARA A DURAÇÃO DO ACOMPANHAMENTO NA FASE DE MANUTENÇÃO
Rodrigues de Almeida Santos SR1, Siqueira VF2, Peruchin FF3, De Oliveira MA4, David YRN5, Mutti A6, Furlan V7, Jardim JR8
1,8. Prevfumo-UNIFESP, São Paulo, SP, Brasil; 2,3,4,5,6,7. Prevfumo-Total Care/Amil, São Paulo, SP, Brasil.
Palavras-chave: Tabagismo; Recaída; Manutenção
Introdução: Durante o tratamento do tabagismo recomenda-se que sejam abordados os fatores de risco para recaídas, reduzindo estes eventos e favorecendo a cessação nas avaliações de longo prazo. As recomendações dos poucos documentos mundiais sobre este assunto apontam também para o seguimento posterior prolongado, com abordagens periódicas para reduzir tais riscos. A duração deste acompanhamento posterior à cessação vem sendo revisada e discutida na literatura mundial, com tendência até o momento de dedicar-se doze meses ao mesmo. Objetivos: Investigar prazo médio entre o término do tratamento do tabagismo e a ocorrência de recaídas para pacientes tratados em centros de referência, fornecendo uma recomendação para a duração deste seguimento com estratégias de manutenção da abstinência. Métodos: Acompanhados prospectivamente 593 pacientes que pararam de fumar durante tratamento em grupo realizado no PrevFumo-Unifesp e PrevFumo-Total Care/AMIL, a partir da alta deste tratamento até completarem 12 meses de seguimento. O tratamento em grupo foi realizado com intervenção cognitivo-comportamental e terapia farmacológica, em encontros semanais no primeiro mês de tratamento e quinzenais no segundo mês (6 encontros em 8 semanas). Cada encontro foi realizado com grupo de até 12 participantes, com duração aproximada de 75 minutos cada um. As formas de medicamentos utilizadas foram bupropiona e terapias de reposição de nicotina (gomas e adesivos), utilizados preferencialmente em monoterapia. O acompanhamento para avaliação de recaídas foi realizado por contato telefônico quando o(a) paciente completou 12 meses de término do tratamento em grupo. Resultados: Dos 593 ex-fumantes inscritos no estudo, perdeu-se o contato com 166 (27,99%), restando 427 com avaliação completa. Destes, 172 tiveram recaída (40,28%) sendo que o período identificado como de maior risco foi o compreendido entre um e três meses após o término de abordagem intensiva, respondendo por 69,77% das ocorrências; 89,63% das recaídas ocorreram até o sexto mês e 97,67% até o nono mês posterior ao término do tratamento. Conclusão: Estratégias de prevenção de recaída devem ser observadas com rigor durante o tratamento em grupo e principalmente nos 3 primeiros meses de cessação. A ocorrência de recaídas no nono mês posterior ao tratamento não apresentou diferença estatística significante em relação ao observado ao final do período avaliado (12 meses), p > 0,05. Portanto, revisar o período aplicado para acompanhamento na fase de manutenção pode ser recomendável para redução dos custos implicados, favorecendo desvio de esforços para outras estratégias com melhores resultados na busca do mesmo objetivo.

AO004 AMBULATÓRIO DE APOIO AO TABAGISTA DO HOSPITAL DE MESSEJANA: FATORES ASSOCIADOS AO SUCESSO TERAPÊUTICO
Penha Uchoa Sales M1, Oliveira MI2, Jatai IO3, Melo Matos I4, Figueiredo MRF5
1,2,5. Hospital de Messejana, Fortaleza, CE, Brasil; 3,4. UECE, Fortaleza, CE, Brasil.
Palavras-chave: Fatores de sucesso; Terapêutica; Tabagismo
Introdução: Fatores associados ao sucesso terapêutico do tabagista são influenciados pela motivação pessoal, grau de dependência e terapia envolvendo aspectos físicos e psicológicos da doença. Revisão da literatura mostra que a taxa de abstinência atingida em programas de tratamento com abordagem cognitivo-comportamental e terapia medicamentosa, varia de 20-30%. Objetivos: Avaliar os fatores associados às taxas de sucesso terapêutico dos clientes atendidos pelo programa de apoio ao tabagista do Hospital de Messejana. Métodos: Realizado estudo retrospectivo dos clientes atendidos pelo programa, no período de outubro de 2002 a dezembro de 2005. Durante a entrevista inicial foram triados para o tratamento, aqueles que se mostravam motivados e preparados para a tarefa de parar de fumar O tratamento foi baseado em sessões com dinâmicas de grupo, em que se buscou o auto-conhecimento da dependência, adoção de mudanças comportamentais e uso da medicação padrão, bupropiona e adesivo de nicotina. As dinâmicas de grupo variaram durante o período do estudo. Para a análise, considerou-se como perfil do fumante (sexo, teste de Fagerstrom, tentativas prévias para parar de fumar, número de cigarros fumados ao dia), tipo e tempo da medicação utilizada. Sucesso foi relatado pelo cliente com a informação própria de haver parado de fumar há pelo menos seis meses. Insucesso, foi caracterizado pelo grupo que não conseguiu parar de fumar, abandonou o tratamento ou apresentou recaída. Resultados: Do total de 427 clientes, 238(56,8%) atingiram abstinência, sendo que esta taxa foi progressiva ao longo dos quatro anos de experiência. O insucesso ocorreu em 181 casos (43,2%). O perfil do fumante se modificou significativamente (p < 0,05), no que diz respeito ao teste de Fagerstrom que apresentou índices inferiores no primeiro e quarto anos e no número de tentativas prévias frustradas que foi maior no quarto ano. 54,7% usou associação de bupropriona e adesivo de nicotina, sendo que a utilização foi muito mais elevada no último ano (87%). A freqüência e período do uso da medicação (3 meses) apresentou crescimento linear com o passar dos anos, para a bupropiona (p < 0,001); para o uso de adesivo de nicotina (p < 0,001), para o tempo de utilização do adesivo (p < 0,016). O sucesso foi associado aos seguintes fatores: uso acima de 20 cigarros ao dia, utilização de bupropiona (p < 0,001) e adesivo de nicotina (p < 0,001). Conclusão: Como todos os clientes se encontravam motivados para cessar o fumo durante a triagem inicial, passaram pelas sessões de abordagem cognitivo- comportamental, embora, estas tenham sofrido alterações ao longo do período, a análise dos fatores associados ao sucesso se mostrou significativa quanto ao numero de cigarros fumados ao dia e ao tratamento medicamentoso.

AO005 AVALIAÇÃO DO PERFIL TABÁGICO E ABSTINÊNCIA EM HOMENS E MULHERES DO AMBULATÓRIO DE APOIO AO TABAGISTA DO HOSPITAL DE MESSEJANA
Penha Uchoa Sales M, Oliveira MI, Melo Matos I, Jatai IO, Figueiredo MRF
Hospital de Messejana, Fortaleza, CE, Brasil.
Palavras-chave: Abstinência tabágica; Sexo feminino; Sexo masculino
Introdução: Abordagem de aspectos psíquicos e utilização de medicamentos fazem parte do tratamento do tabagismo, objetivando a abstinência e a manutenção da mesma. Alguns estudos tem demonstrado que mulheres apresentam maiores dificuldades para abstinência tabágica quando comparadas aos homens. Objetivos: Avaliar o perfil tabágico, desfecho terapêutico e fatores associados ao mesmo em pacientes do sexo masculino e feminino que foram atendidos no ambulatório de Apoio ao Tabagista do Hospital de Messejana. Métodos: Realizou-se estudo retrospectivo dos pacientes que foram atendidos durante o período de outubro de 2002 a dezembro de 2005. Clientes de ambos os sexos foram triados avaliando-se a motivação e preparando-os para a tarefa de cessar o fumo. Em seguida, encaminhados para o grupo de apoio, que realizou quatro sessões iniciais com o objetivo de favorecer o auto-conhecimento da dependência nicotínica e a mudança de comportamento destes pacientes, visando a abstinência. Após esta fase, utilizou-se terapia medicamentosa: Bupropiona e/ou Terapia de Reposição Nicotínica e o tratamento de manutenção da abstinência. O perfil tabágico, terapêutica utilizada e desfecho foram estudados comparativamente em homens e mulheres. Resultados: No total, foram avaliados 427 pacientes, sendo 64,9% mulheres vs 35,1% homens. Observamos que os homens iniciaram o tabagismo mais precocemente, o tratamento mais tardiamente e conseqüentemente fumaram por mais anos; entretanto sem relevância estatística. O teste de Fagerströn avaliado em função do sexo revelou que a dependência grave era encontrada em 37,8% dos homens vs 26 % das mulheres (p = 0,01); observou-se que as mulheres fumavam menor número de cigarro 40,7% vs 25,5% dos homens fumavam £ 10 cig/dia (p = 0,002) e 43,6% dos homens vs 26,4% das mulheres fumavam ³ 20 cig/dia (p < 0,001); Para alcançar a abstinência as mulheres utilizaram bupropiona em 66,9% vs 56,8% dos homens (p = 0,04). A utilização por maior tempo de bupropiona em mulheres esteve correlacionada com o sucesso (p = 0,05). A associação da bupropiona e nicotina adesivo esteve correlacionada com o desfecho para o sucesso terapêutico em ambos os sexos (p < 0,001), Taxa de abstinência encontrada 57,1 vs 56,6% em homens e mulheres foram semelhantes (p = 1,00). Conclusão: Os homens procuraram menos este tipo de tratamento, apresentaram teste de Fagerstron mais elevado e fumavam maior número de cigarros que as mulheres; estas utilizaram mais bupropiona e o seu uso por tempo mais prolongado esteve implicado com o sucesso terapêutico, relacionamos tal fato ao maior nível de ansiedade entre as mulheres; A associação de bupropiona e nicotina adesivo continuou sendo a abordagem terapêutica de escolha estando correlacionada com sucesso terapêutico em ambos os sexos. A taxa de abstinência encontrada no presente estudo foi semelhante em homens e mulheres.

AO006 AVALIAÇÃO DA QUALIDADE DE VIDA EM FUMANTES E EX-FUMANTES DO PROGRAMA DE COMBATE AO TABAGISMO DO HOSPITAL DE MESSEJANA (PCTHM) - CE
Araújo Pinto RM1, Sampaio Viana CM2, Jatai IO3, Melo Matos I4, Oliveira MI5, Penha Uchoa Sales M6, Salani Mota RM7, Pereira EDB8
1,2,5,6,8. Hospital de Messejana, Fortaleza, CE, Brasil; 3,4. Universidade Estadual do Ceará, Fortaleza, CE, Brasil; 7. Universidade Federal do Ceará, Fortaleza, CE, Brasil.
Palavras-chave: Fumantes; Ex-fumantes; Qualidade de vida
Introdução: A Organização Mundial de Saúde define qualidade de vida (QV) como a percepção individual de bem-estar físico, mental, social e ocupacional. Nas últimas décadas, houve um crescente interesse sobre esse tema, com inúmeros estudos sobre o impacto de doenças na QV de seus portadores. O tabagismo ativo afeta atualmente um terço da população mundial, com taxa de mortalidade de cinco milhões ao ano. Até o presente momento, não há relato na literatura sobre a QV em fumantes e ex-fumantes. Objetivos: Avaliar a QV em um grupo de fumantes e ex-fumantes do PCTHM. Métodos: Estudo transversal, realizado no ambulatório do PCTHM. No grupo de fumantes e ex-fumantes foi aplicado o The Medical Outcomes Short- Form Survey (SF-36) para avaliação da QV e o teste de Fageströn (TF) para o grau de dependência nicotínica, além de coleta dos dados sociodemográficos e tempo de fumo. Para análise estatística, foram utilizados os seguintes testes: Método de Shapiro-Wilk - normalidade das variáveis quantitativas; teste t de Student - comparação de médias entre dois grupos cuja distribuição é normal; teste de Mann-Whitney - comparação de médias entre dois grupos cuja distribuição não é normal; teste de Levene - avaliar igualdade da variância dos dados; coeficiente de Spearman: correlação linear entre as variáveis do SF-36. Foram utilizados testes bicaudais com probabilidade alfa fixada em 05%. O programa estatístico utilizado foi o SPSS 13.0 Windows. Resultados: Cento e dois clientes participaram do estudo, sendo 41 ex-fumantes (grupo EF) e 61 fumantes (grupo F). A maioria era do sexo feminino, 58,5% no grupo EF e 59% do grupo F. A média de idade foi de 52,93 (± 8,77) para o grupo EF e 48,87 (± 11,15) para o grupo F (p = 0,043). A média dos valores do TF no grupo EF e F foram 5,88 (2,10) e 5,72 (2,37), respectivamente (p = 0,732). Seis das oito escalas do SF-36 apresentaram diferença significativa entre os grupos EF e F, sendo os valores no grupo EF menores. Corrigidos pela idade, a saúde mental e física entre os dois grupos diferiram significativamente. No grupo F, houve correlação negativa entre o teste de Fageströn e os domínios Aspecto Geral de Saúde (r: -0,486; p: < 0,001), Vitalidade (r: -0,281; p = 0,028), Aspectos Sociais (r: -0,397; p = 0,002), Aspectos de Saúde Mental (r: -0,270; p = 0,036) e indícios de correlação negativa com o Aspecto Emocional (r: -0,225; p = 0,082) e o coeficiente de saúde mental (r: -0,233; p = 0,071) do SF-36. No grupo EF, o teste de Fagestron não se correlacionou com os oito aspectos do SF-36. Conclusão: Observou-se redução na qualidade de vida no grupo dos fumantes na população estudada, especialmente naqueles com maior grau de dependência nicotínica.

TUBERCULOSE

AO007 A INFECÇÃO TUBERCULOSA NA POPULAÇÃO CARCERÁRIA DOS DISTRITOS POLICIAIS DA ZONA OESTE DA CIDADE DE SÃO PAULO, SEGUNDO O TEMPO DE PRISÃO
Abrahao RMM, Nogueira PA
Faculdade de Saúde Pública USP, São Paulo, SP, Brasil.
Palavras-chave: Infecção tuberculosa; Prova tuberculínica; Detentos
Introdução: A relação entre infecção tuberculosa e tempo de prisão, tem sido demonstrada em estudos realizados em diferentes países, nos quais observou-se que, quanto maior a permanência do detento em uma prisão, maior é sua exposição à doença e maior o risco de infecção. Objetivos: Verificar a associação entre o tempo de prisão e a positividade da prova tuberculínica na população carcerária dos Distritos Policiais da Zona Oeste da cidade de São Paulo. Métodos: Realizou-se um estudo observacional, no período de março de 2000 a maio de 2001, com a aplicação de um inquérito individual e da prova tuberculínica (PPD-RT23 - 2TU/0.1ml) nos detentos. Para verificar a associação entre tempo de prisão e reatividade ao PPD, utilizou-se o teste de tendência (p < 0,001), separando-se os detentos em primários e reincidentes, e em não reatores e reatores. Resultados: Do total de 1.052 presos, 932 concordaram em fazer a prova tuberculínica e 601 (64,5%) estavam infectados. Comparando-se o resultado da prova tuberculínica com o tempo de prisão, observou-se que dos 932 detentos analisados, 280 estavam presos há menos de 60 dias, e destes, 57,1% foram reatores ao PPD; 343 detentos estavam com 60 a 180 dias de prisão e a percentagem de reatores aumentou para 64,4%; 231 detentos estavam com 181 a 365 dias de prisão e a percentagem foi de 70,1% e, finalmente, 78 detentos estavam na prisão há mais de 366 dias e a percentagem de reatores aumentou para 74,4%. Após a separação dos detentos em primários e reincidentes, e em não reatores e reatores, observou-se que de um total de 506 detentos primários, 134 estavam presos há menos de 60 dias, e destes, 40,3% foram reatores ao PPD; de 180 detentos primários com 60 a 180 dias de prisão a percentagem de reatores aumentou para 64,4%; de 139 detentos primários com 181 a 365 dias de prisão a percentagem foi de 67,6% e de 53 detentos primários com mais de 366 dias de prisão foi de 62,3%. De um total de 426 detentos reincidentes, 146 estavam presos há menos de 60 dias, e destes, 72,6% foram reatores ao PPD; de 163 detentos reincidentes com 60 a 180 dias de prisão a percentagem de reatores aumentou para 75,5% e de 92 detentos reincidentes com 181 a 365 dias de prisão, a percentagem foi de 73,9%. O que se destacou no grupo dos detentos reincidentes foi que, de 25 detentos que estavam presos há mais de 366 dias, 100,0% estavam infectados, mostrando que em todos os períodos de permanência na prisão, os detentos reincidentes apresentaram percentagens de infecção tuberculosa maiores do que as dos detentos primários, e que estas foram aumentando na medida em que aumentava o tempo de prisão destes detentos. Conclusão: Houve associação entre infecção tuberculosa e tempo de prisão, pois quanto maior o tempo de prisão, maior a positividade da prova tuberculínica.

AO008 TUBERCULOSE CONGÊNITA: REVISÃO DIAGNÓSTICA E INCLUSÃO DE NOVO CRITÉRIO
Azevedo Sias SM1, Nascimento Daltro PA2, Carreiro EM3, Bezerra de Menezes NM4, Cardoso Felix AA5, Silami Lopes VG6
1. Universidade Federal Fluminense, Niterói, RJ, Brasil; 2. Cdpi, Rio de Janeiro, RJ, Brasil; 3,4. Hospital Universitário Antonio Pedro-Uff, Niterói, RJ, Brasil; 5,6. Hospital Universitário Antonio Pedro, Niterói, RJ, Brasil.
Palavras-chave: Tuberculose; Neonatal; Diagnóstico
Introdução: A Tuberculose Congênita (TC) é uma doença rara com pouco mais de 300 casos descritos. Inicialmente a sintomatologia é inespecífica podendo simular sepsis bacteriana ou infecção congênita não sendo geralmente o diagnóstico realizado e evoluindo para óbito. O critério mais recente para o diagnóstico de TC requer que o lactente tenha lesão tuberculosa comprovada e apresente no mínimo um dos seguintes itens: lesões na primeira semana de vida; complexo primário hepático ou granuloma de caseificação hepático; infecção tuberculosa na placenta ou no trato genital materno e exclusão de transmissão pós-natal (Cantwell). Objetivos: Descrever um caso de TC incluir como critério a calcificação mediastinal e/ou hepática. Métodos: Descrição do diagnóstico e evolução de um caso de TC com levantamento bibliográfico dos critérios diagnósticos. Resultados: Após broncoscopia em lactente de 2 meses com suspeita de tuberculose cuja cultura do lavado brônquico foi positiva para BK, constatou-se que sua mãe teve quadro sugestivo de tuberculose 20 dias antes do parto e, 2 semanas após o nascimento foi internada evoluindo para óbito. O escarro e lavado brônquico foram negativos para BK e o Anti HIV também. RX com infiltrado miliar. Não houve necropsia nem estudo da placenta. O lactente ao nascer ficou internado por desconforto respiratório em uso de antimicrobianos. A mãe e o RN tiveram alta à revelia. O RN foi reinternado por 2 vezes devido à pneumonia. Logo após a primeira alta recebeu BCG cuja evolução foi precoce. Na segunda internação mantinha RX inalterado sendo transferido para o HUAP. Encontrava-se desnutrido, dispnéico, pálido, com crepitações bilaterais e hepatoesplenomegalia. Hemograma com leucocitose, neutrofilia e anemia. Líquor normal. TCAR de tórax e abdome com condensações, cavitação e imagens nodulares bilaterais além de calcificações periportal e em mediastino. Iniciado esquema RIP e corticóide oral com boa evolução e alta hospitalar em 16 dias. O rastreamento de contactantes familiares e hospitalares foi negativo. Manteve-se o tratamento por 1 ano com cura completa mantendo apenas as calcificações mediastinais e no fígado. Conclusão: Apesar de não ter estudo da placenta e cérvix uterina comprovando tuberculose materna, o RX e a história no final da gravidez sugerem esta doença. O diagnóstico de Tuberculose Congênita foi considerado tendo em vista que o lactente apresentou quadro respiratório desde a primeira semana de vida com tratamento antimicrobiano sem resposta clínica ou radiológica, teve cicatrização precoce da BCG (BCG teste), alterações endoscópicas de compressão extrínseca confirmando adenomegalia mediastinal na TC de tórax, cultura do lavado brônquico positivo para BK e afastada a possibilidade da transmissão pós-natal. Como as calcificações no caso da tuberculose se tornam presentes entre 6 meses a 1 ano após a infecção e o lactente aos 2 meses já as apresentava na TCAR (não no RX) sugerimos que este seja um item a ser incluído aos critérios de Cantwell.

AO009 PREVALÊNCIA DE TUBERCULOSE EM PACIENTES RENAIS CRÔNICOS SUBMETIDOS À HEMODIÁLISE CRÔNICA NOS ÚLTIMOS CINCO ANOS, EM UM CENTRO DE REFERÊNCIA, NA CIDADE DE MANAUS
Cardoso VM1, Campos MH2, Silva CQ3, Catunda AC4, Cardoso ACD5, Socorro de Lucena Cardoso MD6
1,2,3,5,6. Universidade Federal do Amazonas, Manaus, AM, Brasil; 4. Centro Universitário Nilton Lins, Manaus, AM, Brasil.
Palavras-chave: Tuberculose; Hemodiálise; Insuficiência renal crônica
Introdução: Pacientes com insuficiência renal crônica (IRC), em tratamento dialítico, evoluem com alterações significativas no sistema imunológico; capazes de desenvolver um quadro de imunodeficiência moderada. Tem sido descrito nos últimos tempos, um aumento da incidência de tuberculose (TB) nesses pacientes. No entanto, possuímos poucos dados epidemiológicos sobre a prevalência e as manifestações clínicas dessa enfermidade nos doentes renais crônicos na cidade de Manaus. Objetivos: Investigar a prevalência, perfil epidemiológico e as manifestações clínicas da tuberculose nos pacientes renais crônicos atendidos na Clínica Renal de Manaus (CRM) nos últimos cinco anos. Métodos: Foi efetuado um estudo transversal com analise retrospectiva de prontuários de 487 pacientes portadores de IRC, submetidos à hemodiálise na CRM, no período de janeiro de 2000 a julho de 2005. Foram inclusos aqueles que desenvolveram tuberculose no período referido e excluídos os que além de IRC e TB apresentavam sorologia positiva para o vírus da imunodeficiência adquirida. A análise estatística foi realizada através do programa EPI INFO 2002. Resultados: A tuberculose foi diagnosticada em 29 (6,0%) dos pacientes renais crônicos, sendo 51,8% do sexo feminino e 48,1% do sexo masculino, a idade média para o desenvolvimento da TB foi de 46 anos com maior incidência entre as faixas etárias de 30 a 60 anos. O acometimento extrapulmonar (69%; p = 0,0039) foi estatisticamente maior em comparação a forma pulmonar da doença (31%). A pleura foi o órgão mais acometimento com 40% dos casos, seguida da ganglionar 35%, peritoneal 15%, óssea e cutânea 5% cada. Febre indeterminada e perda ponderal foram os sintomas mais freqüentes. A duração média da hemodiálise antes do diagnóstico da tuberculose foi de 37 meses. Em 3 pacientes (13%) o desenvolvimento da enfermidade ocorreu nos primeiros 12 meses de diálise, em 13 (56,5%) entre o primeiro e terceiro ano e em sete (30,5%) ente o quarto e oitavo ano de tratamento dialítico. O diagnóstico de TB foi confirmado através de exames bacteriológicos em 20,6% dos casos, biópsia de diferentes órgãos (40%), análises bioquímicas de fluidos corporais (10,3%), ADA (6,9%) e em 22,2% foi estabelecido pela associação da clínica, imagens radiológicas e resposta terapêutica. Todos foram tratados com esquema RIP; observando uma eficácia terapêutica em 79,3% dos casos, e falha em um paciente. Quatro (13,7%) foram à óbito na vigência do tratamento. Conclusão: Os pacientes urêmicos apresentam uma elevada taxa de prevalência de tuberculose quando comparados à população geral de Manaus IC95% (4,1-8,5); com predileção para o comprometimento extra- pulmonar. Deve-se suspeitar da doença em todo renal crônico que se apresente com febre de origem indeterminada e perda ponderal sem causa aparente. O diagnóstico precoce e a instituição imediata do tratamento proporcionam um bom prognóstico.

AO010 IMPLEMENTAÇÃO DE UM PROGRAMA NACIONAL PARA CONTROLE DE QUALIDADE DOS MEDICAMENTOS ANTI-TB NO BRASIL
Keravec J1, Gemal AL2, Hijjar MA3, Santos JR4, Camargo JA5, Oliveira JB6, De Paula NC7, Lamarão ML8
1. Projeto Msh - Rational Pharmaceutical Management Plus Program (Rpm Plus), Rio de Janeiro, RJ, Brasil; 2. Instituto Nacional de Controle de Qualidade em Saúde (Incqs), Rio de Janeiro, RJ, Brasil; 3. Centro de Referência Professor Hélio Fraga (Crphf) - Ministério da Saúde, Rio de Janeiro, RJ, Brasil; 4. Programa Nacional de Controle da Tuberculose (Pnct) - Ministério da Saúde, Brasília, DF, Brasil; 5. Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) - Ministério da Saúde, Brasília, DF, Brasil; 6. Departamento de Assistência Farmacêutica (Daf) - Ministério da Saúde, Brasília, DF, Brasil; 7. Lacen Goiás, Goiânia, GO, Brasil; 8. Lacen Amapá, Macapá, AP, Brasil.
Palavras-chave: Tuberculose; Medicamentos; Controle de qualidade
Introdução: O Programa Nacional de Controle da Tuberculose (PNCT), o Instituto Nacional de Controle de Qualidade em Saúde (INCQS), o Centro de Referência Professor Hélio Fraga (CRPHF), o Departamento de Assistência Farmacêutica do Ministério da Saúde, e a Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) criaram um grupo de trabalho multidisciplinar, com apoio do Projeto MSH, para avaliar a qualidade dos medicamentos anti-TB, freqüentemente questionada pelos profissionais que tratam pacientes com TB. Objetivos: Avaliar e monitorar a qualidade dos medicamentos anti-TB no Brasil. Métodos: Foram realizados procedimentos padronizados para coleta das amostras de todos os medicamentos anti-TB componentes dos esquemas de primeira e segunda linha. Os testes foram realizados nos laboratórios do INCQS e nos Lacens Goiás e Amapá em concordância com as diretrizes da Farmacopéia Brasileira e/ou da US Pharmacopeia. Resultados: Setenta amostras representando 14 medicamentos e 11 produtos diferentes foram coletadas durante a primeira fase do trabalho. De 68 amostras analisadas, 46 foram aprovadas e 22 consideradas como insatisfatórias. Dessas 22 amostras, 9 apresentaram inconformidade por análise de rotulo e 13 apresentaram resultados insatisfatórios por ensaios físico-químicos e químicos. As principais causas para os desvios de qualidade observados nas amostras foram: problemas com a matéria prima (Rifampicina), harmonização de métodos analíticos e fatores ligados ao processo produtivo. Conclusão: O programa de TB e os órgãos de controle interagem de forma construtiva com os produtores de fármacos para melhorar a qualidade dos medicamentos, definindo ações legais conjuntas para evitar desabastecimento e informando regularmente aos profissionais e usuários a qualidade dos produtos no setor público. Um plano para monitorar continuamente a qualidade foi implantado através da descentralização para o nível estadual da capacidade para testar os medicamentos anti-TB.
DOENÇA PULMONAR
OBSTRUTIVA CRÔNICA (DPOC)

AO011 EFICÁCIA IMEDIATA DO FORMOTEROL EM DPOC COM POBRE REVERSIBILIDADE
Rubin AS1, Hetzel JL2, Souza FJFB3, Moreira JS4
1. Pavilhão Pereira Filho- Santa Casa de Porto Alegre, Porto Alegre, RS, Brasil; 2. Pavilhão Pereira Filho, Porto Alegre, RS, Brasil; 3,4. Pavilhão Pereira Filho, Porto Alegre, RS, Brasil.
Palavras-chave: DPOC; Formoterol; Função pulmonar
Introdução: A doença broncopulmonar obstrutiva crônica (DPOC) é caracterizada pela obstrução crônica ao fluxo aéreo, geralmente progressiva, que não é totalmente reversível. O formoterol é um potente agonista beta-adrenérgico com duração de ação de 12 horas e rápido início de ação. Sua eficácia broncodilatadora imediata em DPOC ainda é controversa. Objetivos: Avaliar a resposta imediata ao formoterol em portadores de DPOC com pobre reversibilidade funcional ao fenoterol. Métodos: Trata-se de um estudo randomizado duplo-cego, onde 40 pacientes portadores de DPOC foram randomizados em 2 grupos para comparar a resposta broncodilatadora imediata ao formoterol ou placebo. Foram incluídos pacientes sem resposta prévia ao fenoterol em estudo espirométrico prévio, com idade superior a 40 anos e com tabagismo ativo ou passado (mais de 20 maços/ano). Foram excluídos pacientes com história de asma atual ou pregressa ou com outra doença pulmonar crônica. Foi avaliado o efeito broncodilatador imediato (em 30 minutos) do formoterol na dose de 12 microgramas (Foradil® 12mcg) administrados de maneira cega por handihaler. A resposta broncodilatadora foi analisada através de variáveis funcionais medidas por pletismografia. No dia consecutivo ao exame pletismográfico, os pacientes foram submetidos ao teste de caminhada de 6 minutos, conforme as diretrizes da ATS. Todos os pacientes foram classificados de acordo com a gravidade da doença, baseados no GOLD e índice de BODE. Resultados: Os 20 pacientes de cada grupo eram semelhantes em relação aos índices funcionais, marcadores de gravidade e escalas de dispnéia. Houve diferença significativa na variação broncodilatadora, sendo observada um aumento médio no VEF1 de 12,4% no grupo formoterol e de 0,1% no grupo placebo (p = 0,00065). Da mesma forma, a variação da CVF após administração de formoterol, 12,8%, foi significativamente superior a encontrada após a administração do placebo, 5,1% (p = 0,017) Também foi encontrada significância estatística para a variação da CI do Grupo Formoterol, 7,4% em comparação ao grupo placebo, -2,75% (p = 0,05). Outro índice que apresentou variação significativa foi a Raw, que foi superior após administração de formoterol, -14,0%, em comparação a administração de placebo, 2,6% (p = 0,010). No presente estudo, verificamos diferença significativa (p = 0,05) maior variação da CI e CV após formoterol em comparação com placebo. Tanto a CV quanto a CI têm sido estudadas como os parâmetros que melhor correlacionam resposta ao Bd e melhora da tolerância ao exercício. Conclusão: O presente estudo demonstrou que portadores de DPOC com pobre reversibilidade apresentam significativa resposta imediata ao formoterol medida não somente pelo VEF1, mas por índices associados a desinsuflação pulmonar, como CI e CVF. Mais estudos são necessários para confirmar a eficácia clínica imediata do formoterol em DPOC.

AO012 ESTIMULAÇÃO ELÉTRICA NEUROMUSCULAR PODE MELHORAR A CAPACIDADE DE EXERCÍCIO E A QUALIDADE DE VIDA EM PACIENTES COM DPOC: ESTUDO RANDOMIZADO E CONTROLADO
Pinho Queiroga Júnior FJ, Napolis LM, Dal Corso S, Gimenes ACO, Pereira Albuquerque AL, Villaça DS, Neder JA, Nery LE
Universidade Federal de São Paulo, São Paulo, SP, Brasil.
Palavras-chave: Eletroestimulação; DPOC; Qualidade de vida
Introdução: A Estimulação Elétrica Neuromuscular (EENM) tem sido descrita como uma terapia reabilitadora efetiva em vários distúrbios sistêmicos. Nos pacientes com DPOC há poucos estudos mostrando os benefícios desta nova estratégia. Objetivos: Avaliar a eficácia da EENM em pacientes ambulatoriais com DPOC estável. Métodos: Trinta pacientes (26 do sexo masculino) com DPOC (VEF1 pós BD = 49,7% + 13,4% do previsto) foram randomicamente submetidos a: (i) EENM seguida de estimulação SHAM ou (ii) estimulação SHAM seguida de EENM. Foram obtidos: função pulmonar, força isométrica, composição corporal, teste de caminhada de 6 minutos (TC6M), teste de endurance em cicloergômetro (Tlim) e escores de qualidade de vida (St. George Questionnaire-SGQ). Resultados: O método de two-way repeated measures mostrou que o Tlim, TC6M e SGQ foram significativamente diferentes através dos dois períodos de tempo, com respostas positivas apenas após EENM (p < 0,01). Treze pacientes foram considerados "respondedores" (RESP: pacientes em que o Tlim após EENM foi maior do que após SHAM; DTlim = 96,8 + 133,8 vs -8,5 + 30,1%, para RESP e NÃO-RESP respectivamente). Os respondedores tiveram maiores valores basais de massa magra (50,5 + 6,4kg vs 44,5 + 6,8kg; p = 0,04), TC6M (529,6 + 64,2m vs 468,4 + 73,2m; p = 0.03) e pico de torque isométrico (146,2 + 39,6Nm-1 vs 122,0 + 28,4Nm-1; p = 0.07) quando comparados com os não-respondedores à EENM. Conclusão: A EENM melhora a capacidade de endurance no exercício e a qualidade de vida de pacientes com DPOC. Uma resposta fisiológica positiva à EENM foi encontrada preferencialmente em pacientes com capacidade de exercício e massa magra mais preservados na avaliação pré-intervenção. Financiado por: FAPESP, CNPq, CAPES.

AO013 A ASSOCIAÇÃO DA SÍNDROME DE APNÉIA-HIPOPNÉIA OBSTRUTIVA DO SONO COM DPOC GRAVE HIPOXÊMICA INTERFERE NA SOBREVIDA?
Pinho Queiroga Júnior FJ1, Oliveira MVC2, Camargo LC3, Scuarcialupi ME4, Maia J5, Machado MCL6
1,4,5,6. Universidade Federal de São Paulo, São Paulo, SP, Brasil; 2,3. Hospital do Servidor Público Estadual, São Paulo, SP, Brasil.
Palavras-chave: DPOC hipoxêmica; Sobrevida; Síndrome de apnéia do sono
Introdução: A doença pulmonar obstrutiva crônica (DPOC) é causa importante de morte no mundo todo. A prevalência da síndrome de superposição (SS), que é a associação da DPOC com a síndrome da apnéia-hipopnéia obstrutiva do sono (SAHOS) varia de 10% a 15%. Esta associação pode teoricamente agravar as trocas gasosas e aumentar a mortalidade, mas ainda não sabemos se isto interfere na sobrevida destes pacientes. Objetivos: Avaliar se existem diferenças na sobrevida de pacientes com DPOC grave hipoxêmica com e sem SAHOS, e se o uso de CPAP nasal nos portadores de SS interfere nesta sobrevida. Métodos: Estudo prospectivo de coorte realizado por 10 anos em 606 pacientes com DPOC hipoxêmica, 515 sem SAHOS e 91(15%) com SAHOS (confirmada por estudo polissonográfico noturno), nos ambulatórios de oxigenioterapia domiciliar prolongada (ODP) em 2 hospitais públicos de São Paulo (HSPE-SP e HSP). Os dados basais foram obtidos na entrada do Programa de ODP, com doença estável. Usamos a análise univariada para comparar as curvas de sobrevida (Kaplan-Meier) e em seguida a analise multivariada de Cox para avaliar o efeito da SS na sobrevida controlando-se os possíveis fatores confundidores como: idade, sexo, VEF1, PaO2, PaCO2, índice de massa corpórea (IMC), numero de co-morbidades (ponderadas pelo índice de Charlson) e quantidade de maços/ano fumados. Todos os pacientes utilizaram ODP no mínimo 18hdia e 70% dos pacientes com SS usaram CPAP nasal noturno regularmente. Resultados: 4mmHg. Na análise univariada, os pacientes com DPOC tiveram pior sobrevida (p  6mmHg, PaCO2 = 45,9  6kg/m2, VEF1 = 33,7% predito, PaO2 = 51  8 anos, IMC = 25,0 Os dados basais foram: Idade = 66 < 0,001). Entretanto, na análise multivariada de Cox, após controlarmos os possíveis fatores confundidores, não houve diferença estatisticamente significante na sobrevida entre os 2 grupos (p = 0,34). Os marcadores independentes de mortalidade foram: idade avançada, sexo feminino, menor PaO2, menor IMC, menor VEF1 (todos com p < 0,01) e maior número de co-morbidades (p = 0,046). No grupo dos portadores de SS houve uma associação positiva entre o uso de CPAP e maior sobrevida. (p < 0,001 pelo teste do qui-quadrado de Pearson). Conclusão: Pacientes com DPOC + SAHOS não apresentam diferenças de sobrevida quando comparados a pacientes com DPOC sem SAHOS, após controlarmos os possíveis fatores confundidores. Os nossos resultados mostram que o uso do CPAP contribui com melhor sobrevida em pacientes com SS.

AO014 RELAÇÃO ENTRE A MASSA MUSCULAR E A DENSIDADE MINERAL ÓSSEA DE MEMBROS SUPERIORES E INFERIORES EM PACIENTES COM DPOC E CONTROLES SAUDÁVEIS
Pereira Albuquerque AL, Villaça DS, Lerario MC, Dal Corso S, Malaguti C, Napolis LM, Nery LE
Universidade Federal de São Paulo, São Paulo, SP, Brasil.
Palavras-chave: DPOC; Atrofia muscular periférica; Densidade mineral óssea
Introdução: Pacientes com doença pulmonar obstrutiva crônica (DPOC) freqüentemente apresentam atrofia muscular periférica, principalmente nos membros inferiores. O uso de corticosteróides e a diminuição da atividade física podem levar a perdas ósseas, aumentando o risco de fraturas. Objetivos: Determinar a relação entre a massa muscular periférica e a densidade mineral óssea (DMO) em pacientes com DOPC, comparando-a com a observada em controles saudáveis. Métodos: A massa muscular periférica e DMO foram obtidas por DEXA (dual energy X-ray absorptiometry) em 100 pacientes com DPOC (72 homens, idade = 65 ± 7 anos, VEF1 = 49,3 ± 17,9% do previsto) e 52 controles saudáveis (30 homens), pareados por idade. Resultados: Pacientes com DPOC apresentaram redução significativa do índice de massa magra (massa livre de gordura/estatura2), VEF1 e VEF1/CVF (p < 0,05). Em adição, observaram-se menores valores de massa muscular dos membros inferiores, mas não dos superiores, nos pacientes com DPOC (p < 0,05). De forma interessante, apenas nos pacientes houve significante correlação entre massa muscular e DMO apendicular, tanto nos membros superiores como nos inferiores (r = 0,79 e 0,51 respectivamente). No grupo controle, houve correlação significativa apenas entre a DMO e a massa muscular dos membros superiores (r = 0,43). Conclusão: A massa muscular dos membros inferiores e superiores correlacionou-se melhor com a densidade mineral óssea em pacientes com DPOC, quando comparados a controles saudáveis. Tais dados sugerem que, em pacientes com DPOC, há íntima relação entre atrofia muscular e perda óssea. Financiado por: FAPESP, CNPq e CAPES.

AO015 EFEITOS DA BRONCODILATAÇÃO FARMACOLÓGICA (FORMOTEROL) SOBRE A CAPACIDADE MÁXIMA DE EXERCÍCIO EM ESTEIRA ERGOMÉTRICA E CICLOERGÔMETRO
Pereira Albuquerque AL1, Ferreira EVM2, Machado TY3, Batista LD4, Carrascosa CR5, Oliveira CC6, Nery LE7, Neder JA8
1,2,3,4,5,7,8. Universidade Federal de São Paulo, São Paulo, SP, Brasil; 6. Universidade Federal de São Paulo, São Paulo, SP, Brasil.
Palavras-chave: DPOC; Broncodilatadores inalatórios; Capacidade máxima de exercício
Introdução: O efeito dos broncodilatadores inalatórios sobre o aumento na capacidade máxima de exercício, em pacientes com doença pulmonar obstrutiva crônica (DPOC), habitualmente é avaliado em cicloergômetro. A esteira, entretanto, reflete melhor a atividade diária (caminhar), além de resultar em menor fadiga de membros inferiores. Objetivos: Comparar os efeitos do formoterol sobre a tolerância ao exercício quando avaliada em cicloergômetro e esteira ergométrica. Métodos: 21 pacientes (15 homens) com DPOC graus II-III segundo o GOLD (VEF1 44,1 ± 14,6% previsto) e hiperinsuflação pulmonar ao repouso (CRF 152,5 ± 27,2% previsto) foram submetidos a um teste máximo em esteira e cicloergômetro, após placebo e formoterol, em dias diferentes. Após 15 minutos de cada teste, era realizada dinamometria isocinética na perna direita para mensurar a fadiga local. Resultados: Formoterol aumentou significantemente o VEF1 basal em relação ao placebo (11,4 ± 8,6% vs 1,9 ± 5,7%, respectivamente). O incremento na tolerância ao exercício secundário à broncodilatação foi maior em esteira em relação ao cicloergômetro (17,0 ± 9,2% vs -1,7 ± 3,6%, p = 0,08). Apesar do grau de hiperinsuflação pulmonar dinâmica ter sido igual entre as modalidades ao final do exercício, na esteira houve maior aprisionamento aéreo durante o teste em condições isoventilatórias, assim como menor fadiga de membro inferior pós-teste (1,8 ± 0,5 vs 2,8 ± 1,3 J.s-1, p < 0,05). Conclusão: Maior fadigabilidade de membro inferior na cicloergometria pode ocultar possíveis benefícios dos broncodilatadores inalatórios sobre a capacidade de exercício em pacientes com DPOC. Adicionalmente, por desencadear maior hiperinsuflação pulmonar dinâmica para determinada ventilação, a esteira parece ser a modalidade de exercício mais adequada para avaliação dos efeitos funcionais dos broncodilatadores inalatórios nestes pacientes. Financiado pela CAPES, FAPESP e CNPq.

AO016 CUIDADORES PRIMÁRIOS - AS VÍTIMAS OCULTAS DA DPOC
Araújo Pinto RM1, Holanda MA2, Medeiros MMC3, Salani Mota RM4, Sampaio Viana CM5, Morano MTAP6, Pereira EDB7
1,2,3,4,7. Universidade Federal do Ceará, Fortaleza, CE, Brasil; 5,6. Hospital de Messejana, Fortaleza, CE, Brasil.
Palavras-chave: DPOC; Cuidadores primários; Qualidade de vida
Introdução: A DPOC (doença pulmonar obstrutiva crônica) é uma doença crônica e incapacitante que pode levar o paciente à dependência física e psicológica, com conseqüências econômicas. A doença interfere tanto na qualidade de vida dos pacientes como de seus familiares. Geralmente, a principal responsabilidade e cuidado do paciente é assumida por um membro da família chamado de cuidador primário. Na literatura, estudos sobre a qualidade de vida dos cuidadores de pacientes com DPOC são escassos. Objetivos: Medir o impacto da doença utilizando o Caregiver Burden scale (CB scale) e qualidade de vida dos cuidadores de pacientes com DPOC. Métodos: quarenta e dois pacientes com DPOC e seus respectivos cuidadores foram identificados e entrevistados no ambulatório de pneumologia do hospital de messejana. Os dados demográficos e clínicos foram coletados. A avaliação da qualidade de vida foi realizada utilizando os seguintes instrumentos: SF-36 componente físico (CF) e componente mental (CM) sumarizado para os pacientes e cuidadores, Saint George Respiratory Questionnaire (SGRQ) para os pacientes e o impacto subjetivo da doença nos cuidadores foi medido utilizando-se o CB scale. Resultados: Foram estudados 42 pacientes com média de idade 65,45 anos (71,4% masculino, 28,6% feminino). A maioria dos cuidadores eram mulheres (85,3%), com idade média de 51,6 anos. Quanto ao parentesco 28,5% eram filha(o) e 61,2% eram cônjuge, com um baixo nível educacional e econômico. A média do componente físico (CF) e mental (CM) do SF-36 foi 45,9 (+ 10) e 46 (+ 12). O escore médio do impacto total medido pelo CB scale foi de 7,9 (+ 0,6). O impacto subjetivo correlacionou-se negativamente com CF e CM do SF-36 dos cuidadores (r = -0,50 p = 001; r = -0,68 p = 0,001 respectivamente) e não se correlacionou com o SGRQ, nem com o quadro clínico-funcional dos pacientes. Na análise de regressão múltipla a qualidade de relação entre cuidadores e pacientes, saúde mental dos cuidadores e saúde física dos pacientes foram as mais importantes preditoras de impacto medido pelo CB scale. O modelo conseguiu explicar 63% (R2 = 0,632) do impacto produzido no cuidador com um nível de significância menor que 0,001. Conclusão: O impacto subjetivo medido pelo CB scale foi considerado importante e apresentou correlação com a saúde física e mental dos cuidadores. A qualidade da relação entre pacientes e cuidadores foi um importante fator que influenciou a percepção do impacto.
FISIOPATOLOGIA RESPIRATÓRIA

AO017 EFEITOS DA IMERSÃO GRADUAL EM ÁGUA NA FUNÇÃO PULMONAR E VOLEMIA DE PACIENTES TETRAPLÉGICOS TRAUMÁTICOS
Leal JC, S Beraldo PS, Mateus SRM, Horan TA
Rede Sarah de Hospitais de Reabilitação - Sarah Centro, Brasília, DF, Brasil.
Palavras-chave: Lesão medular; Imersão; Volemia
Introdução: Uma das causas de maior morbimortalidade em pacientes com lesão medular traumática alta é a restrição pulmonar não-parenquimatosa. A fisioterapia aquática tem sido indicada para esses pacientes. A simples imersão em água em indivíduos hígidos promove uma diminuição da capacidade vital (CV), notadamente pelo aumento do retorno venoso e, secundariamente, pela pressão hidrostática sobre o tórax. Três estudos demonstraram uma sensível melhora da CV em tetraplégicos sob imersão somente ao nível dos ombros. Outro estudo demonstrou aumento do retorno venoso nesses pacientes, imersos no mesmo nível, sem estudar a função pulmonar. Objetivos: Avaliar os efeitos agudos da imersão em água, em diferentes níveis de profundidade, sobre a função pulmonar e volemia de tetraplégicos e indivíduos hígidos. Métodos: Estudamos 11 tetraplégicos (C4 a C7, lesão motora completa, tempo de lesão de 2 a 15 meses, IMC de 21,4 ± 2,7kg/m²) e 12 sujeitos sadios (IMC de 24,7 ± 2,6kg/m²), com idade entre 22 e 40 anos, todos do sexo masculino. Os indivíduos foram avaliados com espirometria e hematócrito (Hto) em quatro momentos subseqüentes: basal; sob imersão, em condições termoneutrais (33-34°C) e com água nos níveis da pélvis, apêndice xifóide (AX) e fúrcula esternal (FE). Resultados: Em condições basais constatamos uma importante síndrome restritiva entre os tetraplégicos, 53% ± 17 (DP) do previsto para CV. Ambos os grupos exibiram uma queda média equivalente do Hto da ordem de 4,3%, do primeiro para o último momento. Embora não significativo, com a água na pélvis, ambos os grupos exibiram queda das médias da CV, em relação ao basal. A partir do AX, em relação à pélvis, os grupos começaram a se diferenciar, com elevação da CV média nos tetraplégicos (variação % de +20,4 ± 49,5) e manutenção da queda nos controles (-2,1% ± 35,7), ainda sem significância. Finalmente, na FE, em relação a pélvis, os grupos alcançaram diferença na CV média, com melhora nos tetraplégicos (variação % de +34,1 ± 34,4) e queda nos controles (-4,4% ± 2,6) (P < 0,008). Comparando os valores basais e de imersão na FE, os controles exibiram uma redução média da CV de 6,3% (± 5,0) e os tetraplégicos melhoraram em 27,2% (± 25,8) (P = 0,008). Conclusão: Comparados com indivíduos hígidos, tetraplégicos melhoram sua função respiratória quando agudamente imersos, embora tenham exibido aumento equivalente da volemia. Possivelmente, tais modificações estejam relacionadas com a flacidez da parede abdominal e conseqüente ineficiência mecânica do diafragma, próprias desses pacientes, corrigidas pela pressão hidrostática e redução do efeito gravitacional sobre as vísceras abdominais.

AO018 A OSCILOMETRIA DE IMPULSO NA OBSTRUÇÃO DAS VIAS AÉREAS
Moreira MF, Sanches P, Prates BH, Menna Barreto SS
Hospital de Clínicas, Porto Alegre, RS, Brasil.
Palavras-chave: Obstrução; Oscilometria de impulso; Função pulmonar
Introdução: A oscilometria de impulso (IOS) é uma técnica que avalia a obstrução das vias aéreas através de ondas sonoras sobrepostas à respiração normal, de forma não invasiva e com pequena cooperação do paciente. A espirometria já tem seus critérios e graduações bem definidos, mas necessita de esforço ventilatório e manobras nem sempre de qualidade técnica acessível. Objetivos: Avaliar as alterações da mecânica respiratória em relação à resistência das vias aéreas, em pacientes com distúrbio ventilatório obstrutivo (DVO). Métodos: Foram analisados 2 grupos de pacientes adultos: os controles (sem doença respiratória ou tabagismo) e os com DVO (de graus variados: leves, moderados e graves). A classificação baseou-se na Espirometria (Diretrizes para Testes de Função Pulmonar 2002). Todos os pacientes realizaram curva fluxo-volume e oscilometria de impulso (entre 5 e 35Hz) em equipamentos da marca Jaeger. Analisamos o VEF1 (volume expiratório forçado no 1º segundo), retirado da espirometria, e a Fres (freqüência de ressonância), a R5 (resistência em 5Hz) e a R20 (resistência em 20Hz), retirados da oscilometria. Resultados: O grupo controle ficou constituído de 67 pacientes com média de idade de 30 anos e o grupo com DVO ficou constituído de 110 pacientes com média de idade de 56 anos. O VEF1 médio no controle foi 3,45L e no DVO foi: 1,89L no DVOL, 1,47L no DVOM e 0,79L no DVOG. No controle, a R5 média foi 2,78mmHg/l/s (± 0,95) e no DVO foi: 3,90mmHg/l/s (± 1,39) no DVOL, 4,93mmHg/l/s (± 2,11) no DVOM e 5,42mmHg/l/s (± 1,21) no DVOG. No controle, a R20 média foi 2,16mmHg/l/s (± 0,76) e no DVO foi: 2,68mmHg/l/6s (± 0,83) no DVOL, 3,02mmHg/l/s (± 1,14) no DVOM e 2,81mmHg/l/s (± 0,83) no DVOG. A média da Fres no controle foi 11.47l/s (± 2,88) e no DVO foi: 16,48l/s (± 4,93) no DVOL, 21,97l/s (± 6,16) no DVOM e 26,96l/s (± 4,74) no DVOG. Correlacionando o VEF1 com: a Fres, o R5 e o R20 encontramos correlações (r) negativas: -0,809, -0,627 e -0,375 respectivamente (p < 0.05). A R5 e R20 foram capazes de separar os controles dos obstrutivos (p < 0,05), mas não discriminar os grupos. A Fres foi capaz de discriminar controles e obstrutivos e também separar os graus de DVO (P < 0,05). Conclusão: A Fres retirada da oscilometria foi o parâmetro mais sensível para discriminar pacientes controles dos obstrutivos (e os graus de obstrução). Também apresentou a melhor correlação com a espirometria. Estas mensurações estão mais comprometidas (elevadas) quanto maior a queda do VEF1.
DOENÇAS PLEURAIS E MEDIASTINAIS

AO019 MANEJO AMBULATORIAL DO DERRAME PLEURAL MALIGNO RECIDIVANTE COM CATETERES PLEURAIS EM PACIENTES COM KPS < 70
Terra RM1, Machuca TN2, Teixeira LR3, De Campos JRM4, Jatene FB5
1,2,4,5. Serviço de Cirurgia Torácica do Hospital das Clínicas da Fmusp, São Paulo, SP, Brasil; 3. Serviço de Pneumologia do Hospital das Clínicas da Fmusp, São Paulo, SP, Brasil.
Palavras-chave: Derrame pleural neoplásico; Pleurodese; Cateteres pleurais
Introdução: O derrame pleural maligno (DPM) é uma importante complicação de doenças neoplásicas, ocorrendo em cerca 50% dos pacientes com envolvimento metastático. O tratamento do DPM é paliativo e envolve pleurodese seja por videotoracoscopia ou através de dreno de tórax. Freqüentemente estes pacientes se apresentam debilitados e portanto abordagens agressivas ou que necessitam de internação hospitalar devem ser evitadas. Poucos trabalhos na literatura abordam esta população e estes pacientes muitas vezes ficam confinados à opção de toracocenteses de repetição. Objetivos: O presente trabalho visa avaliar o manejo do DPM recidivante nestes pacientes através do uso de cateteres pleurais em regime ambulatorial. Métodos: Durante abril de 2005 e junho de 2006, os pacientes com DPM recidivante e sintomático com KPS < 70 foram submetidos à drenagem pleural ambulatorial com cateteres 14 fr. No primeiro dia pós-drenagem os pacientes realizaram radiografia de tórax: 1) expansão pulmonar > 90%, os pacientes eram submetidos à instilação de talco por dreno de tórax, o dreno era retirado em retorno ambulatorial após 1 semana, 2) expansão < 90%, o dreno era mantido e reavaliado quinzenalmente. Foram avaliados em cada retorno: resolução de sintomas (através de avaliação subjetiva do próprio paciente), tempo de permanência com o cateter, complicações e recidiva. Resultados: Foram avaliados 30 pacientes, com idade média de 61,2 anos, sendo 17 mulheres e 13 homens. Em todos os casos houve melhora dos sintomas após a drenagem, com 16 casos apresentado expansão completa (grupo 1). Pleurodese química foi realizada nestes 16 casos, com taxa de sucesso em trinta dias de 78,5% (dois pacientes não retornaram após a retirada do dreno). Em quatro pacientes ocorreram complicações que necessitaram de procedimentos ou condutas adicionais, sendo três recidivas do derrame e um empiema. O período médio de permanência com o cateter neste grupo foi de 7 dias. Demais complicações ocorreram em 4 pacientes, sendo duas obstruções de cateter resolvidas em ambulatório e duas perdas acidentais. No grupo 2 (14 casos), os pacientes permaneceram com o dreno por uma média de 19,6 dias. Seis pacientes foram a óbito com o dreno funcionante. Complicações maiores foram: empiema (1 paciente submetido a videotoracoscopia), e derrame loculado (em um paciente também tratado com videotoracoscopia). Complicações menores corresponderam a quatro casos de obstrução (sendo três resolvidos no ambulatório), um caso de perda acidental do dreno, um caso de perda da fixação na pele e um de dor importante no sítio de inserção. Conclusão: Pacientes com DPM recidivante e KPS < 70 podem ser tratados com cateteres pleurais em regime ambulatorial com elevado índice de controle sintomático e boa taxa de pleurodese. Complicações menores como obstrução e perda acidental do dreno são freqüentes.

DOENÇAS PULMONARES EM PEDIATRIA

AO020 ALERTA NO DIAGNÓSTICO DE PNEUMONIA LIPÓIDE APRESENTAÇÃO DE 16 CASOS
Azevedo Sias SM1, Nascimento Daltro PA2, Souza AM3, Comarella JD4, Oliveira da Silva VT5, Caetano R6, Quirico-Santos T7, Moreira JS8
1,5,6,7. Hospital Universitário Antônio Pedro (Uff), Niterói, RJ, Brasil; 2. Centro de Diagnóstico por Imagem (Cdpi), Rio de Janeiro, RJ, Brasil; 3. Hospital Universitário Antônio Pedro (Uff), Niterói, PR, Brasil; 4. Universidade Federal Fluminense, Niterói, RJ, Brasil; 8. Universidade Federal do Rio Grande do Sul, Porto Alegre, RS, Brasil.
Palavras-chave: Pneumonia lipóide; Pneumonia; Óleo mineral
Introdução: A Pneumonia Lipóide por uso de óleo mineral (PL) tem diagnóstico subestimado no nosso meio, apesar do uso indiscriminado no tratamento da constipação intestinal. As alterações clínicas e radiológicas são inespecíficas, podendo simular pneumonia, tuberculose, mucoviscosidose ou tumor. Pode evoluir com bronquiectasia, fibrose pulmonar e morte nos casos graves. O diagnóstico definitivo é por lavado broncoalveolar (LBA) ou biópsia pulmonar apresentando macrófagos alveolares com vacúlos fagocíticos contendo lipídeo. O uso de corticosteróides ainda é controverso, contudo tem sido proposto lavado pulmonar total como estratégia terapêutica. Objetivos: Descrever as alterações clínicas e radiológicas de 16 casos de PL em crianças, diagnosticados através de LBA. Métodos: Estudo prospectivo no período de 2002 a 2006 de crianças submetidas à broncoscopia flexível por pneumonia crônica e cujo LBA confirmou, pela citoquimica com Sudam, a presença de gordura. O protocolo incluiu crianças com idade inferior a 13 anos com radiografia de tórax inalterada após tratamento antimicrobiano, história de ingestão e/ou aspiração de óleo mineral, LBA com aspecto opalescente e exame endoscópico da árvore traqueobrônquica normal. Foram excluídas crianças com LBA hemorrágico ou purulento. Resultados: As 16 crianças (8 meninos e 8 meninas), com idade entre 2 meses e 9 anos (média de 2.3 anos) foram tratados inicialmente como pneumonia bacteriana e 1 também como tuberculose. Em 15 casos havia fator de risco para aspiração (3 com encefalopatia e RGE e 11 lactentes). Dez crianças utilizaram óleo mineral devido à constipação intestinal (inclusive 1 com megacolon congênito), 4 devido à suboclusão por áscaris e 2 por "falsa constipação" intestinal visto estarem em aleitamento exclusivo ao seio. Os sintomas encontrados foram: febre baixa (n = 12), taquipnéia (n = 15), tosse (n = 13), dispnéia (n = 4) e ausência de ganho ponderal (n = 3). Uma criança não apresentava sintomatologia respiratória embora imagem radiológica compatível com pneumonia. A radiografia apresentava condensação nas bases pulmonares principalmente à direita (n = 14) e infiltrado em lobos superiores e base esquerda (n = 2). Devido à aspiração maciça de óleo mineral, uma criança evoluiu ao óbito, outras (n = 4) estão curadas e as demais ainda em tratamento com LBA seqüencial. Conclusão: PL continua com diagnóstico subestimado, porque em nenhum dos casos relatados houve suspeição do diagnóstico de PL. Não houve predomínio de sexo. A idade mais acometida foi lactente (menos de 2 anos). Apenas 1 caso não apresentou sintomas respiratórios, sendo a pneumonia um achado radiológico. O óleo mineral não é inócuo e deve ser proscrito para lactentes e crianças com fatores de risco para aspiração. Ressalta-se a importância da tuberculose além das pneumonias de evolução arrastada no diagnóstico diferencial.

MÉTODOS DIAGNÓSTICOS EM PNEUMOLOGIA

AO021 PRESSÕES RESPIRATÓRIAS MÁXIMAS EM PACIENTES COM LESÃO MEDULAR TRAUMÁTICA: CORRELAÇÃO COM O NÍVEL MOTOR DA LESÃO
S Beraldo PS, Horan TA
Rede Sarah de Hospitais de Reabilitação - Sarah Centro, Brasília, DF, Brasil.
Palavras-chave: Lesão medular; Pressões respiratórias máximas; Função pulmonar
Introdução: Dentre as alterações da função pulmonar na lesão medular a restrição não-parenquimatosa é a mais importante. Além da espirometria, uma das maneiras de se avaliar os músculos respiratórios é através da mensuração das pressões respiratórias estáticas máximas. Os estudos publicados apontam para uma redução desses parâmetros sem correlacionarem com o nível motor da lesão. Objetivos: Aferir as pressões respiratórias máximas de pacientes com lesão medular, correlacionando o percentual do previsto com o nível da lesão. Métodos: Estudamos 131 pacientes com lesão medular, agrupados em 52 tetraplégicos (39,7%; subgrupos de C3-C5 e C6-C8) e 79 paraplégicos (60,3%; subgrupos de T1-T6 e T7-L3). Foram conduzidas espirometria e medida das pressões respiratórias máximas, nesta ordem, em sessão única vespertina. Foram realizadas quatro tomadas para cada uma das pressões de interesse, inspiratória (PIMáx) e expiratória (PEMáx). O tempo de oclusão do sistema e o intervalo entre as medidas foi de, no mínimo, respectivamente, 1 segundo e 1 minuto, sempre respeitando as limitações do paciente. O registro da pressão foi realizado com oclusão do sistema na CPT, para PEMáx e no VR, para PIMáx. Além dos grupos e subgrupos, para efeito da análise correlativa com o percentual do previsto (Black e Hyatt, 1969) atribuiu-se aos níveis C1, C2, C3,...L1, L2 e L3, respectivamente, os valores 1, 2, 3,..., 21, 22, 23. Resultados: A CVF foi diferente entre os subgrupos (p < 0,001), com uma nítida tendência de incremento a partir dos pacientes com lesão cervical alta (49% ± 25 do previsto) até os níveis mais baixos (84% ± 15). A relação VEF1/CVF% mostrou-se normal (> 80%) e sem diferenças entre os subgrupos. Os percentuais do previsto das pressões respiratórias máximas seguiram o mesmo padrão da CVF, com diferença entre os subgrupos (p < 0,001). A PIMáx mostrou valores médios normais e indistinguíveis entre os subgrupos de pacientes com lesão toracolombar. Já entre os tetraplégicos, o mais baixo valor médio encontrado foi naqueles com lesão cervical alta (50% ± 23). Quanto a PEMáx todos os percentuais previstos médios dos subgrupos mostraram-se diferentes (p < 0,001), com um gradiente entre os subgrupos extremos (respectivamente, 19% ± 14 e 51% ± 19, para cervical alto e toracolombar baixo). Analisando o nível específico da lesão e os valores médios previstos das pressões respiratórias máximas observamos correlações significativas, sendo melhor com PEMáx (r = 0,83, p < 0,0001; r2 = 0,69; %Pred PEMáx = 15,07 + 1,89 x nível da lesão), em relação ao PIMáx (r = 0,58, p < 0,005; r2 = 0,34; %Pred PIMáx = 50,30 + 2,16 x nível da lesão). Conclusão: Constatamos uma correlação entre o nível da lesão e as pressões respiratórias máximas, mais forte com a PEMáx. A partir desses resultados esses parâmetros poderão ser melhor interpretados em função do nível da lesão, além das diferenças relacionadas ao sexo e idade. Dada a utilidade prática dessas informações, futuros estudos deverão endereçar equações especificas para essa população.

AO022 DENSITOVOLUMETRIA EM DOENÇA PULMONAR OBSTRUTIVA CRÔNICA: CORRELAÇÃO DO VOLUME DE ZONAS HIPOATENUADAS COM VALORES DE REFERÊNCIA DA NORMALIDADE E O ÍNDICE "BODE"
Vasconcellos Baldisserotto S1, Irion KL2, Dos Santos JWA3, Fagundes A4, Antunes PSP5, Debiasi RB6, Simon TT7, Marchiori E8
1,3,4,5,6,7. Ufsm, Santa Maria, RS, Brasil; 2. Fairfield General Hospital, Bury, Reino Unido; 8. Ufrj, Rio de Janeiro, RJ, Brasil.
Palavras-chave: Enfisema pulmonar; DPOC; Densitovolumetria
Introdução: A medida tomográfica do volume de parênquima pulmonar com densidade menor que -950HU é um método validado de quantificação de enfisema pulmonar "in vivo". Recentemente foram descritas as equações preditoras de normalidade para estes volumes em indivíduos saudáveis, calculadas a partir da equação da reta, ajustada pela superfície corporal. Objetivos: 1 - Aferir a correlação entre o volume de zonas hipoatenuadas em portadores de DPOC, medido através de densitovolumetria pulmonar com tomografia computadorizada helicoidal, e os valores referenciais de normalidade em adultos. 2 - Aferir a correlação entre o volume de zonas hipoatenuadas em portadores de DPOC, mensurado através de densitovolumetria pulmonar com tomografia helicoidal, e a estratificação de gravidade da doença pelo Índice "BODE". Métodos: Para aferir a correlação entre valores de densitovolumetria, limítrofes de normalidade, e o diagnóstico de Doença Pulmonar Obstrutiva Crônica (DPOC), estudamos 37 pacientes com diagnóstico clínico funcional da doença, comparando os resultados das variáveis densitovolumétricas, em inspiração (%Vol-950i) e expiração (%Vol-950e) máximas, com os resultados obtidos em uma amostra de 30 indivíduos saudáveis, previamente estudados. Estratificamos a gravidade da DPOC com a utilização do Índice BODE, um escore prognóstico multidimensional, recentemente validado como melhor preditor de mortalidade da doença. Resultados: A diferença entre as médias das variáveis %Vol-950i e %Vol-950e em indivíduos hígidos e doentes foi significativa, P < 0,001, com intervalos de confiança 95% de (6,1 a 12,1%) e (3,2 a 7,2%), respectivamente. A sensibilidade do método variou de 94,5% na inspiração a 100% na expiração com especificidade de 96,6% e 100%, respectivamente. Os coeficientes de correlação de Pearson entre a comparação do %Vol-950i e %Vol-950e com o Índice "BODE" foram, respectivamente, r = 0,45 e r = 0,43. Conclusão: Concluímos que o volume de zonas hipoatenuadas apresenta boa correlação com o diagnóstico de DPOC. A correlação destes volumes com gravidade da DPOC, medida pelo Índice "BODE", permanece indefinida.

AO023 LIMITAÇÃO VENTILATÓRIA NO EXERCÍCIO INCREMENTAL EM INDIVÍDUOS ASMÁTICOS COM E SEM LIMITAÇÃO AO FLUXO AÉREO
Silva CC, Sousa Rodrigues SC, Pereira CAC
Laboratório de Função Pulmonar da Clínica de Diagnósticos Brasil (Cdb), São Paulo, SP, Brasil.
Palavras-chave: Teste de exercício cardiopulmonar; Asma; Curva de fluxo-volume
Introdução: A limitação ventilatória tem sido definida por baixa reserva ventilatória (relação VE/VVM) no pico do exercício. Com a disponibilidade das curvas de fluxo-volume (F-V) durante esforço, é possível que haja uma maior sensibilidade (S) deste teste na detecção da limitação ventilatória. Objetivos: Comparar a S da curva F-V e da relação VE/VVM em três grupos: normais, asmáticos com obstrução ao fluxo aéreo (VEF1/CVF <= do LI do previsto) e sem limitação ao fluxo aéreo. Métodos: 48 indivíduos foram analisados, sendo 27 do sexo masculino. 19 normais (VEF1/CVF = 85 ± 4%) foram comparados a 13 asmáticos sem limitação ao fluxo aéreo (VEF1/CVF = 81 ± 3%) e a 16 asmáticos com obstrução (VEF1/CVF = 69 ± 5%) A média de idade não diferiu entre os grupos, sendo 33 ± 7 anos (p = 0,54). Os pacientes foram submetidos à ergoespirometria até a exaustão, com medidas das variáveis a cada 15 segundos pelo método breath by breath. Volume corrente e capacidade inspiratória foram tomados a cada 2 minutos e comparados ao envelope da curva F-V máxima em repouso. A VVM foi estimada pelo VEF1 multiplicado por 37,5. Resultados: O consumo máximo de oxigênio (VO2 max) não diferiu entre os grupos, valor médio de 98 ± 20%. O VO2 no limiar de lactato (0,97 ± 0,32L) e a freqüência cardíaca máxima (167 ± 13bpm) não diferiram entre os grupos. A ventilação máxima foi em média de 94 ± 15% do previsto e também não diferiu. VE/VVM foi 62 ± 10% (em normais), 71 ± 13% (asmáticos sem DVO) e 78 ± 14% (asmáticos com DVO) (F = 7,66; p = 0,001). Não houve diferença entre os valores de PETCO2 obtidos em repouso, no limiar de lactato e no pico de exercício, nem entre as relações VE/VO2 e VE/VCO2. Um caso de 19 normais (5%) apresentou VE/VVM elevada, comparado a 4 casos de 13 asmáticos sem DVO (31%) e 6 de 16 asmáticos com DVO (38%) (p = 0,06; x² = 5,73). Dez de 29 asmáticos apresentaram VE/VVM elevada (34%). Analisando-se a curva F-V nenhum dos 19 normais apresentou limitação no pico de exercício. Sete dos 13 asmáticos sem DVO (54%) e 15 dos 16 asmáticos com DVO (94%) apresentaram limitação na curva F-V (x2 = 31,2; p = 0,0001). Dos 29 asmáticos, 22 apresentaram limitação ventilatória pela curva F-V (76%) comparados a 10 pela relação VE/VVM (x² = 4,56; p = 0,03). Todos os pacientes com relação VE/VVM elevada apresentaram limitação pela curva. Conclusão: A limitação ventilatória pela superposição do volume corrente em relação à curva de fluxo-volume máxima tem maior sensibilidade para detecção de limitação ventilatória em asmáticos, incluindo aqueles sem obstrução ao fluxo aéreo, onde este achado foi anormal em aproximadamente 50%.

AO024 SENSIBILIDADE DA RELAÇÃO VEF1/VEF6 PARA DIAGNÓSTICO DE OBSTRUÇÃO AO FLUXO AÉREO
Pinto Soares AL, Sousa Rodrigues SC, Pereira CAC
Hospital do Servidor Público Estadual, São Paulo, SP, Brasil.
Palavras-chave: VEF1/VEF6; Distúrbio ventilatório obstrutivo; Prova de função pulmonar
Introdução: Os distúrbios ventilatórios obstrutivos são caracterizados por redução do fluxo expiratório em relação ao volume pulmonar expirado. O parâmetro clássico para caracterizar um distúrbio ventilatório obstrutivo é a redução da relação VEF1/CVF. Esta razão tende a diminuir com a idade devido a mudanças nas propriedades elásticas do pulmão. A capacidade vital forçada é um teste que requer esforço e colaboração do paciente, pois exige que o mesmo esvazie completamente os pulmões, o que pode ser exaustivo. Nos últimos anos a relação VEF1/VEF6 foi proposta para diagnóstico dos distúrbios ventilatórios obstrutivos. As vantagens desta correlação seriam: uma maior comodidade para o paciente na realização do exame, pois duraria apenas 6s; uma diminuição no risco de síncope; os critérios de aceitabilidade e reprodutibilidade seriam atingidos mais facilmente; e, finalmente, a possibilidade da realização dos exames em espirômetros portáteis, facilitando o diagnóstico em massa precoce de distúrbios ventilatórios obstrutivos. Objetivos: Avaliar a sensibilidade da relação VEF1/VEF6 em diagnosticar os distúrbios ventilatórios obstrutivos, comparando com o exame padrão que é a relação VEF1/CVF. Métodos: Foram avaliados 114 pacientes que realizaram espirometria no laboratório de função pulmonar do Hospital do Servidor Público Estadual, no período de agosto de 2005 a fevereiro de 2006. Os exames foram realizados no aparelho Sensor Medics por técnicos titulados em função pulmonar. Os critérios de inclusão eram pacientes que apresentaram relação VEF1/CVF entre 60 e 80%, com idades entre 20 a 85 anos e atingiam os critérios de aceitabilidade e reprodutibilidade exigidos pela SBPT. Resultados: A amostra apresentava 74 mulheres e 46 homens com idade média de 56 ± 14 anos; CVF = 100 ± 20%, VEF1 = 88% ± 18%, VEF1/CVF = 70 ± 6% e VEF1/VEF6 = 73 ± 5% (novos valores previstos, Pereira, 2006, para a população brasileira). O cruzamento estatístico entre a relação VEF1/CVF e a relação VEF1/VEF6 mostrou que dos 63 pacientes com obstrução pela correlação VEF1/CVF, apenas 47 foram detectados pela correlação VEF1/VEF6, mostrando uma sensibilidade de 75% (p < 0,0001). Conclusão: A relação VEF1/VEF6 tem sensibilidade insuficiente para substituir a relação VEF1/CVF no diagnóstico de obstrução ao fluxo aéreo.

AO025 VALORES DE REFERÊNCIA DO PFE PORTÁTIL PARA A POPULAÇÃO BRASILEIRA
Sousa Rodrigues SC1, Sato T2, Pereira CAC3
1,3. Hospital do Servidor Estadual de São Paulo (Hspe-Fmo), São Paulo, SP, Brasil; 2. Sanatorinhos Ação Comunitária de Saúde, São Paulo, SP, Brasil.
Palavras-chave: Valores previstos para o pfe; População brasileira; Valores de Leiner
Introdução: No Brasil, não existem valores nacionais de referência para o PFE portátil (PFEp). Os valores propostos por Leiner são considerados os mais próximos para a população brasileira. Objetivos: Derivar valores previstos para o PFEp, comparar com a medida derivada da curva fluxo-volume expiratória e com os valores propostos por Leiner. Métodos: Como parte do Projeto Respire e Viva, foram selecionados para inclusão neste estudo indivíduos sem doenças respiratórias (através do questionário AST-DLD 1978) e não fumantes. Os valores para o PFEp foram obtidos através de três medidores portáteis da marca ASSESS após diversas tentativas (número máximo = 8), devendo as duas melhores medidas terem diferença menor ou igual a 200L/min. Em seguida, os valores de PFE foram obtidos em espirômetro Multispiro e transformados em L/min. Os resultados foram comparados por teste t de Student e as equações foram derivadas por regressão linear, levando-se em conta a idade e a estatura. Resultados: 268 indivíduos do sexo masculino, idade entre 26 a 86 anos e estatura entre 152 a 192cm, foram incluídos no estudo. A média dos valores de PFEp foi 620 ± 90L/min x PFE espirômetro = 665 ± 105L/min (teste t = 9,25 e p = 0,001). A equação derivada para o sexo masculino foi: PFEp (L/min) = 240 + 2,7 x estatura (cm) - 1,68 x idade (anos) (r2 = 0,16), sendo o limite inferior: LI = Previsto - 133. Foram incluídas 371 mulheres. A idade variou de 20 a 85 anos e a estatura, 137 a 181cm. A média dos valores para o PFEp foi 396 ± 64L/min x PFE espirômetro = 428 ± 77L/min (teste t = 15,45 e p = 0,001). A equação de regressão derivada para o sexo feminino foi PFEp = 2,91 x estatura (cm) - 1,18 x idade (anos) - 2,4, sendo o LI = Previsto - 82. A comparação dos valores do PFEp com os valores de Leiner mostrou diferenças estatisticamente significativas. Conclusão: Os valores previstos para o PFEp na população brasileira são menores do que os valores obtidos através da manobra expiratória forçada e diferem significativamente do modelo proposto por Leiner.

AO026 EQUIPAMENTO DE BIOTELEMETRIA PARA MONITORAMENTO EM TEMPO REAL DO TESTE DA CAMINHADA DE SEIS MINUTOS
Moreira MF1, Sanches P2, Müller AF3, Silva Junior DP4, Knorst MM5, Ilha L6, Menna Barreto SS7
1,3,6. Hospital de Clínicas, Porto Alegre, RS, Brasil; 2,4. Hospital de Clínicas, Porto Alegre, RS, Brasil; 5,7. Famed-Ufrgs, Porto Alegre, RS, Brasil.
Palavras-chave: Teste da caminhada; Telemetria; Exercício
Introdução: O teste de caminhada de seis minutos (TC6M) é utilizado para avaliar a capacidade física, monitorar a efetividade do tratamento e estabelecer o prognóstico de pacientes. Apesar das provas funcionais serem realizadas principalmente com o paciente em repouso, devemos salientar que a avaliação estática pode subestimar a capacidade de exercício, assim como a capacidade em realizar as atividades diárias. As provas funcionais dinâmicas podem refletir sua qualidade de vida, correlacionando-se com o grau de satisfação ou insatisfação do paciente com sua própria condição física. Objetivos: Descrever o desenvolvimento de um sistema portátil de radiocomunicação de radiação restrita para biotelemetria de curta distância dedicado à realização do TC6M, que permita a monitoração em tempo real da saturação periférica da hemoglobina pelo oxigênio (SpO2) e da freqüência cardíaca (FC). As principais vantagens são a redução da interferência das pessoas que acompanham o paciente durante a caminhada e o aumento na segurança do exame, pois o operador pode interromper caso a SpO2 e/ou a FC atinjam níveis críticos. Métodos: O sistema desenvolvido na Engenharia Biomédica do Hospital de Clínicas de Porto Alegre (HCPA) é constituído por um oxímetro portátil de pulso modelo PalmSat 2500 (Nonin), duas unidades individuais denominadas de Master e Slave e um software de visualização. O enlace de biotelemetria por RF foi desenvolvido para operar em distâncias curtas de até 30m em ambientes fechados (indoor). Este sistema proporciona liberdade de movimentos ao paciente devido ao fato de não existir uma ligação física de fios entre a unidade portátil e a estacionária. Resultados: Foram realizados 558 exames de TC6M em 484 pacientes no Serviço de Pneumologia do HCPA. Destes exames 79,75% (445 exames) foram considerados clinicamente válidos com uma precisão de SpO2 de ± 3 dígitos e FC de ± 3% ambos com ± 1 desvio padrão e taxa de erro de frame (FER) < 0,01%. Os 113 exames excluídos (20,25%) foram desconsiderados devido a leituras falsas no sinal do oxímetro ocasionados por problemas intrínsecos tais como artefatos de movimento e ou baixa perfusão periférica. Conclusão: Os testes de laboratório e de campo demonstraram que o sistema de biotelemetria é capaz de realizar o TC6M em tempo real, sem restringir os movimentos do usuário durante o processo de monitorização, com precisão de SpO2 de ± 3 dígitos e FC de ± 3% ambos com ± 1 desvio padrão e taxa de FER £ 0,01%, com 79,75% dos exames válidos. No futuro pretende-se testar um sensor do tipo refletância a fim minimizar a quantidade de exames inválidos.

TROMBOEMBOLISMO PULMONAR
(TEP) E HIPERTENSÃO PULMONAR


AO027 I DIRETRIZ BRASILEIRA PARA PROFILAXIA DE TROMBOEMBOLISMO EM PACIENTES CLÍNICOS HOSPITALIZADOS: ALGORITMO PARA IMPLEMENTAÇÃO POR GRUPO MULTIDISCIPLINAR
Rocha AT, Paiva EF, Maffei FH
UFBA, Salvador, BA, Brasil.
Palavras-chave: Tromboembolismo; Profilaxia; Pacientes clínicos
Introdução: O risco de tromboembolismo venoso (TEV) em pacientes clínicos hospitalizados é comparável ao de situações cirúrgicas. Entretanto, a avaliação do risco global destes pacientes é raramente feita. Além disto, existe discrepância entre as recomendações para profilaxia existentes e a utilização atual. Objetivos: Realizar uma revisão sistemática sobre fatores de risco (FRs) para TEV em pacientes clínicos, gerando recomendações para profilaxia de fácil implementação através de um algoritmo de avaliação de risco. Métodos: Representantes de 12 Sociedades Médicas Brasileiras [clínica médica, hematologia, oncologia (2), angiologia, cardiologia, pneumologia, neurologia, geriatria, reumatologia, terapia intensiva e ginecologia] e do Grupo de Estudos em Trombose e Hemostasia, revisaram cada FR potencial usando um protocolo computadorizado e classificaram a evidência por sua qualidade científica. Recomendações sobre a importância de cada FR e a eficácia de profilaxia para cada subgrupo de pacientes seguiram uma classificação padronizada. Quando existiam estudos insuficientes sobre o tópico, as recomendações foram baseadas no consenso do grupo. Ao final, os resultados foram resumidos e incorporados a um algoritmo para ser implementado na prática clínica. Resultados: Foram encontradas evidências suficientes para substanciar recomendações para profilaxia em pacientes clínicos quando um ou mais dos FR para TEV estudados estavam presentes durante a hospitalização (ex: idade avançada, ICC, AVC, câncer, síndrome nefrótica e admissão em UTI). Doenças respiratórias foram consideradas como FR, quando consideradas em conjunto e quando associadas a alterações da função pulmonar. Outros fatores foram considerados apenas como adjuntos de risco (ex: varizes, obesidade, trombofilias, cateter venoso e doenças reumatológicas), mas justificam o uso de profilaxia quando presentes em pacientes hospitalizados, com mais que 40 anos e com mobilidade reduzida. Quanto às técnicas de profilaxia, foram encontradas evidências que justificam a administração de heparina não-fracionada ou heparinas de baixo peso molecular em doses profiláticas altas (semelhantes às utilizadas em pacientes cirúrgicos de alto risco), recomendando-se a manutenção da mesma por um período de, pelo menos, 6 a 14 dias. Conclusão: Um grupo multidisciplinar gerou recomendações baseadas em evidência para profilaxia de TEV em pacientes clínicos hospitalizados, criando um algoritmo de avaliação de risco para facilitar a implementação das recomendações na prática clínica.

AO028 O PAPEL DOS MARCADORES BIOQUÍMICOS NA AVALIAÇÃO DE PACIENTES CANDIDATOS À TROMBOENDARTERECTOMIA PULMONAR
Lapa MS1, Zucato SP2, Teixeira RHOB3, Jardim C4, Souza R5, Jatene FB6, Filho MT7
1,2,3,4,5,7. Universidade de São Paulo, São Paulo, SP, Brasil; 6. Universidade de São Paulo, São Paulo, SP, Brasil
Palavras-chave: Tromboembolismo pulmonar crônico; Hipertensão pulmonar; BNP
Introdução: O tratamento para a hipertensão pulmonar associada ao tromboembolismo pulmonar crônico é a tromboendarterectomia pulmonar, que oferece a cura cirúrgica quando devidamente indicada. No passado, as cirurgias eram indicadas apenas em função da classe funcional dos pacientes. Atualmente, procura-se encontrar marcadores clínicos e bioquímicos que permitam avaliar o risco cirúrgico e o prognóstico pós-operatório. Objetivos: Avaliar, retrospectivamente, o papel dos marcadores bioquímicos, mais especificamente do peptídeo natriurético do tipo B (BNP) e do ácido úrico, em pacientes candidatos à tromboendarterectomia e correlacioná-los com marcadores clínicos e hemodinâmicos. Métodos: Análise retrospectiva de prontuários. Resultados: 3,1mg/dL. Houve correlação significativa entre os níveis de BNP e a CF (p  20mmHg). A mediana de valores obtidos de BNP foi de 245 (118-394) pg/mL e a média de valores de ácido úrico foi 7,3  15mmHg, confirmada pelas medidas hemodinâmicas invasivas (PSVD invasiva = 90  5%. A média da pressão sistólica do ventrículo direito (PSVD) vista pelo ecocardiograma transtorácico foi 86  13,3 anos, foram incluídos no estudo. A maioria dos pacientes apresentava classe funcional (CF) III (n = 10) e média de saturação de oxihemoglobina em ar ambiente (SatO2) de 91  Dezessete pacientes (10 homens e sete mulheres) com hipertensão pulmonar associada a tromboembolismo pulmonar crônico, candidatos a tromboendarterectomia, com idade de 47,7 < 0,05; r = 0,55). Diferentemente de outras formas de hipertensão pulmonar, nesta amostra de pacientes a PSVD avaliada pelo ecocardiograma se relacionou com a classe funcional (p < 0,05; r = 0,55). Os valores de ácido úrico não se correlacionaram com os de BNP (p = 0,3; r = 0,33), ou com a CF (p = 0,4; r = 0,27), apresentando correlação limítrofe com a PSVD (p = 0,054; r = 0,59). Conclusão: Apesar de nossa amostra reduzida, os níveis séricos de BNP apresentam correlação com marcadores já estabelecidos em hipertensão pulmonar associada ao tromboembolismo crônico, podendo potencialmente ser utilizados na avaliação da gravidade de pacientes candidatos à tromboendarterectomia.

MÉTODOS DIAGNÓSTICOS EM PNEUMOLOGIA

AO029 AVALIAÇÃO DO DIAGNÓSTICO DA TUBERCULOSE MEDIANTE MÉTODO SEQÜENCIAL DE ESCARRO INDUZIDO - FIBROBRONCOSCOPIA
Xavier RG, Damian FB, Passos PS, Piccinini P, Fernandes NS, Rodrigues M, Oliveira CTM
HCPA, Porto Alegre, RS, Brasil.
Palavras-chave: Tuberculose; Broncoscopia; Escarro induzido
Introdução: A tuberculose permanece como um problema de saúde pública em todo mundo. A OMS recomenda a detecção por pesquisa de BAAR em secreções respiratórias como manejo diagnóstico inicial para tuberculose pulmonar. Porém, este método tem baixa sensibilidade e pouco valor nos pacientes que não tem expectoração espontânea. Nestes pacientes, muitas vezes, ou são tratados empiricamente, ou realizado fibrobroncoscopia com lavado broncoalveolar, procedimento que não é isento de riscos, ao mesmo tempo, realização de escarro induzido por solução hipertônica é um procedimento, com muito baixa morbidade. Objetivos: Validação do escarro induzido (EI) seguido de fibrobroncoscopia (FB) com lavado broncoalveolar (BAL) para o diagnóstico da tuberculose (TB). Métodos: Ensaio clínico para avaliar os pacientes com suspeita de TB em que o escarro espontâneo não revelou o diagnóstico. Foram avaliados 143 pacientes com EI, sendo 61 do sexo feminino e 82 do sexo masculino; 77 indivíduos foram HIV negativos e 66 HIV positivos; foi realizada FB com BAL nos pacientes em que não foi identificada TB no EI pela baciloscopia. Os resultados microbiológicos foram analisados quanto à identificação de micobactéria ao exame cultural do EI e BAL, utilizando BACTEC. Resultados: O diagnóstico de TB foi confirmado em 53 pacientes, sendo 41 pulmonar e 12 extrapulmonar; 68 pacientes tiveram outros diagnósticos e 22 permaneceram sem diagnóstico. Em 3 pacientes HIV negativos e em 2 pacientes HIV positivos sem TB foi diagnosticado MOTT ao EI. Dos 41 pacientes com TB pulmonar, 17 realizaram FB (2 pacientes tiveram diagnóstico operacional de TB, não foi possível confirmá-lo): a baciloscopia foi positiva em 13/41 ao EI e em 2/17 ao BAL; o cultural para micobactérias foi positivo em 32/41 com EI e em 13/17 ao BAL, sendo positivo em 11 por ambos. Quinze pacientes HIV positivos tiveram diagnóstico de pneumocistose (n = 10), criptococose (n = 3) e histoplasmose (n = 2) ao BAL. Conclusão: É necessário otimizar o diagnóstico rápido para TB pois a baciloscopia tanto ao EI ou BAL demonstra baixa sensibilidade. Sendo assim, os pacientes com suspeita de TB e baciloscopia negativa ao escarro espontâneo permanecem ainda com a indicação de terapia de prova até a comprovação ao exame cultural.

AO030 A RELAÇÃO VEF1/VEF6 COMO UMA ALTERNATIVA AO VEF1/CVF NO DIAGNÓSTICO DA DPOC: RESULTADOS DO ESTUDO PLATINO
Rosa FW1, Camelier AA2, Nascimento O3, Menezes AM4, Perez-Padilla R5, Jardim JR6
1,2. Universidade Federal de São Paulo, Universidade Católica do Salvador, São Paulo, SP, Brasil; 3. Universidade Federal de São Paulo, São Paulo, SP, Brasil; 4.5. Universidade Federal de Pelotas, Pelotas, RS, Brasil; 5. Instituto Nacional de Enfermidades Respiratórias, Cidade do México, México; 6. Universidade Federal de São Paulo, São Paulo, SP, Brasil.
Palavras-chave: Espirometria; Obstrução; DPOC
Introdução: O parâmetro padrão para o diagnóstico da DPOC é a relação VEF1/CVF < 0,70 pós -BD, de acordo com as diretrizes do GOLD. Objetivos: Avaliar a relação VEF1/VEF6 - um índice espirométrico simples - que requer uma expiração forçada de apenas 6 segundos como uma alternativa válida ao FEV1/CVF partindo da análise do banco de dados do Projeto Platino. Métodos: O projeto Platino foi um estudo de base populacional, realizado em adultos com 40 anos ou mais, realizado em Montevideo, São Paulo, Caracas, Santiago e Cidade do México. Um total de 5.315 espirometrias após a inalação de 200mcg de salbutamol (com a mensuração simultânea da CVF e do VEF6) foram obtidas. 758 (prevalência de 14,3%) dos sujeitos tinham DPOC segundo o critério GOLD. A comparação entre a relação VEF1/CVF < 0,70 foi comparada com diferentes pontos de corte do índice VEF1/VEF6. Resultados: De acordo com a regressão linear: VEF1/CVF = (VEF1/VEF6*1,24)-21,8 (R2 = 0,95). O valor do VEF1/VEF6 equivalente ao VEF1/CVF = 70 foi 0,741 nesta regressão linear simples e 0,742 ajustado para a cidade, tabagismo atual, sexo, altura e IMC (R2 = 0.95). A área abaixo da curva ROC foi 98,7%. A média de diferenças entre o VEF1/CVF e o VEF1/VEF6 foi -2,5 com um IC95% variando de -7,5 a 0. Um VEF1/VEF6 igual a 0,742 (equivalente ao VEF1/CVF = 0,70 na regressão linear) obteve a sensibilidade = 83,4%, especificidade = 98,5%, VPP = 89,9% e VPN = 97,3%. Para um VEF1/VEF6 = 0,76, foi obtida uma sensibilidade e especificidade = 94,2%, VPP = 72.7% e VPN = 99%. Conclusão: O VEF1/VEF6 é uma alternativa simples e útil à relação VEF1/CVF. O melhor ponto de corte a ser escolhido dependerá de acordo com o objetivo de ser otimizada a sensibilidade ou especificidade. O valor do VEF1/VEF6 = 0,76 tem sensibilidade e especificidade = 94,2% para identificar o VEF1/CVF < 0,70. Estudo financiado: Boehringer Ingelheim Internacional.
ASMA NO ADULTO

AO031 VALIDAÇÃO, NA CIDADE DE MANAUS-AM, DO QUESTIONÁRIO DE TRIAGEM DE ASMA DO INQUÉRITO DE SAÚDE RESPIRATÓRIA DA COMUNIDADE EUROPÉIA (ECRHS)
Andrade EO1, Gouveia V2, Costa LV3, Silva JAA4, Briglia MFS5, Akel SC6, Heidrich C7, Souza JS8
1,3,4,7. Uea, Manaus, AM, Brasil; 2. Ufpa, João Pessoa, PB, Brasil; 5. Ufam, Manaus, AM, Brasil; 6. Imtm, Manaus, AM, Brasil; 8. Uniniltolins, Manaus, AM, Brasil.
Palavras-chave: Asma; Validação; ECRHS
Introdução: Asma é um dos grandes problemas mundiais de saúde pública. A identificação dos casos de asma brônquica se reveste de grande importância epidemiológica pela possibilidade da adoção de medidas de controle clínico e ambiental que constituem a base de uma terapêutica eficaz para a doença. Objetivos: Validação, na cidade de Manaus-AM, do questionário de triagem de asma do inquérito de saúde respiratória da Comunidade Européia (ECRHS). Métodos: Delineamento: Trata-se de uma pesquisa de campo, com delineamento não-experimental (correlacional), procurando conhecer os parâmetros métricos do Questionário de Triagem para Asma (QTA). Amostra: Optou-se por duas amostras. A primeira com 20 participantes, de ambos os sexos, para a validação semântica. A segunda amostra, a definitiva, serviu para comprovar a validade preditiva deste instrumento, significando sua adequação para diferenciar pacientes diagnosticados como asmáticos daqueles não-asmáticos. Neste caso, contou-se com 200 participantes, eqüitativamente distribuídos nos dois grupos de comparação, de ambos os sexos, com idades a partir dos 18 anos Procedimento: Quanto aos dados referentes ao estudo da validade semântica, utilizou-se usuários da rede pública de saúde, considerando aqueles do estrato mais semelhantes com a população meta. No caso da amostra definitiva, todos os participantes foram recrutados em ambiente hospitalar/ambulatorial. No caso daqueles asmáticos, foram selecionados a partir do diagnóstico médico; os não-asmáticos saíram de consultas cujas patologias afetem menos o aparelho respiratório. Uma vez efetuada a consulta, cada paciente preencheu o QTA, recebendo auxílio do médico-pesquisador, se necessário. A análise estatística obedeceu as seguintes etapas: a) estudo da equivalência dos grupos [asmático e controle] utilizando-se o teste t de Student e o teste do Qui-quadrado para os dados quantitativos e qualitativos respectivamente; b) análise dos itens através do estudo da distribuição da freqüência para cada item nos dois grupos estudados medida pelo teste do qui-quadrado, bem como a determinação da sensibilidade e especificidade; c) validade do construto através de análise fatorial e cálculo do a de Cronbach; d) determinação do ponto de corte [indicativo de asma] mediante análise descritiva da pontuação total, determinação da área sobre a curva ROC e análise discriminante. Resultados: Tabela 1- Distribuição de freqüência, poder discriminatório, sensibilidade, especificidade, área sob a curva e homogenidade dos itens do QTA-B

Notas: * p < 0,001. S = sensibilidade; E = Especificidade; ASCROC = área sob a curva ROC; ri.tCorrigida = correlação item-total corrigida (homogeneidade).
Conclusão: O questionário de triagem de asma do inquérito de saúde respiratória da Comunidade Européia (ECRHS), em sua versão para o português, mostrou-se inteiramente aplicável, na cidade de Manaus-Am, para o seu propósito de triagem de asma brônquica.

AO032 ACHADO DE FLUXO SUPRA NORMAL EM ASMÁTICOS COM ESPIROGRAMA NORMAL
Ladosky W, Botelho MAM
Hospital das Clínicas, Recife, PE, Brasil.
Palavras-chave: FSN; Espirometria em asmáticos; Fibrose intersticial
Introdução: O Fluxo Supra Normal (FSN) foi descrito por Tan et Tashkin (1986) para descrever o incremento da relação FEF25-75/CVF acima de 1,31 que Difusa e é encontrada na Fibrose Intersticial e que ocorre em conseqüência da perda das forcas de retração sobre os brônquios e o aumento da retração elástica sobre os alvéolos. Objetivos: Como essas condições não existem em doenças obstrutivas como a asma, seu achado, sugere a necessidade de maiores análises para justificar sua freqüência e esclarecer sua fisiopatologia. Métodos: Foi estudada uma cohorte de 533 pacientes com diagnóstico clínico de asma em suas diversas formas, admitidos por ordem de entrada no Serviço. Todos foram submetidos a espirometria forçada de rotina, com teste de broncodilatador. 172 (32%) deles, por apresentarem padrão obstrutivo, (VEF 1 < 80) foram excluídos por não estarem inseridos no objetivo do estudo. O grupo remanescente constituído por 315 indivíduos, independentes de sexo ou idade, ficou assim distribuído segundo o resultado da espirometria forçada: 134 (43%) Normais (CVF e VEF1 > 80% do VT e FEF 25-75/CVF < 1,30); e 52 (17%) Normais c/ FSN; (CVF e VEF1 > 80 do VT e FEF 25-75/CVF > 1,3); os demais foram também descartados por apresentarem padrão misto ou indiferenciado. Os pacientes submetidos ao estudo tinham idade entre 7 e 57 anos, sendo as faixas etárias correspondentes entre os dois grupos. A freqüência de tabagismo entre os dois grupos foi de apenas 2 pacientes em cada grupo e de 18 vs 22 ex tabagistas entre os grupos. Resultados: ² = 1,08 P Ainda que tenha havido uma prevalência de pessoas do sexo feminino nos dois grupos, está não foi significativa (> 0, 05). Fazendo um corte aos 17 anos e comparando a prevalência entre as faixas etárias observamos que o FSN ocorre em maior freqüência em crianças (52% vs 36%) e que está diferença é estatisticamente ² = 20,75 Psignificativa (< 0,0001). Após a administração de broncodilatador (Salbutamol, 4 puffs de 100µg); 26% dos pacientes com Espirograma Normal passaram a apresentar FSN (FEF 25-75/CVF > 1,3), enquanto 25% dos que apresentavam inicialmente espirograma Normal c/ FSN passaram a apresentar a relação FEF 25-75/CVF < 1,3. Conclusão: Os resultados apresentados levam à conclusão que o achado de espirograma com FSN não é conseqüência exclusivamente de um processo de fibrose intersticial com perda da retração elástica, mas que pode também ocorrer em pulmão sem defeito restritivo, e que se distribui de maneira aleatória entre os sexos. O aparecimento de FSN entre pacientes que não o apresentavam antes da administração de BD, e a redução de sua freqüência, numa razão semelhante, no grupo inicialmente com FSN é fortemente sugestivo de seu caráter provavelmente aleatório. São necessários outros estudos, com técnicas mais avançadas para esclarecer seu mecanismo e a razão de sua maior incidência entre crianças e pré-púberes.

AO033 HOSPITALIZAÇÃO POR CRISE ASMÁTICA: INFLUÊNCIA DO PROGRAMA RESPIRA LONDRINA
Neto AC1, Talhari MAB2, Bueno T3, Ferreira Filho OF4, Kuromoto LK5
1,3. Autarquia Municipal de Saúde, Londrina, PR, Brasil; 2,4. Universidade Estadual de Londrina, Londrina, PR, Brasil; 5. Autarquia Municipal de Saúde, Londrina, PR, Brasil.
Palavras-chave: Saúde pública; Asma; Programas de asma
Introdução: Ao integrar as atividades de atenção básica, especializada e hospitalar, o Programa Respira Londrina, instituído em 2004, tem por objetivo melhorar a qualidade do cuidado com os pacientes asmáticos. Dessa forma, realizou-se: a capacitação dos profissionais de saúde nas 53 unidades de saúde da família do município, criação do centro de referência em asma, promoção de visitas aos domicílios para controle ambiental e otimização da terapêutica mais indicada para cada situação clínica. Objetivos: Determinar a freqüência de internações hospitalares por crise asmática nos períodos pré e pós-introdução do Programa Respira Londrina. Métodos: Foi realizado um estudo de base populacional, levantando-se todas as Autorizações de Internação Hospitalar (AIH) por crise asmática na cidade de Londrina-PR nos biênios 2002-2003 (pré-programa) e 2004-2005 (pós-programa). Resultados: No primeiro período, a taxa de internação foi de 178/100.000 habitantes e, no segundo, foi de 120/100.000 habitantes. Ocorreu diminuição no número de AIHs por crise asmática em todos as regiões do município. Tal fato mostrou-se mais acentuado nas regiões da cidade em que as unidades de atenção primária foram pioneiras na implantação do programa e adesão a ele. Conclusão: A redução dos índices de hospitalização por asma está diretamente relacionada à organização dos serviços de atenção primária, à qualificação dos profissionais da área da saúde e à instituição da terapêutica adequada.

AO034 MORTALIDADE POR ASMA NO SUL DO BRASIL: EXISTE TENDÊNCIA DE MUDANÇA?
Chatkin JM1, Bittencourt HR2, Chatkin G3, Fritscher CC4, Scaglia NC5, Abreu CM6, Blanco DC7
1,3,4,5,6,7. Faculdade de Medicina da Pontifícia Universidade Católica do Rio Grande do Sul (Pucrs), Porto Alegre, RS, Brasil; 2. Faculdade de Matemática, Departamento de Estatística da Pucrs, Porto Alegre, RS, Brasil.
Palavras-chave: Asma; Epidemiologia; Mortalidade por asma
Introdução: A mortalidade por asma vinha aumentando nas últimas décadas, mas em alguns países, já existe uma tendência de declínio. No Brasil, não são conhecidos detalhes sobre essa tendência. Objetivos: Estudar as tendências de mortalidade por asma no sul do Brasil. Métodos: Foram revisados atestados de óbito do estado do Rio Grande do Sul, Brasil, para pessoas com idades entre 5 e 39 anos nos quais a asma foi reportada como sendo a causa determinante do óbito, durante o período de 1981 a 2003. Os dados forma agrupados para análise me intervalos de 5 anos. As taxas de mortalidade foram submetidas aos procedimentos de regressão quadrática e linear. Resultados: Foram identificados 566 óbitos por asma no grupo estudado. Entre crianças e adolescentes (5 a 19 anos) ocorreram 170 óbitos (variando de 4 a 13 por ano), com taxas de 0.154/100,000 a 0.481/100,000. No grupo de adultos jovens (20 a 39 anos) ocorreram 396 óbitos (variando de 9 a 32 por ano), com taxa de 0.276/100,000 a 1,034/100,000. Houve uma clara tendência inicial de aumento nas taxas, com estabilização após e com início de declínio desde os anos 90, mantendo-se até o início da década atual. Essa tendência manteve-se me todas as faixas etárias e foi mais pronunciada entre os homens. Conclusão: A mortalidade por asma no sul do Brasil mostrou uma tendência significativa de queda, sendo que essa mudança ocorreu desde o final da década de 90 e a razão para isso permanece a ser estudada.

AO035 FENÓTIPOS DE ASMA GRAVE
Araujo Alves RS, Filardo Vianna FA, Pereira CAC
HSPE, São Paulo, SP, Brasil.
Palavras-chave: Fenótipos; Asma difícil; Controle
Introdução: A asma grave representa um pequeno percentual dos asmáticos, mas com grandes custos e perda de qualidade de vida. A determinação dos fenótipos pode auxiliar na condução dos casos de asma grave. Objetivos: Avaliar dentre os pacientes com asma grave, aqueles resistentes e outros fenótipos clínicos. Métodos: Em um período de cinco anos, 111 pacientes portadores de asma grave (SBPT/ERS) foram avaliados e seguidos em média por 14 meses (de 3 a 72 meses), após tratamento ajustado. Um protocolo sistemático de avaliação clínica e funcional e acompanhamento foi aplicado, bem como critérios para determinação do controle da doença. Fatores agravantes e desencadeantes foram determinados. Pacientes não controlados foram considerados resistentes, depois de repetidas avaliações para a adesão. Resultados: Dos 111 pacientes incluídos, 23 não aderiram ao tratamento proposto, e tiveram pior controle. Os demais dados não diferiram. No grupo aderente, a idade foi 56 ± 12 anos, com predomínio de mulheres (73%). A relação VEF1/CVF foi 53 ± 14%. 2/3 receberam CI > 1200mcg de beclometasona ou equivalente/dia; 88% B2 de longa duração e 30% corticóide oral. Por análise fatorial 4 fenótipos foram caracterizados: asma resistente (grupo 1), asma com obstrução persistente (2), asma atópica (3) e asma com intolerância à aspirina (4). No grupo 1 havia mais casos com DRGE (32% x 13% nos restantes, p = 0,004), menos resposta a Bd (71 x 90%, p = 0,04), sintomas noturnos mais freqüentes (32 x 13%, p = 0,002) e prejuízo nas atividades diárias (57 x 25%, p = 0,003). Os pacientes do grupo 2 tinham idade maior (58 ± 13 anos x 54 ± 11), menor relação VEF1/CVF (48 ± 13 x 60 ± 13, p = 0,000), maior tempo de doença (Md = 34 x 12 anos, p = 0,001) e eram mais frequentemente fumantes (18% x 5%, p = 0,005) porém a resposta a Bd foi semelhante. No grupo 3 observamos maior VEF1/CVF (57 ± 16 x 50 ± 13%, p = 0,047), mais associação com sinusite (35% x 11%, p = 0,014), DRGE (30%x 11%, p = 0,04). No grupo 4, os 15 pacientes com intolerância a aspirina tiveram mais eventos quase fatais (47% x 14%, p = 0,003). Por regressão logística, os achados iniciais dos pacientes controlados ao final do estudo foram comparados aos não controlados. Maior freqüência de DRGE e sintomas noturnos foram preditores de resistência ao tratamento (p < 0,05). Conclusão: Muitos pacientes com asma grave não são controlados após avaliação e tratamento, sendo as causas mais comuns a não adesão e a resistência aos corticosteróides. Pacientes com obstrução persistente e atópicos são mais facilmente controlados; atenção deve ser dada em episódios quase fatais a possível intolerância à aspirina.

AO036 TERMOPLASTIA BRÔNQUICA: PERFIL CLÍNICO-FUNCIONAL DE 12 PACIENTES TRATADOS
Rubin AS1, Guerreiro Cardoso PF2, Cavalcanti M3, Zelmanovitz S4, Soares P5, Pellegrin L6, Spanemberg L7
1. Pavilhão Pereira Filho-Santa Casa de Porto Alegre, Porto Alegre, RS, Brasil; 2,3,4,5,6,7. Pavilhão Pereira Filho, Porto Alegre, RS, Brasil.
Palavras-chave: Asma; Termoplastia brônquica; Broncoscopia
Introdução: A Termoplastia Brônquica consiste em uma nova modalidade terapêutica para asma. Trata-se de um procedimento broncoscópico onde, através da geração e transmissão de calor liberados por um cateter ligado a um gerador de energia, ocorre redução da massa muscular das vias aéreas em asmáticos. Este tratamento tem por objetivo reduzir o broncoespasmo mediado pela contratura da musculatura lisa. Objetivos: Relatar as características clínicas e funcionais de 12 pacientes incluídos pelo Brasil em um estudo multicêntrico de fase III - Estudo Alair - onde foi avaliada a eficácia e segurança deste procedimento. Métodos: Foram incluídos pacientes portadores de asma moderada/severa em tratamento com terapia combinada (corticóide inalatório + beta-2 adrenérgico de longa duração -CI/BALA -), que apresentavam piora sintomática após suspensão do uso de BALA. Os pacientes foram triados através do banco de dados e ambulatório do Pavilhão Pereira Filho - Santa Casa de Porto Alegre. Todos pacientes realizaram pletismografia e teste de broncoprovocação com metacolina, além de preencherem questionários padronizados e de qualidade de vida. Os pacientes foram randomizados para manterem o tratamento usual (CI/BALA) ou serem submetidos adicionalmente à termoplastia com o sistema ALAIR-Asthmatx CO. Os pacientes randomizados para o grupo da termoplastia foram submetidos a três sessões (lobo inferior direito, lobo inferior esquerdo e lobos superiores) com intervalo de 3 semanas entre cada aplicação. Resultados: 6,3 pontos. O exame pletismográfico apresentou uma capacidade pulmonar total de média 103,9% do previsto (± 15,9%) e volume residual médio de 121,8% (± 35,9%). O coeficiente de difusão médio foi de 104,2 (± 14). Todos pacientes apresentavam hiperreatividade brônquica marcada avaliada pelo teste de broncoprovocação com metacolina, sendo o CP20 média 0,1 ± 0,1mg/ml. Do total de pacientes estudados, 11 realizaram os três tratamentos enquanto somente 1 paciente não completou o tratamento proposto. Não houve intercorrência significativa nos 12 casos tratados, sendo o procedimento bem tolerado pelos pacientes. Todos foram liberados da sala de observação após 4 horas do procedimento, não havendo necessidade de nenhuma internação. O centro em questão incluiu no estudo 24 pacientes, sendo que 12 foram randomizados para realizar termoplastia brônquica. Este grupo apresentava uma média etária de 39 ± 11 anos, sendo constituído por 8 mulheres e 4 homens. Os 12 pacientes tratados apresentavam CVF média de 91% do previsto (dp + 12%) e VEF1 médio de 69,6% (dp ± 6,2%). O valor médio do questionário ACQ (Asthma Control Questionary) foi de 1,5 ± 0,9/10,4. Conclusão: O grupo de pacientes incluídos no presente estudo apresentava características clínico-funcionais semelhantes a grande parcela de asmáticos atendidos em consultórios e serviços de pneumologia. A Termoplastia Brônquica foi um procedimento seguro e bem tolerado pelos pacientes, sem intercorrências significativas imediatas após a sua realização.

DOENÇAS PULMONARES EM PEDIATRIA

AO037 USO DE ESPAÇADOR NO PRONTO ATENDIMENTO DE PEDIATRIA
Becker Lotufo JP1, Sabino HM2, Pilla ES3
1,2. Hospital Universitário da USP, São Paulo, SP, Brasil; 3. Universitário da USP, São Paulo, SP, Brasil.
Palavras-chave: Asma; Tratamento; Espaçador
Introdução: A medicação inalatória é consagrada no tratamento da asma aguda. Ambulatorialmente já é clássico o uso de aerosol dosificador com uso de espaçador no tratamento da asma persistente. A mesma metodologia é rotina no PA do Hospital Universitário da USP, substituindo as tradicionais inalações. Objetivos: Analisar prospectivamente diferentes dosagens de salbutamol inalatório no atendimento de crianças com asma aguda. Métodos: Analisamos 169 crianças maiores de 2 anos com exacerbação de asma, utilizando-se 200 ou 400 microgramas de salbutamol a cada 20 a 30 minutos, após análise do escore de Wood-Downes, verificando o sucesso terapêutico (alta do PA não importando o número de inalações) e internações (retaguarda). Resultados: Idade dose Escore 1 Escore 2 Escore 3 Escore 4 total alta internação 2 a 4a. 200 7 14 19 7 47 40 7 (14,9%) 2 a 4 a 400 1 7 11 6 25 23 2 (8%) >= 5a. 200 6 4 9 10 29 26 3 (10,3%) >= 5a. 400 5 19 25 19 68 61 7 (10,2%) total 19 44 64 42 169 150 19 no grupo de 2 a 4 anos houve percentualmente o dobro de internações em pacientes que usaram dose menor de salbutamol. Comparando-se o escore >= 3, o grupo de 2 a 4 anos que recebeu doses maiores (400 microgr) apresentou menor percentagem de internações (68% e 55%). Não houve esta variação no grupo maior de 5 anos, onde a percentagem de internações ficou em torno de 10% independente da dose utilizada. A ausência de diferença nas internações das crianças maiores de 5 anos pode sugerir o melhor aproveitamento da medicação inalatória nesta faixa etária. Conclusão: Em crianças menores de 5 anos o uso de salbutamol 400 microgramas evitou 50% de internações, quando comparado com o grupo que recebeu 200 microgramas. Em crianças maiores de 5 anos a quantidade de medicação não influiu nas internações.

AO038 ETIOLOGIA E IMPACTO CLÍNICO IMEDIATO E TARDIO DO PRIMEIRO EPISÓDIO DE INFECÇÃO RESPIRATÓRIA AGUDA EM LACTENTES
Ribeiro Ferreira da Silva Filho LV1, Tateno AF2, Mattar ACV3, Andrade MVLC4, Fink MCDS5, Rodrigues JC6, Pannuti CS7, Cardoso MRA8
1,3,4,6. Instituto da Criança Hcfmusp, São Paulo, SP, Brasil; 2,5,7. Laboratório de Virologia, Instituto de Medicina Tropical da USP, São Paulo, SP, Brasil; 8. Departamento de Epidemiologia da Faculdade de Saúde Pública da USP, São Paulo, SP, Brasil.
Palavras-chave: Infecção respiratória; Chiado; Rinovírus
Introdução: A etiologia e o impacto clínico imediato e tardio de infecções respiratórias virais em lactentes são pouco conhecidos em nosso meio, especialmente no que se refere às infecções dependentes de métodos de biologia molecular para o diagnóstico. O vírus sincicial respiratório (VSR) é considerado o patógeno de maior importância como causa de sibilância em lactentes, mas o rinovírus vem sendo apontado como uma causa significativa de sibilância em lactentes e crianças, resultando em admissão hospitalar e em risco posterior de sibilância recorrente. Objetivos: Avaliar a etiologia viral e o impacto clínico imediato e tardio do 1º episódio de infecção respiratória em lactentes com antecedentes familiares de atopia. Métodos: Trezentos e setenta e seis lactentes com alto risco de desenvolverem doenças respiratórias alérgicas foram acompanhados prospectivamente em um estudo de coorte com consultas periódicas e aos episódios de infecção respiratória aguda. Estes lactentes foram submetidos à coleta de aspirado nasofaríngeo durante episódios de infecção respiratória aguda. Foram selecionados para o estudo apenas aqueles submetidos à coleta durante seu 1º episódio de infecção respiratória aguda. Pesquisa de etiologia viral foi realizada através de imunofluorescência direta com anticorpos monoclonais para vírus sincicial respiratório, Influenza A e B, parainfluenza 1, 2 e 3 e adenovírus, RT-PCR para coronavírus e metapneumovírus humano, além de real-time RT-PCR para rinovírus e enterovírus. Seguimento clínico com consultas periódicas foi realizado por um período médio de 15 meses após o episódio inicial. Resultados: Cinqüenta e dois lactentes com idade média de 2 meses foram analisados no estudo. Os lactentes apresentaram sintomas de infecção de vias aéreas superiores em 44% e bronquiolite em 56% das ocasiões. Foram identificados vírus respiratórios em 79% dos casos, sendo o rinovírus o agente de maior prevalência, com 65%, seguido pelo VSR com 12% dos casos. Coronavírus, metapneumovírus humano e enterovírus foram identificados em dois casos cada. Co-infecções foram identificadas em 14% dos casos, sempre envolvendo o rinovírus. Vinte pacientes (39%) apresentaram sibilância recorrente durante o seguimento, sendo a maioria deles do sexo masculino. Pacientes que apresentaram quadro de bronquiolite desenvolveram sibilância recorrente em 50% dos casos, o que aconteceu em apenas 21% dos casos com infecção inicial limitada às vias aéreas superiores (p = 0,04). Nenhum dos vírus identificados em casos de bronquiolite esteve associado com sibilância recorrente no seguimento. Conclusão: O presente estudo identificou uma alta prevalência de infecções por rinovírus em lactentes jovens, resultando em quadros de bronquiolite aguda em cerca de 50% dos casos. Sibilância recorrente foi significativamente mais freqüente nos lactentes do sexo masculino e naqueles que apresentaram bronquiolite como manifestação clínica inicial. Nenhuma etiologia viral foi associada à sibilância recorrente no seguimento.

AO039 ANÁLISE DE 235 CASOS DE PNEUMONIA POR MYCOPLASMA PNEUMONIAE COMPROVADOS SOROLOGICAMENTE PELO MÉTODO ELISA
GF Lima DM, Lino FV, Polveiro AF, Dionísio DL
Hospital Regional de Taguatinga/SES, Taguatinga, DF, Brasil.
Palavras-chave: Mycoplasma; Pneumonia; Pediatria
Introdução: O Mycoplasma pneumoniae foi conhecido como agente Eaton causador de pneumonia atípica (1944). É a denominação vigente que indica o principal local encontrado no homem em sua via aérea. Em crianças vem se observando que o Mycoplasma pneumoniae tem maior importância em causar infecção no trato respiratório superior e inferior do que anteriormente se pensava. A incidência ou a gravidade da doença depende do tempo de incubação e do não tratamento específico, podendo gerar reinfecção e seqüelas pulmonares. É responsável por 20-30% das pneumonias comunitárias e as crianças são o maior reservatório deste patógeno. Objetivos: Comparar através do teste ELISA por radioimunoensaio as pneumonias por Mycoplasma pneumoniae que ocorreram no período de novembro de 2000 a junho de 2005 na enfermaria de Pneumologia Pediátrica do Hospital Regional de Taguatinga-DF. Métodos: Dentre as pneumonias internadas neste período, foram selecionados os casos suspeitos de Mycoplasma pneumoniae, e foi feito uma ficha protocolar cujos dados serão comentados nos resultados. Resultados: Em relação à idade, houve predominância na faixa etária entre 5 anos a 11 anos e 11 meses (137 casos - 58,29%), seguido de 67 casos (28,50%) entre 1 ano e 4 anos e 11 meses, e 31 casos (13,19%) acima de 12 anos. O sexo não teve interferência na amostra. Observaram-se casos durante todo o ano, com maior incidência entre junho e julho (período de frio no DF). Em 121 casos (51,48%) houve uso prévio de antibióticos habituais, sem resposta clínica, conforme relatado na literatura. Nos achados clínicos a tosse foi observada em 226 casos (96,17%), evoluindo de seca a produtiva de acordo com o tempo da doença. A febre surgiu em 176 casos (74,89%), a dispnéia em 55 casos (23,40%), além de outros sintomas. A bronquite foi a patologia associada mais encontrada (89 casos - 37,87%), seguida da sinusite (30 casos - 12,76%). Nas crianças com tosse há mais de 1 mês, 24 (10,21%) tinham bronquite associada. O hemograma foi normal em 160 casos (68,08%), porém a leucocitose foi encontrada em 48 casos (20,41%) e o VHS elevado em 43 casos (18,30%). A sorologia pelo método ELISA foi positiva em todos os casos. O Raio X de tórax mostrou 176 casos (74,89%) com predomínio de infiltrado unilateral ou bilateral e 56 casos (23,82%) com condensação lobar. A cura sem seqüela pulmonar foi obtida com o tratamento específico em todos os casos. Conclusão: Através do método ELISA foi possível confirmar a suspeição clínica do Mycoplasma pneumoniae em crianças com idade acima de 1 ano com história de evolução arrastada e não resposta dos antibióticos convencionais. Houve concordância com dados dinamarqueses de que não há mais ciclos epidêmicos de 4 em 4 anos, e sim a doença durante todo o ano, com predomínio nos períodos frios. O encontro desta patologia em 28% dos casos em crianças abaixo de 5 anos mostra a importância de se levantar esta hipótese. Todos os dados estatísticos encontram concordância com as atuais revisões sobre este tema.

AO040 FATORES DE RISCO PARA SIBILÂNCIA RECORRENTE EM UMA COORTE DE CRIANÇAS MENORES DE 13 ANOS, NO SUL DO BRASIL
Prietsch S1, Fisher GB2, Cesar JA3, Cervo PV4, Sangaletti LL5, Wietzycoski CR6, Zacca D7, Dos Santos FM8
1,3,4,5,7,8. Universidade Federal de Rio Grande, Rio Grande, RS, Brasil; 2. Faculdade Federal de Ciências Médicas de Porto Alegre, Porto Alegre, RS, Brasil; 6. Universidade Federal do Rio Grande, Rio Grande, RS, Brasil.
Palavras-chave: Epidemiologia; Asma; Fatores de risco
Introdução: Asma e sibilância recorrente são os principais responsáveis pelo comprometimento prolongado da saúde em crianças e adolescentes nos países desenvolvidos e, provavelmente, têm alta prevalência nos países em desenvolvimento. Nas últimas décadas, muitos estudos têm mostrado um aumento da prevalência de morbidade e maiores taxas de mortalidade por asma em diversos contextos. Sibilância recorrente é multicausal e pode estar associada a fatores demográficos, socioeconômicos, genéticos, gestacionais, nutricionais, ambientais e outros. Essa situação representa um profundo impacto na sociedade e, especialmente às crianças e suas famílias. É responsável por um grande número de visitas à emergência e hospitalizações. Objetivos: Estudar a prevalência de sibilância recorrente e os principais fatores associados em uma coorte de crianças menores de 13 anos, na área urbana de Rio Grande, RS. Métodos: Através de visitas domiciliares e aplicação de questionários padronizados por entrevistadores previamente treinados, investigou-se entre essas crianças a presença de sibilância recorrente. Foram ainda obtidas informações sobre as condições socioeconômicas e de moradia da família, assistência à gestação e ao parto, padrão de morbidade atual e pregressa dessas crianças. A análise estatística consistiu do cálculo do odds ratio (OR) com posterior ajuste através de regressão logística não-condicional para potencial fatores de confusão conforme modelo hierárquico previamente definido. Resultados: Entre as 775 crianças estudadas, a prevalência de sibilância recorrente atual foi de 27,9%. As perdas do estudo foram de 11,6%. Os principais fatores de risco observados após a análise ajustada foram: rinite atual (OR = 45,7 IC95% 24,2-86,5), uso de fogão à lenha para cozinhar (OR = 2,7 IC95% 1,4-4,9), antecedente pessoal de infecção respiratória aguda (OR = 2,1 IC95% 1,3-3,5), aleitamento artificial (OR = 2,1 IC95% 1,1-3,8), antecedente de asma em irmãos (OR = 1,9 IC95% 1,2-3,2), antecedente de asma na mãe (OR = 1,8 IC95% 1,1-2,9), menos de seis consultas de pré-natal (OR = 1,6 IC95% 1,1-2,4). Escolaridade do pai (£ 8 anos) mostrou-se protetor para sibilância recorrente (OR = 0,6 IC95% 0,4-0,9). Conclusão: Os resultados deste estudo têm implicações de interesse clínico e epidemiológico. Há relevante importância clínica em relação à forte associação entre rinite e sibilância recorrente, de sorte que o manejo individual da asma deve contemplar a investigação e, possivelmente, o tratamento conjunto de rinite. Pela ocorrência bastante elevada, a sibilância recorrente é um importante problema de saúde pública e, como tal, deve-se direcionar ações apropriadas para o seu controle e tratamento. É possível estabelecer estratégias de planejamento em saúde pública no sentido de minimizar os efeitos dessa situação, especialmente com o desenvolvimento de programas educativos e terapêuticos para asma.
PNEUMOLOGIA GERAL (MISCELÂNEA)

AO041 REDUÇÃO DE FORÇA MUSCULAR RESPIRATÓRIA EM PORTADORES DE ESCLEROSE SISTÊMICA-FREQÜÊNCIA E ASSOCIAÇÕES CLÍNICAS
Jezler SF1, Rosa FW2, Varela AS3, Fonseca EM4, Silva JL5, Camelier AA6, Lemos ACM7
1. Universidade Federal da Bahia, Salvador, BA, Brasil; 2,3. Universidade Católica de Salvador, Salvador, BA, Brasil; 4,5,6,7. Universidade Federal da Bahia, Salvador, BA, Brasil.
Palavras-chave: Escleroderma; Função pulmonar; Força muscular
Introdução: A esclerose sistêmica (ES) pode envolver diversos sistemas, incluindo pulmões e aparelho músculo-esquelético. A função muscular respiratória pode estar comprometida em doenças do colágeno com o lúpus sistêmico. Na esclerose sistêmica (ES), existem relatos isolados de pacientes com sinais de comprometimento da forca muscular respiratória, porém ainda não existem avaliações sistemáticas da força muscular respiratória nessa condição clínica. Objetivos: Avaliar a força muscular respiratória em um grupo de pacientes com ES e estabelecer associações clínicas com dados clínicos, funcionais e radiológicos. Métodos: Foram avaliados pacientes com diagnóstico de ES e em acompanhamento ambulatorial, independente da presença de sintomas respiratórios. A avaliação consistiu de preenchimento de um questionário especifico, escala de dispnéia (BDI de Mahler et al.), espirometria simples, difusão de monóxido de carbono (DLCO), tomografia de alta resolução e medida das pressões musculares inspiratórias e expiratórias máximas (Pimáx e Pemáx). Os dados foram apresentados através das suas médias, medianas, desvios-padrão e proporções. Para comparação de variáveis entre dois grupos foram utilizados os testes de Mann-Whitney e Qui-quadrado ou teste de Fisher, quando indicado. Para identificar associações entre variáveis, utilizamos correlação de Spearman. Resultados: Foram estudados consecutivamente 30 pacientes, 29 do sexo feminino, com idade média de 41,7 anos, índice de massa corpórea (IMC) médio de 23kg/m2, tempo médio de diagnóstico de 5,9 anos e com doença cutânea difusa em 66,7% dos casos. Dispnéia foi o sintoma mais comum, relatada por 80% do grupo, com média de BDI de 7,9 pontos. O grupo apresentou CVF e DLCO médias de 73,8% e 48,3% do predito, respectivamente. Doença intersticial pulmonar (DIP) foi detectada em 55,2% dos indivíduos. Dos pacientes, 64,3 e 53,6% apresentaram redução da Pi e Pemáx respectivamente, com Pi e Pemáx médias, em valores absolutos, de 67,1 e 68,8cmH2O, e 75,6 e 76,9% do predito respectivamente. Não houve diferença de valores da Pi e Pemáx entre os pacientes com e sem DIP ou entre pacientes com doença cutânea limitada e difusa. Das variáveis estudadas, a Pimax apresentou correlação com CVF%, VEF1% e intensidade da dispnéia (BDI). A Pemax não apresentou associação com nenhuma das variáveis estudadas. Conclusão: No grupo estudado, a forca muscular respiratória apresentou-se reduzida na maioria dos pacientes e os valores da Pimax apresentaram associação com intensidade da dispnéia. Em portadores de ES, redução da força muscular pode possuir repercussão clínica. A avaliação da força muscular respiratória deve fazer parte da avaliação clínica desses indivíduos.

AO042 ESCLEROSE SISTÊMICA PROGRESSIVA: AVALIAÇÃO DA CAPACIDADE AO EXERCÍCIO E IMPACTO DO ACOMETIMENTO PULMONAR
Camelier AA1, Rosa FW2, Santos MPM3, Andrade TL4, Jezler SF5, Lemos ACM6
1,4,5,6. Universidade Federal da Bahia, Salvador, BA, Brasil; 2,3. Universidade Católica do Salvador, Salvador, BA, Brasil.
Palavras-chave: Esclerose sistêmica; Teste da caminhada dos seis minutos; Tolerância ao exercício
Introdução: A avaliação da capacidade do exercício através do teste da caminhada dos seis minutos (TC6) em pacientes portadores doenças crônicas é considerado um desfecho importante, seja para quantificação da gravidade e limitações, bem como na avaliação de diversas intervenções. Na esclerose sistêmica (ESP) o TC6 tem sido utilizado para quantificar o impacto desta doença, inclusive auxiliando na detecção precoce do acometimento pulmonar destes pacientes; entretanto poucos trabalhos tem tido enfoque específico em estudar os fatores clínicos limitantes da capacidade de exercício na ESP. Objetivos: Avaliar a capacidade ao exercício em indivíduos portadores ESP através do teste de caminhada de seis minutos (TC6'). Métodos: Foi realizado um estudo descritivo em uma amostra de portadores de ESP provenientes, do ambulatório de doenças intersticiais do Hospital Universitário (HUPES)/UFBa. Os pacientes foram submetidos a avaliação funcional pulmonar (espirometria, volumes pulmonares e DLCO). A dispnéia foi avaliada pelo escore de dispnéia basal de Mahler (BDI) e escala de Borg durante o TC6. A avaliação da capacidade de exercício foi obtida com a realização do TC6, realizado em um corredor plano de 20 metros. Foram obtidas a distância percorrida metros), saturação o pulso de oxigênio (SpO2%), freqüência cardíaca (bpm), a sensação de cansaço e falta de ar (escala de Borg modificada). A distância percorrida no TC6' pelos pacientes foi comparada com equações de normalidade (Enright & Sherril e Troosters). A análise estatística foi realizada para dados não paramétricos, após a analise de Kolmogorov-Smirnov. O Teste de Mann-Whitney foi utilizado para comparação de médias. O coeficiente de correlação de Spearman para testar associação entre duas variáveis. Um p < 0,05 foi considerado significante. O protocolo foi aprovado no Comitê de Ética e foi obtido o termo de consentimento livre e esclarecido em todos os pacientes. Resultados: Vinte e um pacientes foram incluídos no estudo, sendo 18 (85,7%) mulheres. A idade média da amostra total foi de 44,9 ± 13 anos, com IMC = 23,4 ± 4,4Kg/m2. A CVF (%) foi 78,5 ± 20,2, o VEF1/CVF foi 80,3 ± 12,8, com DLCO (%) de 55,8 ± 19,3. A sensação de dispnéia (BDI) foi 7,5 + 2,8. Nove (42,9%) pacientes tinham acometimento pulmonar. Em média os pacientes caminharam 390,2 metros no TC6, valor inferior aos previstos por Enright & Sherril (511,6 metros, p < 0,001) e Troosters (599,5 metros, p < 0,0001). Pacientes com acometimento pulmonar caminharam 333,7 metros, em média, inferior aos 432,6 metros alcançados pelos pacientes sem acometimento pulmonar (p < 0,05). Pacientes com dispnéia percorreram uma menor distância, em média, (352,1m) em relação ao pacientes sem dispnéia que percorreram 452,1m (p < 0,05). Conclusão: Portadores de ESP tem reduzida capacidade de exercício quando avaliados pelo TC6, em comparação com equações de normalidade. Os indivíduos sintomáticos, ou com acometimento pulmonar possuem maior limitação da capacidade de exercício.

AO043 SINAIS CLÍNICOS QUE DIFERENCIAM AS DOENÇAS DAS VIAS AÉREAS SUPERIORES E INFERIORES
Scornavacca G1, E Silva Ribeiro IO2, Porto, NS3, Moreira JS4, Palombini BC5
1,3,4,5. Pavilhão Pereira Filho Santa Casa de Porto Alegre, Porto Alegre, RS, Brasil; 2. Pavilhão Pereira Filho - Santa Casa de Porto Alegre, Porto Alegre, RS, Brasil.
Palavras-chave: Gotejamento pós-nasal; Sinal de aspiração faríngea; Sinal de pigarrear
Introdução: Nos últimos 16 anos, Irwin e colaboradores publicaram vários trabalhos sobre as causas de tosse crônica. O gotejamento pós-nasal (GPN), atualmente, "síndrome da tosse da via aérea superior" tem sido relatada como a causa mais comum isolada ou associada a outras causas. Dentre os sinais e sintomas do GPN, dois ("sinal de aspiração faríngea" SAF e "sinal de pigarrear" SPIG) são de extrema relevância na prática clínica e considerados como mecanismos vibratórios de defesa do aparelho respiratório, diferente da tosse e espirro que são explosivos. O "SAF" é inspiratório, limpa a nasofaringe e é comum em doenças de vias aéreas superiores e o "SPIG" é expiratório, limpa a hipofaringe e é encontrado sobretudo em doenças das vias aéreas inferiores. Objetivos: Verificar a presença do "SAF" e "SPIG" em portadores de DPOC e rinossinusite; determinar qual dos sinais isolados ou em conjunto são mais freqüentes em DPOC e em rinossinusite; avaliar se os sinais podem diferenciar doenças das vias aéreas superiores e inferiores. Métodos: Foram selecionados 93 pacientes do Centro de Estudos da Tosse do Pavilhão Pereira Filho, com diagnóstico de DPOC por espirometria, Rx de tórax e/ou TC de tórax e de rinossinusite por Rx e/ou TC dos seios paranasais. Os pacientes foram divididos em três grupos: rinossinusite; DPOC e DPOC com rinossinusite. Os critérios de inclusão foram: idade > 18 anos com DPOC e/ou rinossinusite, e de exclusão: outras pneumopatias crônicas e doença do refluxo gastroesofágico. A análise estatística comparou inicialmente os dois sinais isolados para cada grupo de pacientes e depois, os dois sinais juntos com cada um isolado nos mesmos pacientes. Foi usado teste exato de Fisher com p < 0,05. Resultados: Dos 93 pacientes, 52 (55,9%) eram homens e 41 (44,1%) mulheres. A idade média foi de 57,34 + 16,09. Na análise de cada sinal isolado, o "SAF" foi mais encontrado em rinossinusite (83,3%) do que naqueles sem rinossinusite (28,6%); em pacientes sem DPOC (90,5%) do que em DPOC (54,9%); e no grupo DPOC com rinossinusite quando comparado aos demais não houve diferença significativa. O "SPIG" foi mais comum em DPOC (98%) do que naqueles sem DPOC (85,7%), já entre pacientes com e sem rinossinusite e em DPOC associado a rinossinusite comparado aos demais, não houve diferença significativa. Na análise dos dois sinais ("SAF" + "SPIG") com apenas um, "SAF" + "SPIG" foi mais encontrado em rinossinusite (73,6%) do que naqueles sem rinossinusite (28,6%); em pacientes sem DPOC (76,2%) do que em DPOC (52,9%); e em DPOC com rinossinusite quando comparado aos demais não houve diferença significativa. Em DPOC o mais comum foi um sinal isolado ("SPIG"). Conclusão: O "SAF" é mais comum em rinossinusite do que em DPOC O "SPIG" é mais comum em DPOC do que em rinossinusite Em rinossinusite é mais comum ter "SAF" + "SPIG" do que apenas um sinal Em DPOC é mais comum um sinal ("SPIG") Em doença de via aérea superior é mais comum ter "SAF" + "SPIG" do que um sinal e em doença de via aérea inferior, apenas um sinal ("SPIG").

AO044 PAPEL DAS RELAÇÕES SUBMÁXIMAS DINÂMICAS DURANTE O EXERCÍCIO INCREMENTAL NA AVALIAÇÃO DOS MECANISMOS SISTÊMICOS DE LIMITAÇÃO EM PACIENTES COM MIOPATIA MITOCONDRIAL
Nogueira CR, Gimenes ACO, Napolis LM, Silva NL, Batista LD, Siqueira GO, Neder JA, Nery LE
Universidade Federal de São Paulo, São Paulo, SP, Brasil.
Palavras-chave: Miopatia mitocondrial; Exercício incremental; Eficiência metabólica
Introdução: A interpretação clínica do teste de exercício cardiorrespiratório (TECR) pode ser potencializada se considerarmos as taxas de mudança simultâneas (inclinações) de certas variáveis-chave, por ex: DVO2/Dcarga, DFC/DVO2, DVE/DVCO2, e DPEFCO2/DVO2. Objetivos: Demonstrar a aplicabilidade clínica das relações dinâmicas submáximas durante o TECR incremental com o intuito de identificar os mecanismos sistêmicos de limitação ao exercício em pacientes com Miopatia Mitocondrial (MM). Métodos: Quatorze pacientes com MM comprovado por biópsia e 10 indivíduos normais pareados por idade foram submetidos a um teste incremental em rampa, no cicloergômetro, com medidas subjetivas (escore de Borg) e do lactato arterial no pico do exercício. Resultados: A capacidade máxima de exercício esteve reduzida em pacientes com MM. Estes também apresentaram escores de dispnéia/VE e dor nas pernas/carga significativamente maiores que os controles (p < 0,05). A inclinação DVO2/Dcarga (um índice de "eficiência metabólica") foi menor nos pacientes quando comparados com os controles, sendo esta relação positivamente correlacionada com o limiar anaeróbio estimado, e inversamente correlacionada com a razão lactato/carga (r = 0,69 e -0,71 respectivamente). Interessantemente, apesar dos pacientes terem apresentado menores estresses cardiovasculares e ventilatórios no pico do exercício (p < 0,05), as inclinações DVE/DVCO2 e DFC/DVO2 foram maiores nos pacientes comparados aos controles (p < 0,01). No entanto, não houve evidência de hiperventilação nos pacientes com MM (i.e. DPEFCO2/DVO2 foram semelhantes - p > 0,05). Conclusão: Pacientes com MM apresentaram respostas metabólicas, cardiovasculares e ventilatórias anormais ao teste de exercício incremental, cujas extensão e conseqüências fisiopatológicas não são completamente demonstrados pela análise isolada dos dados de pico de exercício. As relações dinâmicas submáximas devem ser rotineiramente avaliadas durante o TECR com a finalidade de melhorar a sensibilidades do teste na detecção de disfunção sistêmica. Financiado por: FAPESP, CNPq e CAPES.

AO045 AVALIAÇÃO DE 98 PACIENTES COM GRANULOMATOSE DE WEGENER
Valente Barbás CS1, Da Cruz Santana AN2, Antunes T3, Parra ER4, Capelozzi VL5, Carvalho CRR6, Costa AN7, Borges ER8
1,6,7,8. Hcfmusp, São Paulo, SP, Brasil; 2,3,4,5. HC-Fmusp, Os mecanismos fisiopatológicos da H, SP, Brasil.
Palavras-chave: Vasculites; Granulomatose de Wegener; Nódulos pulmonares
Introdução: A granulomatose de Wegener caracteriza-se por vasculite granulomatosa necrosante com acometimento pulmonar, renal e de seios da face apresentando-se de forma leve até formas fatais. Seu pronto e correto diagnóstico torna-se imperioso para um tratamento e seguimento adequados para melhora da morbimortalidade desta doença potencialmente fatal se não reconhecida e tratada rapidamente. Objetivos: Avaliação clínica, radiológica e dos desfechos de 98 pacientes atendidos de 1983 a 2006 no Ambulatório de Vasculites do Hospital das Clínicas da Faculdade de Medicina da USP. Métodos: Foram avaliados os pacientes atendidos no Ambulatório de Vasculites do hc-fmusp de 1983 a 2006 com diagnóstico de granulomatose de Wegener. estes pacientes foram tratados com prednisona/metilprednisolona/ciclofosfamida/azatioprina/sulfametoxazol/imuneglobulina/plasmaferese de acordo com protocolo de tratamento. Estes pacientes foram seguidos e determinado o desfecho clínico de sobrevida/óbito. Resultados: Foram atendidos 98 pacientes de 1983-2006 com diagnóstico de granulomatose de Wegener com idade média de 48 ± 15 anos. Cinqüenta homens e quarenta e oito homens. 99% dos pacientes apresentaram acometimento pulmonar caracterizado por nódulos e ou massas cavitadas (90%) e infiltrado intersticial difuso caracterizando hemorragia alveolar (7%). 95% apresentava acometimento de seios da face e 90% anca positivos. 15% deles apresentaram insuficiência renal importante sendo que metade destas reverteram com o tratamento. 15% dos pacientes faleceram da doença e ou de complicações relacionadas a esta. Conclusão: A granulomatose de Wegener se diagnosticada e seguida corretamente apresenta bom prognóstico.

AO046 COMPLICAÇÕES PULMONARES EM PACIENTES SUBMETIDOS À GASTROPLASTIA PARA OBESIDADE MÓRBIDA: REAVALIAÇÃO DO QUESITO OBESIDADE NA ESCALA DE TORRINGTON E HENDERSON
Ramos Feitosa PH, Feitosa RC, Dos Santos AA
Hospital Regional do Gama/Clínica de Doenças Respiratórias e Reabilitação Pulmonar, Brasília, DF, Brasil.
Palavras-chave: Obesidade mórbida; Complicações pulmonares; Pós-operatório
Introdução: Gastroplastia para tratamento da obesidade mórbida tem sido utilizada com muita freqüência. As complicações pulmonares são muito prevalentes. A escala de Torrington e Henderson é bastante utilizada como preditora de risco de complicações pulmonares no pós-operatório. Objetivos: Avaliar se a escala de Torrington e Henderson pode sofrer estratificação no quesito obesidade para melhorar a sua sensibilidade em predizer risco. Métodos: Foram selecionados pacientes com índice de massa corpórea (IMC) > 40kg/m2, que foram submetidos à gastroplastia aberta. Todos os pacientes tinham espirometria, radiografia de tórax, gasometria arterial normais. Não tinham doenças e sintomas respiratórios prévios. Os selecionados tinham idade inferior a 60 anos. Pela escala de Torrington e Henderson todos tinham risco de 3 pontos. Estratificamos os pacientes em 3 grupos: 1-IMC entre 40-47; 2-IMC entre 48-55; 3-IMC > 55. Os pacientes quando tinham complicação eram reavaliados no pós-operatório. Foram determinadas como complicações pulmonares pós-operatórias: atelectasia, pneumonia, insuficiência respiratória, tromboembolismo pulmonar e derrame pleural. Resultados: Foram selecionados 380 pacientes sendo 240 do sexo feminino. Houve complicação pulmonar em 44 (11,5%) pacientes. 220 pacientes pertenciam ao primeiro grupo e destes, 8 (3,6%) tiveram complicações. O segundo grupo tinha 108 pacientes, dos quais 19 (17,5%) tiveram complicações. O terceiro grupo tinha 58 pacientes e 17 (29,3%) tiveram alguma complicação. Conclusão: A escala de Torrington e Henderson perde sensibilidade quando atribui à obesidade apenas 1 ponto, não levando em conta níveis de obesidade.
POLÍTICAS PÚBLICAS

AO047 PROGRAMA MUNICIPAL DE CONTROLE DE ASMA INFANTIL DE SABARÁ, MG - BRASIL
Júnior AA
Secretaria Municipal de Saúde de Sabará, Sabará, MG, Brasil.
Palavras-chave: Programa; Asma; Infantil
Introdução: A asma é a segunda causa de hospitalização em Minas Gerais entre 0 a 9 anos de idade e responsável pelo terceiro maior gasto direto entre as moléstias no Brasil. Objetivos: O Programa de Controle de Asma Infantil de Sabará, cidade na Região Metropolitana de Belo Horizonte com 134.280 habitantes, objetiva organizar a assistência pública e os recursos destinados à criança asmática, melhorando os indicadores da enfermidade e a qualidade de vida da população. Métodos: O programa, descentralizado para a atenção primária, baseia-se na disponibilização gratuita da corticoprofilaxia inalatória para todos as crianças de 0 a 12 anos com asma persistente e na educação continuada dos familiares e profissionais de saúde da rede pública. Instituíram-se dentre as dezesseis unidades básicas de saúde do município, seis Centros de Referência, onde uma pneumopediatra trabalha de forma descentralizada e integrada como referência para o Programa de Saúde da Família e para a pediatria na assistência aos pacientes asmáticos e na capacitação dos profissionais da atenção primária, melhorando sua resolutividade. Resultados: Dos 399 pacientes avaliados nesses centros no período de fevereiro de 2005 a fevereiro de 2006, 349 (87,47%) apresentavam asma persistente e desses 124 (35,53%) cursavam com mais de 12 meses de uso de corticóide inalatório no programa. Assim, observou-se nos prontuários padronizados, uma redução de consultas nos serviços de urgência por exacerbações asmáticas de 85,89% nessa mostra de 124 pacientes acompanhados nos 12 meses anteriores e posteriores à admissão no programa (de 2.169 consultas de urgência produzidas pelo grupo, o que resultava em uma média de 17,49 consultas/paciente/ano para 306 consultas de urgência totalizando 2,47 consultas de urgência/paciente/ano, nos últimos 12 meses após a admissão no programa). As hospitalizações também reduziram em 77,58% (de 165 hospitalizações, o que resultava em 1,33 internações/paciente/ano para 37, obtendo uma média final de 0,30 internação/paciente/ano). Contabilizou-se, portanto, somente neste grupo e período, uma economia de gastos reais com esses indicadores de R$ 208.535,13. Para tal, a Secretaria Municipal de Saúde de Sabará investiu apenas R$46.421,44 com a compra dos insumos necessários à execução do programa (medicamentos e espaçadores). Conclusão: A despeito dos problemas enfrentados, como o desabastecimento ocasional, conclui-se que o programa, pautado pela descentralização e integralidade, é viável, pertinente, melhorando os indicadores epidemiológicos e ressaltando a importância da sistematização das ações e serviços públicos de saúde.

AO048 BIOSSEGURANÇA EM TUBERCULOSE - RETRATO DO ATENDIMENTO AO PACIENTE NAS UNIDADES DE SAÚDE DO MUNICÍPIO DE FORTALEZA-CE
Ferreira Pinheiro VG, Façanha MC, Jr JLX, Almeida MA, Maciel G, Jr JF, Silveira LG, Lima AB
Universidade Federal do Ceara, Fortaleza, CE, Brasil.
Palavras-chave: Biossegurança; Tuberculose; TB nos postos
Introdução: O Município de Fortaleza concentra a maior parte (66,5%) dos casos de tuberculose (TB) notificados no estado do Ceará e possui uma rede de 109 unidades das quais 66 informaram o atendimento de pelo menos 1 caso em 2005. Unidades de saúde (US) que desenvolvem programa de Tuberculose são consideradas "ambientes de risco" para transmissão da doença que se dissemina através de aerossóis de micropartículas infectadas. A OMS propõe que medidas de controle sejam adotadas pelas US a fim de minimizar o risco para profissionais de saúde e usuários do sistema. Entre as recomendações estão: organização do fluxo de pacientes, localização e ventilação adequadas dos consultórios, uso de máscara cirúrgica pelo paciente e com filtro N-95 por profissionais. Objetivos: Verificar a adequação às normas de biossegurança das unidades de saúde que atendem tuberculose em Fortaleza. Métodos: Análise descritiva da situação de 36 US (54,5% do total) que atendem TB selecionadas aleatoriamente. Entrevista com o responsável pelo acompanhamento dos pacientes utilizando questionário padronizado e observação de itens específicos de biossegurança pelo entrevistador. Resultados: Os pacientes com tuberculose ficam em média 54,8 minutos cada vez que comparecem à essas 36 US. Nenhuma delas tem sala de espera exclusiva para pacientes com TB, a sala é dividida com o atendimento geral (gestantes, crianças, diabéticos, hipertensos entre outros). Apenas 7 (19,4,2%) das US disponibilizam máscara para o paciente. Em 20 (55,5%) há máscara com filtro N-95. Quanto ao uso da máscara: em 15 US (41,6%) o médico usa regularmente, enquanto que a enfermagem usa em 21(58,3%) dessas US e os auxiliares apenas em 8 (22,2%). A maior parte 23 (63,8%) dos consultórios médicos e de enfermagem 22 (61,1%) são ambientes fechados e usam ar condicionado, apenas 1 dispõe de exaustor. Têm ventilador de teto: 8 consultórios de enfermagem, 6 médicos e 5 salas de espera. A maioria das US (34/36) usam vassouras de pelo associadas ou não a outros tipos de limpeza nos consultórios e nas áreas de circulação de pacientes. A coleta de escarro em geral é feita em casa, mas em algumas US é orientado o uso do banheiro da unidade como local de coleta. Na maioria 31/36 (86,1%) das unidades de saúde os profissionais sentem-se inseguros e consideram que os demais pacientes também não estão seguros quanto a transmissão da tuberculose na US. O problema mais citado pelos entrevistados foi falta de EPI (máscaras) seguida de inadequação da área física. Conclusão: O retrato das condições de atendimento ao paciente com tuberculose nas unidades de saúde do Município de Fortaleza é preocupante. As recomendações da OMS visando a biossegurança dos profissionais e usuários estão distantes da nossa realidade favorecendo o risco de transmissão da doença. Urge a adoção de medidas educativas e administrativas a serem tomadas tanto pela coordenação das unidades quanto pela gerência municipal do Programa de Tuberculose.

AO049 CARACTERÍSTICAS CLÍNICAS E ASSISTENCIAIS DE CRIANÇAS COM ASMA ATENDIDAS NO PROGRAMA DE ATENÇÃO INTEGRAL À CRIANÇA E ADOLESCENTE COM ASMA DE FORTALEZA/CE - PROAICA, NA REDE DE SAÚDE DE FORTALEZA
Holanda MA1, Eduardo Bezerra de Castro PM2, Madeiro Leite ÁJ3, Braga AD4, Farias Santiago Araujo SH5
1. Sociedade Cearense de Pneumologia e Tisiologia, Fortaleza, CE, Brasil; 2,3. Universidade Federal do Ceará - Faculdade de Medicina, Fortaleza, CE, Brasil; 4,5. Prefeitura Municipal de Fortaleza - Cac Lucia de Fatima, Fortaleza, CE, Brasil.
Palavras-chave: Asma; Criança; Programa
Introdução: A asma é a doença crônica de maior prevalência entre as crianças. Apesar dos avanços na compreensão de sua fisiopatologia e da crescente oferta de medicação, muitos estudos vêm demonstrando aumento de prevalência, morbidade e mortalidade em vários países. No Brasil, a asma constitui a terceira causa de hospitalizações entre crianças e adultos jovens, gerando expressivos custos indiretos, com repercussões no absenteísmo escolar e no trabalho, baixo rendimento físico e impactos psicossociais. Exerce um profundo impacto na criança, nas suas famílias e na sociedade. Existe um grande número de crianças com asma recorrendo aos serviços de emergência, com necessidade freqüente de internações que funcionam como locais inadequados para consultas regulares, levando a falhas no tratamento e no controle da doença. Como resultante, tem-se um grande ônus para as crianças com asma, com perdas para o sistema de saúde e com custos elevados. Objetivos: Descrever as características clínicas e assistenciais de crianças com sibilância/asma atendidas no Programa da Atenção Integral à Criança e Adolescente com Asma (PROAICA), na rede de saúde de Fortaleza/Ce. Métodos: Estudo transversal de natureza exploratória realizado com dados obtidos dos prontuários utilizados na admissão de crianças com asma no Programa de Atenção Integral à Criança e Adolescente com Asma (PROAICA). Analisou-se uma amostra de 930 crianças/adolescentes entre 2 meses e 16 anos atendidos no período de junho de 2004 a setembro de 2005 em nove postos de saúde e dois hospitais de Fortaleza. A principal variável estudada foi o tempo que as crianças com sibilância/asma permaneceram sem assistência ampliada até o momento da admissão ao Programa. Resultados: O tempo médio que os pacientes ficaram sem assistência programada, foi de 49 meses (DP = 38,1). 90,2% das crianças/adolescentes apresentaram os primeiros sintomas de sibilância/asma antes dos três anos de idade (média = 16 meses). No último ano, antes da admissão ao Programa, a proporção de crianças/adolescentes que foram ao Pronto Socorro foi de 91,4% enquanto que 42,3% tiveram múltiplas internações. 79% dos pacientes tinham classificação de asma intermitente ou persistente leve, não justificando a necessidade desses atendimentos. 98,1% vinham em uso de medicação de alívio por via oral, e, somente 4,3% usavam corticóide inalatório. Conclusão: Crianças/adolescentes apresentando sibilância/asma por um tempo muito prolongado sem uma assistência organizada na rede de saúde de Fortaleza/Ce foi o achado principal deste estudo. A maioria dos pacientes apresentou a primeira crise com idade inferior a três anos e, no entanto, permaneceu um longo tempo sem assistência programada, o que contribuiu para que tivessem atendimentos repetidos nas emergências com várias hospitalizações. Este cenário demonstra a necessidade de uma adequada atenção integral à saúde da criança/adolescente com asma.

AO050 POLUIÇÃO ATMOSFÉRICA PROVENIENTE DA QUEIMA DE CANA-DE-AÇÚCAR E MORBIDADE RESPIRATÓRIA
Arbex MA1, Oliveira R2, Arbex FF3, Braga AF4, Martins LC5, Pereira LAA6, Cançado JED7, Saldiva PHN8
1. Escola Paulista de Medicina, Unifesp, São Paulo, SP, Brasil; 2. Faculdade de Medicina, USP, São Paulo, SP, Brasil; 3. Escola Paulista de Medicina, São Paulo, SP, Brasil; 4. Faculdade de Medicina de Santo Amaro, Unisa, São Paulo, SP, Brasil; 5. Faculdade de Medicina do ABC, São Paulo, SP, Brasil; 6. Unisantos, Santos, SP, Brasil; 7,8. Fmusp, São Paulo, SP, Brasil.
Palavras-chave: Poluição atmosférica; Queima de biomassa; Pneumonia
Introdução: Com a crescente utilização do etanol derivado da cana-de-açúcar como combustível em veículos automotores houve uma melhora na qualidade do ar nos grandes centros urbanos. Porém a cana-de-açúcar é uma cultura agrícola singular, uma vez que, por razões de produtividade e de segurança, a colheita é realizada após a queima dos canaviais, o que gera uma grande quantidade de material particulado e gases tóxicos que modifica as características do meio ambiente nas regiões onde a cana-de-açúcar é cultivada, colhida e industrializada. Objetivos: Avaliar a relação entre a variação diária do PTS (Partículas Totais em Suspensão) e o total de internações diárias devido a Pneumonias de origem infecciosa (CID (J12-J18) na cidade de Araraquara, localizada na região canavieira do Estado de São Paulo. Métodos: Entre abril de 2003 e julho de 2004 obtivemos a concentração diária das Partículas Totais em Suspensão (PTS) em µg/m3 utilizando o equipamento Hand-vol colocado na região central de Araraquara, e o total de internações diárias por pneumonia de etiologia infecciosa no principal hospital da cidade. Obtivemos a temperatura e a umidade relativa do ar diariamente no Aeroporto local. Foi utilizado Modelo Aditivo Generalizado para a variável resposta (pneumonias) controlando para temperatura, umidade, sazonalidade (loess) e dias da semana. Os resultados foram expressos em termos aumento de percentagem para o desfecho em relação ao aumento de 10mg/m3 na concentração de PTS. Resultados: Os níveis de PTS variaram dramaticamente entre os períodos de queima da cana-de-açúcar (56,8 ± 25,1mg/m3) e de não queima (28,5 ± 17,6mg/m3). O mesmo aconteceu com as internações hospitalares por pneumonia: 1,9 ± 1,7 na queima e 1,2 ± 1,4 na não queima As internações por pneumonia foram significativamente afetadas pela variação do PTS diário e este efeito teve inicio no mesmo dia da exposição com um aumento de 5,4% nas admissões hospitalares (95% IC, 1,2-9,69) e permaneceu por seis dias. Conclusão: A magnitude dos efeitos apresentados neste estudo reforça a relevância da importância da queima de biomassa como fonte de poluição do ar, seus efeitos na saúde da população exposta e expõe a necessidade de implementar políticas publicas com o intuito de avaliar e controlar a emissão de poluentes.

DOENÇA INTERSTICIAL PULMONAR

AO051 DESCRIÇÃO DO ACOMETIMENTO PULMONAR NA DOENÇA DE BEHÇET E SUA EVOLUÇÃO CLÍNICA: SÉRIE DE CASOS
Galvão Barboza CE, Antunes T, Barros JM, Valente Barbás CS
Disciplina de Pneumologia Hcfmusp, São Paulo, SP, Brasil.
Palavras-chave: Doença de Behçet; Diagnóstico; Prognóstico
Introdução: A doença de Behçet é uma patologia sistêmica classicamente descrita pela presença de úlceras orais e genitais, lesões cutâneas e oculares. Sua etiologia e patogenia são desconhecidas, mas sabe-se que a alteração anatomopatológica mais comum é a vasculite. Porém, o acometimento pulmonar pode fazer parte desta condição e deve ser reconhecido precocemente para a boa evolução dos pacientes. Relatamos as manifestações pulmonares, o tratamento e a evolução de sete pacientes. Objetivos: Descrever os achados tomográficos, a evolução clínica e a sobrevida dos casos de doença de Behçet acompanhados em nosso ambulatório. Métodos: Acompanhamento e descrição de série de casos seguidos no serviço de Pneumologia de um hospital universitário entre 1987 e 2006. Resultados: Em nossa casuística, um paciente foi submetido a lobectomia por hemoptise secundária a aneurismas de artéria pulmonar; enquanto um outro, além hemoptise necessitando de lobectomia, apresentou trombose venosa do sistema nervoso central. Um caso apresentou hemorragia alveolar e tromboembolismo pulmonar concomitantemente, evoluindo bem com a introdução de imunossupressão, não tendo sido anticoagulado. Outro paciente cursou com aneurismas, TEP e polineuropatia, sendo tratado com imunossupressão e anticoagulação. Mais dois casos com aneurismas de artéria pulmonar evoluíram com regressão das lesões com o uso de clorambucil. Um paciente, entretanto, que possuía aneurismas, apesar do tratamento instituído, evoluiu a óbito por hemoptise maciça. O tempo de acompanhamento médio destes pacientes foi de 6,52 anos, com uma taxa de sobrevida de 85,7% em 1 ano, mantendo-se a mesma em 5 anos. Conclusão: O acometimento pulmonar na doença de Behçet, apesar da raridade, deve ser mais reconhecido e discutido pelos pneumologistas. Faz-se muito importante o tratamento agressivo e precoce com imunossupressor, possibilitando aos pacientes portadores desta enfermidade potencialmente fatal uma boa sobrevida, como pode-se observar pela manutenção da taxa de sobrevida após o primeiro ano.

AO052 ESTUDO PROSPECTIVO DA PREVALÊNCIA DE REFLUXO GASTROESOFÁGICO EM PACIENTES COM FIBROSE PULMONAR IDIOPÁTICA - RESULTADOS PRELIMINARES
Pilla ES1, Vendrame GS2, Bandeira CD3, Forgiarini Junior LA4, Machado MM5, Pellegrin L6, Kretzmann Filho N7, Dias AS8, Andrade CF9, Fortunato GA10, Guerreiro Cardoso PF11, Marroni NP12
1,2,9. Laboratório Cirurgia Experimental - Fundação Faculdade Federal de Ciências Médicas de Porto Alegre, Porto Alegre, RS, Brasil; 3. Pós-Graduação Pneumologia - Ufrgs, Porto Alegre, RS, Brasil; 4,7,8,12. Laboratório de Fisiologia Digestiva - Ufrgs, Porto Alegre, RS, Brasil; 5. Laborat - Função Esofagiana - Pavilhão Pereira Filho - Santa Casa P. Alegre - Pós-Graduação Pneumologia - Ufgrs, Porto Alegre, RS, Brasil; 6. Fundação Faculdade Federal de Ciências Médicas de Porto Alegre, Porto Alegre, RS, Brasil; 10. Pavilhão Pereira Filho - Santa Casa de P. Alegre, Pós-Graduação Pneumologia - Ufrgs, Porto Alegre, RS, Brasil; 11. Labora - Orio De Função Esofagiana - Pavilhão Pereira Filho - Santa Casa De Porto Alegre, Porto Alegre, RS, Brasil.
Palavras-chave: Fibrose pulmonar idiopática; Refluxo gastroesofágico; pHmetria de 24 horas
Introdução: Fibrose Pulmonar Idiopática (FPI) é uma pneumonia intersticial idiopática caracterizada por dispnéia progressiva, distúrbio ventilatório restritivo na espirometria e infiltrado reticular subpleural a tomografia de tórax de alta resolução, cujo padrão histológico é o de Pneumonia Intersticial Usual na biópsia pulmonar. A doença tem curso progressivo, não havendo evidência clara de que as opções terapêuticas disponíveis modifiquem substancialmente a evolução da doença. A etiologia da FPI é desconhecida, sendo que várias hipóteses tem sido investigadas, tais como fatores ambientais, genéticos, infecções virais e aspiração crônica secundária a refluxo gastroesofágico. A associação de FPI e refluxo e tem é aventada há muito tempo e estudos recentes tem demonstrado prevalência elevada de refluxo gastroesofágico nesses pacientes. Objetivos: Determinar prospectivamente a prevalência de refluxo gastroesofágico em pacientes com FPI e sua associação com sintomas de refluxo, bem como os padrões de refluxo e motilidade esofágicas encontradas na pHmetria esofágica de 24 horas e na esofagomanometria desta população. Métodos: Foram avaliados prospectivamente 21 pacientes referidos ao serviço de pneumologia com diagnóstico de FPI confirmado por biópsia em 11 e em 10 conforme critérios da ATS. Os pacientes foram submetidos a esofagomanometria estacionária e pHmetria ambulatorial de 24 horas de dois eletrodos. Foram analisados também a função pulmonar e aplicado um questionário de sintomas de refluxo. Resultados: Dentre os 12 pacientes avaliados, 8 (38%) apresentaram pHmetria positiva para refluxo gastroesofágico ácido patológico e 13 (62%), pHmetria negativa. Entre os pacientes com refluxo, apenas 5 (62,5%) apresentavam sintomas típicos de refluxo (pirose e regurgitação). O refluxo durante o decúbito (posição supina, período noturno) ocorreu em 3 (37,5%) pacientes, 4 (50%) apresentaram refluxo na posição supina e ortostática e 1 paciente (12,5%) apresentou refluxo somente na posição ortostática. Hipotonia do esfíncter esofágico inferior, hipomotilidade do corpo, e hipotonia do esfíncter esofágico superior foram encontradas em 6 (75%), 5 (62,5%) em 2 (25%), respectivamente. A CVF média foi 67,39L e a DL(CO) 49,2ml/min/mmHg no grupo com refluxo, enquanto que no grupo sem refluxo as médias foram, respectivamente 69,45L e 46,77ml/min/mmHg (p > 0,05). Conclusão: Neste estudo preliminar com número limitado de pacientes, o refluxo gastroesofágico patológico detectado pela pHmetria de 24 horas apresentou prevalência elevada entre os pacientes com FIP, sendo que tal achado freqüentemente ocorrera na ausência de sintomas típicos de refluxo. O papel dessa associação ainda é desconhecido. Os achados sugerem a necessidade de estudos futuros para avaliar-se se o tratamento do refluxo gastroesofágico modifica a história natural da FPI.

AO053 DEMONSTRAÇÃO DE COLAPSO ALVEOLAR REVERSÍVEL EM PACIENTES COM FIBROSE PULMONAR IDIOPÁTICA
Jacó Rocha MJ, Ferreira JC, Salge JM, Borges JB, Amato MBP, Kairalla RA, Carvalho CRR
USP, São Paulo, SP, Brasil.
Palavras-chave: FPI; Colapso alveolar; Patogênese
Introdução: A patogênese da fibrose pulmonar idiopática não é completamente estabelecida. Recentemente, a necrose do epitélio alveolar foi identificada como a fonte principal dos fatores de crescimento de fibroblastos e conseqüente desenvolvimento de fibrose. Além disso, a membrana basal desnuda leva ao colapso alveolar, principalmente nas regiões inferiores do pulmão. A combinação entre colapso alveolar e acúmulo de colágeno parece ser importante na fisiopatologia dessa doença. Parte desse colapso é envolvido por tecido fibrótico, não sendo possível sua reabertura. Entretanto, não sabemos se parte dessa área colapsada é passível de recrutamento total ou parcial. Acreditamos que a abertura e fechamento cíclicos das vias aéreas e alvéolos, traduzidos clinicamente pelas crepitações finas nas bases poderiam perpetuar a resposta fibrótica e explicar a característica anatômica dessa doença. Objetivos: Medir a área de colapso alveolar antes e após a ventilação com oxigênio a 100% em pacientes com FPI e em um grupo controle. Métodos: Avaliamos prospectivamente 18 pacientes com FPI e 12 controles acompanhados no ambulatório de doenças intersticiais do HCFMUSP no período de fevereiro/2005 à junho/2006. Os grupos foram submetidos a uma tomografia computadorizada (TC) multislice do tórax em 3 diferentes situações: CPT (Capacidade Pulmonar Total) CRF (Capacidade Residual Funcional) VR (Volume Residual) As imagens foram feitas com os indivíduos respirando oxigênio a 21% (ar ambiente) e oxigênio a 100% por 10 minutos. Uma pletismografia de impedância, acoplada a uma tomografia de impedância elétrica foi utilizada para controlar os volumes pulmonares (CPT, CRF e VR). Realizou-se uma análise quantitativa das densidades de raio X do tecido pulmonar em regiões de interesse manualmente determinadas (ROI) em cortes ao nível da carina e 2cm acima da cúpula diafragmática. Resultados: O uso do O2-100% causou colapso alveolar apenas no grupo fibrótico. Os pacientes com FPI tiveram colapso significativo na CRF-21% que foi recrutado após uma manobra de inspiração máxima até à CPT (Redução relativa de 86%). Tabela 1. Quantidade de colapso alveolar em cada manobra respiratória (g%) FPI Controle TLC 0.92 ± 1,6 0.041 ± 0.08 FRC 21% 4.64 ± 4,84 0.96 ± 0.22 FRC 100% 5.85 ± 6,73 1.71 ± 2.32 RV 21% 6.65 ± 4,63 0.11 ± 0.15 RV 100% 9.32 ± 5,56 2.82 ± 3.65 FPI: TLC vs. (FRC 21, FRC 100, RV21 and RV 100) p < 0.01 FRC 21 vs. RV 100 (p < 0.001) FRC 100 vs. RV 100 (p < 0.05). Conclusão: O grupo FPI apresentou uma quantidade significativamente maior de colapso nos diferentes volumes pulmonares. Houve reversão quase completa (86,5%) do colapso alveolar na CRF-21% após uma manobra de inspiração máxima até a CPT.

AO054 PREDITORES DE HIPOXEMIA DURANTE O SONO E AO TESTE DE CAMINHADA DE 6 MINUTOS EM PACIENTES COM LAM
Júnior PM1, Lorenzi-Filho G2, Kairalla RA3, Carvalho CRR4
1,3,4. Grupo de Doenças Intersticiais Serviço de Pneumologia Hc-Fmusp, São Paulo, SP, Brasil; 2. Grupo de Doenças do Sono Incor Hc-Fmusp, São Paulo, SP, Brasil.
Palavras-chave: LAM; Sono; Exercício
Introdução: LAM é enfermidade rara, fatal de etiologia desconhecida. Caracteriza-se por obstrução progressiva. O VEF1 é utilizado para a avaliação de resposta ao tratamento. Apesar da limitação aos esforços que surge, raramente o desempenho das pacientes em situações de estresse como o exercício e o sono é avaliado. O sono pode representar um período de extrema inadequação ventilatória para as pacientes com LAM, que aumentam sua freqüência respiratória a fim de manter um adequado volume minuto. Esse mecanismo está reduzido durante o sono (principalmente no estágio REM) e hipoventilação com hipoxemia e hipercapnia podem ocorrer. Objetivos: Determinar fatores preditivos para a ocorrência da menor medida de saturação de oxigênio durante o exercício e o sono (LSSaO2) em LAM. Métodos: Estudo transversal; 15 pacientes com LAM pulmonar (11 esporádicas e 4 associadas a esclerose tuberosa) avaliadas após assinarem termo de consentimento escrito com: polissonografia noturna completa (PSG); prova de função pulmonar completa e teste de caminhada de seis minutos (6MWT) com intervalo máximo de 8 semanas entre os mesmos. Foram estimados coeficientes de correlação linear entre LSSaO2 e as variáveis explanatórias. Realizou-se uma análise multivariada através de regressão logística "stepwise procedure", tendo a LSSaO2 como variável dependente e todas independentes com p < 0,1 na análise univariada. Resultados: Características: tabela-1. Na análise univariada, % VEF1 predito correlacionou-se com a LSSaO2 dessaturação no sono e no 6MWT pela mesma razão (R = 0,61). A melhor correlação de DLCO foi com o % do total do tempo do sono com SatO2 < 90% (%TST SatO2 < 90%): quando DLCO estava abaixo de 70% do predito, todos os pacientes tiveram satO2 < 90%, por pelo menos 50% do tempo total de teste. A distância no 6MWT apresentou fraca correlação com VEF1 e DLCO. Depois de construído o modelo stepwise, somente VEF1 e a idade predisseram de forma independente a LSSaO2 durante o sono. Tabela-1 Idade* 46 ± 9.2 IMC (kg/m2) 22.5 (21.75 - 23.25) %VEF1 Predito 75 (45-94) %DLCO Predito 70 (66.5 - 83.3) %RV/TLC Predito 129 (99 - 140) LSaO2 6MWT (%) 91 (82.5 - 93.5) 6MWT Distância (m) 472 (372 - 496) 6MWT Distância predita (m) 604 (535 - 644) LSaO2 sono 83 (81.5 - 88.5) % TST SaO2 < 90% 41.6 (0 - 58.9) Microdespertares 147.5 (93.3 - 182) Escala de Epworth 7 (5 - 12)  Idade expressa em média e desvio padrão; demais variáveis expressas em medianas e intervalos interquartis;  LSaO2 6MWT (%) - mediana da menor saturação de oxigênio observada durante o exercício em pacientes com LAM  LSaO2 sono (%) - mediana da menor saturação de oxigênio observada durante a polissonografia completa noturna. Conclusão: O sono pode agravar o distúrbio ventilação perfusão das pacientes com LAM e levar a queda na SatO2 mais intensas do que as verificadas em vigília durante esforços como o 6MWT. O VEF1 não deve ser utilizado como medida isolada para a estratificação e avaliação de resposta ao tratamento em pacientes com LAM.

AO055 PERFIL DE 104 INDIVÍDUOS BRASILEIROS COM SARCOIDOSE
Sousa Rodrigues SC1, Rocha NA2, Lima MS3, Ota JS4, Pereira CAC5
1,2,3. Hspe-Fmo, São Paulo, SP, Brasil; 4. Epm, São Paulo, SP, Brasil; 5. Hspe-Fmo e Epm, São Paulo, SP, Brasil.
Palavras-chave: Sarcoidose; Perfil de pacientes; Série brasileira
Introdução: A sarcoidose é uma doença crônica, com envolvimento sistêmico e distribuição em todo o globo. A sua apresentação clínica, funcional, radiográfica, a conduta terapêutica e o seu prognóstico são variáveis. O método usado para o seu diagnóstico também varia, dependendo do órgão envolvido. No Brasil, o perfil de pacientes com sarcoidose é pouco conhecido. Objetivos: Avaliar os meios diagnósticos usados para confirmar a sarcoidose, as características demográficas, apresentação clínica, funcional, estádio radiográfico, tratamento e prognóstico de uma série de pacientes brasileiros com sarcoidose. Métodos: Uma série de 104 indivíduos com sarcoidose diagnosticada por biópsia de tecido comprometido foi avaliada retrospectivamente (76 mulheres, idade média 50 ± 12 anos), sendo 78 pacientes da raça branca e 24, da raça negra. Resultados: O diagnóstico de sarcoidose foi confirmado por BTB em 54 casos, biópsia pulmonar cirúrgica (n = 16) e biópsia de sítio extrapulmonar (n = 55 casos). A mediana de apresentação da doença foi 15 meses (0 a 420). 56 pacientes apresentavam-se com doença aguda e dispnéia moderada (mediana do Mahler = 8). 37 indivíduos apresentavam emagrecimento e 65 tinham doença extratorácica. Tabagismo foi referido em 39 casos e exposição a pássaro, em 57. O estádio de DeRemee foi avaliado: estádio 0 (n = 6), I (n = 10), II (n = 27), III (n = 8) e IV (n = 18); o estádio tomográfico também foi analisado para comparação: estádio 0 (n = 3), I (n = 5), II (n = 36), III (n = 15) e IV (n = 15). A espirometria foi normal em 49 pacientes; DVO foi detectado em 28 casos e DVR, em 27. As médias das variáveis funcionais foram: CVF (88% ± 18%); VEF1 (83% ± 19%); e VEF1/CVF (0,76 ± 0,10). Evolução complicada foi definida por um ou mais dos seguintes itens: disfunção residual à espirometria, evidência de fibrose no RX ou TCAR de tórax, uso de droga alternativa ao corticóide (CE) por um ano ou mais ou na ausência de resposta ao CE, recaída da doença após tratamento ou regressão espontânea ou óbito. 66 pacientes apresentaram evolução complicada, principalmente disfunção residual à espirometria em 44, mais freqüente naqueles com DVO (p = 0,001). Apresentação crônica da doença (sintomas e/ou sinais da doença > 2 anos) também foi associada com evolução complicada (x2 = 8,63 e p = 0,003). Não ocorreu óbito por sarcoidose. Conclusão: A sarcoidose no Brasil é diagnostica principalmente por BTB e biópsia de sítio extrapulmonar. Os pacientes apresentam-se comumente com história aguda e têm envolvimento extratorácico. Exposição a pássaro é freqüente. Lesões no parênquima pulmonar são freqüentes (estádios II, III e IV). Evolução complicada foi associada a DVO na espirometria e apresentação crônica da doença.

AO056 ESTUDO FUNCIONAL DAS PEQUENAS VIAS AÉREAS NAS PNEUMOPATIAS INTERSTICIAIS IDIOPÁTICAS
Salge JM, Jacó Rocha MJ, Ferreira JC, Kairalla RA, Souza R, Amato MBP, Carvalho CRR
Serviço de Pneumologia Hc/Fmusp, São Paulo, SP, Brasil.
Palavras-chave: Pequenas vias aéreas; Fibrose pulmonar; Mecânica pulmonar
Introdução: As pneumopatias intersticiais idiopáticas (PII) constituem grupo de doenças fibrosantes do interstício pulmonar, caracterizadas por dispnéia, limitação aos esforços e infiltrado pulmonar difuso. Provocam alterações funcionais de padrão restritivo, entretanto, há evidências da presença de lesão das pequenas vias aéreas, cuja demonstração, porém, permanece controversa à luz da atual classificação histológica. Objetivos: Avaliar funcionalmente o envolvimento das pequenas vias aéreas na lesão parenquimatosa das PII. Métodos: Indivíduos portadores de pneumopatias intersticiais foram submetidos a estudos da função respiratória de 2 maneiras: a) testes convencionais de função pulmonar (espirometria, pletismografia e difusão) e b) estudo da mecânica respiratória, com auxílio de cateter esofágico e pneumotacógrafo, em respiração espontânea e durante aumento progressivo da freqüência respiratória (de 20 a 100ipm, com incrementos de 10ipm), sendo obtidos: freqüência respiratória (FR), volume corrente (VT), complacência pulmonar (CL) resistência pulmonar (RL), constante de tempo do sistema respiratório (Tau). A redução da complacência dinâmica (CDIN) abaixo de 80% da CL como resultado do aumento da FR foi considerada indicador funcional da presença de lesão nas pequenas vias aéreas. Foram comparados os marcadores funcionais de lesão de vias aéreas obtidos pelas duas técnicas para testar sua concordância e para caracterizar a população estudada. Resultados: Foram incluídos 17 indivíduos (12 homens). Os resultados das biópsias permitiram a identificação de 2 grupos: Grupo 1 (Pneumonite de Hipersensibilidade com bronquiolite; n = 5) e Grupo 2 (PII; n = 12). Os dados obtidos estão na Tabela 1. Não houve diferenças estatísticas entre os grupos. Todos os indivíduos estudados apresentaram queda da CDIN abaixo de 80% da CL. As correlações entre os marcadores de limitação ao fluxo aéreo foram as seguintes: VEF1 x RL (r = -0,602); VEF1/CVF x RL (r = -0,832) Raw x RL (r = 0,65). Tabela 1: Dados demográficos e funcionais: VEF1 (% predito) 71 ± 21 CVF (% predito) 68 ± 15 VEF1/CVF 0,84 ± 0,16 FEF 75% (% pred) 69 ± 35 CPT (% predito) 71 ± 23 VR (% predito) 90 ± 70 DLCO (%predito) 38 ± 15 sGAW (1/cmH2O.s) 0,4 ± 0,2 R ESP (cmH2O/L.s) 4,5 ± 4,4 C ESP (mL/cmH2O) 55 ± 26. Conclusão: Os dados obtidos sugerem envolvimento de pequenas vias aéreas como parte da lesão parenquimatosa das PII.

DOENÇAS PULMONARES OCUPACIONAIS

AO057 EFEITOS DA POLUIÇÃO DO AR URBANO NA FUNÇÃO RESPIRATÓRIA DE CRIANÇAS DE ESCOLA DA REDE PÚBLICA NO MUNICÍPIO DO RIO DE JANEIRO
De Castro HA1, De Leon AP2, Junger WL3
1. Fiocruz, Rio de Janeiro, RJ, Brasil; 2,3. Uerj, Rj, Rj, Brasil.
Palavras-chave: Poluição do ar; Pico de fluxo; Escolares
Introdução: Vários estudos mostram a relação entre alterações funcionais respiratórias em crianças e a poluição do ar. Estudos de painel são realizados com freqüência para estimar efeitos agudos da poluição atmosférica em crianças. Na maioria das vezes estes estudos são realizados de forma a aproveitar situações nas quais amostras destas populações suscetíveis permanecem por períodos relativamente longos no mesmo local permitindo, portanto, que tanto a exposição à poluição atmosférica quanto sintomas respiratórios ou indicadores da capacidade respiratória possam ser mensurados. Objetivos: Investigar a associação entre exposição à poluição do ar e o pico de fluxo expiratório de escolares da rede pública do Rio de Janeiro. Monitorar diariamente os níveis de poluição ambiental na escola do Município do Rio de Janeiro; Medir o pico de fluxo diário dos escolares. Avaliar sintomas respiratórios. Métodos: Foi realizado um estudo de painel em escolares com idade variando entre 7 e 15 anos, residentes a uma distância de até 2km do local do estudo. Uma amostra de 118 crianças foi selecionada aleatoriamente em uma escola pública. Foi aplicado um questionário de sintomas respiratório e o questionário ISAAC. Foi realizada medida de pico de fluxo diário em cada criança durante todo o ano do período escolar e analisado a presença de PM10, SO2, CO, O3 e NO2. Resultados: 118 crianças foram incluídas no estudo, 50% do sexo feminino, 18,4% eram asmáticas e 49% conviviam em casa com fumantes. As médias diárias dos níveis de poluição na escola durante o período de estudo ultrapassaram os limites máximos estabelecidos pelo CONAMA para os poluentes PM10 e O3 e não ultrapassaram para CO, NO2 e SO2. Análise - o efeito da poluição nas variações diárias da trajetória do pico expiratório de fluxo dos escolares foi estimado após controlar fatores que compuseram o modelo básico da análise, que incluiu a tendência temporal, a temperatura e umidade relativa do ar e as seguintes características dos escolares: idade, altura, fumo na família e asma. Após determinar o modelo básico, o efeito da poluição do ar sobre os valores do pico de fluxo pôde ser estimado para cada poluente e cada uma de defasagens foram incorporados ao modelo básico, um de cada vez. Conclusão: Alguns resultados de associação foram significativos. Um aumento de 10µg/m³ de PM10 provocou uma diminuição de 0,34L/min na média do pico de fluxo das crianças três dias depois. Aumentos de 10µg/m³ de NO2 em um determinado dia provocaram diminuição que variou de 0,23L/min a 0,28L/min de dois a três dias depois (p < 00,1). Houve uma tendência de decréscimo do pico de fluxo quando os níveis de CO, SO2, O3 elevavam-se. Entretanto, esses efeitos não foram estatisticamente significativos. A análise dos dados deste estudo demonstrou que a poluição atmosférica, e principalmente os poluentes PM10 e NO2, provocaram uma diminuição no pico de fluxo expiratório dos escolares.

AO058 A TOMOGRAFIA COMPUTADORIZADA DE ALTA RESOLUÇÃO DE TÓRAX EM EXPOSTOS À SÍLICA COM RADIOGRAFIA NEGATIVA OU BORDERLINE PARA SILICOSE: QUANDO INDICÁ-LA?
Scalia Carneiro AP
Centro de Referência Estadual em Saúde do Trabalhador do Hospital das Clínicas da Ufmg, Belo Horizonte, MG, Brasil.
Palavras-chave: Sílica; Tomografia; Radiografia
Introdução: A tomografia computadorizada de alta resolução de tórax (TCAR) tem sido cada vez mais utilizada nas situações em que a radiografia convencional (RX) apresenta-se duvidosa na investigação da silicose. Porém, ainda não existe consenso na literatura em relação ao seu desempenho no diagnóstico precoce da doença, nem estabelecimento de critérios para orientar sua indicação em populações expostas à sílica. Objetivos: Propor critérios para indicação da TCAR em expostos à sílica com RX negativo ou borderline para silicose, considerando dados ocupacionais, clínicos e funcionais do paciente. Métodos: Estudo transversal, envolvendo 140 ex-mineiros de ouro, examinados entre novembro de 1997 e dezembro de 1999, avaliados através de história clínica e ocupacional, RX de tórax e espirometria. Os 69 pacientes considerados negativos ou borderline ao RX foram submetidos à TCAR, constituindo a casuística do presente estudo. A exposição foi avaliada através de um índice cumulativo de exposição baseado em medidas quantitativas de sílica já existentes e na experiência de dois experts. A análise estatística foi feita através de ajuste de modelos de regressão logística e da técnica de árvore de decisão denominada CART (Classification and Regression Trees ou Árvores de Classificação e Regressão). Utilizou-se ainda a técnica estatística de simulação de amostras maiores, criando-se réplicas constituídas de 500 e 1000 pacientes. Resultados: Através dos modelos de regressão logística foi encontrada associação significativa do índice de exposição à sílica (OR = 1,037; IC = 1,003, 1,073; p = 0,034), assim como da capacidade vital forçada (CVF) (OR = 0,96; IC = 0,930, 1,001; p = 0,054) com os achados tomográficos compatíveis com silicose. Com os resultados obtidos pelo CART, foi possível estabelecer pontos de corte no índice e na CVF que identificassem os casos compatíveis com silicose à TCAR, em fase leve ou inicial. Conclusão: Através de instrumentos relativamente simples (índice de exposição e CVF) foi possível selecionar os pacientes que mais se beneficiariam da realização da TCAR. Dessa forma, seria favorecida a relação custo-benefício da realização do exame, fato muito importante em nosso meio, onde é grande o número de trabalhadores expostos à sílica e a tomografia ainda é considerada um exame de alto custo, especialmente para o sistema público de saúde.

AO059 DISSOCIAÇÃO ENTRE A PROGRESSÃO DE ALTERAÇÕES ESTRUTURAIS PELA TCAR E O GRAU DE DISFUNÇÃO RESPIRATÓRIA EM INDIVÍDUOS COM ASBESTOSE
Nogueira CR1, Filho MT2, Silva CI3, Muller N4, Junior FQ5, Bagatin E6, Neder JA7, Nery LE8
1,5,7,8. Unifesp, São Paulo, SP, Brasil; 2. USP, São Paulo, SP, Brasil; 3,4. University of British Columbia, Vancouver, Canadá; 6. Unicamp, Campinas, SP, Brasil.
Palavras-chave: Asbestose; tcar; Função pulmonar
Introdução: Pacientes com asbestose apresentam anormalidades funcionais respiratórias e radiológicas que refletem o grau de acometimento pulmonar durante o decorrer da doença. Entretanto, pouco se sabe sobre a associação entre a progressão de alterações estruturais pela TCAR e o grau de disfunção respiratória. Objetivos: O objetivo do presente estudo foi o de avaliar a progressão das anormalidades na tomografia computadorizada de alta resolução (TCAR) e as alterações funcionais respiratórias em indivíduos expostos ao asbesto com comprometimento intersticial pulmonar. Métodos: Trinta e sete pacientes do sexo masculino (idade de 41 a 79 anos) com alterações intersticiais pulmonares de grau leve a moderado pela TCAR foram acompanhados por uma mediana de 4,3 anos (interquartil = 1 ano). Foram realizadas: espirometria, capacidade de difusão pelo monóxido de carbono (DLCO) e medidas de gases arteriais no repouso e durante o exercício (n = 30). Os indivíduos foram considerados como apresentando declínio na função pulmonar se demonstrassem entre a primeira e segunda avaliação: redução maior que 10% na PaO2 (mmHg), DLCO (% previsto) ou CVF (% previsto) e aumento maior que 10mmHg no P(A-a)O2 no repouso ou exercício. Resultados: Houve significativo declínio na média dos valores de DLCO %, CVF % previsto e aumento no P(A-a)O2 (p < 0,05) entre a primeira e segunda avaliações. Vinte e sete indivíduos (67,6%) mostraram uma significativa redução em pelo menos um parâmetro funcional durante o período estudado. Houve significativa discordância na segunda avaliação entre a progressão das anormalidades no repouso e exercício (p > 0,05): Sete pacientes, por exemplo, aumentaram o P(A-a)O2 somente durante o exercício. Conclusão: Pacientes com asbestose leve à moderada frequentemente mostram declínio na função pulmonar mesmo após curto período de tempo (3 à 5 anos). Avaliação funcional, incluindo medidas de gases arteriais durante o exercício, devem ser realizadas no acompanhamento longitudinal desses pacientes. Financiado: FAPESP.

DOENÇAS PULMONARES EM PEDIATRIA

AO060 TRATAMENTO CIRÚRGICO DE BRONQUIECTASIAS EM CRIANÇAS. ANÁLISE DE 58 CASOS
Andrade CF1, Cassanelo CA2, Francisco Bustos ME3, Mocelin HT4, Fischer GB5, Felicetti JC6
1,2,4,5,6. Hospital da Criança Santo Antônio, Porto Alegre, RS, Brasil; 3. Santa Casa Porto Alegre, Porto Alegre, RS, Brasil.
Palavras-chave: Bronquiectasias; Crianças; Cirurgia
Introdução: O tratamento cirúrgico das bronquiectasias é a terapia de eleição para pacientes com doença localizada refratária ao tratamento clínico com o objetivo de reduzir os sintomas e melhorar a qualidade de vida. Objetivos: Analisar as características e resultados de uma série de crianças submetidas a ressecção pulmonar por bronquiectasias. Métodos: Entre 01/97 e 12/2005, 58 pacientes (38 masculinos) com idade média de 6,85 anos foram operados por bronquiectasias. Estes foram avaliados através de exame radiológico e tomografia computadorizada de tórax, fibrobroncoscopia com lavado broncoalveolar e/ou exame de escarro. Resultados: Sintomas mais freqüentes: tosse crônica (84%) e dispnéia (43%). A metade dos pacientes apresentava história de bronquiolite obliterante nos primeiros 6 meses de vida (50%) e pneumonias de repetição em 65,5%. A doença foi unilateral em 47 pacientes, predomínio do lobo inferior esquerdo (60%) e lobo inferior direito (31%). A fibrobroncoscopia foi realizada em 41 pacientes. A presença de germes foi identificada em 37 pacientes sendo o Haemophilus o germe mais freqüente (29%), seguido pelo pneumococo (19%). Ressecções pulmonares foram unilaterais em 56 e bilaterais em 2 pacientes. Foram realizadas 24 lobectomias inferior esquerda, 14 lobectomias inferior direita e 5 pneumonectomias. O dreno de tórax permaneceu em média 4,2 dias. Complicações pós-operatórias ocorreram em 19 pacientes, sendo a mais comum a atelectasia (27%), seguido por empiema (6,9%). O tempo médio de acompanhamento foi 20 meses (0-133m). Conclusão: A ressecção pulmonar em crianças com bronquiectasias, é um procedimento sem mortalidade e com mínima morbidade, que resulta em melhora dos sintomas e melhor qualidade de vida dos pacientes operados.

TERAPIA INTENSIVA


AO061 ESTUDO COMPARATIVO DO CONFORTO E EFEITOS ADVERSOS AGUDOS DE INTERFACES PARA VENTILAÇÃO NÃO INVASIVA EM VOLUNTÁRIOS SADIOS
Reis RC1, Pereira EDB2, Holanda MA3
1. Hospital Universitário Walter Cantídio, Fortaleza, CE, Brasil; 2,3. Hospital Universitário Walter Cantídio, Fortaleza, CE, Brasil.
Palavras-chave: Máscaras; Conforto; Efeitos adversos
Introdução: A Ventilação Não Invasiva ainda apresenta alta taxa de insucesso. Existem poucos trabalhos comparando diferentes dispositivos quanto à intolerância à interface. A utilização de voluntários sadios exibe a vantagem de eliminar os sintomas da insuficiência respiratória que podem prejudicar uma avaliação mais específica da máscara. Objetivos: Avaliar e comparar três tipos de máscaras para VNI, em voluntários sadios, quanto à freqüência e tipos de efeitos adversos e nível de conforto, no uso agudo. Métodos: Ensaio clínico randomizado tipo crossover. Máscaras nasal (N), facial (F) e facial total (FT), em ventilador gerador de fluxo. A VNI era aplicada por tempo total de 10' (2 períodos de 5') com dois níveis de pressão: nível baixo (Pbx) IPAP 11/EPAP 6cmH2O e nível moderado/alto (Pma) IPAP15/EPAP10cmH2O. Ao final de cada período de 5 minutos era aplicado questionário padronizado de efeitos adversos (ausente/leve/moderado/intenso) e Escala Analógica Visual de conforto (EAV) (zero: máximo desconforto/dez: ausência de desconforto). Descanso: 10' em respiração espontânea entre cada máscara. Resultados: 24 voluntários sadios (12 mulheres) idade 18-35 anos (média 25,7). Quanto aos efeitos adversos em Pbx observou-se 1. Freqüência de pelo menos um efeito: N (91,7%) e F/FT 95,8% 2. Média de efeitos adversos por paciente: N < Ressecamentos: 5. incômodos: FT. Conclusão: As três interfaces apresentaram alta freqüência de efeitos adversos em voluntários sadios. N apresentou menor média de efeitos adversos por voluntário e menor freqüência de ressecamentos. FT está associada a menos queixas de dor e de vazamentos incômodos, porém exibe maior tendência à claustrofobia. As três interfaces apresentaram um bom nível de conforto. O aumento da pressão diminuiu o conforto e aumentou os efeitos adversos relatados nas três interfaces.

AO062 TRATAMENTO ANTIMICROBIANO PRÉVIO E ASPIRADO TRAQUEAL QUANTITATIVO EM PNEUMONIA ASSOCIADA À VENTILAÇÃO MECÂNICA
Seligman R1, Zimermann Teixeira PJ2, Hertz FT3, Lisboa TC4, Seligman BGS5
1,3,4,5. Hospital de Clínicas de Porto Alegre, Porto Alegre, RS, Brasil; 2. Feevale, Novo Hamburgo, RS, Brasil.
Palavras-chave: Aspirado traqueal quantitativo; Pneumonia associada à ventilação mecânica; Antibioticoterapia
Introdução: O Aspirado traqueal quantitativo (ATQ) é efetivo no diagnóstico etiológico da pneumonia associada à ventilação mecânica (PAV). Existe preocupação em relação a taxa de resultados falso-negativos em pacientes com tratamento antimicrobiano prévio (TAB). Objetivos: Comparar a freqüência de resultados falso-negativos em (a) pacientes que receberam tratamento antimicrobiano prévio por pelo menos 24 horas nos últimos 10 dias antes da PAV (TAB10), em (b) pacientes com TAB nas últimas 48 horas prévias a PAV e em (c) pacientes sem TAB prévio. Métodos: Foram realizados exames de aspirado traqueal quantitativo (ATQ) em 72 pacientes com PAV com diagnóstico clínico estabelecido através de escore clínico de infecção pulmonar (CPIS) ³ 7. Resultados de ATQ ³ 100.000 UFC/mL foram considerados positivos. Resultados: Foram observados 72 pacientes com PAV. Dos 57 pacientes que receberam TAB prévio por pelo menos 24 horas nos últimos 10 dias antes da PAV, 41 tiveram resultado ATQ positivo (71,9%). O grupo de 15 pacientes que não receberam TAB teve 14 resultados ATQ positivo (93,3%). Não houve diferença estatística significativa entre os grupos (p = 0,10). Dos 40 pacientes que receberam TAB nas últimas 48 horas prévias a PAV, 26 (65,0%) tiveram resultado ATQ positivo, enquanto o grupo sem TAB prévio neste período (n = 32) teve 29 resultados ATQ positivo (90,6%), p = 0,01. Conclusão: Há uma tendência de redução na freqüência de resultados positivos de ATQ nos pacientes que receberam TAB prévio por pelo menos 24 horas nos últimos 10 dias antes da PAV, embora não significativa para este tamanho de amostra. A diferença significativa de resultados positivos encontrada entre os pacientes que receberam TAB nas últimas 48 horas prévias a PAV e os livres de TAB não descarta a importância do ATQ. Identificar 65% das bactérias pode ter impacto no diagnóstico e no tratamento da PAV. O ATQ é útil no diagnóstico bacteriológico da PAV, mesmo em pacientes submetidos a tratamento antimicrobiano prévio.

AO063 DETECÇÃO DE PNEUMOTÓRAX À BEIRA DO LEITO EM TEMPO REAL UTILIZANDO A TOMOGRAFIA DE IMPEDÂNCIA ELÉTRICA
Vieira Costa EL, Chaves CN, Gomes S, Volpe MS, Beraldo MA, Schettino IAL, Carvalho CRR, Amato MBP
Universidade de São Paulo, São Paulo, SP, Brasil.
Palavras-chave: Pneumotórax; Tomografia de impedância elétrica; Ventilação mecânica
Introdução: Pneumotórax é uma complicação comum em pacientes sob cuidados intensivos, podendo acometer de 10 a 42% daqueles sob ventilação mecânica. Se não reconhecido prontamente, tende a aumentar e levar ao colapso cardiovascular. Os métodos utilizados para o seu diagnóstico caracterizam-se por baixa sensibilidade (exame físico, radiografia à beira do leito, alterações na mecânica respiratória) ou envolvem transporte arriscado à tomografia. A tomografia de impedância elétrica (TIE) é um método não invasivo que permite monitorização da ventilação em tempo real. O método é baseado na reconstrução de uma seção transversal das condutividades torácicas através de eletrodos dispostos ao redor do tórax. A TIE correlaciona-se muito bem com as alterações regionais do conteúdo de ar dentro do tórax. O baixo custo, a não invasividade e a alta sensibilidade a alterações da ventilação e da aeração pulmonar fazem da TIE um método promissor para a detecção em tempo real de pneumotóraces em situações de alto risco. Objetivos: Os objetivos deste estudo são: 1) caracterizar as alterações na TIE relacionadas ao aparecimento de um pneumotórax; 2) desenvolver um algoritmo para detecção automática de pneumotóraces à beira do leito e 3) avaliar prospectivamente a sensibilidade e especificidade deste algoritmo. Métodos: Os experimentos foram realizados em 26 porcos (31,0 ± 3,2kg, peso médio ± DP) Os animais foram sedados e submetidos à ventilação mecânica controlada. Os dados de TIE foram adquiridos através de um tomógrafo de impedância desenvolvido por nosso grupo (FAPESP, Brasil) capaz de produzir 25 imagens relativas por segundo reproduzindo ao vivo a imagem da ventilação. Dez animais foram submetidos a drenagem torácica com indução progressiva de pneumotórax através do dreno (de 0 a 600mL). Na etapa seguinte, induzimos lesão pulmonar através de lavagem com salina aquecida e submetemos os animais a mudanças de PEEP progressivas. As duas primeiras etapas foram utilizadas para a construção de um detector automático de pneumotóraces baseado na TIE que foi testado prospectivamente em outros oito animais. Resultados: A TIE apresenta alterações bem definidas relacionadas ao surgimento de pneumotórax, caracterizadas por aumento da impedância média e diminuição da amplitude da impedância localizados no quadrante de interesse. O comportamento da TIE nas mudanças bruscas de PEEP pode ser claramente diferenciado, pois os achados distribuem-se homogeneamente nos quatro quadrantes. A TIE mostrou-se sensível aos menores volumes de ar injetados (20mL). Na fase prospectiva do protocolo, a TIE mostrou sensibilidade de 100% e especificidade de 87,5% para a detecção de pneumotóraces. Conclusão: A TIE apresenta alterações reprodutíveis relacionadas ao aparecimento de ar no espaço pleural caracterizadas por aumento local da impedância média e diminuição local da amplitude da impedância no quadrante do pneumotórax. É possível criar um algoritmo baseado nessas alterações capaz de detectar precoce e precisamente pneumotóraces em situações de risco.

AO064 USO DO CPAP DURANTE BRONCOSCOPIA EM HIPOXÊMICOS
Maia IS, Grumann ACB, Pincelli M
Hospital Nereu Ramos, Fpolis, SC, Brasil.
Palavras-chave: CPAP; Broncoscopia; Hipoxemia
Introdução: O procedimento de broncoscopia pode diminuir a PaO2 em 10 a 20mmHg em procedimentos não complicados. A A.T.S. recomenda evitar a broncoscopia com Lavado Broncoalveolar (LBA) em pacientes com hipoxemia cuja PaO2 não pode ser corrigida para um mínimo de 75mmHg ou a SaO2 não permaneça > que 90% com O2 suplementar. Nós sabemos de literatura que a Ventilação Não Invasiva (V.N.I) com CPAP é eficaz e segura para melhorar a ventilação e hipoxemia. Trabalhos já publicados mostram a segurança e eficácia da realização da broncoscopia com VNI. Por isso, resolvemos estudar a eficácia do dispositivo de CPAP com máscara facial em nossos pacientes hipoxêmicos submetidos à broncoscopia como método diagnóstico de lesão pulmonar ao radiograma de tórax. Objetivos: Estudar a eficácia e segurança de realizar broncoscopia com CPAP tipo Boussignac® em máscara facial para pacientes hipoxêmicos com necessidade de diagnóstico de lesões pulmonares focais ou difusas. Métodos: Estudo prospectivo em 10 pacientes hipoxêmicos com necessidade de realizar broncoscopia. Foram transferidos para a UTI, adaptados à máscara facial com CPAP; realizada cateterização de artéria radial para coleta de gasometrias seriadas e monitorização da pressão arterial média (PAM). Inicialmente, permaneciam 10 minutos estáveis com a máscara de CPAP, se iniciando a broncoscopia com coleta de LBA logo após e medindo-se os parâmetros fisiológicos durante o procedimento, 5 e 30 minutos depois. Retirava-se, então, a máscara e retornava para a macronebulização ou cateter de O2, permanecendo por observação por mais 24 horas. Resultados: 10 pacientes (7 homens e 3 mulheres) com idade de 47 ± 13,2 anos; APACHE II 19,6 ± 5; SaO2 de entrada 85,7 ± 9,1%; FR 35 ± 8,3irpm; FC 108 ± 9,6bpm; PAM 80,8 ± 23,9mmHg e PaO2/FiO2 207 ± 58,6 foram submetidos ao procedimento. A pressão do CPAP utilizado foi de 6,25 ± 1,76mmHg e fluxo de oxigênio de 15 litros/min. Os parâmetros de melhora 10´ após instalação do CPAP foram SaO2 (96,5 ± 2,59); FC (92,8 ± 16,5); FR (23,8 ± 5,4) e P/F (343,6 ± 159,4). Não houve variação da PAM (86,1 ± 17,4). Durante o procedimento houve aumento da PAM (98 ± 22,4), diminuição do pH (7,28 ± 0,07), da P/F (311,4 ± 138,3) e manutenção da FR (25,5 ± 6,9). Esses parâmetros retornaram para seus níveis próximos do basal 30´ após o término da broncoscopia. Como complicações ocorreram: edema agudo de pulmão em 1 paciente com miocardiopatia dilatada e necessidade de entubação orotraqueal em outro com lesão intersticial difusa e AIDS. Os outros 8 pacientes toleraram bem sem intercorrências. Conclusão: Nós concluímos que o uso do CPAP em pacientes hipoxêmicos melhorou as trocas gasosas, a condição respiratória, sem alterar de forma significativa a condição hemodinâmica, permitindo a realização da broncoscopia com segurança.

AO065 EFEITOS DA ADMINISTRAÇÃO DE CPAP EM VIAS AÉREAS DE MODO NÃO-INVASIVO EM PACIENTES COM DPOC: ALTERAÇÕES NA TOMOGRAFIA COMPUTADORIZADA DE TÓRAX DE ALTA RESOLUÇÃO
Branco Fortaleza SC1, Paiva Winkeler GF2, Cabral GB3, Lins CMM4, Reis RC5, Holanda MA6
1,3,4,5. Hospital Universitário Walter Cantídeo, Fortaleza, CE, Brasil; 2. Hospital Universitário Walter Cantídeo, Fortaleza, CE, Brasil; 6. Hospital Universitário Walter Cantídio, Fortaleza, CE, Brasil.
Palavras-chave: DPOC - doença pulmonar obstrutiva crônica; cpap - pressão positiva contínua em vias aéreas; tcar - tomografia computadorizada de tórax de alta resolução
Introdução: A Doença Pulmonar Obstrutiva Crônica (DPOC) pode cursar com hiperinsuflação dinâmica e desenvolvimento de auto-PEEP, que predispõem à fadiga muscular respiratória e à necessidade de suporte ventilatório que pode ser aplicado de modo não-invasivo (VNI). Existem dúvidas sobre qual é o nível de CPAP que apresenta benefícios em pacientes com DPOC. Não existem estudos que utilizaram técnicas de imagem para avaliar seus efeitos sobre o parênquima pulmonar em pacientes com DPOC, em particular sobre o grau de hiperinsuflação. Objetivos: Avaliar o efeito da aplicação de CPAP por VNI (VNI-CPAP) sobre a hiperinsuflação pulmonar em pacientes com DPOC utilizando a Tomografia Computadorizada de Alta Resolução (TCAR). Métodos: Foram estudados 11 pacientes com DPOC, que realizavam a TCAR, sem e com VNI-CPAP por máscara nasal. Foram utilizadas as seguintes pressões: sem VNI e com VNI-CPAP de 5, 10 e 15cmH2O. Os cortes tomográficos eram feitos em CRF em três regiões, para cada nível de pressão: ápice, hilo e base. Para análise cada corte foi dividido em hemitórax direito e esquerdo e cada um desses em sub-regiões ventral, medial e dorsal. Durante a análise dos dados todas as unidades com densidades menores que -950 UH foram consideradas hiperaeradas. Para análise os resultados foram divididos em pulmão total e em regiões: ápice, hilo e base e ventral, medial e dorsal. Resultados: A aplicação de CPAP resultou em aumento do percentual de áreas hiperaeradas e diminuição das densidades pulmonares em praticamente todas as análises. Houve uma redução da densidade média pulmonar total com níveis de CPAP a partir de 10cmH2O em todas as análises (p < 0,05). Na análise do pulmão total a densidade média foi reduzida progressivamente, sendo -846UH (Sem CPAP), -849UH (CPAP de 5cmH2O), -859UH (CPAP de 10cmH2O) e -869UH (CPAP de 15cmH2O) (p < 0,05). Na análise das regiões de ápice, hilo e base em separado e na análise das subregiões ventral, medial e dorsal foi observada redução da densidade com níveis de CPAP de 10 e 15cmH2O (p < 0,05). Na maioria dos casos foi observado um aumento do percentual de áreas hiperaeradas com CPAP a partir de 5cmH2O (p < 0,05). Por outro lado, foram observadas diferentes respostas entre os pacientes e a análise do grau de aeração regional dos pulmões revelou: gradiente ventro-dorsal, que persistia com todos os níveis de CPAP; em ápice e hilo ocorreu diminuição do percentual de áreas hiperaeradas com a mudança de CPAP de 5 para 10cmH2O e na avaliação individual foi observado aumento da densidade pulmonar com CPAP de 5cmH2O em dois pacientes. Conclusão: Em geral a aplicação da CPAP por VNI resulta em aumento da hiperaeração pulmonar detectável a TCAR. Contudo este padrão de resposta não é homogêneo havendo um subgrupo de pacientes em que há redução da hiperinsuflação. A distribuição do grau de hiperaeração induzida pela CPAP é heterogênea dentro do parênquima pulmonar.

AO066 TITULAÇÃO DA PEEP PELA TOMOGRAFIA DE IMPEDÂNCIA ELÉTRICA - CORRELAÇÃO COM A TOMOGRAFIA COMPUTADORIZADA MULTISLICE
Vieira Costa EL, Tanaka H, Gomes S, Torsani V, Carvalho CRR, Amato MBP
Universidade de São Paulo, São Paulo, SP, Brasil.
Palavras-chave: SARA; Titulação da PEEP; Tomografia de impedância elétrica
Introdução: Nos hipotetizamos que o Tomógrafo de Impedância Elétrica (TIE) é capaz de estimar a quantidade de colapso pulmonar à beira do leito através da detecção das variações da complacência pulmonar regional, principalmente nas regiões dependentes do pulmão, o que corresponde à perda de unidades alveolares funcionais. O algoritmo estima a percentagem de perda das unidades funcionais através da variação regional da complacência pulmonar acumulada ao longo da titulação da PEEP. Objetivos: Este estudo teve por objetivos: 1) correlacionar o colapso pulmonar acumulado medido pela TIE com o colapso medido pela Tomografia Computadorizada Multislice (MSCT) e 2) correlacionar o colapso medido por ambas as técnicas com a troca gasosa. Métodos: Após manobra de recrutamento alveolar, a PEEP foi titulada a partir de 25 até 5cmH2O em 12 suínos com LPA/SARA induzida por lavagem pulmonar com solução salina. Foram medidos continuamente os gases arteriais, mecânica pulmonar e as mudanças regionais da complacência pulmonar (TIE) em todos os animais. Em 7 suínos, a MSCT e a TIE foram realizadas simultaneamente ao final de cada nível de PEEP durante a titulação, para calcular a quantidade de colapso. Resultados: 1. Na análise quantitativa das imagens, a TIE mostrou melhor correlação com a MSCT na janela de tecido pulmonar não aerado entre - 200HU a + 100HU. 2. A análise de regressão multivariada também demonstrou que a queda da PO2 arterial se correlaciona melhor com a MSCT na janela de tecido pulmonar não aerado entre - 200HU a + 100HU (R2 = 0.86). 3. A quantidade de colapso pulmonar calculado pela TIE teve uma ótima correlação com a PO2 arterial (R2 = 0.72). Conclusão: A TIE pode estimar a quantidade de tecido pulmonar colapsado à beira do leito de forma precisa. A correlação anatômica e quantitativa com a MSCT é melhor quando se considera a janela de tecido pulmonar não aerado entre -200HU a +100HU. Este compartimento é o que melhor se correlaciona com as alterações gasométricas.

CÂNCER DE PULMÃO

AO067 ANÁLISE DE SOBREVIDA E TOLERABILIDADE À QUIMIOTERAPIA BASEADA EM COMPOSTOS PLATÍNICOS EM PACIENTES PORTADORES DE CÂNCER DE PULMÃO DE CÉLULAS NÃO-PEQUENAS COM IDADE SUPERIOR A 70 ANOS
Costa GJ1, Fernandes ALG2, Pereira JR3, Santoro IL4
1,2,4. Unifesp, São Paulo, SP, Brasil; 3. Iavc, São Paulo, SP, Brasil.
Palavras-chave: Câncer de pulmão de células não-pequenas; Idosos; Quimioterapia
Introdução: A terapia combinada para carcinoma de pulmão de células não-pequenas (CPCNP) é bem conhecida, porém sua utilização em pacientes idosos não está bem estabelecida. Objetivos: Avaliar se o envelhecimento compromete a sobrevida e exacerba a toxicidade dos pacientes portadores de carcinoma de pulmão, doença avançada, em quimioterapia baseada em compostos platínicos. Métodos: Nós realizamos estudo caso-controle aninhado em uma coorte de pacientes sem quimioterapia prévia, diagnosticados de Janeiro de 98 a Dezembro de 03. Eram casos, pacientes consecutivos, com CPCNP e idade superior a 70 anos, e os controles eram um subgrupo de pacientes, com idade inferior a 70 anos, estratificados para o estadiamento da doença e o ano no qual eles foram tratados. Todos os pacientes foram tratados com cisplatin (60-80mg/m2) ou carboplatina (4-6 AUC), a cada 4 semanas, associada a vinorelbine (30mg/m2) por um máximo de 6 ciclos. A história clínica, exame físico e estadiamento do tumor foram realizados na primeira visita e a cada mês. A sobrevida foi calculada pelo método de Kaplan-Meier e log-rank test foi usado para a comparação das curvas. Teste de qui-quadrado foi usado para comparar dos dois grupos quanto aos efeitos colaterais. Resultados: Total de 419 pacientes foi avaliado em estudo caso-controle (205 idosos/219 jovens) com 3,6 ciclos por paciente, em média. Os dois e três anos de taxa de sobrevida foram 20,5% e 6,8% para pacientes idosos e 9,8% e 2,3% para pacientes jovens (p = 0,017 e 0,014 respectivamente para 2 e 3 anos). A proporção de pacientes com efeitos adversos, graus 3 e 4, foram a mesma em ambos os grupos (43,9% vs 43,9%; p = 0.99). Conclusão: Nossos resultados sugerem que idosos submetidos à quimioterapia, para neoplasia de pulmão, evoluem tão bem quanto, ou melhor que, pacientes mais jovens. Envelhecimento, por si só, não deve excluir pacientes de receber quimioterapia baseada em platina, desde que parece ser bem tolerada e efetiva para CPCNP.

AO068 PERFIL EPIDEMIOLÓGICO DE NEOPLASIA PULMONAR EM FUMANTES PASSIVOS
Pereira JR
Instituto do Câncer Arnaldo Vieira de Carvalho, São Paulo, SP, Brasil.
Palavras-chave: Câncer de pulmão; Epidemiologia; Tabagismo passivo
Introdução: A fumaça do cigarro é uma combinação de cerca de cinco mil substâncias diferentes, dentre as quais, mais de 40 são carcinogênicas. Sabe-se que o tabagismo está relacionado a uma grande variedade de neoplasias. A mais importante, dentre elas, é a neoplasia pulmonar. Estatísticas mostram que 90% dos pacientes que apresentam câncer de pulmão são tabagistas. Apesar desses dados, atualmente, estima-se que 25% da população mundial adulta sejam fumantes. Diversos estudos apontam importante freqüência de casos de neoplasia pulmonar entre os fumantes passivos como, por exemplo, o levantamento epidemiológico realizado em Singapura, que mostrou que 36,3% da população com neoplasia pulmonar era composta por fumantes passivos e destes, 73,9% mulheres. Para a população americana, em fumantes passivos, calcula-se uma média de risco 35% maior para desenvolver neoplasia pulmonar. Ainda não se sabe, exatamente, qual o fator responsável por esses números, uma vez que, além da exposição à fumaça do cigarro, diversos agentes como radônio, níquel, arsênico, cromo e outros carcinógenos do trabalho são importantes. Sabe-se que a maior fonte de exposição passiva à fumaça do cigarro é a presença de um cônjuge fumante. Objetivos: Verificar o perfil epidemiológico de fumantes passivos. Métodos: Foram avaliados 333 pacientes atendidos pelo serviço de onco-pneumologia do ICAVC, durante o período de novembro de 2005 a junho de 2006, que responderam voluntariamente ao questionário denominado \\\"Programa Consciência Total\\\". O perfil epidemiológico de fumantes passivos foi estudado quanto ao sexo, faixa etária, tipo histológico (TH) da neoplasia e qualidade de tabagismo passivo, se indoor na infância, na adolescência ou se conjugal. O TH dos pacientes não tabagistas foi pareado com o dos tabagistas. Resultados: Dos 333 pacientes cadastrados, 44 (13,3%) não eram tabagistas, dos quais 34 (77,3%) pertenciam ao sexo feminino. Mesmo que a amostra não tenha sido significativa, foi peculiar, o predomínio de mulheres não fumantes e tabagistas passivas, que desenvolveram neoplasia pulmonar, principalmente na sétima década de vida (entre 60 e 69 anos). Destas, a maioria apresentava cônjuge fumante e o adenocarcinoma surgiu como o tipo histológico predominante. Quanto ao TH, ao se parear pacientes não fumantes com os fumantes, observou-se nítida prevalência de adenocarcinoma (53,5%) entre os não fumantes enquanto, para os pacientes fumantes, a prevalência foi do escamoso (35,9%) seguida do adenocarcinoma (24,3%). Conclusão: Entre pacientes tabagistas passivos portadores de câncer de pulmão prevalecem mulheres, na sétima década de vida e que têm cônjuge fumante. Esse subgrupo apresenta tendência de desenvolver adenocarcinomas de pulmão. Ao se comparar os TH mais freqüentes para neoplasias pulmonares entre pacientes não tabagistas e tabagistas, observamos prevalência muito maior do adenocarcinoma em pacientes não fumantes (p = 0,0004).

TERAPIA INTENSIVA

AO069 MONITORIZAÇÃO À BEIRA DO LEITO E EM TEMPO REAL DO COLAPSO PULMONAR EM PACIENTES COM LPA/SDRA
Borges JB, Vieira Costa EL, Tanaka H, Gomes S, Beraldo MA, Volpe MS, Carvalho CRR, Amato MBP
Universidade de São Paulo, São Paulo, SP, Brasil.
Palavras-chave: SARA; Titulação da PEEP; Tomografia de impedância elétrica
Introdução: O colapso pulmonar é uma preocupação freqüente durante a ventilação mecânica. Contudo, a sua detecção acurada e em tempo real permanece um desafio não resolvido. Objetivos: Este estudo objetivou avaliar se um novo protótipo da Tomografia de Impedância Elétrica (TIE) é capaz de revelar a atelectasia pulmonar em tempo real. Métodos: Devido às evidências de que o colapso alveolar ocorre preferencialmente nas regiões pulmonares dependentes, foi formulada a hipótese de que o colapso pulmonar que ocorre durante um protocolo de titulação da PEEP ideal com valores de PEEP decrescentes seria precedido ou acompanhado por uma queda localizada da complacência pulmonar. Tal perda de complacência regional deveria então corresponder à ocorrência de colapso de vias aéreas e perda de unidades funcionais nas regiões dependentes. Após uma manobra de recrutamento, nós titulamos a PEEP ideal em passos decrescentes de 2 em 2cm H2O, em quatro pacientes com LPA/SDRA. Em cada passo, com duração de 10 minutos, foram analisadas a troca gasosa (FIO2 = 1), a complacência, e as imagens da TIE. Resultados: Alterações regionais da complacência pulmonar, localizadas nas regiões dependentes, sempre precederam a detecção do colapso através de índices globais tais como a troca gasosa ou a complacência dinâmica global em todas as titulações da PEEP ideal. Esta perturbação da complacência produziu necessariamente uma redistribuição da ventilação regional das regiões dependentes para as regiões não dependentes. Conclusão: Nós concluímos que a TIE pode detectar as alterações regionais no comportamento pulmonar antes de qualquer perturbação em índices globais como a PaO2 e a complacência global.

AO070 MANOBRAS DE RECRUTAMENTO ALVEOLAR COM ALTAS PRESSÕES E AJUSTE DA PEEP NA TOMOGRAFIA EM PACIENTES COM SARA: RESULTADOS CLÍNICOS
Valente Barbás CS1, Hoelz C2, Meyer EC3, Carvalho CRR4, Amato MBP5, Antunes T6, Matos GFJ7
1,2,3,6,7. Hiae-Hcfmusp, São Paulo, SP, Brasil; 4,5. Hcfmusp, São Paulo, SP, Brasil.
Palavras-chave: Ventilação mecânica; SARA; PEEP; Recrutamento alveolar
Introdução: Manobras de recrutamento alveolar com altas pressões e ajuste da PEEP na tomografia em pacientes com SARA tem sido utilizados para abertura alveolar, manutenção dos alvéolos abertos e minimização da abertura e fechamento dos alvéolos durante a ventilação a nível do volume corrente. Objetivos: Avaliar pacientes submetidos a manobras de recrutamento alveolar com altas pressões e ajuste da PEEP na tomografia em pacientes com SARA quanto aos parâmetros de troca gasosa e desfechos clínicos. Métodos: Foram avaliados pacientes com diagnóstico de SARA que foram transportados a sala de tomografia computadorizada de tórax e submetidos a manobras de recrutamento alveolar que consistiam na manutenção da pressão controlada em 15cmh20 e níveis progressivos de PEEP de 10, 15, 25, 35 e 45cmh20 e após ajuste da PEEP para ocorrência de mínimo colapso alveolar. Os pacientes foram avaliados quanto aos parâmetros respiratórios e desfechos clínicos. Resultados: Foram avaliados 36 pacientes com diagnóstico de SARA com idade média de 48 ± 17 anos, Apache II de 18 ± 5, 80% portadores de SARA primaria, pressão máxima de recrutamento 58.5 ± 5, PEEP titulado de 24 ± 3, pressão de platô máxima de 39,5 ± 4,5cmh20, PaO2/fio2 de 140 ± 45 pré-recrutamento para PaO2/fio2 de 340 ± 85 pós recrutamento e sobrevida destes pacientes de 85%. Conclusão: As manobras de recrutamento alveolar com altas pressões e ajuste da PEEP na tomografia são bem toleradas levando a melhora da troca gasosa e bom prognóstico destes pacientes graves.


APRESENTAÇÕES PÔSTER


PO001 granuloma HIALINIZANTE do pulmão: RELATO DE 2 CASOS E REVISÃO BIBLIOGRÁFICA
Leão de Cicco T, Szklo AX, Machado ACFT
Universidade Federal do Rio de Janeiro, Rio de Janeiro, RJ, Brasil.
Palavras-chave: Granuloma hialinizante; Mediastinite fibrosante; Nódulo pulmonar
Introdução: O Granuloma hialinizante do pulmão (GHP) é uma rara doença pulmonar, de etiologia desconhecida, descrita inicialmente por Engleman e col. em 1977. São encontrados nódulos ou massas pulmonares homogêneas, múltiplas, de crescimento lento e com características clínica e histopatológica benigna. Costumam ser assintomáticas ou, dependendo da localização e tamanho do tumor, oligossintomáticas manifestando-se por dispnéia, tosse ou dor torácica. Existem casos de doença extrapulmonar isolada ou associada à doença pulmonar (rim, tonsilas, laringe, tireóide). Cerca de 60% dos pacientes apresentam evidências clínicas ou sorológicas de doenças auto-imunes. A mediastinite esclerosante e a fibrose retroperitoneal estão relacionadas ao GHP. Não há tratamento definido, exceto cirurgia. O prognóstico é bom devido ao lento crescimento da massa. Objetivos: Relatar 2 casos de doença rara, ressaltando seus aspectos radiológicos, diagnósticos diferenciais, aspectos histológicos e condições clínicas associadas. Fazer uma revisão da bibliografia mundial sobre o GHP desde seu primeiro relato em 1977. Métodos: Descreveremos 2 casos de GHP de comportamentos distintos em pacientes do sexo feminino. O primeiro caso é de uma paciente sintomática com acometimento mediastinal e sem evidências de doenças imunológicas. O segundo ocorre em uma paciente portadora de Lúpus Eritematoso Sistêmico diagnosticado há 13 anos, cuja massa foi um achado radiológico. Resultados: O GHP é uma lesão fibrosante do pulmão, encontrado principalmente em indivíduos adultos, sem predileção por sexo, assintomáticos, com massas bilaterais, cujo histopatológico evidencia depósito central de colágeno com disposição lamelar. O prognóstico é bom por ter um crescimento muito lento. A excisão cirúrgica é o único tratamento, embora haja relato da diminuição de lesões com o uso de corticóides. Freqüentemente é requerida a cirurgia pela necessidade de se fazer diagnóstico diferencial com câncer de pulmão ou outros nódulos pulmonares. Há casos de involução espontânea do tumor. A maioria dos casos ocorre em pacientes com evidências clínicas ou sorológicas de distúrbios auto-imunes. Foi sugerida a hipótese de ser uma forma de granulomatose de Wegener limitada aos pulmões ou, ainda, uma lesão fibrótica desencadeada por infecções/inflamações prévias que serviram de gatilho para distúrbios do sistema imunológico. Conclusão: Por se tratar de uma entidade rara, com pouco mais de cem casos na literatura mundial, o GHP permanece como uma dúvida etiológica, sem tratamentos clínicos estabelecidos e com um curso clínico incerto. Nosso estudo enfatiza um caso ainda não relatado de doença mediastinal em paciente previamente hígida e sintomática e outro caso da mesma doença em paciente sabidamente com doença auto-imune e sem sintomatologia.

PO002 A IMPORTÂNCIA DA espirometria NA avaliação PRÉ E PÓS-transplante DE MEDULA ÓSSEA
Mancuzo EV1, Rezende NA2, Guimarães VP3, Silveira CD4
1,2,3. Hospital Clínicas, Belo Horizonte, MG, Brasil; 4. Hospital das Clínicas, Belo Horizonte, MG, Brasil.
Palavras-chave: Espirometria; Transplante medula; Complicações pulmonares
Introdução: As complicações pulmonares constituem causa importante de morbidade e mortalidade após o transplante de medula óssea (TMO). A utilização dos testes de função pulmonar (TFP) na avaliação pré-operatória e no acompanhamento pós-operatório, além de identificar complicações não infecciosas pós-transplante, pode permitir a adoção de medidas preventivas e terapêuticas precoces em pacientes de risco. Objetivos: Analisar os resultados da espirometria de pacientes submetidos a transplante de medula óssea e verificar a importância destes testes na detecção de complicações pulmonares e sua correlação com a evolução dos pacientes. Métodos: Foram analisados retrospectivamente os resultados da espirometria em 120 pacientes maiores de 12 anos de ambos os sexos e comparados com o tipo de transplante, doença de base, sorologia para citomegalovírus, fonte de células para o transplante, tabagismo, infecção pulmonar, doença pulmonar prévia, duração da doença hematológica, quimioterapia utilizada, regime de condicionamento, doença do enxerto contra o hospedeiro aguda e crônica e óbito. Resultados: Dezesseis pacientes apresentaram alterações da espirometria antes do transplante, sendo seis (5%) com obstrução, sete (5,8%) com restrição e três (2,5%) com obstrução com redução da capacidade vital. Após o transplante 29 pacientes apresentaram alterações destes exames. Verificou-se maior chance de alteração da espirometria nos pacientes com doença do enxerto contra o hospedeiro aguda, idade menor que 30 anos, sexo feminino e naqueles que receberam células tronco. A presença de doença pulmonar prévia e doença do enxerto contra o hospedeiro crônica associaram-se com aumento da mortalidade. Alterações prévias da espirometria não estiveram relacionadas com o óbito pós-transplante. Conclusão: As alterações da espirometria não foram capazes de predizer a ocorrência de complicações pulmonares e óbito pós-transplante. Estas alterações também não foram determinantes para a não realização do procedimento. A espirometria simples realizada na avaliação destes pacientes parece ter pouca importância prática.

PO003 ossificação pulmonar: relato de caso
De Oliveira MM, Junior GC, Neto RT, Oliveira HC
Hospital Júlia Kubitschek, Belo Horizonte, MG, Brasil.
Palavras-chave: Ossificação pulmonar; Metaplasia óssea; Doenças pulmonares
Introdução: A Ossificação Pulmonar Difusa (OPD) é uma entidade rara, freqüentemente assintomática, caracterizada pela presença de osso maduro no interstício ou espaço alveolar. Usualmente é um achado incidental em necropsias, sendo incomum seu reconhecimento durante a vida. A OPD acomete geralmente homens a partir da sexta década de vida e se apresenta sob duas formas principais: dendriforme e nodular. A primeira caracteriza-se pela localização predominantemente intersticial, fibrose do parênquima adjacente e presença de medula óssea; a forma nodular ocorre com maior freqüência em pacientes portadores de doenças cardíacas e usualmente não se evidencia medula óssea ao exame anatomopatológico. A OPD se associa com uma série de enfermidades pulmonares e/ou sistêmicas, tais como fibrose pulmonar idiopática, outras doenças fibrosantes do pulmão, estenose mitral e hipertensão pulmonar, insuficiência renal crônica, entre outras. Postulou-se que a doença pode representar uma forma peculiar de reparação do parênquima pulmonar a certas injúrias. Sabe-se que um ambiente anóxico tem potencial para promover metaplasia de fibroblastos em osteoblastos, tornando possível a transição de colágeno para matriz óssea. No entanto, a fisiopatologia da OPD ainda não está elucidada por completo. Objetivos: Relata-se o caso de um paciente do sexo masculino, 77 anos, comerciante aposentado, não tabagista, que se apresentava com história de dispnéia progressiva e emagrecimento de cerca de 10kg recentemente. Métodos: Paciente submeteu-se a propedêutica com radiografia de tórax, tomografia computadorizada de alta resolução, fibrobroncoscopia com coleta de lavado broncoalveolar, biópsia transbrônquica, espirometria com prova broncodilatadora e biópsia pulmonar a céu aberto. Resultados: À radiografia de tórax havia inúmeros e pequenos nódulos difusos de conteúdo cálcico, bilateralmente, predominando nos campos pulmonares inferiores. A tomografia computadorizada de alta resolução do tórax evidenciou sinais de comprometimento parenquimatoso bilateral, caracterizado pela presença de micronódulos em grande número calcificados, distribuídos de forma simétrica nas regiões corticais e subpleurais dos pulmões. Observou-se espessamento importante dos septos interlobulares. A Fibrobroncoscopia não apresentou alterações. Os resultados da biópsia transbrônquica foram inconclusivos e o lavado broncoalveolar não demonstrou presença de microorganismos. Paciente foi submetido então à biópsia pulmonar a céu aberto, onde se verificou fibrose intersticial além de extensas áreas de metaplasia óssea. Firmou-se diagnóstico de Ossificação Pulmonar Difusa. Conclusão: A OPD é uma doença com fisiopatologia pouco compreendida, sem tratamento específico e prognóstico desconhecido, já que a maioria dos casos é diagnosticada em necropsias. Entretanto, seu reconhecimento torna-se importante. Com os avanços das unidades de terapia intensiva e das técnicas de ventilação mecânica, espera-se que ocorra um aumento da prevalência de doenças pulmonares crônicas na população. Sendo assim, o número de casos de ossificação pulmonar poderá se elevar.

PO004 atresia brônquica CONGÊNITA: RELATO DE TRÊS CASOS
De Oliveira MM, Campos LEM, Alves AC
Hospital Júlia Kubitschek, Belo Horizonte, MG, Brasil.
Palavras-chave: Atresia brônquica; Hiperinsuflação; Doenças pulmonares
Introdução: Atresia brônquica é uma anomalia congênita rara, benigna, que resulta da obliteração focal da luz proximal de um brônquio subsegmentar, segmentar ou lobar. No brônquio atrésico, por não haver comunicação com a árvore central, há acúmulo de secreções, levando ao desenvolvimento de mucocele. Caracteristicamente, há hiperinsuflação segmentar ou lobar adjacente, devido à ventilação alveolar pelos canais colaterais. Os pacientes portadores desta patologia são usualmente jovens, assintomáticos ou oligossintomáticos. Podem apresentar chieira, tosse, dor torácica e infecções respiratórias recorrentes. Há discreta predominância pelo sexo masculino. Os aspectos radiológicos são altamente sugestivos do diagnóstico. O brônquio preenchido por muco (broncocele) é visto como opacidade irradiando do hilo e envolvida por área de hipertransparência ao Rx. Estes aspectos são mais claramente definidos pela tomografia computadorizada, exame de escolha para o diagnóstico. Fibrobroncoscopia é necessária para excluir obstrução brônquica proximal por tumor ou corpo estranho. Tem se mostrado pouco elucidativa para o diagnóstico da atresia brônquica. O tratamento é conservador em quase totalidade dos casos, sendo a cirurgia reservada para pacientes com complicações associadas como episódios recorrentes de infecção ou sangramento. Objetivos: Relatamos três casos de Atresia Brônquica Congênita (ABC), enfatizando os aspectos clínicos e de imagem. Métodos: Pacientes atendidos pelo ambulatório de Pneumologia do Hospital Júlia Kubitschek no período de 2005 e 2006. Foram submetidos à propedêutica com radiografia de tórax, tomografia computadorizada, espirometria e fibrobroncoscopia. Resultados: Caso 1: Paciente do sexo feminino, 37 anos, tabagista 30 anos/maço, com relato de dispnéia grau I iniciada há 8 meses, após episódio de infecção pulmonar. Radiografia de tórax evidenciou imagem nodular em LSD associada a hipertransparência do parênquima adjacente. TC de Tórax revelou atresia do segmento posterior do LSD e subsegmento basal posterior em LID. Fibrobroncoscopia inconclusiva. Havia distúrbio ventilatório obstrutivo em grau moderado à espirometria. Caso 2: Paciente do sexo feminino, 49 anos, não tabagista, assintomática, encaminhada para avaliação de nódulo pulmonar solitário. Exames de imagem evidenciaram atresia do segmento apical do LSD. Caso 3: Paciente do sexo masculino, 21 anos, assintomático até 2003, quando apresentou pneumotórax espontâneo a esquerda. Observou-se extensa área de hiperinsuflação em pulmão esquerdo com visualização de broncomucocele à tomografia computadorizada. Fibrobroncoscopia não apresentou alterações e espirometria evidenciou leve distúrbio ventilatório restritivo. Cintilografia perfusional demonstrou ausência de perfusão em LSE. Firmado diagnóstico de Atresia Brônquica Congênita em LSE. Conclusão: O diagnóstico de ABC pode ser confirmado pelos métodos de imagem, especialmente através dos achados à tomografia computadorizada de mucocele e área pulmonar circundante de baixa atenuação, perfusão e aprisionamento expiratório. Freqüentemente apresenta-se como um achado incidental ao Rx de tórax. O conhecimento desta patologia é de fundamental importância, pois trata-se de uma anomalia rara e benigna, que em geral dispensa o uso de métodos propedêuticos invasivos ou condutas cirúrgicas.

PO005 Swyer James MacLeod - relato de caso
Kill Leal Martins RC, Mendes S, Azevedo MDSC
HRT, Brasília, DF, Brasil.
Palavras-chave: Swyer James MacLeod; Enfisema; Hipertransparência
Introdução: A síndrome de Swyer James MacLeod conhecida também por enfisema pulmonar unilateral é uma patologia pouco freqüente, com apresentação radiológica bem característica de hipertransparência pulmonar geralmente unilateral, podendo acometer um lobo ou segmento, acompanhada de hipoperfusão pulmonar e aprisionamento aéreo. A fisiopatologia não é definida, mas acredita-se ser conseqüente a infecção pulmonar, principalmente viral ocorrida na infância com bronquiolite aguda progredindo com destruição da camada mucosa e obstrução luminal dos brônquios e bronquíolos. As manifestações clínicas são variáveis, desde pacientes assintomáticos até infecções respiratórias de repetição. Objetivos: Relato de caso de paciente com Síndrome de Swyer James MacLeod. Métodos: Paciente de dezenove anos, solteiro, açougueiro, segundo grau incompleto. Referia ser portador de asma brônquica e hipertensão arterial sistêmica; apresentou quadro de pneumonia grave aos doze dias de vida, permanecendo internado por cerca de 1 mês. Admitido em fevereiro de 2006 no Hospital Regional de Taguatinga com quadro de dispnéia aos mínimos esforços, com piora há uma semana. A radiografia de tórax (03/08/2005) nas fases inspiratória e expiratória evidenciou hipertransparência em hemitórax direito predominando nos dois terços inferiores, associada à pobreza vascular pulmonar, redução do calibre da artéria pulmonar direita e aprisionamento aéreo, achados confirmados na tomografia de tórax. A espirometria de marco de 2005 mostrou distúrbio ventilatório obstrutivo moderado sem resposta ao broncodilatador (VEF1 = 52% após BD, CVF = 75% após BD E FEF 25%-75% = 24%. Resultados: Síndrome de Swyer James MacLeod. Conclusão: O quadro clínico varia desde pacientes assintomáticos a infecções respiratórias de repetição; a tomografia de tórax é o método diagnostico de escolha; o prognóstico é bom.

PO006 manifestações pulmonares DA doença DO refluxo gastroesofágico
Henry MACA1, Cataneo DC2, Pereira RSC3, Lerco MM4, De Oliveira WK5, Cataneo AJM6
1,4,5. Serviço de Gastroenterologia Cirúrgica do HC da Faculdade de Medicina de Botucatu - UNESP, Botucatu, SP, Brasil; 2,6. Serviço de Cirurgia Torácica do Hospital das Clínicas da Faculdade de Medicina de Botucatu - UNESP, Botucatu, SP, Brasil; 3. Curso de Pós-Graduação em Bases Gerais da Cirurgia - Faculdade de Medicina de Botucatu - UNESP, Botucatu, SP, Brasil.
Palavras-chave: Tosse; Asma; Refluxo gastroesofágico
Introdução: A doença do refluxo gastroesofágico (DRGE) constitui importante afecção do trato gastrointestinal tendo em vista sua elevada e crescente incidência, exuberância dos sintomas e gravidade das complicações. Esta doença pode se manifestar através de sintomas típicos, atípicos e extra-esofágicos. Dentre eles, as manifestações pulmonares ocupam posição de destaque, pois comprometem a qualidade de vida de seus portadores. Objetivos: O objetivo deste trabalho é analisar os aspectos clínicos de portadores de DRGE com sintomas pulmonares e o impacto da cirurgia anti-refluxo na evolução dos sintomas. Métodos: Análise retrospectiva dos prontuários de pacientes portadores de sintomas respiratórios da DRGE, com ênfase no sexo, idade, sintomas extrapulmonares, manometria esofágica, tratamento clínico, cirurgia realizada, remissão dos sintomas no pós-operatório. Resultados: Dos 170 pacientes com DRGE, 12 apresentavam queixas pulmonares (7%). Destes, eram 7 mulheres e 5 homens, com idade variando entre 17 e 59 anos (x = 34). Todos apresentavam pirose relacionada à ingestão de frutas cítricas, alimentos condimentados, frituras e café. Além da queixa digestiva, 9 apresentavam tosse crônica, 1 crises asmáticas desde a infância e 2 tosse associada a crises asmáticas. A manometria esofágica demonstrou pressão média no esfíncter inferior do esôfago de 8,60mmHg (normal: 14 a 34mmHg) e no superior de 63,3mmHg (normal: 60 a 94mmHg). A endoscopia digestiva alta revelou hérnia hiatal por deslizamento associada à esofagite de graus variáveis em todos os pacientes. O tratamento clínico com inibidores da bomba de prótons acarretou melhora significativa dos sintomas digestivos, porém os respiratórios permaneceram inalterados. Tal fato levou a indicação de cirurgia, tendo sido realizada hiatoplastia, associada a fundoplicatura total videolaparoscópica em todos os pacientes. O seguimento pós-operatório (8 meses a 5 anos) revelou remissão total dos sintomas digestivos em todos os pacientes. Quanto aos sintomas respiratórios, 11 pacientes apresentaram remissão total e 1 deles melhora da tosse. Conclusão: A fundoplicatura total constitui excelente opção terapêutica para os portadores da DRGE com sintomas respiratórios.

PO007 síndrome DE Swyer-James-MacLoad
Rios PB, Rabahi MF, Carmo Moreira MA, De Castro Antonelli Monteiro de Queiroz MC, Schwartz Tannus Silva DG
Hospital das Clínicas - Universidade Federal de Goiás, Goiânia, GO, Brasil.
Palavras-chave: Swyer-James-MacLoad; Pulmão hiperlucente; Bronquiectasias
Introdução: A síndrome de Swyer-James-McLoad é considerada uma doença incomum caracterizada por pulmão hiperlucente unilateral devido a hipoplasia de artéria pulmonar ipsilateral e hiperinsuflação, com presença de bronquiectasias no pulmão afetado. Objetivos: O objetivo do trabalho é relatar um caso da síndrome de Swyer -James -MacLoad em uma mulher de 42 anos. Métodos: Paciente, 42 anos, sexo feminino, casada, doméstica, natural de Itapirapuã - GO, procedente de Goiânia-GO, recebeu o diagnóstico em maio/2006 no Hospital das Clínicas - UFG (HC-UFG). Resultados: Paciente atendida no ambulatório com história de há 4 meses ter apresentado quadro de falta de ar súbita associada a chiado no peito. Negava dor torácica, tosse, expectoração ou hemoptise. Permanecia com dispnéia aos esforços e episódios de sibilância quando foi atendida no HC/UFG. Referia que há cinco anos começou a apresentar episódios ocasionais de "chieira no peito". Relatou quadro de "bronquite" e sarampo na infância e cirurgia devido a otite crônica bilateral. Ao exame físico eupnéica, FR: 20ipm, murmúrio vesicular diminuído em HTE e estertores crepitantes na base esquerda, sem outras alterações. Radiografia de tórax mostrou hipertransparência do pulmão esquerdo, com diminuição da trama vascular. Angiotomografia de tórax revelou falha de enchimento no tronco da artéria pulmonar sem contraste da artéria pulmonar esquerda. TCAR de tórax em inspiração e expiração o pulmão esquerdo estava com volume reduzido; observou-se pobreza vascular, aprisionamento aéreo e bronquiectasias predominando no lobo inferior esquerdo; pulmão direito sem anormalidades. Arteriografia pulmonar mostrou desproporção acentuada entre o ramo direito da artéria pulmonar e o esquerdo que se encontrava diminuído de calibre. Não havia evidência de trombo intravascular e as pressões estavam normais em câmaras direitas. Broncoscopia não mostrou anormalidades. Conclusão: Infecção do trato respiratório inferior na infância, principalmente infecção por pertussis, está implicada na patogênese dessa doença, embora em muitos casos o paciente não relate infecção de vias aéreas. Neste caso a paciente referiu episódio de "bronquite" na infância, o que pode ser o fator relacionado à etiologia da síndrome. Geralmente a síndrome é assintomática e é descoberta acidentalmente em uma radiografia de tórax realizada por outro motivo. No entanto pode se manifestar com infecções recorrentes nas áreas de bronquiectasias, abscesso pulmonar e pneumotórax espontâneo. Portanto em pacientes com essas manifestações associadas ao achado radiológico de pulmão hiperlucente deve-se suspeitar da Síndrome Swyer-James-MacLoad.

PO008 A DISCUSSÃO DE BIOÉTICA E ÉTICA MÉDICA NOS Programas DE residência médica EM Pneumologia NO Brasil
Sousa EG1, Dantas F2, Jardim JR3
1. Faculdades Metropolitanas Unidas, São Paulo, SP, Brasil; 2,3. UNIFESP, São Paulo, SP, Brasil.
Palavras-chave: Bioética; Ética médica; Residência médica
Introdução: 80.281/77 e da Lei 6.932/81, que determinam a supervisão dos Residentes por profissionais de elevada qualificação ética e profissional. Portanto, os preceptores e supervisores destes programas devem possuir estas competências para orientá-los nas questões relacionadas com a Bioética e a Ética Médica. Desde dezembro de 2002, é obrigatória a inclusão de temas de Bioética e Ética Médica nas atividades teórico-complementares dos programas credenciados pela Comissão Nacional de Residência Médica (CNRM), sob pena de cancelamento dos mesmos. Nestas atividades estão incluídas as sessões anátomo-clínicas, discussão de artigos científicos, sessões clínico-radiológicas, sessões clínico-laboratoriais, cursos, palestras e seminários.· A primeira referência sobre Ética, na Residência Médica, está contida no artigo 1º do Decreto n. Objetivos: Identificar as modalidades de discussão sobre Bioética e Ética Médica utilizadas nos programas de Residência Médica em Pneumologia. Métodos: Foram analisados os dados do Relatório de julho/2006 da CNRM sobre instituições, programas e número de vagas para a Residência Médica em Pneumologia - CNRM, que foram comparados com informações de artigos relacionados nas bases de dados MEDLINE/PubMed e LILACS. Resultados: Para o ano de 2006 estão sendo oferecidas 266 vagas para Residentes em Pneumologia, distribuídas entre 55 instituições de saúde credenciadas pela CNRM. A literatura sobre Bioética e Ética Médica refere a utilização de sessões ético-clínicas, estudos de caso, revisão de artigos e interpretação da legislação pertinente para abordagem dos temas éticos na Residência Médica. A realização de sessões ético-clínicas com apresentação de situações reais, vivenciadas pelos Preceptores e Residentes, tem sido recomendada pela maioria dos autores, complementadas pela exposição e discussão de temas éticos. Estas sessões devem ser programadas e coordenadas pelos preceptores, que deverão se responsabilizar pelo ensino da Bioética e da Ética Médica dentro da programação teórico-complementar da Residência Médica, contando com a assessoria de docentes em Ética/Bioética. Deverá ser estimulada a participação de outros profissionais, incluindo religiosos, advogados, profissionais de saúde envolvidos no caso, representantes dos Conselhos Regionais de Medicina, dentre outros. Tópicos como responsabilidade profissional, relacionamento com pacientes, colegas e membros da equipe de saúde, atestados médicos, omissão de socorro e sigilo médico devem ser incluídos. Conclusão: As sessões ético-clínicas representam um excelente procedimento de ensino para a discussão da Bioética e Ética Médica com os Residentes ao abordar situações vivenciadas durante a Residência Médica em Pneumologia.

PO009 comprometimento pleuropulmonar NO LES
Siqueira Briglia, M.F, Schettini RA, Carvalho RS, Briglia FS, Schettini DA
UFAM, Manaus, AM, Brasil.
Palavras-chave: Lúpus eritematoso sistêmico; Comprometimento pleuropulmonar; Prevalência
Introdução: O Lúpus Eritematoso Sistêmico (LES) é uma doença auto-imune levando a um processo inflamatório em vários sistemas orgânicos. Sua etiologia ainda não foi totalmente esclarecida, mas acredita-se que haja participação de múltiplos fatores: genéticos, imunológicos, ambientais e hormonais. É uma doença de distribuição universal, ocorrendo mais comumente em mulheres. O comprometimento pleuropulmonar é bastante observado nesta doença, tendo este uma importante influência na morbidade e mortalidade destes pacientes. Objetivos: Esta pesquisa teve como objetivo principal, quantificar a prevalência de comprometimento pleuropulmonar e a freqüência entre os tipos de acometimento nesta amostra de pacientes. Métodos: Este é um estudo descritivo, retrospectivo e transversal, em que foram analisados os prontuários de pacientes portadores de LES atendidos no Hospital Universitário Getúlio Vargas em Manaus/AM. São incluídos no projeto, pacientes com diagnóstico de LES baseado nos critérios do American College of Rheumatology, atendidos em rotinas dos serviços especializados de Reumatologia e Pneumologia, no período entre janeiro de 1999 a janeiro de 2004. Resultados: Foram analisados 59 casos de LES durante a pesquisa, sendo estes 55 do sexo feminino e 4 do sexo masculino. A maioria eram adultos jovens estando 88,1% entre a segunda e quarta década de vida. Nesta amostra foi observado comprometimento pleuropulmonar em 39% dos casos (23 pacientes). O tipo mais encontrado foi a pneumonia em 27,6% dos casos (12 pacientes), seguida pelo derrame pleural com 16,1% (7 casos). As outras formas foram em ordem decrescente de freqüência: pleurite - 6,9% (3), hipertensão pulmonar - 4,6% (2), pneumonia intersticial - 2,3% (1), hemorragia pulmonar - 2,3% (1), atelectasias laminares - 2,3% (1) e pneumotórax - 2,3% (1). Conclusão: O comprometimento pleuropulmonar é de grande significância na morbimortalidade dos pacientes portadores de LES, acometendo quase a metade destes. Nesta pesquisa, de um total de 59 pacientes, 23 apresentaram algum tipo de acometimento pulmonar ou pleural, o qual influenciou no prognóstico destes indivíduos, inclusive apresentando importante associação com o óbito. A forma de comprometimento pleuropulmonar mais encontrada foi a pneumonia, que no caso de pacientes portadores de LES, sua alta freqüência dentre os variados tipos de comprometimento, pode ser explicada pela imunodepressão causada pela doença de base que estes pacientes apresentam. Outra forma de manifestação pleuropulmonar que merece destaque é a pleurite que neste trabalho ficou em segundo lugar. Dos 23 pacientes que apresentaram comprometimento pleuropulmonar, 6 evoluíram a óbito, enquanto de 36 que não apresentavam comprometimento, apenas 1 evoluiu a óbito. Pode-se perceber que o comprometimento pleuropulmonar foi fator de risco importante para mau prognóstico nestes pacientes, sendo interessante destacar que dos 7 óbitos, 5 tiveram pneumonia como fator complicador, contribuindo para o óbito.

PO010 síndrome DE KARTAGENER - relato de caso
Soleiman LN, Risso TT, Bonfin DB, Santos LP
UNIFESP, São Paulo, SP, Brasil.
Palavras-chave: Kartagener; Discinesia ciliar; Bronquiectasia
Introdução: A Síndrome de Kartagener compreende: sinusite, bronquiectasias e situs inversus, representa a metade dos casos de discinesia ciliar primária, ou Síndrome do cílio imóvel, constituída por um grupo de doenças congênitas que apresentam falta de motilidade ciliar parcial ou total comprometendo o transporte mucociliar podendo resultar em infecções sinusais, e pulmonares de repetição além infertilidade masculina. Objetivos: ASC, feminina, 34 anos, branca, solteira, do lar, asmática desde os cinco anos, em tratamento irregular, com crises freqüentes de broncoespasmo, tosse produtiva, expectoração branco e amarelada diária, a maior parte do ano, há vários anos, além de obstrução nasal e episódios repetidos de rinossinusites. Métodos: Aos cinco anos de idade após varicela passou a ter infecções pulmonares e sinusites de repetição Foi submetida a cinco cirurgias otorrinolaringológicas. AF: uma irmã nasceu com problemas respiratórios e logo faleceu. Ao exame físico apresentava déficit cognitivo discreto, taquidispneica, com sibilos difusos e estertores crepitantes na base do hemitórax esquerdo. Saturação de oxigênio em ar ambiente de 88%. Tomografia computadorizada de tórax: dextrocardia, infiltrado micronodular principalmente nos lobos inferiores e bronquiectasias císticas no lobo inferior esquerdo. Tomografia de seios da face: Ausência de imagens de conchas médias, e trabeculado etmoidal bilateral e espessamento mucoso dos seios paranasais difusamente. Broncoscopia: secreção purulenta em ambos os pulmões. Biópsia brônquica: processo inflamatório crônico inespecífico A espirometria mostrou distúrbio ventilatório obstrutivo grave sem resposta ao broncodilatador e com redução da CVF. O VEF1 era de 0,53ml e 17%, o que contra-indicava procedimento cirúrgico. Realizou teste do degrau onde apresentou queda da saturação da oxihemoglobina de 92% para 77% no 6º minuto). Resultados: A discinesia ciliar primária é uma condição autossômica recessiva cuja causa é um defeito na ultra-estrutura ciliar com vários tipos de alterações, resultando em apresentações fenotípicas diferentes da doença, sendo, portanto uma síndrome altamente heterogênea e talvez por este motivo seja pouco diagnosticada. O achado de dextrocardia leva ao diagnóstico de S. de Kartagener, que pode ser feito ao nascer ou antes, intra-útero, já as bronquiectasias, podem desenvolver-se nos primeiros anos de vida, portanto nenhum indivíduo nasce com a tríade. O curso da doença é crônico com um prognóstico melhor que o da fibrose cística. O diagnóstico baseia-se na história clínica, estudos da motilidade ciliar, baixos níveis de óxido nítrico nasal, e microscopia eletrônica. Conclusão: Apesar dos avanços na elucidação das bases moleculares da discinesia ciliar, o diagnóstico continua em geral tardio.

PO011 manifestações pulmonares EM PACIENTE COM SÍNDROME DE MARFAN - relato de caso
Fonseca Oliveira RJ, Paisani DM, Macchione MC, Ybañez RA, Santos LP
UNIFESP, São Paulo, SP, Brasil.
Palavras-chave: Marfan; Pneumotórax; Manifestações pulmonares
Introdução: A síndrome de Marfan é uma doença autossômica dominante onde há mutação no gene que codifica a fibrilina 1 (principal componente da microfibrila extracelular). Tem prevalência de 1:3.000 a 10.000 hab e se caracteriza por manifestações pleomórficas em vários tecidos e órgãos (sistema ocular, esquelético, muscular, cardiovascular, pulmonar e pele). O acometimento pulmonar acontece em apenas 5% dos pacientes. Objetivos: Relatar achados pulmonares em paciente com síndrome de Marfan. Métodos: Relato de caso clínico. Resultados: SAS, feminino, 25a, leucoderma, solteira, secretária, natural e procedente de São Paulo/SP QP: "Falta de ar há 10 anos" HDA: Paciente refere que há 10 anos apresentou quadro de dispnéia súbita associado a dor torácica ventilatório dependente em hemitórax esquerdo, tendo procurado pronto-socorro onde foi submetida a drenagem torácica a esquerda, sendo diagnosticado "bolhas pulmonares". Evoluiu com piora da dispnéia e "aumento das bolhas" nestes últimos 10 anos. Há três meses apresentou quadro de internamento hospitalar em UTI, sendo posteriormente encaminhada para avaliação acerca de intervenção cirúrgica em Pulmão E. Antecedentes: - Asma brônquica desde a infância em uso de Combivent 4 a 6 vezes ao dia. - Otite crônica - Diagnóstico de Sind. de Marfan há 10 anos. - Irmão falecido há 06 anos com provável Sind. de Marfan. HV: - Nega tabagismo, etilismo e uso de droga ilícitas. Exame Físico EGB, taquipneica (FR = 20irpm), acianótica, anictérica, corada, hidratada AR: Tórax com abaulamento em região anterior com deformidades de arcos costais a esquerda. MV + e diminuído em todo HTE e em ápice de HTD, S/RA. ACV: RCR em 2T, BNF, com SSRT (+++/6+). FC: 92bpm TA: 100 x 70mmHg. Abdome: Plano, flácido, indolor, sem Visceromegalias e massas. RHA + Membros: Sem edemas. Exames laboratoriais HB: 15,6g% HT: 45% Leuco: 10.600 (2,68,3,0,18,9) TSH: 2,88 Gasometria arterial: -pH:7,41 HCO3: 23 pO2: 73 BE: -0,4 pCO2: 36 SO2: 94,5% Radiografia de tórax com grande bolha em pulmão esquerdo TC de tórax com grandes bolhas em todo pulmão esquerdo. Conclusão: A síndrome de marfan se caracteriza com as seguintes manifestações clínicas: - Estatura desproporcional a envergadura - Crescimento excessivo das costelas com depressão ou abaulamento do esterno - Frouxidão articular e ligamentar - Desenvolvimento da musculatura deficiente. - Luxação do cristalino - Glaucoma e catarata - Aneurisma de aorta ascendente e prolapso da valva mitral As manifestações Pulmonares mais freqüentes são pneumotórax espontâneo e bolhas pulmonares apicais. Diagnóstico é clínico e deve ser realizado o mais precocemente possível O tratamento deve incluir acompanhamento com oftalmologista, prevenção de lesões ósseas e tratamento cirúrgico de complicações cardiovasculares e pulmonares.

PO012 HEMOPTISE POR fístula ARTERIOVENOSA PULMONAR
Rabelo LM1, Faoro C2, Marthynychen MG3, De Carli AM4, De Barros DH5, Odanese Pacheco RA6
1. Hospital de Clínicas, Curitiba, PR, Brasil; 5. Hospital de Clínicas - UFPR, Curitiba.
Palavras-chave: Malformação arteriovenosa; Hemoptise; Embolização
Introdução: Malformações arteriovenosas (MFAV) são geralmente assintomáticas na infância e se manifestam na terceira ou quarta décadas de vida. Sintomas mais comuns: dispnéia (30 a 70%), platipnéia, ortodeoxia, hemoptise (15%), epistaxe, ataque isquêmico transitório- AIT (57%) e acidente vascular cerebral - AVC (18%). Alguns sinais como: baqueteamento digital, cianose, telangectasias cutâneo-mucosa e policitemia podem ocorrer. O tratamento consiste na remoção cirúrgica do segmento pulmonar comprometido ou embolização da malformação. A taxa de mortalidade das MFAV é cerca de 10%, sendo 2/3 destas mortes por complicações em sistema nervoso central, principalmente em pacientes com cianose e policitemia. Objetivos: Relatar o caso de uma paciente com MFAV em lobo médio e inferior direito manifestada com hemoptise de grande volume e tratada com embolização desta MFAV. Métodos: Relato de caso. Resultados: Relatamos um caso de uma mulher, 19 anos, previamente hígida, internada por quadro de hemoptise de início há 24hs (4 episódios), cerca de 200ml de volume total. Negava febre, dor torácica ou dispnéia. Ao exame clínico se apresentava com discreta palidez cutâneo-mucosa, PA = 110/70mmHg, P = 96bpm, T = 36.8 C, FR = 20, rinoscopia e orofaringe sem alterações, CPP = murmúrio vesicular presente e simétrico, presença de estertores de médias e finas bolhas em base pulmonar direita. Rx de tórax sem alterações. Tomografia de tórax mostrou imagens em vidro fosco em lobo médio direito e "árvore em brotamento" em lobo médio e inferior direito sugerindo secreção bronquiolar. A fibrobroncoscopia mostrava sangramento ativo vermelho rutilante proveniente de brônquio de segmento inferior de lobo inferior direito. A Arteriografia identificou presença de volumosa fístula arteriovenosa nutrida por artéria do lobo médio e inferior direito. No mesmo procedimento foi realizada embolização da fístula com interrupção imediata do sangramento. Após 72 horas, a paciente recebeu alta em bom estado geral, prescrito apenas sulfato ferroso via oral. Após 30 dias retornou com angiotomografia de controle normal e melhora da anemia. Conclusão: As MFAVs pulmonares manifestam-se geralmente na terceira ou quarta década de vida, principalmente com dispnéia e hemoptise, podendo se manifestar também com sintomas neurológicos (AIT ou AVC). No caso de hemoptise de grande volume, faz-se necessária a intervenção com fibrobroncoscopia objetivando a localização e o controle do sangramento, sendo a confirmação diagnóstica de MFAV com arteriografia pulmonar. O tratamento pode ser realizado com remoção cirúrgica do lobo comprometido ou embolização da MFAV, a qual, além de efetiva, apresenta menor chance de complicações.

PO013 SARCOIDOSE E VIH
Felizardo MM, Aguiar M, Fernandes J, Mendes AC, Doroana M, Soutto-Mayor R, Antunes F, De Almeida AB
Hospital de Santa Maria, Lisboa, Portugal.
Palavras-chave: Sarcoidose; VIH; Portugal
Introdução: A associação entre Sarcoidose e VIH é rara e coloca aos clínicos desafios diagnósticos e terapêuticos. Os linfócitos CD4 desempenham o ponto central entre ambas, contudo com apresentações opostas. Objetivos: Demonstrar a rara associação sarcoidose/VIH e os problemas diagnósticos/terapêuticos que esta associação levanta. Métodos: Caso Clínico: Os autores apresentam o caso de um doente de sexo masculino, 41 anos, raça negra, natural da Guiné Bissau e residente em Portugal há 15 anos, não fumador. Infecção por VIH 1 diagnosticado em 1997, feito no contexto de síndrome mononucleósica na altura com CD4 de 431 cel/mL e carga viral de 219.330 cópias/mL. Iniciou HAART na mesma altura. Associada à terapêutica instituída desenvolveu Diabetes Mellitus tipo II e alteração das provas de função hepática. Em Agosto de 2005 iniciou quadro de lesões cutâneas papulares irregulares, não pruriginosas na face, pescoço e membros superiores com emagrecimento não quantificado, cansaço/dispnéia de esforço e tosse seca. Analiticamente verificou-se ECA de 90, agravamento da função hepática (TGO 55, TGP 88, FA 168 e GGT de 367), a relação de CD4/CD8 era de 475/445 (1,06). A biópsia cutânea realizada mostrou granulomas sarcoides nos 2/3 superiores da derme. A TC torácica mostrou adenopatias mediastínicas e padrão micronodular com envolvimento pulmonar dos vértices às bases. As provas de função respiratória mostraram uma DlCO/VA de 77/80 com volumes pulmonares normais. Realizou broncofibroscopia que revelou uma relação CD4/CD8 de 4,5 no lavado broncoalveolar. A biópsia pulmonar transbrônquica a presença de granulomas epitelióides não necrotizantes. A biópsia hepática mostrou necrose hepática focal, sem granulomas. Foram feitas culturas de Lowenstein negativas. O doente iniciou terapêutica com prednisolona 40mg/dia com melhoria clínica imediata, contudo com descompensação diabética e hepática. Manteve-se a terapêutica com corticóides, em doses mais baixas, dada a melhoria clínica e foi feito um controle analítico apertado. Após 4 meses de terapêutica, o doente manteve-se assintomático e constatou-se uma resolução quase completa das adenopatias mediastínicas e uma diminuição franca do padrão micronodular. Resultados: Discussão: Neste caso embora a biópsia cutânea tenha feito o diagnóstico de sarcoidose, a relação CD4/CD8 no lavado comparativamente àquela apresentada no sangue periférico confirmou o diagnóstico de Sarcoidose activa, como causa das alterações pulmonares. A associação Sarcoidose-VIH é rara e neste caso colocou ainda mais problemas terapêuticos face às patologias associadas. Conclusão: Este caso ilustra a necessidade de incluir a Sarcoidose no diagnóstico diferencial de doente com HIV sob HAART e com patologia pulmonar. A raridade desta associação ilustra um caso imunologicamente paradoxal.

PO014 relato de caso - MICROLITÍASE alveolar PULMONAR
Pereira EDB1, Camara P2, Ferreira Pinheiro VG3, Cezar L4, Maciel G5
1,2,5. Universidade Federal do Ceará, Fortaleza, CE, Brasil; 3. Universidade Federal do Ceará, Fortaleza, CE, Brasil; 4. Universidade Federal, Fortaleza, CE, Brasil.
Palavras-chave: Microlitíase; Dispnéia; Alveolar
Introdução: Microlitíase Alveolar Pulmonar é uma doença rara de etiologia desconhecida caracterizada pela presença de cálculos difusos localizados nos alvéolos. A incidência é similar em todos os continentes, em ambos os sexos e maior entre 20 a 50 anos. Clinicamente, os pacientes são assintomáticos até que a doença esteja avançada. Os sintomas iniciais consistem em tosse não produtiva e dispnéia de esforço evoluindo gradualmente para insuficiência respiratória, cor pulmonale e culminar em morte. Objetivos: Objetivo: Relatar um caso de uma paciente com calcificação intensa do parênquima pulmonar, tendo resolução da gravidez sem intercorrências. Métodos: Estudo retrospectivo, através de revisão do prontuário, do caso de uma paciente internada na enfermaria da pneumologia do Hospital das Clínicas Walter Cantídio em janeiro de 2006. Resultados: MVP, 26 anos, procurou serviço médico em 2005 com um quadro de dispnéia aos grandes e médios esforços acompanhada por sibilância há 11 anos. A dispnéia progrediu para mínimos esforços, sendo associada a tosse produtiva com secreção esbranquiçada e, às vezes, amarelada. Refere acordar à noite com dispnéia há 5 anos. Ainda relata perda auditiva bilateral mais à esquerda de início gradual desde 10 anos. Nega qualquer caso semelhante ao seu na família. O exame físico da admissão era normal, exceto pelo baqueteamento digital e unhas em vidro de relógio. Na ausculta pulmonar, foi encontrado murmúrio vesicular universal com crepitações finas bibasais. A tomografia computadorizada de tórax de alta resolução evidenciou um comprometimento bilateral com áreas de densidade óssea difusamente, poupando o terço superior de ambos pulmões. No teste da caminhada, foi evidenciada uma importante limitação cardiopulmonar com dessaturação significativa. A paciente evoluiu com dependência de oxigênio, apresentando dessaturação pela oximetria e cianose aos mínimos esforços. Em janeiro de 2006, paciente retornou ao hospital, estando com uma gravidez de 27 semanas. Realizaram-se ultra-som obstétrico e cardiotocografia que foram considerados normais. Com aproximadamente 33 semanas de gestação, foi feita a administração de dexametasona e, após dois dias, realizaram uma cesariana eletiva. Recém-nascido do sexo feminino, pré-termo, AIG, peso de 1960g e 42cm, PC 31,5cm, APGAR 8/9. Foi encaminhada para UTI neonatal, apresentando leve desconforto respiratório e icterícia. Mãe e filha receberam alta hospitalar sem maiores intercorrências. Conclusão: Paciente, portadora de calcificação pulmonar difusa, levou adiante uma gravidez sem intercorrências.

PO015 OSCE ADAPTADO COMO MÉTODO DE avaliação DA Disciplina de Pneumologia E Cirurgia torácica da Universidade Federal do Ceará
Ferreira Pinheiro VG, Jr JLX, Araújo GIB, Ramalho JM, Carvalho RF, Viana RG, Pilla ES
Universidade Federal do Ceará, Fortaleza, CE, Brasil.
Palavras-chave: Avaliação competências; Ensino pneumologia; Avaliação
Introdução: O uso de OSCEs (Objective Structured Clinical Examinations) têm sido cada vez mais utilizados como formas de avaliação quantitativa de competências no ensino médico. Em seu formato original o aluno roda por um circuito de estações preparadas para a avaliação de competências específicas. Paciente reais ou simulados podem ser utilizados para avaliação de habilidades clínicas como execução de exame físico e de comunicação como a abordagem de temas específicos. Em nossa realidade torna-se pouco exequível a avaliação com utilizando tais tipos de pacientes, mas as simulações clínicas criativas podem ser tentadas com a vantagem de uniformizar a avaliação prática. Objetivos: Apresentar uma adaptação do OSCE (Gincana) como instrumento de avaliação prática dos alunos na Disciplina de Pneumologia e Cirurgia Torácica. Métodos: O OSCE adaptado consiste em dez estações abordando casos clínicos associados a exames complementares, como gasometria arterial, espirometria e exames de imagem para interpretação dos alunos. Os estudantes são avaliados em grupos de dez. Cada aluno permanece 90 seg em cada estação, e registra sua resposta em folha numerada conforme a estação. A formulação das questões observa as competências e habilidades que se pretende avaliar. É exigido do aluno, de modo geral, a interpretação dos exames, a elaboração de hipóteses diagnósticas e a sugestão de condutas terapêuticas. Resultados: O OSCE adaptado como método de avaliação foi considerado bom ou excelente em 68,7% dos alunos quanto a sua adequação ao conteúdo; em 65,6% quanto ao tempo disponibilizado para resposta e em 57,8% quanto a clareza e objetividade do enunciado. Conclusão: Esse método é uma alternativa eficiente de avaliação de competências proposta pela disciplina de Pneumologia e Cirurgia Torácica, contando com a aprovação de estudantes, contudo necessita ser aprimorado e no futuro ser realizado em Laboratório estruturado como o que está sendo construído na Faculdade de Medicina da Universidade Federal do Ceará.

PO016 CRIAÇÃO DE UM SITE DE Pneumologia E Cirurgia torácica COMO FERRAMENTA DIDÁTICA DA DISCIPLINA
Ferreira Pinheiro VG, Viana RG, Teixeira CRC, Jr JLX, Almeida MA, Lima AB
Universidade Federal do Ceará, Fortaleza, CE, Brasil.
Palavras-chave: Ensino; Informática em saúde; Site pneumologia
Introdução: A internet representa uma ferramenta poderosa no processo de educação médica que começa a ser explorado nas Faculdades de Medicina. Baseado na necessidade de ágil comunicação, constante atualização e acessibilidade ao material bibliográfico adequado, decidiu-se criar um site da Disciplina de Pneumologia da Faculdade de Medicina da UFC. O site foi construído de forma a servir como uma ferramenta de extensão do ensino com a proposta de interação permanente com o aluno que participa ativamente através de sugestões, enquetes, contato facilitado com os professores, utilização de bibliografia e demais informações relacionadas à disciplina. Objetivos: Apresentação do site da Disciplina de Pneumologia da UFC criado pelos monitores e avaliação de sua utilização pelo corpo discente durante seu processo de aprendizagem. Métodos: O site é apresentado em várias páginas, sendo bastante interativo. Há enquetes, aulas, banco de imagens, plano de ensino da disciplina, informações sobre professores e monitores, área de sugestões, curiosidades, material didático selecionado para download e links para páginas médicas. A avaliação do uso do site pelos alunos foi feita através de questionário auto administrado, simplificado constituído com respostas sobre uso da internet, confirmação de visita ao site e opinião sobre uso da internet na educação superior. Resultados: Verificamos que 81,25% dos 64 alunos da turma 2006.1 usaram regularmente a internet e 12,50% as vezes; 70,31% visitaram o site e 91,67% consideraram que a internet ajuda o ensino. Conclusão: A criação do site mostrou-se uma excelente ferramenta didática de apoio a Disciplina de Pneumologia da UFC. Os alunos foram quase unânimes ao afirmarem que o site ajuda no ensino. Este trabalho demonstrou o potencial uso de sites didáticos no processo de educação e a necessidade da Universidade desenvolver novas estratégias a fim de acompanhar o ritmo
acelerado da atual evolução tecnológica.

PO017 JUCA CAJUZINHO E SEU PLANO DE controle da asma - CARTILHA EDUCATIVA COM FOCO REGIONAL - LIGA do pulmão - UFC
Ferreira Pinheiro VG, Chaves WL, Maciel G, Jr JLX, Almeida MA, Silveira LG, Jr JF, Teixeira CRC
Universidade Federal do Ceará, Fortaleza, CE, Brasil.
Palavras-chave: Educação; Asma; Controle da asma
Introdução: A Asma é uma doença inflamatória crônica de alta prevalência que poderia ser perfeitamente controlável se observados cuidados básicos. Estima-se que na América Latina apenas 5% da população de asmáticos esteja com sua doença controlada. A educação dos pacientes e familiares no caso da Asma, assim como o controle ambiental é um elemento crucial no manejo da doença. Ocorre que a maior parte das informações disponibilizadas aos pacientes não são entendidas possivelmente porque abordam elementos que não fazem parte do dia a dia de nossa população dificultando a disseminação das informações. O Brasil é um país de grandes diferenças regionais tanto nas condições geográficas, climáticas quanto culturais. Os programas de educação em Asma precisam contemplar essas diferenças a fim de alcançar seus objetivos. Objetivos: Elaboração de uma cartilha sobre a Asma e o seu controle em linguagem regional bastante simplificada acessível a população do nosso estado que possa ser utilizada na rotina das unidades de saúde do estado do Ceará. Métodos: O texto foi baseado no III Consenso Brasileiro de Asma- capítulo Educação em Asma. O conteúdo, a forma de apresentação e as ilustrações foram idealizadas e confeccionadas dentro de um enfoque regional pelos acadêmicos integrantes da Liga do Pulmão da Universidade Federal do Ceará. JUCA CAJUZINHO, mote da cartilha foi escolhido como forma de chamar a atenção da população uma vez que nosso principal produto identifica o estado do Ceará. Resultados: Cartilha do Juca Cajuzinho e seu plano de controle da Asma. Conclusão: A educação é fundamental para o sucesso do controle da asma, tendo um impacto positivo na mudança comportamental frente à doença. Espera-se que a cartilha possa ser distribuída em todas as unidades de saúde de nosso estado e que as informações apresentadas em linguagem atrativa pelo mote regionalista possa desmistificar a doença e facilitar a compreensão da população sobre a doença e de que é possível seu controle.

PO018 ANEURISMA PULMONAR NA doença DE BEHÇET
Perez Rabelo AC1, Porcaro E2, Junior GC3
1. Hospital Júlia Kubtschek, Belo Horizonte, MG, Brasil; 2,3. Hospital Júlia Kubitschek, Belo Horizonte, MG, Brasil.
Palavras-chave: Behçet; Aneurisma pulmonar; Vasculite
Introdução: A Doença de Behçet é uma síndrome vasculítica de causa desconhecida, caracterizada por úlceras orais e genitais recorrentes, manifestações oculares e acometimento adicional de múltiplos órgãos. O acometimento pulmonar ocorre em 1 a 18% dos casos e a lesão mais comum é o aneurisma de artéria pulmonar, que freqüentemente está associado a trombose pulmonar in situ. O processo patológico dessa lesão consiste em um infiltrado inflamatório na parede vascular, com acometimento da vasavasorum e conseqüente isquemia, necrose transmural e formação de aneurismas. A manifestação clínica mais comum é a hemoptise. A terapêutica inclui imunossupressão, embolização, anticoagulação e cirurgia. O tratamento de primeira linha é a imunossupressão com ciclofosfamida ou azatioprina, em associação a corticóide. Em alguns casos, pode-se obter o desaparecimento do aneurisma com esta terapia, mas no geral o prognóstico é reservado apesar do tratamento clínico ou cirúrgico. O aneurisma de artéria pulmonar é líder em mortalidade na doença de Behçet. Objetivos: Relatar o caso de paciente EFS, 28 anos, do sexo masculino, admitido no Hospital Júlia Kubitschek com quadro de dor torácica, dispnéia e hemoptise. Ele negou comorbidades, mas apresentou uma história de úlceras orais e genitais de repetição. RX de tórax evidenciou opacidade hilar direita. Métodos: O paciente foi submetido a angiotomografia de tórax que evidenciou aneurismas de artéria interlobar descendente, subsegmentar direita e tromboembolismo na artéria pulmonar esquerda. Foram realizadas biópsias de úlceras genital e oral, cujos exames anatomopatológicos evidenciaram vasculite de pequenos vasos, compatível com Behcet. Exame oftalmológico sem alterações. Resultados: Paciente recebeu o diagnóstico de Doença de Behcet e iniciou tratamento imunossupressor com prednisona 1mg/kg/dia e pulsos mensais de ciclofosfamida. Dias após o terceiro ciclo de ciclofosfamida, ele evoluiu com hemoptise maciça e foi a óbito. Conclusão: O aneurisma de artéria pulmonar é uma manifestação grave da Doença de Behcet, acomete principalmente homens jovens e freqüentemente abre o quadro da doença. É importante o reconhecimento da Síndrome de Behcet nestes casos, uma vez que a confusão com doença tromboembólica pulmonar e o tratamento anticoagulante sem o tratamento específico pode ser fatal. Estudos demonstram que a sobrevida cumulativa destes pacientes é de 57% e 39% em 1 e 5 anos, respectivamente. Não existe até o momento estudo controlado, randomizado que avalie as opções terapêuticas. As recomendações atuais são baseadas em estudos observacionais e não randomizados.

PO019 Aspiração DE SULFATO DE BÁRIO DURANTE EXAME CONTRASTADO DO ESÔFAGO
Schweller M, Araujo Guerra Grangeia T, De Capitani EM, Barbeiro AS, De Cerqueira EMFP, Bragagnolo Junior LA, Camargo MA, Rodstein MAM
UNICAMP, Campinas, SP, Brasil.
Palavras-chave: Sulfato de bário; Doença iatrogênica; Estenose esofágica
Introdução: O sulfato de bário é um sal pouco solúvel em água, e suas preparações são usadas com freqüência como meio de contraste para avaliação do trato digestivo superior. É considerado seguro devido a sua característica inerte, mas episódios ocasionais de aspiração durante o exame podem levar a conseqüências graves, como insuficiência respiratória aguda e, eventualmente, óbito. O risco é maior em pacientes idosos, debilitados, ou com doença pulmonar prévia. Objetivos: Relatar um caso de aspiração de sulfato de bário durante exame contrastado do trato digestivo superior em paciente com estenose cáustica de esôfago. Métodos: Paciente do sexo masculino, 59 anos. Resultados: Paciente com história de ingestão intencional de soda cáustica granulada há 3 anos. Evoluiu com disfagia e regurgitação de saliva, sendo indicada investigação do trato digestivo com esofagograma cerca de 3 meses após o episódio descrito. Teve engasgos e aspiração do contraste baritado logo no início do exame. Apesar de não apresentar sintomas respiratórios, apenas febre, recebeu antibioticoterapia para tratamento de suposta infecção pulmonar, com boa evolução. Endoscopia digestiva alta demonstrou estenose total de esôfago cervical, não havendo sucesso nas tentativas de dilatação endoscópica. Foi então encaminhado ao nosso serviço, sendo indicada esofagocoloplastia. Durante a avaliação pré-operatória foram realizados radiograma de tórax e tomografia de tórax de alta resolução, que mostraram imagens compatíveis com impregnação pulmonar por contraste baritado, sem mudanças em relação a exame radiográfico prévio, realizado 2 meses após o evento aspirativo. A espirometria evidenciou VEF1 2,72L (87%), CVF 3,78L (95%) e VEF1/CVF 72%. A gasometria arterial mostrou PaO2 de 84mmHg, PaCO2 de 34mmHg e saturação de O2 de 97,5%, em ar ambiente. O paciente foi submetido ao procedimento cirúrgico há 1 ano, com transposição do cólon em região retroesternal. Permanece em seguimento clínico, sem sintomatologia respiratória, mas devido à estenose de anastomose faringocólica, necessita de dilatações endoscópicas periódicas e aplicações locais de triancinolona. Conclusão: Até o momento, com 3 anos de evolução após o evento aspirativo, não foram observadas conseqüências funcionais da presença do material baritado nos pulmões.

PO020 PARESIA DIAFRAGMÁTICA BILATERAL EM PACIENTE COM lúpus eritematoso sistêmico (LES)
Schweller M, Araujo Guerra Grangeia T, Paschoal IA, Pereira MC, Camino AM, Balthazar AB, Macedo RF, Bragagnolo Junior LA
UNICAMP, Campinas, SP, Brasil.
Palavras-chave: Lúpus eritematoso sistêmico; Diafragma; Paralisia respiratória
Introdução: LES pode acometer qualquer componente do sistema respiratório. A paresia diafragmática com redução da expansão pulmonar (shrinking lung syndrome) é rara, sendo diagnóstico de exclusão em pacientes lúpicos com dispnéia e dor torácica. Radiologicamente apresenta-se com elevação diafragmática e, por vezes, atelectasias basais, sem doença parenquimatosa. Espirometria geralmente mostra defeito restritivo. Não há consenso sobre o tratamento, que na maioria dos casos é feito com corticosteróides ou outros imunossupressores, sendo freqüente a melhora dos sintomas. Há relatos de uso de digitálicos, metilxantinas e beta agonistas. Objetivos: Relatar um caso de paresia diafragmática bilateral em doente com LES. Métodos: Paciente do sexo feminino, 33 anos. Resultados: Apresenta história de poliartrite simétrica há 3 anos, em uso de prednisona 5mg/d e cloroquina. Há 1 ano houve piora do quadro, associada a emagrecimento e 2 episódios de pneumonia (sic). Evoluiu com febre, poliartralgia e lesões cutâneas. Apresentava dispnéia aos esforços, tosse, sem expectoração ou hemoptise, e dor torácica retroesternal. Estava em bom estado geral, taquicárdica (FC 120/min), taquipnéica (FR 26/min), ausculta cardiopulmonar normal e SpO2 97% em ar ambiente, sem respiração paradoxal. Iniciado Levofloxacin, com melhora da febre, porém manutenção das queixas respiratórias. Exames complementares com anemia (Hb 8,7g/dL) e leucopenia (Leucócitos 3200/mm3), proteína C reativa aumentada (5,68mg/dL), C3 e C4 consumidos (0,22 e 0,05g/L), FAN 1/1280 padrão homogêneo, anti-DNA 1/1280. Radiograma de tórax: elevação bilateral das cúpulas pulmonares e opacidade linear na base direita, sugestiva de atelectasia laminar. Ecocardiograma sem vegetações, derrame pericárdico, ou sobrecarga de câmaras direitas. Cintilografia V/Q revelava baixa probabilidade de tromboembolismo pulmonar agudo. À radioscopia observava-se mínima mobilidade diafragmática, bilateralmente. Espirometria com VEF1 1,07L (37%), CVF 1,17L (35%), VEF1/CVF 91%. As pressões inspiratória e expiratória máximas (PIM e PEM) foram -20cmH2O e 36cmH2O, respectivamente. Tomografia computadorizada de alta resolução de tórax sem acometimento de parênquima pulmonar. Feito diagnóstico de LES com paresia diafragmática bilateral, e iniciado tratamento com prednisona 60mg/d e digoxina 0,25mg/d. Houve melhora da dispnéia e das medidas de pressões estáticas, realizadas 5 meses após início do tratamento (PIM -150 e PEM 126). Contudo, a paciente manteve baixa amplitude de movimentos respiratórios à radioscopia e observou-se piora espirométrica, com VEF1 0,75L (25%), CVF 0,83L (24%) e VEF1/CVF 90%. Conclusão: Trata-se de caso de paresia diafragmática lúpica bilateral com comprometimento grave da função pulmonar e melhora parcial após tratamento.

PO021 insuficiência respiratória aguda ASSOCIADA A INGESTÃO DE L-triptofano
Araujo Guerra Grangeia T, Schweller M, Paschoal IA, Pereira MC, De Capitani EM, Zambon L, Camino AM, Bragagnolo Junior LA
UNICAMP, Campinas, SP, Brasil.
Palavras-chave: Triptofano; Insuficiência respiratória; Eosinofilia
Introdução: Na década de 80 foi descrita a Síndrome da Eosinofilia-Mialgia (SEM), relacionada à ingestão de L-triptofano. O acometimento pulmonar pode ser exclusivo, e varia de dispnéia leve a insuficiência respiratória grave. Não há critérios diagnósticos bem estabelecidos, havendo necessidade de dados clínicos, laboratoriais e histopatológicos. Devem ser excluídas outras causas de eosinofilia. O tratamento é baseado na suspensão da droga e no uso de corticosteróides, que permitem recuperação clínica e radiológica em mais de 80% dos pacientes. Objetivos: Relatar um caso clínico de insuficiência respiratória aguda associada à ingestão de L-triptofano. Métodos: Paciente do sexo feminino, branca, 61 anos. Resultados: Paciente apresentava história de 1 semana de febre e dispnéia que se iniciara 3 semanas após utilizar L-triptofano, hidroxitriptofano, fluoxetina e outras drogas devido insônia e depressão. Não relatava história de tabagismo ou doenças pulmonares prévias. Apresentava-se dispnéica, com saturação periférica de oxigênio (SpO2) de 91% em ar ambiente e crepitações grosseiras bilateralmente na ausculta pulmonar. Exames laboratoriais: leucocitose com eosinofilia (2670/mm3 - 16%) e aumento do VHS (120mm 1a hora). Radiograma de tórax e TC de tórax evidenciaram perda volumétrica, consolidações e desestruturação arquitetural do pulmão esquerdo e consolidações periféricas, espessamento intersticial interlobular e intralobular, vidro fosco e derrame pleural no pulmão direito. Lavado broncoalveolar mostrou freqüentes eosinófilos e células gigantes multinucleadas do tipo corpo estranho. Biópsia transbrônquica revelou presença de foco de reação granulomatosa incipiente não necrosante em região broncovascular, sem evidências de fungos ou bactérias em cultura. Toracocentese evidenciou líquido amarelo-citrino, compatível com exsudato eosinofílico (1960 leucócitos/mm3 - 47,5% neutrófilos, 25,5% linfócitos, 24,5% eosinófilos, 1% basófilos). Feita hipótese diagnóstica de insuficiência respiratória aguda associada a ingestão de L-triptofano (síndrome da eosinofilia-mialgia). Submetida a corticoterapia com metilprednisolona por 1 semana, ao término da qual apresentou grande melhora clínica, normalização da SpO2 e normalização radiológica. Recebeu tratamento de manutenção com doses decrescentes de prednisona por 4 meses. Conclusão: O quadro de insuficiência respiratória aguda associado à eosinofilia periférica e pulmonar, em um contexto no qual outras doenças eosinofílicas seriam menos prováveis, tornou possível estabelecer uma relação de nexo causal entre a doença aguda apresentada e a ingestão de L-triptofano. Assim, é importante que estejamos atentos para o surgimento de sintomas respiratórios nestes pacientes.

PO022 EFEITOS DA fisioterapia respiratória PRÉ-OPERATÓRIA EM PACIENTES CANDIDATOS A GASTROPLASTIA REDUTORA
Lapa MS1, Sena GL2, Squassoni SD3, Fiss E4
1,3,4. Faculdade de Medicina do ABC, Santo André, SP, Brasil; 2. Faculdade de Medicina do ABC, Santo André, SP, Brasil.
Palavras-chave: Obesidade mórbida; Fisioterapia respiratória; Reabilitação pulmonar
Introdução: A obesidade é uma doença que necessita de tratamento adequado e avaliação multiprofissional por envolver aspectos genéticos, sociais, hormonais, metabólicos, comportamentais, culturais e psicológicos. Com a obesidade pode ocorrer um comprometimento progressivo da função pulmonar, mesmo não havendo alteração do parênquima. Esse comprometimento pode envolver o tórax e o diafragma com conseqüentes alterações na função respiratória devido ao aumento do esforço respiratório e comprometimento do transporte dos gases. Objetivos: Avaliar a influência do atendimento ambulatorial de fisioterapia em pacientes obesos mórbidos no pré-operatório de gastroplastia em diferentes períodos de tempo (15, 30, 60 e 90 dias) e verificar se houveram mudanças na capacidade pulmonar após os exercícios, com a finalidade de propor a realização da fisioterapia pré-operatória. Métodos: Cinqüenta pacientes foram chamados para o estudo; destes, dezessete foram avaliados e apenas onze pacientes fizeram parte do estudo. O programa de fisioterapia consistia de um treinamento com exercícios de membros superiores, exercícios de membros inferiores associados ao padrão respiratório, caminhada ao ar livre e de um alongamento global no final. As atividades eram realizadas durante 90 dias três vezes por semana com duração de 40 minutos cada sessão. Resultados: A média de idade dos pacientes foi de 46,14 ± 10,66 anos e a média do IMC foi de 50,88 ± 8,24kg/cm². Houve uma melhora significativa na Pressão inspiratória máxima (Pimax) após 60 e 90 dias de fisioterapia respiratória. A mediana da Pimax inicial era -80 [(-40) - 110]cmH2O; após 30 dias, a média de Pimax foi de -100 ± 24,4 e, após 90 dias, -99 ± 26,2cm H2O (p < 0,05). Em relação à cirtometria xifóide, houve um aumento significativo após 90 dias de atividades: A mediana pré foi de 2,0 (1-5)cm e após 90 dias, passou para 3,0 (1-4)cm (p = 0,05), sugerindo que a expansibilidade torácica aumentou após a fisioterapia. O mesmo ocorreu com a respiração abdominal. A mediana de valores da cirtometria abdominal (Ctab) inicial foi -1,5 [(-3)-3]cm. Após 15 dias de um programa de exercícios respiratórios, houve uma melhora significativa da respiração paradoxal; a mediana da Ctab inicial era de 2 (1-3)cm e após 90 dias, o benefício se manteve positivo, ou seja, a mediana aumentou para 3 (2-3)cm. Conclusão: Apesar do número pequeno da amostra, a fisioterapia teve uma influência positiva no padrão respiratório dos pacientes obesos mórbidos após 15 dias de um programa de treinamento.

PO023 hemorragia alveolar DIFUSA ASSOCIADA AO USO DE propiltiouracil
Duque Pereira AL, Zanela VB, Lopes AJ, Capone D, Noronha AJ, Maeda TY, Jansen JM
Hospital Universitário Pedro Ernesto (HUPE), Rio de Janeiro, RJ, Brasil.
Palavras-chave: Vasculite pulmonar; ANCA; Propiltiouracil
Introdução: Em 1993, foram relatados os primeiros casos de vasculite auto-imune associada ao uso de propiltiouracil. Desde então, cerca de 30 casos foram descritos na literatura, a maioria deles apresentando quadros de hemorragia alveolar difusa e/ou insuficiência renal aguda associados com a presença de anticorpos anticitoplasma de neutrófilos (ANCA) com padrão perinuclear (ANCA-p). Objetivos: Exemplificar a possibilidade do desenvolvimento de vasculite associada ao uso de propiltiouracil, e sua associação com a presença do ANCA com padrão clássico (ANCA-c). Métodos: Relato de caso. Resultados: Paciente de 81 anos, em vigência de tratamento para hipertireoidismo com propiltiouracil há 1 mês, internada com quadro de hemoptóicos, hematúria e insuficiência renal aguda. Sua radiografia e tomografia computadorizada do tórax mostraram infiltrado pulmonar alveolar difuso, enquanto a radiografia de seios da face foi normal. Prova de função respiratória: distúrbio ventilatório obstrutivo leve, com difusão do CO ajustada para a hemoglobina sérica de 103% do teórico. Na broncofibroscopia não foi observado sítio de sangramento ativo, porém havia resquício de sangue em árvore brônquica. Durante a internação, a paciente evoluiu com piora progressiva da função renal, chegando a ter valor de creatinina sérica de 2,56mg/dl. Fator antinuclear não reagente, fator reumatóide negativo, ANCA-c reagente com título de 1/640. Devido a associação temporal entre o início do propiltiouracil e o desenvolvimento de vasculite sistêmica (síndrome pulmão-rim) foi imediatamente suspenso o uso desta medicação. Posteriormente, houve necessidade de administração de pulsoterapia com metilprednisolona, seguida de dose de manutenção de prednisona e ciclofosfamida oral. A paciente evoluiu com melhora clínica e radiológica, sem necessidade de métodos dialíticos. Após alguns meses apresentou complicações infecciosas relacionadas a imunossupressão, evoluindo para o óbito. Conclusão: Os autores enfatizam a possibilidade de hemorragia alveolar e até de síndrome pulmão-rim ser uma complicação associada ao uso do propiltiouracil. Nesses casos, o ANCA pode ser um marcador útil para detecção precoce da vasculite e descontinuação do medicamento, antes que outras medidas terapêuticas sejam tomadas.

PO024 síndrome DA DISCINESIA CILIAR, relato de caso E REVISÃO DA LITERATURA
Beneti R, Gonçalves RM, Da Rosa Júnior D
Universidade do Oeste Paulista, Presidente Prudente, SP, Brasil.
Palavras-chave: Bronquiectasias; Discinesia ciliar; Insuficiência respiratória
Introdução: A Síndrome da Discinesia Ciliar é uma entidade correlacionada com fatores hereditários, ambientais ou até pós-infecciosos, sendo causa descrita de bronquiectasias. Quando correlacionada a situs inversus e sinusopatia, caracteriza a Síndrome de Kartagener. Objetivos: Descrevemos o caso de um paciente atendido no Hospital Universitário, com diagnóstico de bronquiectasias, tendo como diagnóstico etiológico a Síndrome da Discinesia Ciliar. Relatamos o quadro clínico, tratamento e passos do diagnóstico diferencial, e oferecemos breve revisão da literatura sobre o assunto. Métodos: Paciente masculino de 39 anos, procurou o Pronto Socorro do Hospital Universitário com quadro de tosse há 10 anos, com piora há quatro dias, acompanhada de dispnéia ao repouso e expectoração abundante e mucopurulenta. Relatava inúmeros atendimentos em emergência, com várias "pneumonias" tratadas nos últimos 12 meses. Ex-tabagista de 10 maços-ano, parou de fumar há 12 anos. Ao exame físico apresentava-se dispnéico, cianótico, com ausculta pulmonar evidenciando murmúrio vesicular presente bilateralmente, com estertores crepitantes em base de hemitórax direito e subcrepitantes à esquerda, sibilância generalizada com tempo expiratório prolongado. À oximetria de pulso com SatO2 = 82% (ar ambiente), ausência de baqueteamento digital ou sinais clínicos de cor pulmonale. Resultados: Radiografia de tórax mostrou opacidade alveolar bilateral, com inversão da trama vaso-brônquica e aumento dos espaços intercostais. Tomografia de tórax apresentando discreto espessamento pleural apical à direita, com múltiplas bronquiectasias císticas, com áreas de impactação mucóide, principalmente em lobo superior direito, além de bolha de paredes finas em segmento apical de lobo inferior direito. Cultura de escarro: contaminada. Dosagem de cloreto de sódio no suor: negativa. Espermograma: presença de astenozoospermia e ologozoospermia moderada. O paciente foi tratado com antibioticoterapia com espectro para Pseudomonas aeruginosa, corticosteróides sistêmicos, e broncodilatadores inalados, além de fisioterapia respiratória e oxigenioterapia. Apresentou excelente evolução clínica, recebendo alta em bom estado geral, oximetria de pulso normal. Foi orientado com relação ao diagnóstico de Síndrome da Discinesia Ciliar e da necessidade de seguimento clínico e fisioterápico. Conclusão: As bronquiectasias são alterações na morfologia brônquica, com distorção irreversível da sua estrutura. São, na maioria das vezes, de causa pós-infecciosa, e o diagnóstico diferencial é por vezes negligenciado. A Síndrome da Discinesia Ciliar é causa descrita de bronquiectasias, podendo ainda estar presente outros achados clínicos, tais como história de insuficiência respiratória neonatal, rinossinusopatias e esterilidade masculina, e maior incidência de gravidez ectópica em mulheres. O tratamento precoce das exacerbações infecciosas, especialmente por Pseudomonas aeruginosa, além de manobras preventivas têm comprovado impacto na sobrevida destes pacientes.

PO025 ADESÃO AO tratamento EM PACIENTES COM fibrose CÍSTICA
Tarso Roth Dalcin P1, Garcia SB2, Rampon G3, Pasin LR4, Ramon GM5, Oliveira VZ6, Abrahão CLO7, Becker SC8
1. Hospital de Clínicas de Porto Alegre, Universidade Federal do Rio Grande do Sul, Porto Alegre, RS, Brasil; 2,6,7,8. Hospital de Clínicas de Porto Alegre, Porto Alegre, RS, Brasil; 3,4. Universidade Federal do Rio Grande do Sul, Porto Alegre, RS, Brasil; 5. ULBRA, São Jerônimo, RS, Brasil.
Palavras-chave: Fibrose cística; Adesão; Tratamento
Introdução: O tratamento da fibrose cística (FC) tem se tornado cada vez mais complexo, exigindo tempo para a sua execução. Assim, a questão da adesão ao tratamento passa a ter relevância clínica. Objetivos: Estudar a adesão auto-relatada dos pacientes atendidos pela Equipe de Adultos com FC do Hospital de Clínicas de Porto Alegre, estabelecendo associações com as características clínicas da doença e com a percepção da adesão pela equipe multidisciplinar. Métodos: Estudo transversal, prospectivo, incluindo pacientes com FC com idade igual ou maior que 16 anos. Foram registrados: características gerais dos pacientes, escore clínico, dados espirométricos e escore radiológico. Foram aplicados questionários no paciente e na equipe, abordando a freqüência semanal de utilização da fisioterapia respiratória, da atividade física, da dieta, das enzimas pancreáticas, das vitaminas ADEKs, do antibiótico inalatório e da dornase-alfa. Os pacientes foram divididos em três grupos: grupo com elevada adesão auto-relatada (EA) - escore > 0,70; grupo de moderada adesão (MA) - escore de 0,40 - 0,70; e grupo de baixa adesão (BA) - escore < 0,40. Resultados: Foram estudados 38 pacientes, sendo classificados 31 (81,6%) como EA, 5 (13,2%) como MA e 2 (5,3%) como BA. Nenhuma das variáveis estudadas se associou à classificação de adesão (p < 0,05). O escore de adesão auto-relatada (mediana = 0,79) foi significativamente maior que o escore de adesão percebida pela equipe (mediana = 0,71, p = 0,003). A boa adesão foi relatada em 84,2% para a fisioterapia respiratória, em 21,1% para a atividade física, em 65,8% para a dieta, em 96,3% para as enzimas pancreáticas, em 82,4% para o ADEKs, em 76,8% para o antibiótico IN e em 79,4% para o pulmozyme. Conclusão: O presente estudo evidenciou que a adesão ao tratamento foi elevada na maioria dos pacientes com FC. A adesão auto-relatada pelo paciente foi maior que a percebida pela equipe de saúde. Atividade física e seguimento à orientação dietética tiveram menor adesão.

PO026 hipoplasia PULMONAR DIAGNOSTICADA EM ADULTO - relato de caso
Fonseca Oliveira RJ, Chalouhi VK, Valois FM, Rosa LS, Rocha RT, Nakatani J
UNIFESP, São Paulo, SP, Brasil.
Palavras-chave: Hipoplasia pulmonar; Adulto; Diagnóstico
Introdução: A hipoplasia pulmonar é uma anomalia congênita que causa desarranjo pulmonar, com uma prevalência muito pouco freqüente, que é habitualmente diagnosticado na infância e tem uma alta mortalidade, aparecendo em cerca de 10% das necropsias pós-natal. Nesta patologia há uma diminuição no número e no tamanho de vias aéreas e vasos pulmonares. As alterações no desenvolvimento pulmonar ocorrem na segunda fase de desenvolvimento intra-uterino do pulmão - pseudo-glandular. Pode ser primária (sem associação com outras comorbidades, com óbito precoce do paciente) ou secundária (associada a outras anomalias). Objetivos: Relatar caso de paciente oligossintomática com diagnóstico tardio de hipoplasia pulmonar. Métodos: Relato de caso clínico. Resultados: E.B.S., 31a, feminino, faioderma, do lar, natural de Ilhéus/Ba e procedente de São Paulo/SP QP: "tosse há 03 meses" HDA: Paciente previamente hígida referindo início de tosse ora seca, ora com expectoração amarelo-esbranquiçada há 03 meses. Nega rinorréia anterior e posterior, prurido nasal, dor torácica, dispnéia, sibilância, hemoptise, edema em MMII, perda ponderal, febre e astenia. Menciona episódios esporádicos (01 ao mês) de "azia" principalmente quando ingere alimentos "gordurosos". Nega episódios anteriores semelhantes a este. Antecedentes:. Nega TB, pneumonias de repetição, cardiopatias, nefropatias, endocrinopatias, hepatopatias. APF: Mãe com HAS e com passado de TB há 08 anos (tendo a paciente cuidado da mesma), 03 irmãos com diagnóstico de TB na mesma época. HV: Nega tabagismo, etilismo. ISDA: NDN Exame Físico BEG, eupnéica, acianótica, anictérica, corada, hidratada, com boa perfusão tissular. ACV: RCR em 2T, BNF, s/sopros. FC: 88bpm. TA: 120 x 80mmHg AR: Redução da expansividade torácica esquerda, frêmito toracovocal diminuído a esquerda. MV presente e bastante reduzido a esquerda, com roncos a esquerda. Abdome: Plano, flácido, indolor, sem visceromegalias, RHA presente e normal. Membros: sem anormalidades Broncoscopia: Normal até 2º subsegmentos brônquicos TC Tórax com contraste: Hipoplasia de pulmão esquerdo. Conclusão: A presença hipoplasia pulmonar no adulto é rara, provavelmente pela presença de pneumonias de repetição ou anomalias congênitas associadas que levam o paciente a óbito na infância. Revisão bibliográfica descreve apenas 52 casos descritos na literatura com diagnóstico na idade adulta (Rubio, F. L et al, Anales de medicina interna, 2002). O seu diagnóstico é dado pela TC de tórax e/ou Arteriografia associada a broncoscopia. O tratamento pode ser conservador ou cirúrgico nos casos de infecções de repetição associadas.

PO027 CAPACIDADE SUBMÁXIMA DE exercício EM PACIENTES ADOLESCENTES E ADULTOS COM fibrose CÍSTICA
Tarso Roth Dalcin P1, Perin C2, Rovedder PME3, Ziegler B4, Abrahão CLO5, Menna Barreto SS6
1,6. Hospital de Clínicas de Porto Alegre, Universidade Federal do Rio Grande do Sul, Porto Alegre, RS, Brasil; 2,5. Hospital de Clínicas de Porto Alegre, Porto Alegre, RS, Brasil; 3,4. Universidade Federal do Rio Grande do Sul, Porto Alegre, RS, Brasil.
Palavras-chave: Fibrose cística; Teste da caminhada; Exercício
Introdução: O teste de caminhada de seis minutos (TC6) tem sido amplamente utilizado nas avaliações periódicas da capacidade submáxima de exercício em pacientes com doença respiratória. Poucos estudos abordam pacientes com fibrose cística incluídos em um programa de adultos. Objetivos: Os objetivos do presente estudo foram: avaliar a capacidade submáxima de exercício em pacientes atendidos em um programa de adultos para FC, analisando as relações da capacidade submáxima de exercício com escore clínico, parâmetros nutricionais, escore radiológico e medidas funcionais pulmonares. Métodos: Estudo transversal, prospectivo que incluiu os pacientes com FC atendidos pelo programa de adultos do Hospital de Clínicas de Porto Alegre de inclusão (idade igual ou superior a 16 anos), com diagnóstico estabelecido de acordo com critérios de consenso em fase de estabilidade clínica da doença. Os pacientes foram submetidos a uma avaliação clínica, realizada pelo membro mais graduado da equipe, para definição da estabilidade clínica da doença. Posteriormente os pacientes eram submetidos à avaliação do estado nutricional, ao escore clínico, ao TC6, aos testes de função pulmonar, à medida das pressões respiratórias estáticas máximas e ao exame radiológico de tórax. Todas as avaliações foram realizadas em um período máximo de uma semana. Resultados: A média da distância percorrida no TC6 em toda a amostra de pacientes foi de 556,7 ± 76,5m. A distância percorrida no TC6 se correlacionou significativamente com as seguintes variáveis: idade de diagnóstico (r = -0,32, p = 0,041), VEF1 em litros (r = 0,53, p < 0,001), VEF1 em % do previsto (r = 0,35, p = 0,025), CVF em litros (r = 0,62, p < 0,001) e CVF em % do previsto (r = 0,44, p = 0,005). Trinta pacientes (73,2%) apresentaram distância percorrida abaixo do limite inferior da normalidade para o previsto, não sendo constatada diferença significativa entre os três grupos de gravidade funcional pulmonar. Conclusão: O estudo da capacidade submáxima de exercício pelo TC6 em pacientes com FC atendidos em um programa de adultos, mostrou que 73,2% dos pacientes tiveram um desempenho abaixo do limite inferior da normalidade previsto. Os pacientes com diagnóstico mais tardio tiveram pior desempenho no TC6. A distância percorrida no TC6 se correlacionou diretamente com o VEF1 e com a CFV.

PO028 prevalência DE ALTERAÇÕES HISTOPATOLÓGICAS EM biópsia PULMONARES NO PERÍODO DE 1995 A 2005 NO Hospital Universitário- UFMA
Ferreira ES, Cavalcante AL, Ferreira SLC, Couto HBA, Pinheiro MVV, Melo RJL, Barros AJS, Lopes JAC
UFMA, São Luís, MA, Brasil.
Palavras-chave: Prevalência; Biópsia pulmonar; Alterações histológicas
Introdução: As doenças respiratórias constituem a maior causa de internações no sistema público de saúde no Brasil. O custo referente a essas internações ultrapassam R$ 490 milhões por ano. A principal causa de morbidade hospitalar é a pneumonia, seguida pela asma e DPOC e tendo como principal causa de mortalidade as neoplasias pulmonares. O método de biópsia é importante por identificar, classificar e caracterizar os processos patológicos. Nos casos de difícil diagnóstico clínico, a biópsia é um excelente método para confirmação diagnóstica, pois caracteriza a morfologia e/ou histologia da doença em curso. Objetivos: Determinar a prevalência de doenças pulmonares e os tipos de alterações histológicas e/ou morfológicas nas biópsias realizadas entres os anos de 1995 e 2005 no HU-UFMA. Métodos: Foi realizado estudo retrospectivo a partir da análise de livros-registro de exames histopatológicos realizados nos anos de 1995 a 2005 no Serviço de Anatomia Patológica do Hospital Universitário-UFMA. Observaram-se 35.225 relatos de biópsias realizadas nesse período, sendo estabelecido o número de biópsias pulmonares e dentre elas identificou-se as principais alterações morfológicas. Resultados: De 35.255 biópsias realizadas entre os anos de 1995 a 2005, encontrou-se 363 (1,03%) biópsias pulmonares. Dentre as biópsias pulmonares as principais alterações histológicas e/ou morfológicas encontradas foram as seguintes: 4 (1.10%) anomalias congênitas, 10 (2,75%) doenças de origem vascular, 114 (31,40%) doenças inflamatórias inespecíficas, 91 (25,07%) infecções pulmonares, 114 (31,40%) neoplasias e 30 (8,28%) diagnósticos indefinidos. Conclusão: Observou-se uma pequena prevalência de biópsias pulmonares que pode ser atribuída ao fato de que as pneumopatias com maior morbidade podem ser diagnosticadas através de critérios clínicos ou métodos de imagem não-invasivos. Dentre as biópsias pulmonares, verificou-se uma maior prevalência de neoplasias e doenças inflamatórias inespecíficas, o que pode ser atribuído ao fato da biópsia ser utilizada para classificação histológica, estadiamento e prognóstico das neoplasias; e à elevada prevalência de doenças inflamatórias inespecíficas.

PO029 infecção BACTERIANA CRÔNICA E PARÂMETROS DE circulação ARTERIAL PULMONAR EM PACIENTES COM fibrose CÍSTICA
Tarso Roth Dalcin P1, Perin C2, Rovedder PME3, Ziegler B4, Pinotti A5, Menna Barreto SS6
1. Hospital de Clínicas de Porto Alegre, Universidade Federal do Rio Grande do Sul, Porto Alegre, RS, Brasil; 2,5. Hospital de Clínicas de Porto Alegre, Porto Alegre, RS, Brasil; 3,4. Universidade Federal do Rio Grande do Sul, Porto Alegre, RS, Brasil; 6. Hospital de Clínicas de Porto Alegre, Universidade Federal do Rio Grande do Sul, Porto Alegre, RS, Brasil.
Palavras-chave: Fibrose cística; Infecção bacteriana; Circulação pulmonar
Introdução: A doença pulmonar na fibrose cística (FC) é caracterizada por processo inflamatório persistente e infecção bacteriana crônica. Pseudomonas aeruginosa (PA) e Burkholderia cepacia (BC) são bactérias freqüentemente encontradas nestes pacientes. A destruição pulmonar, causada pela infecção bacteriana, pode contribuir para o declínio da função pulmonar e desenvolvimento de hipertensão arterial pulmonar (HAP). Objetivos: Estudar as associações entre a infecção crônica por PA e por BC e os parâmetros de circulação arterial pulmonar em pacientes com FC. Métodos: Estudo transversal, prospectivo, em pacientes com FC com idade ³ 16 anos, acompanhados pela Equipe de Adultos com FC do HCPA. Os pacientes incluídos realizaram, no último ano, um mínimo de três exames bacteriológicos do escarro em meio específico para PA e BC. Foram submetidos a um ecodopplercardiografia com estimativas da pressão sistólica da artéria pulmonar (PSAP), tempo de aceleração do fluxo sistólico do ventrículo direito-artéria pulmonar (TAS) e diâmetro do ventrículo direito (DVD), e a uma avaliação espirométrica. Resultados: Foram estudados 39 pacientes (18M/21F). Vinte e cinco pacientes apresentaram infecção crônica por PA e 9 por BC. A média de idade pacientes infectados por PA foi de 24,16 ± 6,88 anos e de 25,56 ± 6,18 anos naqueles infectados por BC. A média da PSAP estimada foi de 37,29 ± 5,75mm Hg (p = 0,076) nos pacientes com PA e 36,96 ± 8,91mm Hg (p = 0,555) nos pacientes com BC. O TAS foi significativamente menor nos pacientes infectados por BC (p = 0,034). No exame de espirometria o VEF1 e a CVF foram de 51,17 ± 23,96 (p = 0,171) e 65,57 ± 21,04 (p = 0,383) nos pacientes com PA, e naqueles com BC o VEF1 e a CVF foram de 38,70 ± 22,26 (p = 0,031) e 52,31 ± 18,86 (p = 0,014), respectivamente. Conclusão: Não observamos associações significativas entre infecção bacteriana por PA e os parâmetros de circulação pulmonar. Os pacientes portadores de BC apresentaram um menor TAS e pior função pulmonar que os não infectados por essa bactéria.

PO030 ECOCARDIOGRAMA DOPPLER, SATURAÇÃO DE OXIGÊNIO E CAPACIDADE SUBMÁXIMA DE exercício EM PACIENTES COM fibrose CÍSTICA
Tarso Roth Dalcin P1, Perin C2, Rovedder PME3, Ziegler B4, Pinotti A5, Menna Barreto SS6, Rampon G7, Pasin LR8
1. Hospital de Clínicas de Porto Alegre, Universidade Federal do Rio Grande do Sul, Porto Alegre, RS, Brasil; 2,5. Hospital de Clínicas de Porto Alegre, Porto Alegre, RS, Brasil; 3,4,7,8. Universidade Federal do Rio Grande do Sul, Porto Alegre, RS, Brasil; 6. Hospital de Clínicas de Porto Alegre, Universidade Federal do Rio Grande do Sul, Porto Alegre, RS, Brasil.
Palavras-chave: Fibrose cística; Circulação pulmonar; Ecocardiografia
Introdução: A fibrose cística (FC) leva a uma doença pulmonar crônica que, em fase avançada, pode se acompanhar de hipertensão arterial pulmonar (HAP) e de redução da capacidade ao exercício. Objetivos: Determinar a relação entre a pressão sistólica da artéria pulmonar (PSAP) e a capacidade submáxima de exercício, avaliada pelo teste de caminhada de 6 minutos (TC6), em pacientes com FC. Métodos: Estudo transversal, prospectivo em pacientes com FC com idade ³ 16 anos, acompanhados pela Equipe de Adultos com FC do HCPA. Os pacientes foram submetidos a: avaliação clínica, ecocardiografia, TC6, espirometria e radiografia. Resultados: Foram estudados 39 pacientes, não observamos correlação significativa entre a distância percorrida no TC6 e a PSAP, diâmetro do ventrículo direito e o tempo de aceleração do fluxo sistólico do ventrículo direito-artéria pulmonar (p > 0,05). Observamos correlação forte e significativa entre a PSAP e a SpO2 em repouso (r = -0,73; p < 0,001), a SpO2 no final do TC6 (r = -0,45; p = 0,006), o escore clínico (r = -0,55; p = 0,001), o escore radiológico (r = -0,33; p = 0,049), o VEF1 (r = -0,63; p < 0,001), e a CVF (r = -0,55; p = 0,001). A SpO2 em repouso foi o melhor preditor da PSAP (p = 0,013). O declínio da função pulmonar associou-se com a PSAP (p < 0,001), a SpO2 em repouso (p = 0,001), a SpO2 no final do TC6 (p = 0,007) e com a dessaturação durante o TC6 (p = 0,025). Conclusão: Não observamos correlação significativa entre a PSAP e a distância percorrida no TC6 em pacientes com FC. A PSAP correlacionou-se fortemente com a SpO2 em repouso. Além disso, a PSAP foi fortemente correlacionada com o escore clínico de Schwachman-Kulczycki, o VEF1 e a CVF.

PO031 FORÇA MUSCULAR RESPIRATÓRIA, função pulmonar E ASPECTOS NUTRICIONAIS EM PACIENTES COM fibrose CÍSTICA
Tarso Roth Dalcin P1, Garcia SB2, Ziegler B3, Rovedder PME4, Abrahão CLO5
1. Hospital de Clínicas de Porto, Universidade Federal do Rio Grande do Sul, Porto Alegre, RS, Brasil; 2,5. Hospital de Clínicas de Porto Alegre, Porto Alegre, RS, Brasil; 3,4. Universidade Federal do Rio Grande do Sul, Porto Alegre, RS, Brasil.
Palavras-chave: Fibrose cística; Força muscular; Estado nutricional
Introdução: A fibrose cística (FC) leva a uma doença pulmonar crônica que pode se acompanhar de perda de função pulmonar, desnutrição e fraqueza muscular respiratória. Objetivos: Avaliar a associação entre o estado nutricional, força muscular respiratória, função pulmonar e escore clínico de pacientes adolescentes e adultos com FC. Métodos: Estudo transversal e prospectivo. Incluídos: pacientes com FC com idade igual ou maior que 16 anos, acompanhados no Serviço de Pneumologia do Hospital de Clínicas de Porto Alegre. Realizado: manovacuometria - pressão insp/expiratória máxima (PI/PEmáx); espirometria - capacidade vital forçada (CVF), volume expiratório no primeiro segundo (VEF1) e VEF1/CVF; avaliação nutricional - índice de massa corporal (IMC), circunferência muscular do braço (CMB) e espessura da dobra cutânea tricipital (DCT); e escore clínico de Shwachman-Kulczycki. Classificação de acordo com o IMC: normal (N) - IMC ³ 20kg/m2 (³ 18anos) ou IMC percentil > 25 (£ 18anos) e depleção nutricional (DN) - IMC £ 20kg/m2 (³ 18anos) ou IMC percentil < 25 (£ 18anos). Resultados: Foram estudados 39 pacientes (16masc/23fem) entre Set/04 a Dez/06. A média de idade foi de 23,7 ± 6,4 anos. Os valores médios da PImáx nos grupos N e DN foram, respectivamente, de 100,6 ± 35,1 e 91,8 ± 30,1 (p = 0,425); da PEmáx foram de 102,5 ± 40,2 e 102,3 ± 38,5 (p = 0,988), da CVF de 66,4 ± 25,0% e 65,6 ± 21,4% (p = 0,920); do VEF1 de 55,2 ± 27,5% e 50,0 ± 25,6% (p = 0,568); escore clínico de 76,3 ± 10,7 e 73,7 ± 14,5 (p = 0,555). Conclusão: Não foi identificada associação do estado nutricional com a força muscular respiratória, função pulmonar e escore clínico de pacientes adolescentes e adultos com FC.

PO032 PADRÃO DE ENVOLVIMENTO CUTÂNEO E associação COM ENVOLVIMENTO PULMONAR EM PACIENTES PORTADORES DE ESCLEROSE SISTÊMICA
Jezler SF, Andrade TL, Santos FP, Lemos ACM
Universidade Federal da Bahia, Salvador, BA, Brasil.
Palavras-chave: Esclerodermia; Fibrose pulmonar; Hipertensão pulmonar
Introdução: O padrão de envolvimento cutâneo na esclerose sistêmica (ES) pode ser categorizado em limitado e difuso e parece possuir relação com diferentes padrões de envolvimento orgânico. Os pulmões são freqüentemente acometidos nessa doença e esse envolvimento parece variar conforme padrão cutâneo da ES. Objetivos: Avaliar os padrões de envolvimento pulmonar em um grupo de pacientes com ES e estabelecer associações com o tipo de envolvimento cutâneo. Métodos: Avaliação transversal de pacientes portadores de ES, encaminhados para avaliação pneumológica independente da presença de sintomas respiratórios. O protocolo de avaliação consistiu de avaliação clínica, pesquisa do anti-Scl 70, provas de função pulmonar, tomografia de alta resolução do tórax (TCAR) e ecocardiograma (em 50 pacientes). As variáveis contínuas foram descritas através de suas médias, desvios padrão, medianas e proporções. Para comparação das variáveis entre dois grupos, foram utilizados teste t de Student, Qui-quadrado ou teste exato de Fisher. Resultados: Foram estudados 69 pacientes portadores de ES, com média de idade de 42,9 ± 12,9 anos, tempo de início de ES de 6,5 ± 6,5 anos. O padrão cutâneo difuso foi o mais comum, visto em 65,2% dos indivíduos. O anti-Scl 70 foi detectado em 30,4% dos pacientes e dispnéia foi o sintoma respiratório mais freqüente, ocorrendo em 69,6% da amostra. Envolvimento intersticial pulmonar foi detectado em 50,7% da amostra. Hipertensão pulmonar foi detectada em 50% dos avaliados com ecocardiograma. Quando comparados os pacientes com padrão cutâneo difuso e limitado, não houve diferença na freqüência ou intensidade de sintomas respiratórios, exceto dor torácica, que foi mais comum entre os indivíduos com doença cutânea limitada. Não houve diferença entre os grupos quanto as variáveis de função pulmonar ou presença de hipertensão pulmonar. Envolvimento intersticial foi mais comum entre os pacientes com doença difusa, porém sem significância estatística. Conclusão: O padrão cutâneo difuso foi o mais freqüente no grupo avaliado. Não houve diferença entre os pacientes com doença cutânea limitada e difusa quanto ao padrão ou freqüência de envolvimento pulmonar, excetuando a maior freqüência de dor torácica entre os indivíduos com padrão cutâneo limitado.

PO033 ESTUDO DESCRITIVO DOS CASOS DE HEMOPTISE INTERNADOS EM Hospital Especializado
Cavalcanti Lundgren FL, Costa AMDN, Gonçalves AV, Cabral MM, Apolinário DB, Coelho MAL, Gandara JMB, Santana Baracho JD
HOF, Recife, PE, Brasil.
Palavras-chave: Hemoptise; Bronquiectasias; Bola fúngica
Introdução: Hemoptise é definida como o sangramento proveniente das vias aéreas inferiores se apresentando, mais comumente, como tosse com eliminação de sangue ou secreção pulmonar com sangue. É classificada como leve (eliminação de menos de 100ml de sangue em 24), moderada (eliminação de 100-600ml de sangue em 24h) ou grave (eliminação de mais de 600ml de sangue em 24h ou 30ml/h). Sua etiologia varia com a região estudada. No Brasil, a maior causa é a tuberculose, seja na forma ativa ou devido as suas seqüelas. Objetivos: Estudar os casos de internamento por Hemoptise na enfermaria de Pneumologia do HOF. Estudo retrospectivo descritivo de 50 casos de internamento por hemoptise no período entre 02 de 2005 e 06 de 2006. Métodos: Revisão de causas de internamento na enfermaria de Pneumologia em 18 meses, selecionados os casos internados por hemoptise. Os dados foram obtidos do banco de dados de altas da enfermaria da residência médica em Pneumologia, e analisados através do programa Epi Info 3.3.2. Resultados: Foram internados no período do estudo, 318 pacientes em 42 leitos da residência em pneumologia do HOF, 50 casos de internamento por hemoptise como causa principal de internamento foram encontrados. A tabela I, apresenta os dados de idade média, classe da hemoptise, conduta adotada, período de internamento, e evolução dos casos, agrupados por sexo. Tabela I - Dados de idade, classe da hemoptise, conduta e resultado agrupados por sexo Classe Conduta Resultados Sexo Idade L M G Cir Clin TI Controle Óbito M 44 11 26 7 1 43 56 43 1 F 50 4 2 0 0 6 23 6 0 Idade média. L = Leve, M = Moderada, G = Grave, Cir = Cirurgia, Clin = Clínico TI = período médio de internamento. Conclusão: Nos dados obtidos, a principal causa de hemoptise foram as bronquiectasias, seguidas por bola fúngica e neoplasia de pulmão, a Tuberculose pulmonar, esteve presente, mesmo sendo uma enfermaria para doença não tuberculosa, que possui uma enfermaria própria. Hemoptise em pacientes com Artrite reumatóide (1 paciente sexo feminino), Lúpus eritematoso (1 paciente sexo feminino) e Vasculite pauci-imune comprometendo pulmão e rim (1 paciente sexo masculino), foram encontrados. Os dados nacionais são escassos, os dados publicados de países latino americanos, são semelhantes aos encontrados nesse estudo. A maioria das hemoptises, internadas na enfermaria de pneumologia do HOF, são controladas por conduta clínica. As bronquiectasias são responsáveis pela maioria dos internamentos, as bolas fúngicas, são freqüentes e a indicação cirúrgica foi baixa.

PO034 hemorragia alveolar APÓS USO DE estreptoquinase EM síndrome CORONARIANA aguda
Valois FM1, Ferreira RE2, De Menezes DA3, Matsumoto JHS4, Santoro IL5
1,5. UNIFESP, São Paulo, SP, Brasil; 2,3,4. C.H. Mandaqui, São Paulo, SP, Brasil.
Palavras-chave: Hemorragia alveolar; Trombolítico; Estreptoquinase
Introdução: A terapia fibrinolítica é uma das opções padronizadas para o tratamento da Síndrome Coronariana Aguda com supradesnivelamento do segmento ST. O efeito adverso mais importante é o sangramento, sendo, entretanto, a hemorragia alveolar uma complicação rara. É relatado um caso de hemorragia alveolar após infusão de estreptoquinase em paciente com diagnóstico de infarto agudo do miocárdio. Objetivos: Relatar caso de hemorragia alveolar após uso de trombolítico. Métodos: Relato de caso. Resultados: Paciente de 47 anos procurou o Pronto Socorro por dor precordial anginosa típica, iniciada cerca de uma hora antes do atendimento, associada a sudorese profusa. Negava dispnéia ou síncope. Tabagista (10 anos-maço), desconhecia morbidades pessoais ou familiares prévias. Ao exame físico, estável hemodinamicamente, com PA de 130x90mmHg, sem estigmas patológicos identificáveis. Foi administrado 200mg de AAS, por via oral, e solicitado ECG, que demonstrou supradesnível de ST de 5mm em derivações correspondentes à parede inferior. Foi administrado estreptoquinase (1.500.000U em 1 hora). Alívio da dor e resolução do supra de ST em novo ECG foram considerados critérios de reperfusão; posteriormente, pico precoce de enzimas corroborou a efetividade terapêutica. Exames iniciais demonstraram Hb de 15,4g/dl, Ht de 47%, com coagulograma normal. Após cerca de três horas, apresentou tosse seca, evoluindo, na hora seguinte, com episódios de hemoptise de pequena quantidade e discreta dispnéia de repouso; havia estertores crepitantes esparsos, sem outros achados. Gasometria arterial em ar ambiente demonstrou PO2 de 57, PCO2 de 35 e SO2 de 89%. Radiograma de tórax demonstrou área cardíaca normal, opacidades alveolares heterogêneas, difusas, poupando periferias e seios costofrênicos. O paciente foi mantido com cateter de O2 (2l/min), manteve SO2 acima de 92%. Nas 24 horas seguintes houve discreta melhora clínica, com redução do volume expectorado (estimado em 100ml no dia anterior) e melhora da dispnéia. Novo hemograma revelou queda de hemoglobina em 3,2g/dl. TC de alta-resolução demonstrou opacidades alveolares difusas, compatíveis com o achado radiográfico; ecocardiograma realizado no segundo dia de internação mostrou hipocinesia em parede inferior, com fração de ejeção de ventrículo esquerdo estimada em 64%. No terceiro dia de internação houve melhora da tosse e cessação da hemoptise; eupnéico em ar ambiente, apresentava PO2 de 68mmHg com SO2 de 95%. Radiograma de tórax e TCAR realizadas no sétimo dia de internação mostraram ausência de anormalidades parenquimatosas. Com estabilidade clínica, foi realizado cineangiocoronariografia, que demonstrou comprometimento tri-arterial, sendo submetido a cirurgia de revascularização miocárdica. Conclusão: A fisiopatogenia da hemorragia alveolar após uso de trombolíticos são desconhecidos. Tem sido sugerido ser uma complicação mais freqüente do que expressam os coeficientes de incidência, pouco diagnosticada pelo curso geralmente brando e pela tendência a remissão espontânea.

PO035 AMILIODOSE LIMITADA AO PULMÃO
Silva Pereira Costa AT
Centro Hospitalar de Coimbra, Coimbra, Portugal.
Palavras-chave: Amiloidose; Pulmonar; Traqueobrônquica
Introdução: A amiloidose limitada ao pulmão é uma entidade rara, podendo expressar-se na forma laríngea, traqueobrônquica, ou parenquimatosa (nodular, solitária ou múltipla). A clínica de apresentação e a imagiologia, por vezes frustres, tornam o diagnóstico diferencial difícil, particularmente com lesões neoplásicas e granulomatosas. Objetivos: Os autores apresentam 3 casos de amiloidose limitada ao pulmão, duas traqueobrônquicas, e uma parenquimatosa. Métodos: Foram feitas consultas dos processos clínicos dos doentes envolvidos, de uma forma retrospectiva. Resultados: Caso 1 - homem de 57 anos, não fumador, estucador; aos 26 anos iniciou subitamente queixas de rouquidão. RX do tórax normal. TAC torácica com irregularidades do lúmen laríngeo e traqueal com formações nodulares, sem alterações parenquimatosas ou mediastínicas. O EFR mostrou uma obstrução moderada, e a BF inúmeras formações tumorais desde a zona supraglótica e ao longo da traquéia, com marcada obstrução, e cuja biópsia demonstrou depósitos eosinófilos amorfos que coravam com o Vermelho do Congo, fazendo o diagnóstico de Amiloidose Laringotraqueobrônquica. Mantem-se em seguimento em Consulta, com estabilidade. Caso 2 - mulher de 56 anos, não fumadora e doméstica, que aos 51 anos iniciou queixas de dispnéia, poeira, tosse persistente, e expectoração hemoptóica. RX do tórax e EFR sem alterações. A BF mostrou ausência de lesões laríngeas, mas em toda a árvore traqueobrônquica existiam placas amareladas sugestivas de infiltração amiloidótica da mucosa. A biópsia dessas lesões confirmou o diagnóstico de Amiloidose Traqueobrônquica. Mantem-se em seguimento em Consulta, com estabilidade clínica, apesar de haver alguma progressão endoscópica das lesões. Caso 3 - homem de 75 anos, fumador activo de 80 UMA, que surgiu com hemiplegia direita e disartria de instalação súbita. A TAC CE realizada evidenciou lesão expansiva frontal esquerda compatível com metástase, pelo que o doente foi internado para estudo. O RX tórax mostrou paquipleurite esquerda, bem como a TAC torácica, que também evidenciou nódulo com 3,4cm paratraqueal direito, múltiplos nódulos infracentimétricos paratraqueais esquerdos, e opacidades tênues nos apicais dos LSD e LID. Realizou BF, sem alterações significativas. O restante estudo efetuado para esclarecer a localização primitiva do tumor foi inconclusivo. A biópsia cirúrgica pulmonar mostrou lesão de limites irregulares com material amorfo, eosinófilo, e extracelular, com envolvimento da pleura pelos mesmos depósitos; a observação à luz polarizada com Vermelho do Congo permitiu afirmar tratar-se de substância amilóide, e conseqüentemente o diagnóstico de Amiloidose Pulmonar. Na seqüência de complicações pós-operatórias o doente faleceu. Conclusão: Nos dois primeiros casos foi excluída a amiloidose sistêmica; no último, persiste a dúvida se seria um caso de amiloidose sistêmica com envolvimento pulmonar, ou de amiloidose pulmonar concomitante com uma lesão metastática de tumor primitivo oculto.

PO036 VALOR DOS ACHADOS clínicos E DA avaliação FUNCIONAL PULMONAR PRÉ-OPERATÓRIA COMO preditores de complicações RESPIRATÓRIAS PÓS-OPERATÓRIAS
Gazzana MB, Knorst MM, Chaves R, Bertoluci C, Lourenço ALA, Franciscato AC, Menna Barreto SS
Hospital de Clínicas de Porto Alegre, Porto Alegre, RS, Brasil.
Palavras-chave: Pré-operatório; Complicações; Função pulmonar
Introdução: A avaliação pré-operatória é útil para identificar indivíduos que apresentem um risco maior de morbidade e mortalidade pós-operatória. Objetivos: Estudar a relação entre dados de avaliação pulmonar pré-operatória e ocorrência de complicações pulmonares pós-operatórias. Métodos: Foram revisados 521 prontuários de pacientes que realizaram avaliação funcional pulmonar pré-operatória no Serviço de Pneumologia do Hospital de Clínicas de Porto Alegre, no período de 2000 a 2004, e que posteriormente realizaram procedimento cirúrgico. Foram coletados dados da espirometria pré-operatória, ficha anestésica, comorbidades clínicas e pulmonares, história tabágica, complicações pulmonares pós-operatórias e tempo de permanência hospitalar. Resultados: A média de idade dos pacientes foi de 59,5 anos (DP ± 14 anos). Do total dos pacientes, 65,8% eram do sexo masculino e 95,7% eram brancos. Quarenta e um porcento dos pacientes eram fumantes ativos, 34,7% tinham história de tabagismo no passado e 23,6% nunca fumaram. A média do VEF1 foi de 76,6% do previsto (DP ± 24,6%). Comorbidades clínicas estavam presentes em 73,5% dos pacientes e Doença Pulmonar Obstrutiva Crônica em 29,8%. Em 98 pacientes (18,8%) foram observadas complicações pulmonares pós-operatórias, sendo pneumonia a mais comum, presente em 9,2% dos casos. Quarenta e três pacientes (8,3%) foram a óbito durante a hospitalização. Dos pacientes que realizaram cirurgia torácica, cardíaca, abdominal superior, abdominal inferior e em outros locais as taxas de complicações pulmonares pós-operatórias foram, respectivamente, 28,4%, 28,0%, 21,3%, 13,3% e 2,9% (p £ 0,0001). A maioria dos pacientes com complicações pulmonares pós-operatórias (66,7%) foram classificados como ASA III e IV (p < 0,01) e 68,4% tiveram o tempo de anestesia superior a 3,5 horas (p £ 0,0001). O tempo de internação variou nos pacientes sem e com complicações pulmonares pós-operatórias (15,1 ± 21,7 dias e 27,4 ± 19,5 dias; p < 0,001). Pacientes que nunca fumaram tiveram menos complicações pós-operatórias que os pacientes com história tabágica positiva (p = 0,02). Não houve associação significativa entre complicações pulmonares pós-operatórias e presença de comorbidades clínicas ou DPOC, com VEF1 ou índice de massa corporal (p > 0,05). Conclusão: Os fatores mais importantes associados com complicações pulmonares pós-operatórias foram o local da cirurgia (torácica, cardíaca e abdominal superior), o tempo de anestesia (maior que 3,5 horas) e a classificação ASA pré-operatória (ASA III e IV).

PO037 doença DE VIAS AÉREAS ASSOCIADA A retocolite ULCERATIVA - relato de caso
Valois FM, Nakatani J, Ota LH, Ferreira RG, Rocha RT
UNIFESP, São Paulo, SP, Brasil.
Palavras-chave: Bronquite; Retocolite; Doença inflamatória intestinal
Introdução: A incidência de manifestações extra-intestinais das doenças inflamatórias intestinais varia de 21% a 41%. O comprometimento respiratório é incomum. O espectro clínico varia de anormalidades funcionais assintomáticas a fibrose intersticial. Objetivos: Relato de caso de Doença de Vias Aéreas associada a Doença Inflamatória Intestinal. Métodos: Relato de caso. Resultados: Paciente de 40 anos, sexo masculino, auxiliar de enfermagem, natural de São Paulo, procurou o Pronto Atendimento da Pneumologia do Hospital São Paulo com queixa de escarro com sangue há seis meses. Referia tosse com expectoração mucóide, obstrução nasal e rinorréia há 20 anos. Inicialmente os sintomas eram episódicos, com piora no último ano, quando evoluíram a diários. Tinha antecedente pessoal de retocolite ulcerativa há dois anos, tratado com mesalazina e prednisona por seis meses, com remissão dos sintomas gastrintestinais. Relatava antecedente cirúrgico de septoplastia nasal há 4 anos. Ex-tabagista, com carga de 5 anos-maço, cessou o hábito há 2 anos. Ao exame clínico, apresentava-se eutrófico, sem estigmas patológicos identificáveis. Radiografia de tórax foi interpretada como normal; espirometria demonstrou distúrbio ventilatório obstrutivo leve, sem resposta ao broncodilatador. A tomografia computadorizada de tórax evidenciou áreas de aprisionamento aéreo, com espessamento de feixe peribroncovascular, bronquiectasias e bronquiolectasias. Seguiu-se investigação com broncoscopia, que mostrou áreas de hipervascularização, aspecto de granularidade e friabilidade da mucosa, além de abundante secreção mucóide. A análise histopatológica de mucosa identificou hipertrofia glandular, sem formação de granuloma, com pesquisas diretas de fungos e micobactérias negativas. Tomografia de seios paranasais demonstrou espessamento mucoso em seios maxilares, com discreto desvio de septo, sem áreas de destruição óssea. Dentre outros exames complementares; o único positivo foi o ANCA com padrão perinuclear. Concluiu-se, portanto, que se tratava de paciente com diagnóstico de Doença de Vias Aéreas Associada a Retocolite Ulcerativa. Realizado o tratamento com corticosteróides oral (por 14 dias) e inalatório com melhora significativa dos sintomas após um mês. O paciente segue em acompanhamento ambulatorial. Conclusão: Os mecanismos através dos quais as doenças inflamatórias intestinais promovem doença respiratória são desconhecidos; as recomendações terapêuticas atuais são baseadas em séries de casos, que orientam uso de corticosteróides oral, inalatório ou, em caso de resposta inefetiva, endobrônquico.

PO038 associação DE LESÕES PLEUROPULMONARES EM PACIENTE LÚPICA
Chibante FO1, De Lemos Barros RF2, Dias CS3, De Souza TT4, Nucera APCS5, Maranhão BHF6, Chacur FH7, Dias RM8
1,2,3,4,5,6,8. Universidade Federal do Estado do Rio de Janeiro, Rio de Janeiro, RJ, Brasil; 7. Hospital Pró-Cardíaco, Rio de Janeiro, RJ, Brasil
Palavras-chave: Lúpus eritematoso sistêmico; Pneumonite lúpica; Síndrome do pulmão contraído
Introdução: O Lúpus Eritematoso Sistêmico (LES) é uma doença de caráter auto-imune, marcada por processo inflamatório em múltiplos órgãos. O envolvimento pleuropulmonar é freqüente, denota gravidade, e pode ocorrer naqueles que ainda não preencheram critérios clínico-laboratoriais suficientes para o diagnóstico da doença. Objetivos: Apresentar um caso de LES que evoluiu com pleurite, pneumonite lúpica, e síndrome do pulmão contraído, ressaltando a excelente resposta ao tratamento com glicocorticóide. Métodos: Relato de caso: S.M.G, sexo feminino, 49 anos, parda, com poliartralgia de pequenas articulações, dispnéia e dor pleurítica intensas. Apresentava-se febril, com crepitações difusas à ausculta pulmonar e murmúrio vesicular abolido em bases. Tomografia do tórax evidenciava opacidades alveolares com broncograma aéreo, atelectasias em bases e derrame pleural bilateral. Ecocardiograma com pericárdio espessado. Espirometria: distúrbio restritivo acentuado. Gasometria arterial com hipoxemia importante. Durante a internação evoluiu com úlceras orais, lesão cutânea (vasculite necrosante leucocitoclástica), e sorologia reumática positiva para LES (FAN, anti-Sm, anti-Ro, anti-La, anti-RNP), sendo iniciada pulsoterapia com metilprednisolona (1g/dia, por três dias). Resposta excelente, com significativa melhora clínica, gasométrica e radiológica. Resultados: As manifestações pleuropulmonares variam conforme o tecido afetado: pleura, musculatura respiratória, interstício, vasos e vias aéreas. O envolvimento pleural ocorre em 50% dos casos, e manifesta-se como pleurite e/ou derrame pleural. A paciente desenvolveu inflamação pleuro-pericárdica e derrame pleural, com dor pleurítica intensa, que só cedeu após pulsoterapia. Infecção pulmonar é a principal causa de infiltrado alveolar no LES, e deve ser afastada antes de sugerirmos o diagnóstico de pneumonite lúpica. Esta ocorre por deposição de imunocomplexos nos alvéolos e cursa com febre, tosse, dispnéia, e imagem radiológica com opacidades mal definidas. A paciente apresentava áreas de preenchimento alveolar e broncograma aéreo na tomografia do tórax, porém hemoculturas negativas, e ausência de resposta à antibioticoterapia empírica. A suspeita de pneumonite lúpica foi reforçada pela evolução radiológica favorável após pulsoterapia e pela positividade de anti-Ro no soro, marcador, este, presente em 80% das pneumonites lúpicas. A síndrome do pulmão contraído ocorre por inflamação diafragmática, caracterizando-se por dispnéia associada a distúrbio ventilatório restritivo, e imagem radiológica com diminuição de volume pulmonar e/ou atelectasias bibasais. Todas estas manifestações foram documentadas neste caso, o que nos sugere que o diafragma também tenha sido acometido pela deposição de imunocomplexos. Conclusão: Trata-se de um caso grave de LES, com três estruturas respiratórias atingidas, que apesar da alta mortalidade na associação de lesões pleuropulmonares, respondeu satisfatoriamente à pulsoterapia com glicocorticóide.
PO039 pneumonia lipoídica COMO diagnóstico DIFERENCIAL DE MASSA EM LOBO SUPERIOR ESQUERDO
Romao Pontes SM1, Ramos SG2, Araújo ACS3, Terra Filho J4, Vianna EO5
1,2,4,5. Hospital das Clínicas da Faculdade de Medicina de Ribeirão Preto da Universidade de São Paulo, Ribeirão Preto, SP, Brasil; 3. Hospital das Clínicas da Faculdade de Medicina de Rib. Preto da Universidade de São Paulo, Ribeirão Preto, SP, Brasil.
Palavras-chave: Aspiração; Pneumonia lipoídica; Massa pulmonar
Introdução: A pneumonia aspirativa é a conseqüência patológica da entrada de material proveniente da orofaringe nas vias aéreas inferiores. O surgimento da aspiração como doença depende do tipo e da quantidade de material aspirado, e da resposta do indivíduo. A pneumonia lipoídica exógena é uma forma de pneumonia aspirativa, resultando de inúmeras pequenas aspirações. Objetivos: Descrever um caso de pneumonia lipoídica cuja apresentação foi atípica. Métodos: Relato de caso: Paciente feminina, 69 anos, branca, casada, natural e procedente de Batatais, procurou serviço médico com queixa de tosse progressiva há um mês, associada a perda ponderal de cinco quilos no período e hiporexia. Há quatro dias, tinha dores nas costas, sem outros sintomas respiratórios. Negava febre. Fazia uso de anticonvulsivantes e antidepressivos, por transtorno bipolar e epilepsia. Outros antecedentes: talassemia e osteoporose, com algumas fraturas relacionadas a quedas durante as crises convulsivas. Negava tabagismo e etilismo. Ao exame apresentava-se descorada, pouco contactuante. Ausculta pulmonar demonstrava ronco discreto em hemitórax direito à expiração. Radiografia de tórax evidenciava consolidação em terço superior esquerdo com sinais de perda de volume. Tomografia de tórax com lesão heterogênea em lobo superior esquerdo, com reforço pós-contraste, além de adenomegalia em topografia de janela aorto-pulmonar. Feita hipótese de neoplasia pulmonar (como primeira hipótese), tuberculose ou doença fúngica. Broncoscopia evidenciava saída de secreção purulenta em segmento ápico-posterior de BLSE. Lavado broncoalveolar e biópsia transbrônquica sugestivos de processo supurativo, com ausência de malignidade. Pesquisa e cultura de micobactérias negativas. Realizada videotoracoscopia para biópsia da lesão, com anatomopatológico evidenciando alteração da arquitetura pulmonar por processo resolutivo de dano alveolar prévio e ausência de malignidade. Pesquisa para tuberculose e fungos negativa também no tecido. Optado por toracotomia, com realização de lobectomia superior esquerda. Resultados: Diagnóstico anatomopatológico lobo superior esquerdo: aspiração crônica associada a pneumonia lipoídica e organização; hiperplasia linfonodal reacional. Conclusão: Paciente evoluiu com melhora do quadro de tosse e expectoração, além de ganho de peso. Pelo menos metade dos indivíduos aspira durante o sono. A pneumonia lipoídica freqüentemente se apresenta como doença intersticial nos lobos inferiores e pode até apresentar-se como fibrose. A apresentação como massa unilateral, como diagnóstico diferencial de neoplasia, é incomum. Uma das principais causas de aspiração crônica é a alteração de nível de consciência secundária ao uso de álcool ou medicamentos, dentre eles anticonvulsivantes e antidepressivos. O diagnóstico de síndromes aspirativas deve fazer parte do raciocínio diagnóstico do pneumologista em diversas manifestações clínicas, incluindo nódulos e massas pulmonares.
PO040 COMPLICAÇÃO PULMONAR NA Anemia falciforme - RELATO DE UM CASO
De Lemos Barros RF, Chibante FO, Dias CS, Nucera APCS, Maranhão BHF, De Magalhães MC, Dias RM
Universidade Federal do Estado do Rio de Janeiro, Rio de Janeiro, RJ, Brasil.
Palavras-chave: Anemia falciforme; Síndrome torácica aguda; Hipertensão pulmonar
Introdução: A anemia falciforme (AF) é uma doença prevalente, com complicações em múltiplos órgãos, sendo comum o acometimento pulmonar. A Síndrome Pulmonar Aguda é característica da AF e responsabiliza-se por 14% das internações de adultos com a doença. Objetivos: Apresentar o caso de uma paciente portadora de AF diagnosticada há nove anos que evoluiu com complicação pulmonar (síndrome torácica aguda). Métodos: Relato de caso: Feminina, 42 anos, auxiliar de enfermagem, com diagnóstico de AF em 1994 e múltiplas complicações desta (colelitíase, hematúria, necrose de cabeça de fêmur, hemorragia retiniana) em tratamento com ácido fólico e pentoxifilina. Ao final de 2003 iniciou quadro de dor escapular esquerda ventilatório-dependente com irradiação para gradil costal, sem melhora com antiinflamatórios. Apresentava hipotransparência em base de pulmão esquerdo e obliteração do seio maxilar esquerdo em imagens radiológicas, sendo tratada ambulatorialmente com antibióticos e analgesia. Após duas semanas com persistência da sinusite e evolução da dor torácica para hemitórax direito, associada à piora radiológica, foi internada e instituída terapêutica com hidratação venosa, antibiótico, antiinflamatório, analgesia e pentoxifilina. Ecocardiograma evidenciou aumento de cavidades direitas, insuficiência tricúspide leve e hipertensão de artéria pulmonar. Cintigrafia pulmonar V/Q apontou defeitos de baixa probabilidade para TEP ou lesão em involução à direita e defeitos de alta probabilidade para TEP à esquerda. AngioTC de tórax observou vasos podados e pequenos defeitos de enchimento compatíveis com micro-trombos. Iniciou-se anticoagulação com warfarin com melhora sintomática, recebendo alta hospitalar. Permaneceu em acompanhamento ambulatorial com anticoagulação, suspensa após seis meses, estando a paciente assintomática. Resultados: A Síndrome Torácica Aguda é uma manifestação comum da AF caracterizada por dor torácica, taquipnéia, febre, tosse e dessaturação, com leucocitose e infiltrado pulmonar na radiografia de tórax. Acredita-se que sua patogênese deva-se à oclusão microvascular resultando em necrose e fibrose da parede alveolar. A infecção pode estar associada em 10 a 20% dos casos, sendo difícil distinguir infarto de infecção. O tratamento consiste em hidratação venosa, oxigenioterapia, analgesia e antibioticoterapia naqueles com febre alta. Exsanguineotransfusão pode ser administrada em pacientes críticos para diminuir a concentração de hemoglobina S. Anticoagulação é raramente necessária, pois a patogênese básica não está relacionada à trombose real e há maior risco de sangramento espontâneo nos portadores com AF. No entanto, como a paciente em questão apresentava hipertensão de artéria pulmonar, que por si só já é fator de risco para trombose in situ, optou-se por anticoagulá-la. Conclusão: A Síndrome Torácica Aguda é uma complicação comum da anemia falciforme que pode mimetizar TEP e por em risco a vida do paciente, com quadro clínico bastante sintomático e hipertensão pulmonar nos casos crônicos.
PO041 aspectos clínicos, TOMOGRÁFICOS E FUNCIONAIS DA Proteinose alveolar PULMONAR - relato de caso COM 11 ANOS DE EVOLUÇÃO
Dias CS1, Chibante FO2, De Lemos Barros RF3, Esteves JPA4, Maranhão BHF5, Morard MRS6, Oliveira ME7, Dias RM8
1,2,3,4,5,6,8. Universidade Federal do Estado do Rio de Janeiro, Rio de Janeiro, RJ, Brasil; 7. Hospital Pró-Cardíaco, Rio de Janeiro, RJ, Brasil.
Palavras-chave: Proteinose alveolar; Lavagem pulmonar; Infiltrado alveolar
Introdução: A proteinose alveolar pulmonar (PAP) é uma doença rara, não inflamatória, na qual existe comprometimento primário do alvéolo, com acúmulo de material amorfo, proteináceo, rico em fosfolipídios. Objetivos: Apresentar a evolução de um paciente com diagnóstico de Proteinose Alveolar, em sua terceira manifestação, ressaltando a importância da lavagem pulmonar como terapêutica. Métodos: Relato de Caso: E.G.C. 28 anos, negro, porteiro, natural de Petrópolis - RJ. Diagnóstico de Proteinose Alveolar há 11 anos, comprovado por estudo histopatológico obtido por biópsia transbrônquica. Duas internações prévias (1995 e 2000) sendo realizada lavagem pulmonar bilateral, sem intercorrências, em ambas as ocasiões. Após alta hospitalar, permaneceu assintomático por seis anos, sendo reinternado em 2006, por apresentar dispnéia progressiva aos esforços, adinamia e infiltrado alveolar difuso na radiografia de tórax. Espirometria com distúrbio restritivo grau dois. Foi submetido à nova lavagem pulmonar bilateral, procedimento, este, realizado em centro cirúrgico, com tubo orotraqueal de duplo lúmen. O paciente evoluiu com melhora subjetiva e objetiva comprovada por exames de imagem (TC Tórax e Rx Tórax) e provas de função respiratória (Espirometria, Teste de difusão CO e Pletismografia). Resultados: Existem várias hipóteses etiológicas para a PAP, porém há uma tendência maior em associar seu desenvolvimento a determinadas situações, são elas: imunodeficiência, disfunção dos macrófagos alveolares, resposta à infecção, resposta a antígenos inalados, alteração na produção de surfactante e/ou diminuição da velocidade de remoção deste material dos alvéolos. A possibilidade de alteração genética vem sendo avaliada, por enquanto, a doença tem sido classificada como primária (idiopática) ou secundária, quando associada à agressão pulmonar por gases, poeiras ou microorganismos. Conclusão: A PAP continua sendo uma doença de difícil tratamento e a lavagem pulmonar total permanece como terapia de escolha. Novas alternativas são necessárias, visto que o procedimento não é isento de efeitos adversos (hipoxemia, instabilidade hemodinâmica, hidropneumotórax, granuloma endotraqueal e enfisema cirúrgico). No entanto, no caso em questão mostrou-se extremamente útil, pois gerou melhora sintomática apreciável acompanhada de discreta resposta funcional. A lavagem segmentar e a terapia de reposição com fator estimulador de colônia granulocítica-macrofágica parecem ser promissoras, porém mais estudos são necessários.
PO042 síndrome DE Swyer-James-MacLeod
Huttner MD, Bergamin JA, Zille AI, Suárez Halty L
Fundação Universidade Federal do Rio Grande - Hospital Universitário, Rio Grande, RS, Brasil.
Palavras-chave: Swyer-James-MacLeod; Síndrome; Relato de caso
Introdução: A síndrome de Swyer-James-MacLeod, causa de pulmão hiperluscente unilateral, tem incidência e prevalência não determinadas e apresenta-se com poucos registros na literatura. Objetivos: Relatar caso de síndrome de Swyer-James-MacLeod. Métodos: Relato do caso: Paciente feminina, 35 anos, negra, tabagista, com queixa de precordialgia e dispnéia aos esforços há três anos. Referiu grave infecção respiratória na infância. Exame físico geral dentro do normal, com hipersonoridade e diminuição de murmúrio vesicular no hemitórax esquerdo e, presença de estertores finos na base do mesmo. O radiograma e tomografia computadorizada de tórax mostraram aumento da transparência pulmonar a esquerda, com diminuição da vasculatura do mesmo lado e presença de bronquiectasias císticas. A espirometria revelou distúrbio ventilatório restritivo moderado. A cintilografia pulmonar perfusional evidenciou severa hipoperfusão pulmonar à esquerda (7,9%) e a angiografia pulmonar mostrou hipoplasia de artéria pulmonar esquerda. Resultados: A síndrome de Swyer-James-MacLeod é uma doença rara, provavelmente secundária a uma infecção do trato respiratório inferior na infância, com subseqüente bronquiolite obliterante. Embora alguns pacientes sejam assintomáticos, a maioria possui história de infecções respiratórias de repetição. Os achados radiológicos consistem em hiperluscência unilateral ou lobar, diminuição de tamanho pulmonar e hilar, escassez do desenho vascular intrapulmonar, excursão diafragmática marcadamente assimétrica e aprisionamento aéreo na expiração. A angiografia pulmonar e cintilografia ventilatório-perfusional podem ser úteis no diagnóstico diferencial. O tratamento é sintomático e tem bom prognóstico. Conclusão: O caso relatado sugere fortemente uma síndrome de Swyer-James-MacLeod.
PO043 pneumonia eosinofílica aguda: CORRELAÇÃO clínico-TOMOGRÁFICO-HISTOPATOLÓGICA
Araujo Teotonio VL1, Marinho MMMAE2, Veloso TVB3, Coelho Filho JC4, Pereira-Silva JL5
1. Hospital Jorge Valente - Salvador-Bahia, Salvador, BA, Brasil; 2,3. Hospital Jorge Valente - Salvador-Bahia, Salvador, BA, Brasil; 4. Fundação José Silveira, Salvador, BA, Brasil; 5. Hospital Jorge Valente - Salvador-Bahia. Faculdade de Medicina da Bahia-UFBA, Salvador, BA, Brasil.
Palavras-chave: Pneumonia; Eosinofílica; Aguda
Introdução: Pneumonia eosinofílica aguda é caracterizada por um quadro febril, com menos de cinco dias de sintomas, em que costumam estar acometidos os compartimentos pulmonares intersticiais e espaços aéreos. Habitualmente, vem acompanhada de insuficiência respiratória, em níveis de gravidade variáveis, que pode requerer ventilação mecânica. Se não for identificada e tratada precocemente, pode ser fatal. A presença de > 25% de eosinófilos no lavado broncoalveolar, que nem sempre vem acompanhada de eosinofilia periférica, é critério diagnóstico. A possibilidade diagnóstica de outras entidades, capazes de causar eosinofilia pulmonar deve ser afastada. Resposta dramática e completa aos corticóides e ausência de recidivas são características marcantes. Objetivos: Descrever e correlacionar as características clínicas, radiológicas e histopatológicas de pacientes com pneumonia eosinofílica aguda, cujo diagnóstico precoce tem valor prognóstico. Métodos: São relatados dois casos de pneumonia eosinofílica aguda, cuja caracterização clínica e tomográfica permitiu o diagnóstico precoce e a instituição de terapêutica efetiva. Resultados: São descritos dois casos de pneumonia eosinofílica aguda, em pacientes do sexo feminino; com 30 e 20 anos de idade, respectivamente; acompanhados de hipoxemia [Pa02 61mmHg e Pa02 65mmHg, respectivamente]; com eosinofilia periférica de 19% (3.420) e 15% (2.055), respectivamente; cujo lavado broncoalveolar mostrou 35% e 32% de eosinófilos, respectivamente, e serviu para afastar outras possibilidades diagnósticas. Em ambos os casos, a biópsia transbrônquica revelou infiltrado proeminente de eosinófilos e células mononucleares nos espaços e paredes alveolares, além de edema nos espaços aéreos, paredes brônquicas e interstício periférico. Em nenhum deles havia granulomas ou sinais de vasculite. A TCAR demonstrou áreas de consolidação pulmonar multifocal, por vezes circundadas por halo em vidro-fosco; espessamento de septos interlobulares e pequenos nódulos maldefinidos. Ausência de linfonodomegalias. Em um dos casos havia diminuto derrame pleural bilateral. Os testes sorológicos para Aspergillus, HIV e patógenos atípicos foram negativos. Nenhum dos pacientes fez uso de antibióticos por mais de 24 horas. A história ocupacional foi inconsistente. Ambos foram tratados com prednisona, com resolução rápida e completa do quadro clínico e dos infiltrados pulmonares. Não houve nenhum caso de recidiva a médio prazo. Conclusão: A pneumonia eosinofílica aguda pode mimetizar diversas outras entidades nosológicas. Na ausência de eosinofilia periférica, o diagnóstico exige alto índice de suspeição. A caracterização clínico-tomográfica, que guarda boa correlação com os achados histopatológicos, é importante auxiliar na elaboração diagnóstica. O citograma do LBA deve ser realizado nos pacientes com pneumonia aguda associada a hipoxemia, ainda que na ausência de eosinofilia periférica, por permitir firmar o diagnóstico e definir precocemente o tratamento apropriado.
PO044 CISTO BRÔNQUICO INFECTADO POR stenotrophomonas maltophilia EM PACIENTE SEM ANTECEDENTE MÓRBIDO
Bragagnolo Junior LA, De Capitani EM, Zambon L, Macedo RF, Araujo Guerra Grangeia T, Schweller M, De Cerqueira EMFP, Dos Santos NA
UNICAMP, Campinas, SP, Brasil.
Palavras-chave: Cisto broncogênico; Stenotrophomonas maltophilia; Combinação trimetoprima-sulfametoxazol
Introdução: Cistos brônquicos são disembrioplasias não-neoplásicas raras que se originam de um segmento ventral do intestino primitivo. Têm forma regular, arredondada ou ovalada, suas paredes são finas e o epitélio é do tipo respiratório. Seu conteúdo é mucóide. Desenvolvem-se tanto no parênquima pulmonar como no mediastino, mas não se comunicam com a árvore brônquica. Stenotrophomonas maltophilia é um organismo gram-negativo, ubíquo, muito associado a infecções hospitalares graves em imunocomprometidos. Apresenta resistência a diversos antibióticos e provoca pneumonia em pacientes graves, especialmente naqueles sob ventilação mecânica, bacteremia, endocardite e infecções do trato urinário, pele e partes moles. Objetivos: Descrever caso clínico de cisto brônquico infectado por Stenotrophomonas maltophilia em paciente sem antecedente mórbido ou imunossupressão. Métodos: Paciente sexo feminino, 34 anos. Resultados: Paciente não-tabagista, sem pneumopatias prévias, apresenta queixa de dispnéia aos esforços há 12 meses, progressiva, associada a dor torácica posterior à esquerda e episódios de tosse produtiva, com expectoração amarelada, por vezes hemoptoica. Recebeu antibioticoterapia há seis meses, apresentando melhora clínica. Realizado radiograma de tórax, evidenciou-se massa de 6cm de diâmetro em lobo superior esquerdo (LSE), de contornos bem definidos, sem calcificações. Tomografia Computadorizada de tórax revelou processo expansivo de 5cm em porção posterior de LSE com presença de consolidação e espessamento intersticial adjacentes. Broncoscopia denotou ausência de alterações endobrônquicas e o lavado brônquico foi negativo para fungos, bacilos álcool-ácido resistentes e células neoplásicas. Espirometria mostrou CVF 2,88L (94%), VEF1 2,07L (78%) e VEF1/CVF 72%. Submetida a punção transtorácica guiada por tomografia, com saída de material necrótico cuja cultura demonstrou crescimento de Stenotrophomonas maltophilia. Iniciado tratamento com Sulfametoxazol-Trimetoprim, de acordo com o antibiograma. Foi então submetida a lobectomia superior esquerda, sem intercorrências, com retorno a suas atividades cotidianas e melhora clínica completa. O exame anatomopatológico confirmou o achado de cisto brônquico e ausência de neoplasia. Conclusão: Trata-se de caso de cisto brônquico infectado por Stenotrophomonas maltophilia, sendo esse evento raro, ainda não descrito na literatura.
PO045 insuficiência respiratória aguda E MANIFESTAÇÕES NEUROLÓGICAS ASSOCIADAS À lipoaspiração tumescente
Araujo Teotonio VL1, Andrade TL2, Pamplona Neto L3, Veloso TVB4, Pereira-Silva JL5
1,2,5. Hospital Aliança - Salvador-Bahia, Faculdade de Medicina da Bahia - UFBA, Salvador, BA, Brasil; 3,4. Hospital Aliança - Salvador-Bahia, Salvador, BA, Brasil.
Palavras-chave: Lipoaspiração; Tumescente; Embolia gordurosa
Introdução: Lipoaspiração tumescente é uma técnica cirúrgica usada para a remoção de excesso de gordura parietal indesejada, por meio de cânulas inseridas na camada adiposa de uma área corpórea previamente demarcada. A técnica tumescente considera a infusão subcutânea de 1.000mL de solução salina, contendo 500 a 1.000mg de lidocaína (analgesia), 0,25 a 1,0mg de epinefrina (hemóstase) e 12,5mMol de bicarbonato de sódio. O volume infundido pode ser bem maior, na dependência da quantidade de gordura que se pretende aspirar. Sua popularidade decorre da simplicidade do método, da boa aceitação, da redução da perda sanguínea e menor possibilidade de formação de hematomas, quando comparada à técnica tradicional. O método permite mais rápida recuperação do paciente e dispensa anestesia geral. A despeito da simplicidade técnica, algumas complicações têm sido registradas, relacionadas à hiperinfusão de líquidos, intoxicação por lidocaína ou adrenalina, embolia gordurosa, tromboembolia pulmonar e óbito. A taxa de óbitos registrada na literatura é de 5 casos para 48.527 procedimentos. Objetivos: Registrar um caso de embolia gordurosa associada à lipoaspiração tumescente, cujo tratamento ministrado precocemente permitiu a resolução do quadro. Métodos: É relatado um caso de embolia gordurosa associada à lipoaspiração tumescente, cuja caracterização clínica e tomográfica possibilitou o diagnóstico precoce e a instituição de terapêutica efetiva. Resultados: Masculino, 28 anos. Admitido na emergência com tosse, escassa expectoração mucóide, dispnéia, dessaturação, desorientação e agitação psicomotora, poucas horas após lipoaspiração tumescente (3 litros de SF 0,9% + lidocaína + adrenalina), realizada ambulatorialmente em uma clínica privada. Na UTI achava-se dispnéico e hipoxêmico. Abdome distendido, com lesões perfuro-contusas na parede anterior, além de hematomas no flanco esquerdo. Identificadas petéquias no tórax, além de estrabismo convergente e diplopia. Sp02 87% em ar ambiente. Hemoculturas negativas. TCAR: áreas multifocais de consolidação, por vezes com halo em vidro-fosco. TC do crânio normal. Tratado com 02 por máscara, metilprednisolona e furosemida. Seis horas mais tarde, achava-se orientado, eupnéico e com a Sp02 98% (FI02 = 0,21). Controle tomográfico mostrou resolução dos infiltrados pulmonares. Houve regressão completa do estrabismo e da diplopia. Concedida alta hospitalar. Conclusão: A presença de insuficiência respiratória aguda; associada a infiltrados pulmonares multifocais difusos, petéquias, estrabismo, confusão e diplopia; depois de uma lipoaspiração tumescente, sugere o diagnóstico de embolia gordurosa. As medidas de suporte devem ser imediatamente instituídas. Ainda que a lipoaspiração tumescente seja considerada um procedimento seguro, permitindo sua realização até mesmo em sistema ambulatorial, o conhecimento de suas potenciais complicações pode ser um fator decisivo no prognóstico.
PO046 abscesso PULMONAR COMO APRESENTAÇÃO CLÍNICA DE UM CORPO ESTRANHO TORÁCICO
Luna Filho P, Bayer Junior VB, Pinto RV, Lima NC, Gonçalves TMP, Cavalcanti Lundgren FL
Hospital Geral Otavio de Freitas, Recife, PE, Brasil.
Palavras-chave: Corpo estranho torácico; Abscesso pulmonar; Cirurgia abdominal
Introdução: O corpo estranho pode se apresentar como uma complicação anos após um procedimento cirúrgico com imagens radiológicas de interpretação duvidosa e difícil diagnóstico. As características clínicas são bastante inespecíficas, confundindo o diagnóstico inicial e radiologicamente podendo simular uma série de patologias infecciosas como por exemplo: um abscesso pulmonar. Relatamos um caso de um corpo estranho torácico que clinicamente se apresentou como um abscesso pulmonar. Objetivos: Relato de caso. Métodos: Descrição da elaboração diagnóstico e desfecho clínico do paciente da enfermaria de Pneumologia do Hospital Geral Otávio de Freitas, Recife, Pernambuco. Resultados: J.A.S. 52 anos, agricultor, com passado de cirurgia toracoabdominal devido a lesão por projétil de arma de fogo há 17 anos. Relatava história de tosse crônica associado a expectoração amarelada por vários anos. Na admissão apresentava vômica, hemoptise moderada, dispnéia e febre há 15 dias. Encontrava-se clinicamente grave com dispnéia e hipoxemia. A radiografia de tórax ântero-posterior mostrava uma opacidade heterogênea com pequeno halo de gás em bordo superior - em base do hemitórax direito, elevação de cúpula diafragmática e condensação em lobo médio direito; leucocitose com desvio a esquerda, sem alterações na bioquímica sérica e boa função renal. Tomografia Computadorizada de Tórax que mostrou uma massa heterogênea em base do hemitórax direito que não se impregnava com o contraste (imagem sugestiva de corpo estranho), mais condensação em lobo médio direito. Iniciado antibióticos com boa resposta clínica, posteriormente submetido a toracotomia, na cavidade pleural foi constatado intenso paquipleuris com encarceramento pulmonar. No desbridamento encontrou-se a compressa de aspecto putrefato, foi observado fístulas de grande calibre com drenagem para o lobo médio (justificando os episódios de vômica). Com a finalidade de diminuir o escape aéreo pelas fístulas foi realizada a fixação do músculo serrátio na proximidade das fístulas por meio de uma costatectomia com preservação do pedículo muscular. No pós-operatório evoluiu com melhora clínica e resolução das fístulas. Conclusão: O corpo estranho pode se apresentar clinicamente assintomático e ser um achado radiológico, mas neste caso a presença do corpo estranho no tórax levou ao aparecimento de um processo inflamatório crônico com fibrose, retração, formação de granuloma e infecção secundária transformando-se em uma urgência médica havendo portanto a necessidade de intervenção cirúrgica. A história clínica bem realizada é de fundamental importância para o diagnóstico. Bibliografia: Radiogrphics 2003;23:731-757 British jornal of radiology 2005; 78:851-3.
PO047 avaliação FUNCIONAL PULMONAR EM PORTADORES DE ESCLEROSE SISTÊMICA - ESTUDO DE UMA SÉRIE DE 69 CASOS
Jezler SF, Andrade TL, Santiago MB, Lemos ACM
Universidade Federal da Bahia, Salvador, BA, Brasil.
Palavras-chave: Esclerodermia; Fibrose pulmonar; Função pulmonar
Introdução: A esclerose sistêmica (ES) frequentemente acomete o trato respiratório, especialmente sob a forma de fibrose e hipertensão pulmonar. A avaliação funcional respiratória é freqüentemente anormal e possui associações clínicas e relevância para o prognóstico. Objetivos: Descrever os achados de provas de função pulmonar em portadores de ES e identificar associações clínicas e radiológicas. Adicionalmente, avaliar as associações clínicas de pacientes com redução acentuada da difusão de monóxido de carbono (DLCO). Métodos: Foram estudados consecutivamente pacientes com ES, encaminhados independentemente da presença de sintomas respiratórios. A avaliação consistiu de questionário clínico, escala de dispnéia (BDI de Mahler et al.), espirometria simples, volumes pulmonares, DLCO, ecocardiograma e tomografia computadorizada de alta resolução (TCAR). Identificamos também indivíduos com DLCO menor que 40% do previsto, para avaliação adicional. As variáveis foram descritas através de suas médias, desvios-padrão, medianas e proporções. Para comparação de médias entre grupos, utilizamos teste t de Student ou Mann-Whitney e para comparar proporções, usamos o teste do Qui-quadrado ou teste exato de Fisher, quando indicado. Resultados: Dos 69 pacientes avaliados, 87% eram do sexo feminino, possuíam média de idade de 42, 9 anos, tempo médio de início de doença de 6,5 anos e padrão cutâneo difuso em 65,2% do grupo. Tabagismo atual ou pregresso foi relatado por 21,7% dos doentes, com média de intensidade de 7,3 anos/maço. Dispnéia foi o sintoma respiratório mais citado, presente em 69,6% dos casos. Os valores médios da CVF, VEF1 e DLCO foram 75,9, 72,8 e 55,2% do predito, respectivamente. Sinais de doença intersticial pulmonar (DIP) foram detectados em 50,7% dos pacientes. Dos 50 pacientes que realizaram ecocardiograma, 50% apresentaram hipertensão pulmonar (HP), associada ou não à presença de DIP. A avaliação funcional respiratória foi normal em 4% dos casos e o distúrbio restritivo foi o mais freqüente, detectado em 45,3% do grupo. Distúrbio obstrutivo foi encontrado em 18,8% e a DLCO estava reduzida em 84% dos indivíduos. A redução da DLCO como único distúrbio funcional ocorreu em 18,8% e valores de DLCO menores que 40% do predito foram encontrados em 21,7% do grupo. Quando comparados, os pacientes com DLCO < 40% apresentaram menores valores de VEF1, CVF, CPT, maior intensidade de dispnéia e maior freqüência de hipertensão pulmonar que o restante do grupo. Não houve diferença na freqüência de sintomas ou freqüência de DIP. Conclusão: Anormalidades da função pulmonar foram freqüentes no grupo estudado, com predominância do padrão restritivo. Redução da DLCO ocorreu em quase todos os pacientes e sua redução acentuada (< 40% do predito) apresentou associação com maior restrição, dispnéia mais intensa e maior freqüência de hipertensão pulmonar.
PO048 MALFORMAÇÃO ARTERIOVENOSA PULMONAR
Rabahi MF1, Silva DCB2, Guedes D'Amorim DF3
1. Faculdade de Medicina-UFG e Hospital São Salvador, Goiânia, GO, Brasil; 2,3. Faculdade de Medicina-UFG, Goiânia, GO, Brasil.
Palavras-chave: Hemoptise; Malformação arteriovenosa; Arteriografia pulmonar
Introdução: As malformações arteriovenosas pulmonares (MAVP) são uma conexão direta entre um ramo da artéria e veia pulmonares, criando um shunt da direita para esquerda, levando a fadiga, dispnéia e cianose. Essa anomalia pulmonar apresenta-se bastante rara na população em geral, com uma incidência anual de 2 a 3 casos por 100.000 habitantes. O diagnóstico de MAVP pode ser feito da infância até os 70 anos de idade, sendo a maioria dos casos identificada até a 3ª década de vida. MAVP pode ocorrer de forma congênita ou adquirida, sendo que a primeira responde por 80% dos casos. A MAVP não congênita apresenta etiologia diversa, como traumas e cirurgias torácicas, cirrose hepática, carcinoma metastático da tireóide, estenose mitral, esquistossomose, actinomicose, amiloidose sistêmica e anemia de Fanconi. Uma associação importante ocorre entre a MAVP e a Telangiectasia hemorrágica hereditária (70% dos casos). Objetivos: Descrever um caso de MAVP em um paciente jovem com quadro inicial de hemoptise. Métodos: GC, masculino, 40 anos, deu entrada no Hospital São Salvador em 23 de dezembro de 2005. Resultados: Encaminhado com relato de hemoptise maciça há 1 semana, episódio único sem relato de tosse, dispnéia ou febre previamente. Há 1 mês apresentou quadro de lesões na mucosa do palato (aftas), associado a quadro gripal. Nega qualquer patologia previa e nega tabagismo. Ao exame físico sem alterações, exceto pela presença de roncos esparsos no hemitórax direito. Foi feito hemograma, gasometria, pesquisa de BAAR no escarro, radiografia de tórax, TC de tórax, broncoscopia e sorologia para HIV. Apenas a TC mostrou alteração, com imagem de discreto preenchimento alveolar no segmento basal-medial do lobo inferior direito. Submetido a arteriografia pulmonar que confirmou o diagnóstico de malformação arteriovenosa pulmonar. Conclusão: Devemos suspeitar de MAVP em pacientes que apresentam epistaxe, dispnéia, telangiectasias mucocutâneas, platipnéia, hipoxemia, cianose, policitemia, tosse e dor torácica. A tríade clássica da MAVP inclui dispnéia, cianose e baqueteamento digital. Exames complementares são importantes para o diagnóstico de MAV. O Raio-X detecta anormalidade em 98% dos doentes, sendo a imagem clássica uma massa redonda, de densidade uniforme, frequentemente lobulada, que varia de 1 a 5cm de diâmetro, porém a angiografia pulmonar é o exame padrão ouro. Não existe um consenso sobre o melhor tratamento para a MAVP, entretanto, o método mais utilizado atualmente é a emboloterapia percutânea, havendo indicação de correção cirúrgica em caso de insucesso. Apesar de se tratar de uma doença rara, a MAVP deve ser pensada como diagnóstico diferencial de problemas pulmonares comuns, como hipoxemia, nódulos pulmonares e hemoptise, dada a alta morbimortalidade dos indivíduos acometidos.
PO049 pneumonia GRAVE POR rhodococcus EQUI NA SÍNDROME DE IMUNODEFICIÊNCIA ADQUIRIDA: relato de caso
Gazzana MB1, Albaneze R2, Silva DR3, Menna Barreto SS4
1,2,3. Hospital de Clínicas de Porto Alegre, Porto Alegre, RS, Brasil; 4. Hospital de Clínicas de Porto, Porto Alegre, RS, Brasil.
Palavras-chave: SIDA; Rhodococcus; Pneumonia
Introdução: A epidemia da infecção pelo vírus HIV fez aumentar a incidência de diversas infecções raras. Em 1967 foi relatado o primeiro caso de infecção pelo rhodococcus equi. Apenas outros 12 casos foram relatados nos 15 anos seguintes. Objetivos: Relatar um caso de pneumonia grave por Rhodococcus equi em um paciente com Síndrome de Imunodeficiência Adquirida (SIDA) acompanhado pelo Serviço de Pneumologia do HCPA. Métodos: Relato de caso e revisão da literatura pelo MEDLINE 1966-2005 (Unitermos: Rhodococcus equi, pneumonia, HIV). Resultados: Paciente de 31 anos com diagnóstico de infecção pelo HIV de há 3 meses vem a emergência do Hospital de Clínicas de Porto Alegre por febre, diarréia e tosse com escarro produtivo nos últimos 15 dias. No RX de tórax apresentava lesão com cavidades e consolidação em ápice direito com formação de cavernas. Realizada coleta de escarro e iniciado com RHZ empiricamente, cefuroxima e azitromicina. Após 6 BAAR em escarro negativos, foi realizada fibrobroncoscopia para coleta de material que teve lavado broncoalveolar negativo para BAAR, sendo isolado coco gram positivo em cadeia. Foi suspenso tratamento com RHZ e completou 14 dias de tratamento com cefuroxima. Foi tratada teníase e isospora isoladas nas fezes com praziquantel e sulfametoxazol-trimetropim. Paciente teve alta, reiniciou com sintomas 2 dias após alta. Procurou a emergência 14 dias após pelos mesmos sintomas respiratórios. Iniciado na chegada com cefepime e RHZ, e realizada nova fibrobroncoscopia com biópsia após, já que paciente não apresentava melhora clínica ou radiológica. Levantada a hipótese de infecção por Rhodoccocus equi e acrescentado ao esquema vancomicina e clindamicina com melhora da curva térmica. Cultural da biópsia evidenciou infecção por Rhodoccocus equi. Retirado o RHZ e iniciado azitromicina. Houve boa evolução hospitalar. Conclusão: Em paciente infectado pelo HIV com quadro de pneumonia alvéolo-ductal com áreas de necrose deve-se lembrar da infecção por Rhodococcus equi como possível etiologia.
PO050 ESTUDO COMPARATIVO ENTRE PACIENTES INTERNADOS NO Serviço de Pneumologia DO Hospital UNIVERSITÁRIO Presidente Dutra NOS INÍCIOS DAS DÉCADAS DE 1990 E 2000
Rosário da Silva Ramos Costa MD, Filho AV, Júnior AN, Andrade DB, Queiroz MA, Matos AG, Holanda RCA, Barbosa FG, Diógenes AC, Soares VO, Souza VH, Freitas FM, Miranda ER, Costa AB, Viana AM, Borges MC, Neiva RF, Vale CF, Souza DC, Rocha RS
UFMA, São Luís, MA, Brasil.
Palavras-chave: Epidemiologia; Internação; Pneumopatias
Introdução: As doenças respiratórias constituem a principal causa de internações hospitalares, principalmente as de etiologia infecciosas, como pneumonia e tuberculose. Excluídas as causas relacionadas à gestação, a pneumonia é a principal causa de internação hospitalar no SUS, totalizando 900 mil casos por ano e cerca de 33.000 mortes. Objetivos: Determinar e comparar o perfil clínico e epidemiológico das internações do Serviço de Pneumologia do Hospital Universitário Presidente Dutra (HUPD), no início das décadas de 90 e 2000. Métodos: As características clínicas e epidemiológicas dos pacientes internados no Serviço de Pneumologia do HUPD no período de 2001 a 2005 foram analisadas em um estudo transversal. Em seguida, estes dados foram comparados com os dados obtidos em um estudo no mesmo hospital, com uma amostra do período de 1992 a 1996. Resultados: Quanto ao sexo, não encontramos mudanças significativas nos dois períodos. As doenças mais prevalentes foram: pneumonia (20%), DPOC (16%), bronquiectasia (15%), tuberculose (14%) e neoplasia maligna (13%), assim como ocorreu na década de 1990. A distribuição de doenças por faixa etária e sexo se mostrou da mesma forma nos dois períodos. Quanto ao hábito tabágico, reafirmamos os dados da década de 1990, nos quais o sexo masculino mostrou-se mais associado ao tabagismo; a diferença entre mulheres fumantes e não-fumantes não foi significativa nos dois períodos; e as doenças mais associadas ao tabagismo foram DPOC (100%), câncer de pulmão (69%) e tuberculose (64%), nas duas amostras. Confirmamos a carga tabágica de 20 anos/maço como grau de exposição predisponente ao DPOC (81%) e ao câncer de pulmão (100%) naqueles que fumavam. Na nossa amostra, não encontramos uma relação inversamente proporcional entre o nível de escolaridade e o hábito tabágico, diferente do que foi observado nos pacientes da década de 90. Os cinco sintomas mais referidos pelos pacientes foram os mesmos nos dois períodos: tosse, dispnéia, expectoração, febre e cefaléia. Quanto aos exames complementares observamos o aumento de 13% para 67% da solicitação de tomografia computadorizada de tórax e uma redução de 29% para 3% no número de PPD e de 23% para 6% de solicitações de broncoscopia. Na nossa amostra tivemos maior número de óbitos em relação à da década de 1990, sendo em sua maior parte por neoplasia maligna em estágio terminal. Conclusão: Não houve diferença significativa no perfil epidemiológico quanto ao sexo, faixa etária e doenças mais prevalentes. Com relação ao perfil clínico, houve maior taxa de solicitação de tomografia computadorizada e aumento do número de óbitos em relação à década anterior.
PO051 broncoscopia FLEXÍVEL NO ESTADIAMENTO DA NEOPLASIA ESOFÁGICA
Gazzana MB, Damian FB, Svartman FM, Silva DR, Albaneze R, John AB, De Oliveira HG, Xavier RG
Hospital de Clínicas de Porto Alegre, Porto Alegre, RS, Brasil.
Palavras-chave: Câncer esofágico; Fibrobroncoscopia; Pulmão
Introdução: O câncer de esôfago é uma das mais prevalentes neoplasias do trato aerodigestivo e tem um pobre prognóstico. Por causa da invasão de estruturas adjacentes, principalmente a via aérea inferior, a broncoscopia é recomendada no seu estadiamento. Objetivos: Avaliar a utilidade diagnóstica da broncoscopia flexível no comprometimento respiratório pela neoplasia de esôfago. Métodos: Coorte histórica não controlada, dos pacientes com neoplasia de esôfago submetidos a broncoscopia flexível de Janeiro de 2002 a Março de 2006. Análise descritiva e teste de qui-quadrado e exato de Fischer (p < 0.05). Resultados: Foram estudados 156 pacientes predominantemente homens (78,8%), com média de idade de 63.5 anos. (DP ± 8.6). Os sintomas relacionados foram tosse (33,9%), emagrecimento (55,1%), anorexia (23%), dispnéia (5,7%), fraqueza (10,8%). Tabagismo (91,6%) e alcoolismo (58,9%) foram muito prevalentes. A via de introdução do aparelho foi nasal (80,7%), sedação intravenosa com propofol (72,4%) e fentanil (79.4%). Os achados principais foram compressão extrínseca (30,1%), secreção (12,8%), carena romba (7,6%), paralisia de corda vocal ou lesão em laringe (6.4%), infiltração mucosa (10.2%), tumor endobrônquico (6,4%) e normal (35.2%). Estudos diagnósticos adicionais foram biópsia brônquica (14.7%), lavado broncoalveolar (9,6%), punção transbrônquica por agulha (3,8%) e escovado brônquico (3.8%). Complicações registradas foram hipoxemia persistente (1,9%), sangramento (1,2%) e broncoespasmo (0,64%). Houve associação entre a presença de sintomas respiratórios e achados endoscópicos anormais na broncoscopia flexível (p < 0.05). Conclusão: A broncoscopia flexível demonstra freqüentes alterações em pacientes com neoplasia de esôfago, sem maiores complicações relacionadas ao procedimento.
PO052 Embolia PULMONAR SÉPTICA SECUNDÁRIA A TROMBOFLEBITE JUGULAR
Gazzana MB, Silva DR, Albaneze R, Tarso Roth Dalcin P, Vidart J, Wirth LF, Alves MD, Gulco NL
Hospital de Clínicas de Porto Alegre, Porto Alegre, RS, Brasil.
Palavras-chave: Embolia pulmonar; Tromboflebite séptica; Nódulos pulmonares
Introdução: A síndrome de Lemierre (infecção orofaringe + trombose veia jugular interna + embolia séptica) é uma doença rara. Não há descrição de caso semelhantes em nosso meio. Objetivos: Relatar um caso de Síndrome de Lemiere, numa paciente com trombose venosa profunda jugular e nódulo pulmonares. Métodos: Relato de um caso de uma paciente acompanhada pelo Serviço de Pneumologia e Medicina Interna do HCPA. Revisão da literatura (MEDLINE 1966-2005; Unitermos: septic pulmonary embolism, thrombophlebitis, Lemierre's syndrome). Resultados: Uma mulher de 56 anos, branca, procurou a emergência devido à tumoração em região cervical à direita, dolorosa, há cerca de 5 dias. Vinha em uso de amoxicilina-clavulanato para tratamento de amigdalite há 7 dias. Apresentava tosse seca e febre alta. Hipertensa e diabética, com história de IAM há 3 anos e depressão. Vinha em uso de hidroclorotiazida, propranolol, captopril, hidralazina, metformina e fluoxetina. Negava tabagismo. Ecografia cervical mostrou trombose veia jugular interna D. A radiografia de tórax demonstrou pelo menos 2 nódulos no pulmão esquerdo, sendo 1 aparentemente escavado e outro com 18mm de diâmetro na base pulmonar esquerda e lesão irregular com 25mm de diâmetro no lobo superior direito. Tomografia de tórax: múltiplas imagens nodulares em ambos os pulmões, de aspecto sugestivo de implante metastático. Fibrobroncoscopia: normal; pesquisa de BAAR, fungos, CP e culturas negativos. Devido à hipótese de neoplasia, a paciente foi submetida à biópsia pulmonar a céu aberto, cujo exame anatomopatológico mostrou inflamação supurativa crônica abscedida em organização em parênquima pulmonar periférico. Realizada TC de tórax de controle (após segundo curso de antibiótico, agora com cefuroxime, devido à persistência de febre), que mostrou regressão praticamente total dos nódulos. Conclusão: A presença de nódulos pulmonares em paciente com febre e trombose venosa profunda deve lembrar a possibilidade de Síndrome de Lemierre.
PO053 empiema pleural POR PROTEUS MIRABILIS SECUNDÁRIO A NEFROLITÍASE E abscesso PERINEFRÉTICO
E Silva JF, Sena CVS, Zakir JCO, Gomes TC, Chaves Júnior CLM, Barbosa MP
Hospital de Base - DF, Brasília, DF, Brasil.
Palavras-chave: Pielonefrite; Abscesso peri-renal; Empiema pleural
Introdução: Abscesso pulmonar e empiema pleural são complicações pouco frequentes de nefrolitíase e pielonefrite. Por outro lado, Proteus mirabilis raramente é um germe primário em patologias pulmonares de modo que seu crescimento em culturas de líquido pleural deve nos alertar para a investigação de patologia urinária associada. Apresentamos o caso de uma paciente com dor torácica que teve o diagnóstico de empiema pleural secundário a nefrolitíase e abscesso perinefrético ipsilateral. Objetivos: Relatar uma complicação pouco freqüente de paciente com nefrolitíase coraliforme que evoluiu com abscesso perinefrético e empiema. Métodos: Revisão de prontuário. Revisão de literatura. Discussão do caso. Resultados: Mulher, 42 anos, divorciada, secretária, natural de Iporanga-GO, residente no Distrito Federal, admitida no Serviço de Pneumologia do Hospital de Base do Distrito Federal (HBDF) com queixa de dor torácica ventilatório-dependente à esquerda, cuja radiografia de tórax mostrou moderado derrame pleural. Relatava perda ponderal sensível. Apresentava história de cálculo renal à esquerda com tratamento para infecção do trato urinário recente. A toracocentese mostrou líquido francamente purulento, tendo a cultura revelado crescimento de Proteus mirabilis, sendo então iniciado investigação do trato urinário. A tomografia computadorizada de abdome constatou a presença de cálculo coraliforme em rim esquerdo e abscesso perinefrético ipsilateral. Foi submetida a retirada do cálculo, drenagem cirúrgica do abscesso renal com preservação do órgão, além da drenagem torácica e antibioticoterapia, com boa evolução clínica. Conclusão: A paciente apresentou nefrolitíase coraliforme associada a pielonefrite e abscesso perinefrético à esquerda evoluindo com empiema pleural ipsilateral por Proteus mirabilis. Com o diagnóstico de empiema pleural causado por Proteus mirabilis, é mandatória a investigação de focos de infecção em sistema geniturinário.
PO054 tratamento DA síndrome do pulmão ENCOLHIDO NO lúpus eritematoso sistêmico COM PULSOTERAPIA DE GLICOCORTICÓIDE SISTÊMICO: relato de caso
Gazzana MB, Chakr R, Monticiello O, Kohem CL
Hospital de Clínicas de Porto Alegre, Porto Alegre, RS, Brasil.
Palavras-chave: Lúpus eritematoso sistêmico; Dispnéia; Disfunção diafragmática
Introdução: A síndrome do pulmão encolhido (SPE) é uma manifestação pulmonar incomum do lúpus eritematoso sistêmico (LES) caracterizada por um distúrbio restritivo secundário a alterações da dinâmica ventilatória. O tratamento compreende medidas de suporte, visando o controle da disfunção diafragmática. Objetivos: Relatar o caso de uma paciente com dispnéia incapacitante associada a disfunção diafragmática no LES. Métodos: Relato de caso. Revisão da literatura (MEDLINE 1966-2006, Unitermos: lúpus, dyaphragmatic dysfunction, shirinking lung syndrome). Resultados: Paciente feminina de 53 anos, apresenta ortopnéia de início insidioso e piora progressiva há 3 meses, associada a tosse seca e febre recentes e discreta perda ponderal. Vinha em uso de azatioprina e prednisona para tratamento de poliartrite de difícil controle relacionada ao LES, que se manifestava ainda com fator antinuclear (1:2560, padrão nuclear homogêneo), hipocomplementemia e leucopenia persistente há 6 anos. Crepitantes finos holoinspiratórios e redução do murmúrio vesicular eram percebidos em bases pulmonares. Gasometria arterial em ar ambiente revelava hipoxemia leve e alcalose respiratória. RX tórax com elevação de hemicúpulas diafragmáticas e áreas de consolidação e/ou atelectasias em bases pulmonares. Tomografia de tórax com atelectasia parcial de lobo médio e lobo inferior direito, atelectasias subsegmentares em lobo inferior esquerdo. Ecografia torácica descrevendo elevação diafragmática e redução de sua mobilidade. Ecocardiograma sem alterações, estimando pressão sistólica em artéria pulmonar em 34mmHg.. Espirometria com distúrbio ventilatório restritivo grave e limitação do fluxo em pequenas vias aéreas, pressões respiratórias máximas reduzidas. Apesar de imunossupressão contínua e do uso de BiPAP intermitente e fisioterapia respiratória por cerca de 3 meses, evolui com piora sintomática, sendo submetida a pulsoterapia com metilprednisolona 1.000mg EV por dia, durante 3 dias e apresentando significativa melhora clínica, radiológico e funcional pulmonar. Conclusão: A pulsoterapia com metilprednisolona pode ser uma alternativa terapêutica no tratamento de pacientes com disfunção diafragmática relacionada ao LES.
PO055 prevalência DA associação ENTRE A doença DO refluxo gastroesofágico E A TOSSE CRÔNICA
Neto JB, Do Vale OF, Franca Sobrinho JCR, De Andrade FA
Universidade Federal de Sergipe, Aracaju, SE, Brasil.
Palavras-chave: Tosse crônica; Doença do refluxo gastroesofágico; Associação
Introdução: A tosse é um mecanismo essencial de proteção das vias aéreas contra agentes e substâncias nocivas inaladas. É definida como a expulsão súbita de ar dos pulmões, tendo grandes implicações sociais e econômicas. É um sintoma inespecífico, devendo ser abordado de forma a se buscar a causa do problema e não somente a sua resolução. A tríade patogênica da tosse crônica é composta pela hiper-reatividade brônquica, síndrome do gotejamento pós-nasal e refluxo gastroesofágico. A Doença do Refluxo Gastroesofágico (DRGE) é uma das afecções crônicas mais importantes na prática médica devido à elevada prevalência, alta morbidade e prejuízo na qualidade de vida. Objetivos: Esse presente estudo tem como objetivos verificar a associação entre a DRGE e a tosse crônica, observando, também, outros sintomas respiratórios que se associam com a referida patologia. Métodos: A amostra foi representada por todos os pacientes que realizaram a pHmetria de 24 horas na Clínica Pulmão Coração, no período de agosto a dezembro de 2005. Esse exame consiste na introdução de uma sonda flexível por via nasal, a ser localizada no esôfago por um período de 24 horas e monitorada por um aparelho portátil que o paciente leva consigo. Para avaliar a presença de refluxo gastroesofágico foi utilizado o Score de Johnson/Demeester. A sintomatologia dos pacientes foi obtida através de entrevistas realizadas mediante questionário previamente elaborado. Resultados: Com os dados colhidos nesta entrevista e com o resultado do exame pHmétrico, verificamos que 56,8% (25) dos 44 pacientes da amostra apresentaram DRGE. Dentre esses 25 pacientes, 72% (18) referiram tosse crônica. Observando-se a associação com outros sintomas respiratórios, constatou-se que, dos pacientes com DRGE, 68% (17) apresentavam infecção recorrente de vias aéreas; 64% (16) queixavam-se de dispnéia; 56% (14) referiam chiado e 48% (12) referiam dor torácica. Verificou-se, ainda, que dos 18 pacientes com a associação entre a DRGE e a tosse crônica, 11,1% (02) não apresentavam sintomas de RGE. Conclusão: Concluímos, portanto, que pacientes com tosse crônica, mesmo sem sintomas de refluxo, podem apresentar DRGE, frisando-se, por oportuno, a grande associação existente entre esta patologia e o referido sintoma. Foi comprovada, dessa forma, a necessidade de uma rigorosa investigação para diagnosticar refluxo patológico em pacientes com tosse crônica.
PO056 INFLUÊNCIA DO USO DE Budesonida INALATÓRIA NA CURVA DE CRESCIMENTO EM CRIANÇAS PORTADORAS DE ASMA BRÔNQUICA OU RINITE ALÉRGICA PERENE
Castellões dos Santos AR1, Zimmerman JR2, Lopes AC3, Bandeira LMW4
1,2,4. Serviço de Alergia e Imunologia Experimental da Santa Casa da Misericórdia do Rio de Janeiro, Rio de Janeiro, RJ, Brasil; 3. Serviço de Alergia e Imunologia Experimental da Santa Casa Misericórdia do Rio de Janeiro, Rio de Janeiro, RJ, Brasil.
Palavras-chave: Budesonida; Alergia respiratória; Alteração do crescimento
Introdução: A asma brônquica e a rinite alérgica, afecções freqüentes em nosso meio têm como terapêutica habitual o uso do corticóide inalatório. Apesar da liberação do uso da budesonida em crianças a partir de 4 anos de idade, ainda há dúvida sobre a influência da droga na curva de crescimento. Objetivos: Avaliação da velocidade de crescimento durante o uso de budesonida inalatória em crianças portadoras de asma brônquica e/ou rinite alérgica perene. Métodos: Foram analisadas todas as crianças de 4 a 8 anos de idade atendidas no período de maio de 2003 até maio de 2006 com rinite alérgica e/ou asma brônquica que receberam budesonida inalatória. As variáveis coletadas foram: sexo, presença de comorbidades que pudessem alterar a curva de crescimento e a altura, peso e dose do corticóide por kg em cada consulta e tempo de seguimento. Os dados foram analisados pelo modelo de regressão linear múltipla. Resultados: Não houve alteração significativa na velocidade de crescimento atribuível ao uso de budesonida inalatória. Conclusão: O tratamento com budesonida inalatória não alterou a curva de crescimento estatura.
PO057 avaliação DA função pulmonar EM PACIENTES COM Anemia falciforme
Gazzana MB, John AB, Canani SF, Svartman FM, Silva DR, Albaneze R, Bittar CM, Menna Barreto SS
Hospital de Clínicas de Porto Alegre, Porto Alegre, RS, Brasil.
Palavras-chave: Falciforme; Função pulmonar; Restrição
Introdução: Complicações pulmonares decorrentes da anemia falciforme são freqüentes. As principais manifestações clínicas pulmonares dessa patologia são a síndrome torácica aguda e a doença pulmonar crônica. Tais alterações podem levar a dano significativo na função pulmonar. Objetivos: Descrever os principais achados de função pulmonar em uma série de casos de pacientes com anemia falciforme. Métodos: Foram avaliados retrospectivamente, através de dados do prontuário eletrônico, 16 pacientes com anemia falciforme que foram encaminhados para avaliação no Ambulatório de Circulação Pulmonar da nossa instituição entre Jan/2005 e Julho/2006. Destes, 10 pacientes realizaram testes para avaliação da função pulmonar através do equipamento Master Screen Jaeger, versão 4.34, seguindo as diretrizes para provas de função pulmonar (SBPT, 2002). Resultados: Quatro homens e seis mulheres, com média de idade (média ± desvio-padrão) de 32,4 + 16,69 anos realizaram testes de função pulmonar. A espirometria estava alterada em 8 dos 10 pacientes avaliados. Os principais distúrbios encontrados foram: restritivo (4/10), obstrutivo (3/10) e combinado (1/10). Na avaliação dos volumes pulmonares, foram identificados 2 casos com restrição pulmonar leve, 1 com alçaponamento aéreo e outro com aumento isolado do volume residual. Quanto a difusão do monóxido de carbono, 3 apresentavam redução moderada e 1 leve do fator de transferência corrigido para a hemoglobina do paciente. Nenhum paciente da amostra apresentou variação significativa ao broncodilatador. Conclusão: A maioria dos pacientes avaliados apresentou anormalidade em algum dos testes de função pulmonar, com leve predomínio do padrão restritivo, embora nem sempre confirmado através dos volumes pulmonares.
PO058 dengue CAUSANDO hemorragia PULMONAR FATAL
Garcia Barbosa ML1, Barbosa MLG2, Barbosa FP3, Fonseca TB4, Cardoso DTF5, Nunes AS6, Cipriano FG7
1. Instituto do Pulmão - Ribeirão Preto e Faculdade de Medicina - Universidade de Ribeirão Preto, Ribeirão Preto, SP, Brasil; 2,3,4,5,6,7. Instituto do Pulmão e UNAERP, Ribeirão Preto, SP, Brasil.
Palavras-chave: Hemoptise; Dengue; Insuficiência respiratória
Introdução: A dengue é atualmente um grave problema de saúde pública no mundo inteiro. Os casos clínicos enquadram-se em três grupos principais: a) dengue clássica; b) febre hemorrágica da dengue/síndrome de choque da dengue - FHD/SCD e c) dengue com complicações. A febre hemorrágica da dengue, forma mais rara da doença, aparece quando o paciente previamente infectado por dengue é reinfectado por um sorotipo viral diferente. Apresentamos o caso de uma paciente internada com pneumopatia aguda provocando hemoptise e insuficiência respiratória graves e faleceu por hemorragia pulmonar maciça associada à dengue, o qual foi confirmado na necrópsia. Consultada a literatura achamos poucos casos de hemorragia pulmonar associada a dengue hemorrágica. Objetivos: Apresentar um caso de febre hemorrágica da dengue causando hemorragia pulmonar maciça, chamando a atenção para esta causa pouco usual de hemoptise e hemorragia pulmonar. Métodos: Mulher, 62 anos, do lar, não tabagista, previamente hígida. Há cinco dias com febre, tosse seca persistente, queda do estado geral e há três dias dispnéia progressiva e hemoptise de repetição que aumentou no dia da internação. Exames laboratoriais: GV 2.870.000; Hb. 8,5; Ht 26%; Leucograma 7.900 (10-80-1-7-2); plaquetas 221.000; pH 7,42; PaO2 70; PaCO2 42; K 3,3; Na 140; TP 78%; INR 1,14; creatinina 2,1; anti HIV negativo. Rx de tórax: velamentos alveolares bilaterais dispersos que aumentaram rapidamente. TC de tórax: extensas áreas de condensação com broncogramas aéreos bilaterais, sem derrame pleural. No dia seguinte da internação, por piora da insuficiência respiratória, foi levada à UTI e logo instalada ventilação mecânica e todas as medidas de suporte além de quinolona respiratória pela hipótese de PAC grave. Lamentavelmente entrou em falência de múltiplos órgãos evoluindo para óbito no terceiro dia da internação. A necrópsia revelou nos pulmões extensas áreas hemorrágicas com dano alveolar difuso, infiltrado polimorfonuclear, edema intraalveolar e a imunohistoquímica foi positiva para dengue. Conclusão: Dengue hemorrágica com hemorragia pulmonar maciça. Resultados: Relato de caso. Conclusão: Hemoptise é a eliminação de sangue procedente da árvore traqueobronquial mediante o mecanismo da tosse. As medidas terapêuticas a serem adotadas estão condicionadas à existência de um diagnóstico etiológico, da localização da origem do sangramento, do estado geral do paciente e da sua capacidade funcional cardiorrespiratória de base. É importante neste momento lembrar as diversas causas da hemoptise para conduzir melhor sua terapêutica. Assim, achamos válido lembrar, especialmente quando estamos numa região endêmica desta arvorvirose, que a hemorragia pulmonar pode ser provocada pela febre hemorrágica da dengue.
PO059 Programa de reabilitação pulmonar APLICADO A TRÊS ADULTOS JOVENS PORTADORES DE fibrose CÍSTICA
Esposito C1, Gulini J2
1. Hospital Nereu Ramos/SES-SC - Pneumologia, Florianópolis, SC, Brasil; 2. Hospital Universitário/UFSC - Fisioterapia, Florianópolis, SC, Brasil.
Palavras-chave: Reabilitação pulmonar; Fibrose cística; Exercício
Introdução: A média de idade de sobrevida em pacientes com Fibrose Cística (FC) tem aumentando consideravelmente. Entretanto, a deterioração da função pulmonar com progressiva intolerância aos exercícios, consiste num dos principais problemas para estes pacientes. Objetivos: Avaliar o desempenho físico de três pacientes adultos jovens portadores de FC, com idade média de 23 anos, submetidos ao Programa Multidisciplinar de Reabilitação Pulmonar (RP). Métodos: A avaliação consistiu de teste incremental de membros superiores (MMSS) com halteres, teste incremental e endurance de membros inferiores (MMII) em esteira ergométrica e teste de caminhada dos seis minutos (TC6'). Para cálculo do consumo de O2 (VO2) estimado pré e pós-RP, empregou-se a seguinte fórmula: VO2 = (3,5 + (0,1-velocidade (Km/h-1)) + velocidade x inclinação x 1,8. Utilizou-se a escala de Borg para avaliação da sensação de dispnéia e fadiga de MMII. O treinamento consistiu de trinta sessões, três vezes por semana, com duração de noventa minutos, compostas por exercícios globais de aquecimento, trinta minutos em esteira ergométrica, trinta minutos de exercícios para os MMSS e alongamento. Resultados: Houve aproveitamento de 100% das 30 sessões previstas e uma exacerbação clínica por infecção respiratória em um dos pacientes durante o período de treinamento. Houve incremento médio de 500g à carga inicial de treinamento com halteres. As médias de tempo de duração dos testes incrementais de MMII pré e pós-RP foi de 13' e 20' respectivamente, determinando aumento percentual de 51,3%. A inclinação média da esteira alcançada foi de 10 graus e 17 graus respectivamente, no pré e pós-RP. A distância percorrida média no teste de endurance de MMII pré RP foi de 1.180m e no pós foi de 2.894m, representando uma variação de 145%. No TC6' pós-RP, a distância média percorrida foi de 711m (22,4% superior à distância média percorrida na avaliação pré RP). Houve redução na pontuação da escala de Borg, com dessensibilização para dispnéia e fadiga de MMII, em todos os testes pós-RP, quando comparados aos iniciais. Observou-se redução da freqüência cardíaca e da pressão arterial nos testes incremental e endurance de MMII pós-RP, para a mesma e carga e tempo respectivos, nos testes pré RP. Houve aumento do VO2 estimado de todos os pacientes ao término do programa. Conclusão: O programa de RP mostrou-se eficaz, contribuindo para aumento na tolerância aos exercícios e melhora no desempenho físico destes pacientes portadores de FC, podendo representar mais uma alternativa de tratamento, relativamente simples, na abordagem clínica desta enfermidade.
PO060 Porfiria intermitente aguda COMO CAUSA DE VENTILAÇÃO PROLONGADA - RELATO DE DOIS CASOS
Araújo Pinto RM1, Bezerra JEMS2, Teixeira VS3, Martins da Costa FA4, De Melo AM5, Viana AMC6, Alves IMM7, Campos UW8
1,2,3,5,6,7. Hospital Geral Dr. Waldemar de Alcantara, Fortaleza, CE, Brasil; 4,8. Hospital Geral Dr. Waldemar Alcantara, Fortaleza, CE, Brasil.
Palavras-chave: Porfiria intermitente aguda; Ventilação mecânica; Traqueostomia
Introdução: As porfirias são um grupo de distúrbios metabólicos, geralmente de origem genética, secundário a deficiências em diversas enzimas envolvidas nos mecanismos de biossíntese do grupamento heme. A porfiria intermitente aguda (PIA) é a mais grave forma da doença, com manifestações gastrointestinais, neuropsiquiátricas, cardiovasculares, respiratórias e sistêmicas. Há relatos de casos de PIA como causa de Insuficiência Respiratória Aguda (IRpA) com necessidade de ventilação mecânica (VM), no entanto, não há descrição sobre o tempo deste suporte nem sobre a abordagem da reabilitação adequada para esses pacientes. Objetivos: Descrever 2 casos de pacientes com diagnóstico de PIA, IRpA e dependência de suporte ventilatório prolongado, tendo respondido à intensivo trabalho multidisciplinar na tentativa de retirada da VM. Métodos: Análise de dois casos de pacientes internadas no Hospital Geral Dr. Waldemar Alcântara (HGWA), Fortaleza-CE, de julho de 2005 a julho de 2006. Resultados: CASO 1: A.S.M.D., feminino, 23 anos, internada no HGWA em julho de 2005, com história de dor abdominal, evoluindo com crise convulsiva, diminuição de força muscular e dispnéia. Evoluiu com IRpA, submetida à entubação orotraqueal e VM. Tratamento de suporte e medicamentoso, com melhora discreta, passando a contrair a musculatura dos ombros e conseguindo se alimentar por via oral. Em outubro de 2005, encaminhada para a enfermaria do HGWA, para cuidados clínicos e reabilitação. Passou a ser acompanhada em domicílio em dezembro de 2005, dependente 24 horas da VM. Em março de 2006, readmitida para desmame do traqueóstomo, após sucesso com o desmame do BiPAP em domicílio. Evoluiu bem com acompanhamento ambulatorial mensal CASO 2: R.A.S., feminino, 36 anos, internada na UTI do Hospital Geral de Fortaleza (HGF) em agosto de 2005, com história de 20 dias de dor abdominal e urina escura. Evoluiu em oito dias com dispnéia progressiva, paresia em membros inferiores e superiores. Evoluiu com IRpA e necessidade de VM. Tratamento com glicose hipertônica e hematina, após investigação laboratorial para o diagnóstico de PIA.. No período de novembro de 2005 a maio de 2006, esteve internada na enfermaria do HGF, com episódios depressivos e melhora clínica, ainda dependente 24 horas de VM por traqueostomia. Em maio de 2006, foi transferida para a enfermaria do HGWA em uso de BiPAP, traqueostomizada, para reabilitação e tentativa de retirada da VM. Encontrava-se sem oxigênio suplementar, consciente, com paraparesia flácida. Tratada com suporte de fisioterapia respiratória adequada, Evoluiu para desmame do traqueóstomo, sendo decanulada no dia 02/07/2006. Realizado medidas de pressões inspiratórias e expiratórias máximas e prova de função pulmonar em seguida e 30 dias após, com melhora dos parâmetros. Conclusão: Mesmo em casos de dependência total de VM através de traqueostomia, o adequado suporte respiratório pode proporcionar retirada da VM e decanulação da traqueostomia em pacientes com PIA e insuficiência respiratória.
PO061 teratoma INTRATORÁCICO
Hudson Herkenhoff MA1, Muniz FL2, Medonça LCR3
1. Santa Casa de Misericórdia, Cachoeiro de Itapemirim, ES, Brasil; 2,3. Santa Casa de Misericórdia, Cachoeiro de Itapemirim, ES, Brasil.
Palavras-chave: Teratoma; Intratorácico; Maduro
Introdução: Paciente E.E., 20 anos deu entrada no hospital com quadro de febre, tosse seca, dor torácica e emagrecimento, de inicio cerca de 60 dias. Estava em uso de esquema tríplice para tuberculose com início 15 dias antes da internação, prescrito pelo posto de saúde. O exame físico mostrava a paciente em bom estado geral, com palidez cutânea +/4, taquicárdica com murmúrio vesicular abolido em todo o hemitórax esquerdo. O raio-x de tórax - de 15 dias antes, apresentava um velamento de 2/3 do hemitórax esquerdo. O raio-x da internação - mostrava um velamento total do hemitórax esquerdo, com desvio de mediastino. Objetivos: Descrever o caso de teratoma maduro intratorácico, que é um raro tumor nessa localização. Métodos: Foi submetida a toracocentese e biópsia pleural com saída de pouco líquido, com características de transudato. Todavia, como não foi satisfatório, a mesma foi submetida a toractomia com biópsia pleural e pulmonar, além de tomografia computadorizada de tórax - que evidenciou volumosa massa intratorácica com área de calcificação, gordura e de fibrose altamente sugestivas de teratoma. Resultados: O laudo histopatológico confirmou o diagnóstico de teratoma maduro. A paciente foi submetida a nova toracotomia para retirada do tumor. Houve preservação do pulmão e a paciente até o momento está bem. Conclusão: Teratoma é definido como um tipo de tumor originado de células germinativas, pluripotentes, com capacidade para diferenciar-se em qualquer tecido do organismo, como tecido ósseo, cartilaginoso, adiposo, capilar, entre outros. Podem ser benignos, quando apresentados nas formas maduro, dermóide e cístico, ou então maligno, quando imaturo ou sólido. O tratamento é sempre cirúrgico. A incidência entre homens e mulheres é a mesma e a faixa etária é de 20 a 40 anos. A incidência é baixa, quando se trata da localização intrapulmonar, com apenas 46 casos descritos até o momento. Apesar do pequeno numero de relato de casos na literatura, todos foram no primeiro momento tratados como tuberculose.
TUBERCULOSE
PO062 pericardite tuberculosa - FORMAS constrictiva E não-constrictiva - RELATO DE DOIS CASOS
Voss LR, Barros FA, Moura CG
Hospital Santo Antonio, Salvador, BA, Brasil.
Palavras-chave: Pericardite; Pericardite constrictiva; Pericardite tuberculosa
Introdução: A pericardite é uma doença comum, de apresentação clínica diversificada. Em países em desenvolvimento, a tuberculose é responsável por 50% dos casos diagnosticados. Manifesta-se com sintomas tais como febre, sudorese noturna e tosse. O líquido pericárdico é um exsudato, com predomínio de linfócitos e monócitos. O diagnóstico definitivo é feito pela biópsia pericárdica na qual se observa o bacilo da tuberculose ou a presença de inflamação granulomatosa, com ou sem necrose caseosa. A forma constrictiva é uma das conseqüências mais sérias da tuberculose, ocorrendo em 30 a 60% dos pacientes, a despeito do tratamento com antituberculostáticos e corticosteróides. As manifestações clínicas variam desde assintomáticas até a constricção severa. A radiografia de tórax e o ecocardiograma podem mostrar espessamento e calcificação pericárdica. Objetivos: Relatar dois casos de pericardite tuberculosa - uma forma constrictiva e outra não constrictiva. Métodos: Biópsia pericárdica: Pericardite crônica granulomatosa tipo tuberculóide Iniciado esquema I e prednisona (40mg), com resolução do derrame pericárdico e melhora da dispnéia. · Estudo do líquido pericárdico  Glicemia: 113; LDH: 4677; Proteínas totais: 5,8  Citologia inflamatória: 6700 células (Neutrófilos: 20% Linfócitos: 80%) · Ecocardiograma: Derrame pericárdico de grau importante e pericárdio espessado · 1) JCLS, masculino, 35 anos, refere que há 2 anos apresentou tuberculose pulmonar, completando o tratamento há 6 meses. Dois meses após o diagnóstico, evoluiu com dispnéia progressiva, além de aumento do volume abdominal e edema em MMII. Pulso radial arrítmico, sinal de Kussmaul +. Bulhas difusamente hipofonéticas, sem sopros. Abdome semi-globoso às custas de líquido ascítico, fígado palpável a 6cm do rebordo costal direito. Edema ++/IV em MMII. Rx de tórax: espessamento pericárdico. Após pericardiectomia, houve resolução total dos sinais e sintomas relacionados à insuficiência cardíaca congestiva. 2) GSD, 16 anos, masculino, com história de dispnéia aos grandes esforços há 2 meses e febre. Negava tosse. Negava contato prévio com pessoas com diagnóstico de tuberculose. Ao exame, ictus invisível e impalpável, bulhas rítmicas, hipofonéticas, sem sopros, em 2T. Resultados: O tratamento deve ser realizado com Esquema I por 6 meses. O uso de corticosteróides mantém-se controverso. Quando há constricção, a realização de pericardiectomia é o único método definitivo para curar o paciente. Como tratamento paliativo, pode-se utilizar diuréticos. Conclusão: A tuberculose pericárdica é uma doença rara, porém é a maior causa de pericardite em países em desenvolvimento. O tratamento é feito com Esquema I e o uso de corticosteróides ainda é controverso. A pericardite constrictiva é uma das seqüelas mais temidas, sendo o seu principal tratamento a pericardiectomia.
PO063 avaliação DOS tratamentoS: auto-administrado E supervisionado DO Programa de controle da tuberculose DE Carapicuíba
Ribeiro SA, Vieira AA
UNIFESP, São Paulo, SP, Brasil.
Palavras-chave: Tuberculose; Tratamento supervisionado; Tratamento auto-administrado
Introdução: A Estratégia de Tratamento Supervisionado (DOTS) é preconizada pela Organização Mundial da Saúde para reduzir as taxas de abandono do tratamento da tuberculose e deve ser estimulada em todos os locais que tratam tuberculose. Objetivos: Esta pesquisa teve como objetivo avaliar se a implantação da Estratégia de Tratamento Supervisionado (DOTS) melhorou os resultados o Programa de controle da tuberculose de Carapicuíba em relação à Estratégia anterior, o Tratamento Auto-Administrado (TAA), verificando a efetividade, a qualidade e a taxa de abandono do Programa. Métodos: O estudo foi do tipo longitudinal não concorrente comparando duas coortes, realizado no Município de Carapicuíba, Região Metropolitana da Grande São Paulo, abrangendo o período de janeiro até dezembro de 2003, com a Estratégia TAA (coorte 1) e de julho de 2004 a junho de 2005, após a implantação da Estratégia DOTS (coorte 2), totalizando respectivamente 173 e 187 casos. Resultados: A efetividade dos tratamentos, calculada de acordo com análise de sobrevida adaptada por Almeida, foi 6,1% superior para a Estratégia DOTS. A taxa de abandono caiu de 13,3% no TAA para 5,9% no DOTS (p < 0,05) e houve uma melhora na qualidade do Programa após a implantação do DOTS para as seguintes variáveis: Exame de cultura de escarro (RR = 1,2), teste de sensibilidade (RR = 29,0) e comunicantes examinados (RR = 1,8). Conclusão: A Estratégia DOTS mostrou-se mais efetiva, sendo que, com a sua implantação ocorreu diminuição na taxa de abandono e melhora na qualidade do Programa de Controle da Tuberculose do município de Carapicuíba.
PO064 criptococose PULMONAR pseudotumoral: RELATO DE UM CASO
Agostinho Rolim JR1, Camilo da Silva AL2, Da Paz AC3, Agostinho Rolim G4, Lustosa de Queiroz MC5
1,2,3. Universidade Federal do Piauí, Teresina, PI, Brasil; 4. Universidade Estadual do Piauí, Teresina, PI, Brasil; 5. Instituto de Doenças Tropicais Natan Portela, Teresina, PI, Brasil.
Palavras-chave: Criptococose; Pseudotumoral; Histopatologia
Introdução: A criptococose é doença causada pela levedura encapsulada Criptococcus neoformans, apresentando distribuição geográfica mundial. Os órgãos mais comumente acometidos são: sistema nervoso central, pulmões, pele e próstata. A criptococose manifesta-se com os mais variados quadros clínicos, dominando lesões pulmonares e meningoencefálicas. Objetivos: Apresentar um caso de difícil diagnóstico e quadro clínico pouco aparente. Métodos: Estudo clínico, laboratorial e por imagem do paciente B. M. N., sexo masculino, 60 anos, pardo, casado, comerciante, natural e residente em São João do Piauí, PI. Resultaseca, febre, dispnéia e astenia. Foi realizado Raio-X de tórax que revelou opacidade homogênea, de interfaces parcialmente bem definidas e configuração nodular, localizada em segmento posterior do lobo superior do pulmão direito. Suspeitou-se de câncer pulmonar e foi realizada biópsia percutânea orientada por tomografia computadorizada com posterior estudo histopatológico, que evidenciou fragmentos pulmonares com proliferação de células claras com discretas atipias. O paciente foi submetido a tratamento cirúrgico com retirada da massa nodular e foi realizado novo histopatológico, no qual foi diagnosticado criptococose pulmonar com ausência de malignidade. O tratamento instituído ao paciente constituiu-se de anfotericina-B e, atualmente, administra-se esquema terapêutico com sulfas com boa resposta do tratamento instituído. Conclusão: A criptococose é uma micose sistêmica cosmopolita, de evolução subaguda ou crônica, podendo acometer qualquer órgão ou sistema. É causada pelo Criptococcus neoformans. O fungo penetra no organismo por via inalatória, dissemina-se por via hematogênica e instala-se, principalmente, no sistema nervoso central, pulmões, pele e próstata. A forma pulmonar é o quadro clínico mais freqüente da doença. Apresenta-se sob uma forma frustra, em que há lesões focais ou miliares, de regressão espontânea; uma forma pneumônica ou broncopneumônica; uma forma miliar assintomática ou com manifestações semelhantes à anterior; e uma forma pseudotumoral (toruloma ou criptococoma), assintomática ou com queixas de perda de peso, dor torácica maiôs localizada no pulmão direito, tosse, hemoptóicos e febre baixa intermitente. O diagnóstico é feito por pesquisa direta do fungo, cultura, histopatologia, inoculação em animal, métodos imunológicos, exames radiológicos e tomográficos e estudo do líquor. O diagnóstico diferencial da criptococose pulmonar deve ser feito com outras micoses pulmonares, da actinomicose e da tuberculose e carcinomatose; em especial a diferenciação com neoplasia do pulmão impõe-se nas formas nodulares isoladas. A terapêutica deve ser feita com azólicos ou anfotericina-B. O paciente relatado foi tratado com anfotericina-B asssociada a sulfas até completa resolução da patologia.
PO065 tuberculose EM PESSOAS PRIVADAS DE LIBERDADE: SITUAÇÃO NO SISTEMA PENITENCIÁRIO DA REGIÃO DE SAÚDE de Botucatu - SP, 1993 A 2003
Junior WV, Carandina L
Faculdade de Medicina de Botucatu-SP/UNESP, Botucatu, SP, Brasil.
Palavras-chave: Tuberculose em detentos; Controle da tuberculose; Prisões
Introdução: O perfil das pessoas privadas de liberdade e as condições de confinamento são fatores importantes na epidemiologia da tuberculose, contribuindo para manter sua elevada morbimortalidade no cárcere e fora dele. Superlotação, ventilação inadequada, insalubridade ambiental, violência, drogadição e falta de atendimento à saúde, são situações que expõem os detentos a maior risco de infecção, adoecimento por tuberculose e desenvolvimento de formas multirresistentes. Objetivos: Descrever a situação da tuberculose nas penitenciárias da Região de Saúde de Botucatu-SP, Brasil. MÉTODO. Estudo descritivo retrospectivo dos casos de tuberculose notificados, entre 1993 e 2003, nos presos (média de 3500 pessoas/ano), todos do sexo masculino. Foram utilizadas informações do Banco de Dados do Programa Epi-Tb. Métodos: Estudo descritivo retrospectivo dos casos de tuberculose notificados, entre 1993 e 2003, nos presos (média de 3500 pessoas/ano), todos do sexo masculino. Foram utilizadas informações do Banco de Dados do Programa Epi-Tb. Resultados: Incidência anual média elevada (1270 casos/100 mil detentos), predomínio de jovens (mediana de 29 anos), com baixa escolaridade (mediana de 5 anos de estudo), casos novos (84%), forma pulmonar (91%), baciloscopia de escarro realizada em 87%, com positividade de 84%, cultura de escarro em apenas 8%, co-morbidade 67%, sendo a AIDS o agravo mais prevalente (90%), testagem para HIV realizada em 85%, com positividade de 40%, tempo médio de demora, entre sintomas e tratamento, de 9 semanas, tratamento supervisionado pouco utilizado (20%), taxa de cura de 63%, abandono de tratamento de 6,3% e transferência de 17% e baixo controle de comunicantes (13%). Conclusão: Investir em medidas que reduzam a transmissibilidade da tuberculose nas prisões, como a melhoria nas condições de encarceramento, a garantia à assistência à saúde, a busca ativa com acesso garantido e rápido aos meios diagnósticos e o tratamento supervisionado de todos os casos, são medidas necessárias e urgentes, tanto para garantir direitos de cidadania às pessoas privadas de liberdade, quanto para o efetivo controle da doença na população geral.
PO066 ANÁLISE COMPARATIVA DA tuberculose PULMONAR NAS PESSOAS PRIVADAS DE LIBERDADE E NOS HOMENS LIVRES, NA REGIÃO DE SAÚDE de Botucatu - SP, 1998 A 2003
Junior WV, Carandina L
Faculdade de Medicina de Botucatu-SP/UNESP, Botucatu, SP, Brasil.
Palavras-chave: Tuberculose em detentos; Controle da tuberculose; Prisões
Introdução: O perfil das pessoas privadas de liberdade e as condições de confinamento são fatores importantes na epidemiologia da tuberculose, contribuindo para manter sua elevada morbimortalidade no cárcere e fora dele. Superlotação, ventilação inadequada, insalubridade ambiental, violência, drogadição e falta de atendimento à saúde, são situações que expõem os detentos a maior risco de infecção, adoecimento por tuberculose e desenvolvimento de formas multirresistentes. Objetivos: Analisar, comparativamente, a tuberculose pulmonar nos detentos e nos homens livres na Região de Saúde de Botucatu - SP. Métodos: Utilizando as informações do Banco de Dados do Programa Epi-Tb, realizou-se estudo descritivo retrospectivo dos casos de tuberculose notificados pelas cinco penitenciárias da região e nos homens livres da mesma faixa etária, entre 1998 e 2003. Resultados: Nas pessoas privadas de liberdade: a incidência notificada da tuberculose pulmonar foi 20 vezes maior, a mediana de idade foi de 29 anos, foi maior a prevalência de Aids (33%) e de HIV (35%), foi maior a taxa de cura e menor a taxa de abandono de tratamento. Nos homens livres: a mediana de idade foi de 41 anos, houve maior ocorrência de co-morbidade (66%), com predomínio do alcoolismo (61%), foi maior o tempo de demora entre os sintomas e o início do tratamento, foram maiores o número e o tempo de internações. Para as duas populações: predominou a forma pulmonar e os casos novos, foi baixo o grau de escolaridade, a cultura de escarro foi poucas vezes realizada, o tratamento supervisionado foi poucas vezes utilizado e houve baixo controle de comunicantes. Conclusão: Comprova-se, que na Região de Botucatu, como em outras partes do mundo, a situação da tuberculose nas penitenciárias é grave. Para reverter esta situação, é necessário: implementar recomendações oficiais, como realização de cultura de escarro e tratamento supervisionado, realização de teste tuberculínico para os portadores de HIV, quimioprofilaxia e controle efetivo de comunicantes; ação interinstitucional visando melhoria nas condições de confinamento e de atenção à saúde dos detentos e funcionários do sistema penitenciário; busca ativa de casos, diagnóstico precoce e tratamento imediato dos doentes; conscientização, capacitação e reciclagem dos funcionários; desenvolver ações educativas de prevenção da tuberculose e Aids/HIV e compor grupo interinstitucional de trabalho para discutir e buscar soluções conjuntas para o enfrentamento da situação da tuberculose nas penitenciárias da região.
PO067 abandono DOS CASOS DE tuberculose E VARIÁVEIS RELACIONADAS SEGUNDO ESTRATÉGIA EMPREGADA (DOTS E TAA) NO Programa de controle da tuberculose DO MUNICÍPIO DE Carapicuíba - SP
Ribeiro SA1, Vieira AA2
1. UNIFESP, São Paulo, SP, Brasil; 2. Secretaria Municipal de Saúde, Carapicuíba, SP, Brasil.
Palavras-chave: Tuberculose; Abandono; Tratamento supervisionado
Introdução: O principal objetivo para o Controle da Tuberculose e interrupção da cadeia epidemiológica é a descoberta dos casos bacilíferos através da Busca Ativa de Sintomáticos Respiratórios e seu tratamento completo (seis meses). O abandono do tratamento é o principal fator de risco perpetuar a cadeia de transmissão, assim como é o maior responsável pelo aparecimento de casos crônicos e multidrogaresistentes (MDR). Objetivos: Esta pesquisa teve como objetivos avaliar se com a implantação da Estratégia do Tratamento Supervisionado (DOTS) em relação à estratégia anterior, Tratamento Auto-Adiministrado (TAA), diminuiu a taxa de abandono do Programa de Controle da Tuberculose de Carapicuíba e também identificar possíveis variáveis relacionadas aos abandonos dos tratamentos. Métodos: O presente estudo foi do tipo longitudinal não concorrente comparando duas coortes, a coorte 01 (TAA) avaliada de janeiro à dezembro de 2003 e a coorte 2 (DOTS) de julho de 2004 até junho de 2005, totalizando 173 e 187 casos de tuberculose respectivamente, atendidos pelo Programa de Controle da Tuberculose do Município de Carapicuíba, região metropolitana da Grande São Paulo. Resultados: A taxa de abandono diminuiu mais de 100%, de 13,3% na estratégia TAA para 5,9% na estratégia DOTS (p < 0,005). Das variáveis estudadas e relacionadas ao abandono, verificou-se que na estratégia TAA houve associação significante (p < 0,005) para a faixa etária de 21 a 45 anos (RR = 3,8), ocupação do tipo informal (RR = 3,2), casos de retratamento (RR = 2,6), etilistas crônicos (RR = 3,1) e menor número de comunicantes examinados (RR = 8,9). Nos casos da estratégia DOTS não ocorreu associação para as variáveis estudadas. Conclusão: A estratégia DOTS se mostrou mais efetiva em relação ao TAA, com diminuição da taxa de abandono, ficando este próximo aos 5,0% preconizado pela Organização Mundial da Saúde e Programa Nacional de Controle da Tuberculose do Ministério da Saúde, e ao contrário da estratégia TAA, com o DOTS não houve variáveis associadas aos abandonos dos tratamentos.
PO068 avaliação DOS fatores de risco PARA O DESENVOLVIMENTO DE tuberculose PULMONAR EM pacientes ambulatoriais INSCRITOS EM Programas DE tuberculose
Carlesso PP, Junior CC, Romanelli FA, Rodrigues PL, Prest CL, Loureiro GR, De Moura IM, Pinto GAT
Universidade Federal do Espírito Santo, Vitória, ES, Brasil.
Palavras-chave: Tuberculose; Epidemiologia; Caso-controle
Introdução: A Tuberculose é grande causa de mortalidade por doença infecciosa no mundo, com uma estimativa de que uma em cada três pessoas esteja infectada. O Brasil ocupa o décimo lugar entre os 23 países responsáveis por 80% do total de casos. Muitas condições são freqüentemente implicadas na evolução da doença pulmonar. Diante da grande diversidade de variáveis envolvidas, decidiu-se desenvolver um estudo para avaliar a presença das mesmas entre pacientes atendidos em Programas de Tuberculose em nosso meio. Objetivos: Determinar a freqüência e a associação dos fatores de risco com o desenvolvimento da tuberculose pulmonar nos pacientes atendidos no ambulatório do Hospital Universitário Cassiano Antonio de Morais (HUCAM) e na Unidade de Saúde (US) de Maruípe. Métodos: Está em andamento um estudo caso-controle envolvendo pacientes portadores de tuberculose nos Programas de Tuberculose do HUCAM e da US de Maruípe. O grupo controle é formado por pacientes, sem tuberculose, atendidos nos ambulatórios de clínica cirúrgica, clínica médica, cirurgia plástica e oftalmologia do HUCAM. Os dados são provenientes de um questionário que o paciente é convidado a responder, com perguntas sobre condições de interesse. À análise univariada, seguiu-se modelo multivariado mediante o uso de regressão logística múltipla, com a = 5%. Resultados: Os resultados parciais obtidos a partir dos dados de 128 pacientes mostram que, na população estudada, são fatores de risco a etnia parda ou negra, a ocorrência de tuberculose prévia, a perda de peso, a presença de tosse nas últimas 4 semanas, o contato prévio com paciente portador de tuberculose e o fato de dormir sozinho no cômodo. Outros fatores avaliados não apresentaram diferença estatisticamente significante, a saber: sexo, faixa etária, vacinação por BCG, condições socioeconômicas, de moradia e sanitárias, trabalho ou residência em locais de risco, uso de medicamentos, doenças associadas. Conclusão: Os resultados obtidos sugerem que fatores classicamente associados à tuberculose podem não ser reconhecidos em nosso meio em virtude da homogeneização relativa das condições socioeconômicas da população sob atendimento no SUS. A etnia parda, por ser de classificação subjetiva, pode ter sido sujeita a viés de informação. As variáveis tosse e perda de peso foram utilizadas como critérios de definição clínica da doença, motivo pelo qual estão associadas ao desfecho. O fato de dormir sozinho no cômodo provavelmente representa um viés de precedência. Foram, portanto, encontrados como fatores de risco as seguintes variáveis: tuberculose prévia e contato prévio/exposição sabido(a) à tuberculose. Outros fatores podem não ter sido reconhecidos por falta de poder suficiente do estudo, ainda em andamento, não tendo sido atingido o tamanho de amostra necessário.
PO069 avaliação DO PERFIL DOS PACIENTES PORTADORES DE tuberculose PULMONAR INSCRITOS EM Programas DE tuberculose
Carlesso PP, Junior CC, Romanelli FA, Rodrigues PL, Prest CL, Loureiro GR, De Moura IM, Pinto GAT
Universidade Federal do Espírito Santo, Vitória, ES, Brasil.
Palavras-chave: Tuberculose; Epidemiologia; Corte transversal
Introdução: A Tuberculose é uma doença que acompanha o homem desde o início da história e sempre foi relacionada a condições insalubres e aglomerações. Várias foram as tentativas de controle, porém ela persiste como grande causa de doença infecciosa no mundo acometendo mais de 9 milhões de pessoas a cada ano. O Brasil é o 10º país do mundo em tuberculose, apesar dos esforços desenvolvidos para controlar a doença. Uma vez que o sucesso das estratégias de controle está ligado à compreensão das variáveis envolvidas na gênese da doença, decidiu-se desenvolver um estudo para avaliar o perfil dos pacientes atendidos em nosso meio. Objetivos: Avaliar as características dos pacientes portadores de tuberculose pulmonar atendidos no ambulatório do Hospital Universitário Cassiano Antônio de Morais (HUCAM) e na Unidade de Saúde (US) de Maruípe. Métodos: Foi realizado um estudo descritivo envolvendo pacientes portadores de tuberculose pulmonar nos Programas de Tuberculose do HUCAM e US Maruípe. Os dados são provenientes do prontuário e de um questionário que o paciente foi convidado a responder. Resultados: Os resultados obtidos a partir dos dados de 64 pacientes, entrevistados no período de Agosto de 2005 a Maio de 2006, mostrou que a maioria é do sexo masculino (70,3%), de etnia parda (45,3%) com idade média de 44,23 + 16,42 anos (variação: 18-80). Esses pacientes eram provenientes de 12 municípios do ES e 87,5% da Grande Vitória. Conclusão: Observou-se que o grau de instrução limitou-se ao 1º grau incompleto (61,7%), a renda variou predominantemente entre < 1 a 3 salários mínimos (65,6%), 93,8% habitavam casa de alvenaria, com água encanada (98,4%), banheiro domiciliar (100%) e coleta de lixo (95,3%). A avaliação da profissão e das condições de trabalho revelou que 71,1% são trabalhadores braçais extra-domiciliares urbanos. Quanto à inserção no mercado, 60,2% encontravam-se em atividade, 19,5% aposentados e 20,3% desempregados. Apenas 10,9% trabalhavam ou já haviam trabalhado em locais de risco como penitenciárias, manicômios, hospitais, quartéis e laboratórios. Não foi observada incidência significativa de doenças associadas à tuberculose. Etilismo foi declarado por 76,6%, e tabagismo por 64,8%. A maioria (79,7%) nunca usou drogas ilícitas. Dos diagnósticos, 40,6% foram feitos no HUCAM, 14,1% na US de Maruípe, 37,5% em serviço público próximo à residência do paciente e 7,8% em serviço particular. Baciloscopia de escarro foi positiva em 78,1% dos pacientes, apenas 21,9% necessitando de confirmação por outro método. O esquema I foi o mais utilizado (59,4%) havendo ainda 14 outros esquemas. Resistência a alguma droga antimicobacteriana ocorreu em 9,4% dos pacientes. Entre estes, 50% apresentavam resistência à rifampicina + isoniazida, 16,7% à rifampicina + isoniazida + pirazinamida e 16,7% à estreptomicina, (não especificada: 16,7%). Tratamento por até 6 meses foi observado em 89,1% dos casos, ultrapassando este período em 9,6% (1,6% desconhecido).
PO070 ADERÊNCIA À vacinação CONTRA A gripe ENTRE OS profissionais de saúde DE UM Hospital Geral
Leite de Albuquerque Filho AP, Diniz ET, Querino MCD
Hospital Barão de Lucena, Recife, PE, Brasil.
Palavras-chave: Gripe; Vacinação; Profissionais de saúde
Introdução: O vírus influenza é uma importante causa de morbidade e mortalidade em indivíduos idosos e com doenças crônicas e/ou imunodepressão na comunidade. A população nosocomial é particularmente vulnerável à infecção, observando-se uma letalidade de 6 a 8% em surtos hospitalares. Os profissionais de saúde exercem papel importante na transmissão do vírus aos pacientes internados. A letalidade é eficazmente reduzida pela vacinação anual dos últimos; entretanto, a imunização dos mesmos permanece baixa (10 a 40%) em todo o mundo. Objetivos: Avaliar a aderência à vacinação entre os profissionais de saúde de um hospital geral no Recife, determinando o nível de conhecimento dos mesmos sobre a indicação e os principais motivos que levam à não-aderência. Métodos: Estudo transversal e descritivo. Foram entrevistados 579 profissionais que tinham contato direto com pacientes (51,5% do total dos funcionários registrados no Hospital), e 21 estudantes de medicina ou enfermagem. Resultados: Dos 600 indivíduos entrevistados, a idade média foi de 38,7 anos, e 84% eram do sexo feminino. Dentre todos os entrevistados, 41,6% foram imunizados ao menos uma vez nos últimos 3 anos; apenas 28% vacinaram-se no último ano. Entre os que se imunizaram, o principal motivo alegado para fazê-lo foi a diminuição do risco de adquirir gripe, sem menção ao fato de serem profissionais de saúde (60,9%); apenas 3,6% responderam ter se imunizado por esse motivo. Entre as diferentes categorias profissionais, a taxa de vacinação entre as enfermeiras foi de 60,5%, entre os auxiliares/técnicos de enfermagem de 53,6% e entre os médicos de 32,9%. Os principais motivos citados para justificar a não imunização foram a falta de interesse em relação a vacinar-se (24,2%), o fato de não ter mais de 60 anos (22,3%) e o de não apresentar gripe com freqüência (18,9%). No total, 28,2% afirmaram conhecer a indicação anual da vacina para o profissional de saúde; destes, porém, 45,6% não se imunizaram. Os médicos corresponderam à categoria profissional que mais afirmou conhecer a indicação (37,4%). Entre os estudantes as taxas de vacinação e conhecimento sobre a indicação foram baixas, 23,8% e 4,8%, respectivamente. Conclusão: A taxa de vacinação entre os profissionais entrevistados situou-se dentro da faixa habitualmente encontrada na literatura - inferior, portanto, à desejável. Adicionalmente, o uso da vacina mostrou-se irregular, sem o rigor da recomendação de imunização anual. Os médicos tiveram aderência mais baixa que enfermeiros e auxiliares. Dentre os imunizados, os motivos alegados mostraram desconhecimento da indicação universal para profissionais de saúde. São necessárias estratégias para aumentar a aderência e o conhecimento sobre a vacina entre os profissionais.
PO071 ADERÊNCIA À vacinação CONTRA A gripe EM pacientes ambulatoriais DE UM Hospital Geral
Leite de Albuquerque Filho AP, Querino MCD, Diniz ET
Hospital Barão de Lucena, Recife, PE, Brasil.
Palavras-chave: Gripe; Vacinação; Pacientes ambulatoriais
Introdução: A indicação de vacinar idosos contra a influenza está bem estabelecida e assimilada pela população, alcançando índices acima de 80% no Brasil, nos últimos 3 anos. A imunização contra a gripe também é indicada, independentemente da faixa etária, para pacientes com alto risco de desenvolver as complicações da doença, como os portadores de doenças cardíacas, pulmonares, renais e hepáticas crônicas, diabetes mellitus tipo 1 e pacientes imunossuprimidos. Dados sobre a aderência à vacinação nesse grupo de indivíduos (portadores de co-morbidades) são escassos. Objetivos: Avaliar a aderência à vacinação contra a gripe em pacientes adultos com alto risco para complicações (maiores que 60 anos e menores de 60 anos portadores de co-morbidades), que afluem ao ambulatório de um hospital terciário. Métodos: Estudo transversal e descritivo, realizado em 2006 nos ambulatórios de clínica médica, cardiologia e pneumologia do hospital Barão de Lucena. Foram entrevistados pacientes consecutivos da rotina de atendimento dos ambulatórios quanto à realização ou não da vacina pelo menos uma vez nos últimos 3 anos. Calculou-se a freqüência de vacinação em dois grupos: os com idade maior que 60 anos e os com idade menor que 60 anos mas portadores de co-morbidades. Resultados: Foram entrevistados 266 pacientes, com média de idade de 49,3 anos; 69,2% eram do sexo feminino. Do total, 88 pacientes (33,1%) tinham mais de 60 anos; dentre eles, 81,8% foram vacinados. Dos menores de 60 anos (178 pacientes), 58 pacientes (32,5%) tinham indicação para vacinação pela presença de co-morbidades. Destes, 11 (18,9%) foram vacinados. Entre os menores de 60 anos, as co-morbidades mais freqüentes foram asma brônquica, diabetes mellitus e uso de imunossupressores. Os pacientes foram estimulados a vacinar-se pelos profissionais de saúde do ambulatório em 40,2% dos casos para os maiores de 60 anos, e em 13,8% para os menores de 60 anos portadores de co-morbidades. Conclusão: A aderência à vacinação entre os maiores de 60 anos situou-se dentro das metas recomendadas pelas autoridades sanitárias para a população geral. Entre os pacientes menores de 60 anos portadores de co-morbidades, no entanto, a aderência à vacinação foi baixíssima. Os dados sugerem que os profissionais de saúde não têm recomendado com a ênfase necessária a vacinação para o último grupo de pacientes. Faz-se necessária uma maior divulgação de informações para a população e os profissionais de saúde quanto às indicações da vacinação anual contra a gripe.
PO072 MANIFESTAÇÕES otorrinolaringológicas DA tuberculose PULMONAR
Siqueira Briglia MF, Schettini RA, Carvalho RS, Briglia FS, Schettini DA, Socorro de Lucena Cardoso MD
UFAM, Manaus, AM, Brasil.
Palavras-chave: Prevalência; Manifestações otorrinolaringológicas; Tuberculose
Introdução: A tuberculose continua sendo um problema mundial e nos últimos anos teve um aumento na sua incidência principalmente pelo número crescente de pacientes com HIV. A tuberculose possui como agente etiológico Mycobacterium tuberculosis que possui um período de latência geralmente prolongado entre a infecção inicial e a doença. Essa doença pode afetar diversos órgãos e sistemas. A forma mais comum de acometimento otorrinolaringológico da tuberculose é a linfadenopatia cervical. Outros locais de acometimento otorrinolaringológico da tuberculose são constituídos pela orelha média, a cavidade nasal, a orofaringe, nasofaringe, parótida, esôfago, glândula submandibular, palato, língua, traquéia, laringe, ducto do cisto tireoglosso e a mucosa oral. Objetivos: Estimar a prevalência de manifestações otorrinolaringológicas em pacientes portadores de tuberculose, atendidos no ambulatório Araújo Lima da Faculdade de Ciências da Saúde da Universidade Federal do Amazonas, em Manaus, entre o período de Julho de 2005 a Junho de 2006, e analisar o comportamento da doença neste grupo. Métodos: Este é um estudo descritivo e transversal, em que os pacientes diagnosticados com tuberculose pulmonar pelo Serviço de Pneumologia do Ambulatório Araújo Lima da UFAM, em Manaus, entre o período de Julho de 2005 e Junho de 2006, foram encaminhados ao Serviço de Otorrinolaringologia da UFAM. Estes pacientes foram então submetidos a um exame otorrinolaringológico. Foram incluídos no trabalho apenas os pacientes diagnosticados com tuberculose pulmonar pelo serviço de Pneumologia da UFAM, com exame de baciloscopia positiva. Resultados: Foram analisados 15 casos de tuberculose pulmonar confirmada pela baciloscopia, sendo 7 do sexo feminino e 8 do sexo masculino. A maioria dos pacientes eram adultos jovens entre a terceira e quarta década de vida (46,7%). Apenas um dos pacientes possuía co-infecção com o vírus HIV. O acometimento otorrinolaringológico pela tuberculose foi observado em 2 pacientes correspondendo a 26,7% da mostra, sendo um paciente com otite média tuberculosa e um paciente com linfoadenopatia cervical. Conclusão: A prevalência de manifestações otorrinolaringológicas foi de 13, 33%. Um paciente foi acometido de otite média tuberculosa e outro de linfadenopatia cervical. Além disso, dois pacientes referiram refluxo faringo-laríngeo após o início do tratamento da TB e 1 paciente apresentava hipertrofia de cornetos, sem correlação com a doença. Por ser um tipo de acometimento raro em pacientes freqüência das manifestações otorrinolaringológicas e mostrar que apesar das diferenças regionais quanto a hábitos de vida, condição socioeconômica, fator racial e outros, os resultados obtidos são semelhantes aos observados em outros estudos no Brasil e no mundo.
PO073 tuberculose pleural COM INVASÃO costal - relato de caso
Rabelo LM, Faoro C, Martynychen MG, De Barros JA, Frare e Silva RL, Scuissato DL, Carraro E
Hospital de Clínicas, Curitiba, PR, Brasil.
Palavras-chave: Tuberculose pleural; Costal; Característica neoplásica
Introdução: A tuberculose (TB) apresenta uma grande variedade de tipos de lesões radiológicas, podendo apresentar-se como uma lesão pleuropulmonar com invasão costal, mimetizando uma lesão de aspecto neoplásico. A TB óssea ocorre em 3 a 5% dos casos de TB e 15% dos casos de TB extrapulmonar, acometendo principalmente coluna vertebral, raramente acometendo outras estruturas ósseas, como os ossos dos arcos costais. Objetivos: Relatar o caso de um paciente que apresentava uma massa paravertebral direita com invasão pleural e lesões líticas, de aspecto neoplásico, porém a biópsia demonstrou tuberculose. Métodos: Relato de caso. Resultados: Relatamos o caso de um paciente masculino, 66 anos, com dispnéia, tosse seca, dor torácica direita, astenia e anorexia com 1 ano de evolução. Apresentando, ao exame físico, diminuição da ausculta respiratória em base de hemitórax direito, sem outras alterações. Hemograma sem alterações significativas, VHS = 44, PPD reator fraco. Exames de imagem (set/2004): Rx tórax com cardiomegalia, diminuição volume pulmão direito, obliteração do seio costofrênico direito e espessamento basal pleural direito; Tomografia de tórax confirmando os achados da radiografia de tórax, além da presença de linfonodos mediastinais aumentados. Exames de imagem (nov/2005): Rx de tórax com cardiomegalia e comprometimento pleuro-parenquimatoso direito. Tomografia de tórax demonstrando massa paravertebral associada a lesões costais líticas e espessamento pleural nodular à direita. Prova de Função Pulmonar com aumento do volume residual, além de redução do VEF1 = 1,88 (67%). Biópsia da massa em hemitórax direito com presença de inflamação crônica necrotizante tuberculóide com pesquisa de BAAR positiva, amostra negativa para malignidade. Confirmado o diagnóstico de Tuberculose pleural com invasão costal. Iniciado tratamento com RHZ e após 2 meses de tratamento, o paciente apresenta-se sem dor torácica, com melhora da astenia e diminuição da tosse. Conclusão: Existem inúmeras formas de apresentação radiológica de TB, inclusive com mimetismo para lesão neoplásica. O acometimento ósseo na TB é raro, em casos como este, quando não acomete a coluna vertebral. O diagnóstico neste caso é feito com a biópsia da lesão e análise histopatológica. O tratamento é realizado com o esquema RHZ, com a lesão tendendo a regredir conforme a evolução (melhora clínica) do tratamento.
PO074 abandono DO tratamento DA tuberculose EM Campo Grande, Mato Grosso do Sul, 2002 E 2003
Diorio de Almeida SA1, Honer MR2
1. Sec. Municipal de Saúde Pública, Campo Grande, MS, Brasil; 2. UFMS, Campo Grande, MS, Brasil.
Palavras-chave: Tuberculose; Tratamento; Abandono
Introdução: Situação crítica dessa doença milenar que transmitida por via aérea, abatem-se o próprio paciente e toda a sociedade. Objetivos: Caracterizar os casos de abandono ao tratamento de tuberculose, notificados em 2002 e 2003, em duas unidades de saúde de referência da rede básica de saúde do município de Campo Grande, MS. Verificar - números a partir do cadastro do Sistema Nacional de Agravos de Notificação (SINAN); tipos de encerramento e por abandono de tratamento. Descrever os casos a partir das entrevistas e registros em formulário. Identificar as estratégias para a redução do abandono. Métodos: Estudo de série de casos, epidemiológico e descritivo, com levantamento dos dados dos casos notificados de tuberculose. Coletados dados secundários dos registros do Programa de Controle da Tuberculose (PCT) da Secretaria Municipal de Saúde Pública, através do SINAN. Dados primários com aplicação de formulário aos casos em abandono, através do Termo de Consentimento Livre e Esclarecido. No procedimento para a realização da visita domiciliar, elaborado formulário. Os dados foram tabulados, as freqüências calculadas. Resultados: Do conjunto de 514 notificados em tuberculose no município dos dois anos, delimitou-se 195 casos do estudo, que apresentaram: 78,4% cura, 8,2% transferência, 4,6% óbito, 3,5% mudança de diagnóstico, 5,1% abandono caracterizando 10 casos (2 condenados judicialmente e foragidos; 2 andarilhos; 3 mudaram do município, sem deixar novos endereços); 1 usuário de drogas, 24 anos, pulmonar BK+ e AIDS, etilista, vigia de veículos, considerou-se melhor e curado; uma mulher do lar, 59 anos, meningite tuberculosa, alega dores abdominais, de cabeça, desânimo e "saravá" contra ela, ambos fizeram 3 meses de tratamento por uso de ônibus para ir a unidade de saúde; 1 presidiário, 29 anos, meningite tuberculosa e AIDS, tabagista, realizou 4 meses de tratamento por necessitar de escolta policial para o controle mensal de tratamento. Os três casos foram entrevistados, são de 2002, da raça negra e relataram alimentação adequada durante o tratamento. Conclusão: Esta pesquisa possibilitou conhecer os tipos de encerramento de tratamento; qualificar o PCT nas unidades de referência, quanto ao abandono em 2002 = 6,5% e 2003 = 3,4%; identificar os elementos predisponentes a interrupção do tratamento e os esforços para resgatar tais casos muitas vezes vão muito além da capacidade técnica dos profissionais. O levantamento realizado apontou a necessidade do acompanhamento contínuo do: -sistema de vigilância do fluxo das informações, devido as falhas constatadas no SINAN, -comprometimento dos profissionais atuantes no controle da tuberculose de cada caso, incluindo tratamento supervisionado, proporcionando a efetivação do encerramento por cura e a educação permanente na valorização dos técnicos para a diminuição dos casos de abandono de tratamento da tuberculose.
PO075 CULTURAS POSITIVAS PARA MICOBACTÉRIAS não tuberculosas: doença OU CONTAMINAÇÃO?
Garcia GF1, Rocha MO2
1. Hospital Eduardo de Menezes-FHEMIG, Belo Horizonte, MG, Brasil; 2. Programa de Pós-Graduação de Infectologia da Universidade Federal de Minas Gerais, Belo Horizonte, MG, Brasil.
Palavras-chave: Micobactérias não-tuberculosas; Culturas para micobactérias; HIV
Introdução: As culturas positivas para micobactérias não-tuberculosas são freqüentemente encontradas em hospitais de referência para doenças infecciosas, existindo a dificuldade de caracterizar este achado como doença ou contaminação. Objetivos: Correlacionar o achado de culturas positivas para micobactérias não-tuberculosas com critérios diagnósticos. Métodos: De 2000 a 2004, foram identificados 40 pacientes com culturas positivas para micobactérias não-tuberculosas no Hospital Eduardo de Menezes, Minas Gerais. Foram considerados doentes por micobacteriose os pacientes com doença pulmonar que se enquadravam nos critérios diagnósticos da ATS-1997, aqueles com hemocultura ou cultura de líquidos corporais normalmente estéreis positivas para micobactéria. Os pacientes foram analisados quanto à sorologia para HIV, quadro clínico, mortalidade, espécime de micobactéria encontrada e diagnóstico de doença ou contaminação. Resultados: Das 580 culturas positivas para micobactérias, 9,9% eram de micobactérias não tuberculosas, sendo 27 (49%) do grupo III de Runyon, 9 (16,3%) do grupo II, 7 (12,7%) do grupo I, 4 (7,2%) do grupo IV e 8 (14,4%) não classificadas, relativas a 40 pacientes. Desses, 30 eram do sexo masculino, a idade média foi de 37 anos, 31 tinham sorologia positiva para o HIV. Dos 13 (32,5%) pacientes considerados como infecção, 9 tinham os critérios da ATS-1997 para doença pulmonar e 4 outros critérios. Dos 25 (62,5%) pacientes considerados como contaminação, 23 (92%) apresentaram cultura no positiva no escarro, 13 (52%) pesquisa de BAAR positiva no escarro ou outro material biológico, 14 (56%) tinham sintomas respiratórios, 17 (68%) fizeram tratamento para tuberculose e 4 (16%) para micobactérias não tuberculosas. Conclusão: Um terço dos pacientes foi diagnosticado como infecção. A maioria dos pacientes considerados como contaminação eram sintomáticos respiratórios e fizeram tratamento para micobactérias. O tratamento dos pacientes com culturas positivas para micobactérias foi orientado não somente pelos critérios diagnósticos internacionais, mas também pelo quadro clínico dos pacientes que não preencheram estes critérios.
PO076 A ARTE COMO MEIO DE DES-VELAR O SER-DOENTE COM tuberculose/HIV
Bittencourt Fernandes da Silva AM
UFRJ, RJ, RJ, Canadá.
Palavras-chave: Tuberculose; Pesquisa qualitativa; Arte simbólica
Introdução: A TB é uma enfermidade controlável, com rápido diagnóstico e de tratamento eficaz. Segundo o SINAN (2003) foram confirmados 72.949 casos novos, dos quais 8% eram HIV soropositivo. O Estado do Rio de Janeiro apresenta a maior taxa anual de incidência do país, se destacando no cenário nacional. Kritski e col. (2005) refere que se faz necessário que o paciente tenha acesso ao programa de tratamento, e que os profissionais efetivamente sigam as normas de controle da TB para se obter a cura. Jung (1988) refere que nascemos com uma herança psicológica, que se soma à biológica e que ambas são determinantes essenciais do comportamento e da experiência do ser. Reconhece que por meio da arte o ser pode dês-velar o que se encontra oculto (significado da enfermidade), pois o fazer simbólico libera os conflitos internos e favorece a adesão ao tratamento. Objetivos: Compreender as percepções dos pacientes sobre o cuidado que lhes é oferecido, por meio do fazer artístico. Métodos: Este estudo foi desenvolvido na perspectiva da pesquisa qualitativa que, para Martins e Bicudo (1989) encontrar-se centralizado no específico, na procura da compreensão dos fenômenos estudados. Esta metodologia mostrou-se como proposta para a leitura do fazer artístico, expressa em linguagem simbólica, que proporcionou o emergir da intuição e dos conteúdos internos, reprimidos e imersos nas histórias coletivas e individuais dos sujeitos (Santos, 1999). Os objetos produzidos foram desenvolvidos nas oficinas pela concretização e expressão do símbolo. Realizou-se a análise coletiva dos dados e a avaliação-simbólica pelo próprio grupo favorecendo a transformação dos níveis do consciente do paciente e o dês-velar dos conflitos perante a sua enfermidade. Resultados: Nesta investigação, a pesquisadora procurou identificar os símbolos significativos do grupo TB/HIV, expressos nas emoções e sensações do fazer artístico. Delimitaram-se cinco unidades, a partir da similaridade encontrada na análise simbólica dos objetos construídos: os pacientes desejam ser ouvidos em suas angustias relativas ao adoecimento e reações adversas da medicação; o preconceito favorece ao abandono ao tratamento, o estigma da doença surge como barreira socioeconômica, que o acolhimento se fez de modo des-cuidado, acarretando dor e seu isolamento e que percebe a sua finitude a partir do diagnóstico. Conclusão: Este processo propiciou ao paciente a criação e liberação dos conteúdos conflitantes pela construção de objetos, nos quais os sujeitos transferiram as dificuldades de aceitar sua enfermidade e tratamento. Que o cuidar diferenciado que foge aos padrões da cientificidade tradicional, propicia o investigar que promove a melhoria da qualidade de vida dos sujeitos. Desta maneira, zelarmos pela assistência que se funde no outro e que associa sonho e ciência, razão e sensibilidade; pensamento e emoção; morte e vida, imaginação e criação propicia a adesão ao tratamento.
PO077 associação: tuberculose, silicose E ESCLERODERMIA
Siqueira Briglia MF1, Andrade EO2, Briglia FS3, Scrignoli JA4, João GAP5, Coelho MARC6, Ramos ES7, Da Cunha DGC8
1,3,4,5,6,7,8. UFAM, Manaus, AM, Brasil; 2. FCECON, Manaus, AM, Brasil.
Palavras-chave: Esclerodermia; Tuberculose; Silicose
Introdução: Pacientes com silicose têm elevado risco de adquirir câncer de pulmão, doenças respiratórias não malignas, tuberculose ou micobacterioses atípicas e doenças auto-imunes. A principal complicação da silicose é a tuberculose pulmonar, ocorrendo com maior freqüência nas formas acelerada e aguda da doença. Deve-se suspeitar de silicotuberculose quando se evidencia rápida progressão das lesões, conglomerados e grandes opacidades nos lobos superiores acompanhados de sintomas gerais como febrícula, astenia, emagrecimento além de piora da tosse e/ou hemoptise. A associação de silicose outra pneuconiose com esclerodermia, artrite reumatóide e, mais raramente, com lúpus eritematoso sistêmico sugere que o dano tecidual na silicose pode desencadear produção de auto-anticorpos e desenvolvimento de doença auto-imune. Nestes casos, a evolução da silicose caracteriza-se pela progressão mais rápida das alterações radiológicas e funcionais. Objetivos: Relatar o caso de um paciente com diagnóstico de silicotuberculose que evoluiu para esclerose sistêmica tipo autolimitada. Métodos: Relato de caso. Resultados: Homem, 38 anos, garimpeiro, trabalhou com explosivos, apresentou há 10 anos quadro clínico de doença parenquimatosa pulmonar com passado de tratamento para tuberculose. Biópsia pulmonar: quadro histológico sugestivo de silicose. Há um ano evoluindo com espessamento de pele em face, antebraços, esclerodactilia, microstomia, Raynaud, lesões de "sal e pimenta", poliartrite em IFP, reabsorção de polpas digitais, além de disfagia distal e dispnéia de esforço. Cintilografia pulmonar: sugestivo de doença parenquimatosa. TC tórax março/05: seqüela de processo inflamatório específico em lobos superiores, achados indicativos de fibrose, distúrbios perfusional em lobos inferiores. Anti Scl 70 negativo, FAN + 1: 5120. Paciente evoluiu para SARA e óbito durante a internação. Conclusão: As pneumoconioses estão relacionadas ao desenvolvimento de doenças auto-imunes. Este caso chama a atenção pela raridade da ocorrência destas duas doenças em um mesmo paciente.
PO078 associação paracoccidioidomicose-AIDS. relato de caso
Rodrigues H, Rosa DMC, Bortoloti AK
Hospital Estadual Bauru, Bauru, SP, Brasil.
Palavras-chave: Paracoccidioidomicose; AIDS; Pneumocistose
Introdução: Paracoccidioidomicose é micose sistêmica endêmica na América Latina, especialmente no Brasil, sendo causada pelo fungo dimórfico Paracoccidioides brasiliensis. Desta forma, poderia esperar-se grande número de associação aids-paracoccidioidomicose, entretanto, a literatura registra pouco mais de uma centena de casos descritos. Outras infecções oportunistas são relatadas em cerca de 37% dos casos. Postula-se para esta discrepância o predomínio urbano da infecção pelo HIV, contra o predomínio rural da paracoccidioidomicose, além do uso do sulfametoxazol-trimetoprim para tratamento e profilaxia de outras infecções oportunistas. Objetivos: Descrever caso clínico de associação aids-paracoccidioidomicose em morador da zona rural e possível co-infecção com Pneumocistis carinii, além de discussão dos aspectos clínicos-fisiopatológicos da paracoccidioidomicose no indivíduo com aids. Métodos: Relato de caso. Resultados: Paciente masculino, 48 anos, branco, trabalhador rural, homossexual, natural e procedente de Pirajuí-SP, morador em zona rural. Relato de perda de peso (cerca de 15 quilos) em 4 meses, febre praticamente diária e sem horário preferencial, dispnéia progressiva com importante agravo nos últimos 10 dias e tosse produtiva. Ao exame físico encontrava-se emagrecido, taquipneico e taquicardico, com lesão ulcerada rasa com pontilhado hemorrágico em lábio superior, redução de MV global com crepitações finas em bases e hepatomegalia não dolorosa. Raio X de tórax evidenciando infiltrado misto alveolar-intersticial retículo nodular semelhante à "asa de borboleta" em todos os campos pulmonares, estendendo-se até a periferia, predominando em 2/3 inferiores. Exames laboratoriais mostrando hemograma com leucopenia, linfopenia e anemia microcitica-hipocrômica, aumento discreto de enzimas hepáticas e aumento de cerca de 3x no DHL. Sorologia para paracoccidioidomicose negativa, com achado do P. brasiliensis no micológico direto do escarro e na biópsia de lesão em lábio superior. Introduzido sulfametoxazol-trimetoprim na dose de tratamento para P. carinii frente a rápida deteriorização do quadro respiratório e pelo importante aumento do DHL. Evolui com insuficiência respiratória no terceiro dia de tratamento, sendo necessário instituição de ventilação mecânica. Apresentou boa evolução, sendo extubado no oitavo dia de tratamento, e atualmente encontra-se em acompanhamento ambulatorial. Conclusão: Descrever e adicionar à literatura caso de associação paracoccidioidomicose-aids e possível co-infecção com Pneumocistis carinii, observando-se que o vírus HIV já atinge o meio rural. Revisão de literatura mostra que a infecção ocorre muito provavelmente por reativação de infecção latente. O espectro clínico da paracoccidioidomicose é amplo, variando desde evolução indolente, até características da forma aguda/subaguda (linfadenopatia, hepatoesplenomegalia), porém com freqüente comprometimento mucoso (cavidade oral e/ou trato respiratório inferior), este já próprio da forma crônica, constituindo então uma superposição denominada forma mista, que junto com a comum ocorrência de lesões cutâneas, não é habitual nos indivíduos HIV negativos. Existe correlação direta entre o grau de imunossupressão, com CD4 < 200, e infecção pelo P. brasiliensis. O diagnóstico de paracoccidioidomicose deve ser considerado em todo paciente com aids, que apresente febre prolongada, emagrecimento, linfadenopatia, esplenomegalia, hepatomegalia e/ou lesões cutâneas, e que não estejam em uso de derivados azólicos ou sulfametoxazol-trimetoprim.
PO079 avaliação DA OCORRÊNCIA DE tuberculose pleural NO MUNICÍPIO DE Teresópolis/RJ, NOS ANOS DE 1998 A 2006
De Oliveira JM, Souza RT, Peron G, Grof P, Calais LG
FESO, Teresópolis, RJ, Bélgica.
Palavras-chave: Tuberculose pleural; Prevalência; Tuberculose extrapulmonar
Introdução: A tuberculose é uma doença infecciosa com alta mortalidade em todo mundo. O Brasil tem elevada incidência desta doença, e segundo Silva, em 2005, estima-se que haja em torno de 100 mil novos casos a cada ano no país. Dentre as formas extrapulmonares, a tuberculose pleural (TPL) é a apresentação mais comum e representa cerca de 10% dos casos. Estes dados estatísticos podem estar subestimados, devido a dificuldade diagnóstica em alguns casos. Objetivos: Avaliar o número de casos de Tuberculose pleural no município de Teresópolis no período de 1998 a 2004 e correlacioná-la com as variáveis idade e gênero. Averiguar se das formas extrapulmonares, a TPL tem maior prevalência. Métodos: Trata-se de um estudo transversal descritivo a partir dos dados contidos no Livro de registro de pacientes e controle de tratamento dos casos de Tuberculose, fornecido pelo programa de controle de Tuberculose de Teresópolis. Resultados: Os anos de 1998 a 2004 apresentaram um total de 12, 13, 16, 13, 23, 19 e 22 casos de tuberculose extrapulmonar, a cada ano respectivamente. Destes totais, 42%(5), 23% (3), 38% (6), 23% (3), 48% (11), 53% (10) e 77% (17) foram na forma pleural a cada ano respectivamente. Em 1998 100% dos casos ocorreram no sexo masculino. Os anos de 1999, 2001, 2002, 2003 e 2004 tiveram respectivamente 33% dos casos no sexo feminino e 67% no masculino, 67% no feminino e 33% no masculino, 45% no feminino e 55% no masculino, 40% no masculino e 60% no feminino e 29% no feminino e 71% no masculino, respectivamente a cada ano. Já em 2000 50% dos casos foram no sexo masculino e 50% no feminino. Em 1998 20% dos casos estão contidos na faixa etária menor que 20 anos, e 80% estão nas faixas etárias de 20 a 40 e maior que 61 anos, cada uma com 40%. Em 1999 67% dos casos ocorreram na faixa etária menor que 20 enquanto 33% ocorreram entre 41 a 60 anos. No ano 2000 17% dos casos ocorreram na faixa menor 20 anos, 50% entre 20 e 40 e 33% entre 41 e 60. Em 2001 33% foi na faixa menor que 20 e 67% entre 20 e 40 anos. Em 2002 9% foi entre menor que 20 anos, 45% entre 20 e 40, 27% entre 41 e 60 e 18% na maior que 61. No ano de 2003 os casos foram distribuídos em 10% nas faixas etárias menor que 20 e maior que 61 anos, 20% entre 20 e 40 e 60% entre 41 e 60 anos. Enquanto que em 2004, 6% ocorreram nas faixas, menor que 20 e entre 41 a 60, 71% entre 20 e 40 e 18% na maior que 61. Conclusão: A alta prevalência de tuberculose pleural em nosso meio justifica a necessidade de se conhecer os grupos de risco e as manifestações clínicas, visando otimizar os métodos diagnósticos.
PO080 tuberculose miliar ASSOCIADA A SARA
E Silva JF, Mendonça DL, Gomes LRM, Barbosa MP
Hospital de Base - DF, Brasília, DF, Brasil.
Palavras-chave: Tuberculose miliar; SARA; Infiltrado pulmonar micronodular difuso
Introdução: A partir dos anos 80, após décadas de declínio, ocorreu um ressurgimento da tuberculose nos EUA, bem como de sua forma miliar, coincidindo com a epidemia da AIDS. A Tuberculose Miliar é definida como a disseminação hematogênica do Mycobacterium tuberculosis. A apresentação clínica é muito variável. O clássico achado nos exames de imagem do tórax é um infiltrado micronodular difuso. A mortalidade mantém-se alta, em torno de 24% dos casos. A Tuberculose miliar é uma rara causa de SARA, com uma prevalência de 2% dos casos em países endêmicos. Objetivos: Relatar o caso de paciente com SARA associado a Tuberculose Miliar. Métodos: Revisão de prontuário. Revisão da literatura. Discussão do caso. Resultados: Homem de 38 anos, pardo, deu entrada no serviço de Emergência com história de dispnéia, febre e dor ventilatório-dependente há uma semana. Gasometria realizada na ocasião demonstrou hipoxemia. Radiografia de tórax evidenciou infiltrado pulmonar micronodular difuso. Paciente evoluiu com piora do padrão respiratório, necessitando de suporte ventilatório assistido e UTI, recebendo tratamento com antimicrobianos e corticosteróides. Apresentou melhora importante, sendo extubado e transferido para enfermaria, após 10 dias de sua entrada no hospital. Recebeu alta hospitalar no trigésimo dia de internação, persistindo com tosse seca. Durante propedêutica diagnóstica, realizou biópsia tanto do pulmão através da broncoscopia, como da medula óssea. Os resultados demonstraram a presença de um granuloma não caseoso e culturas negativas para BAAR. Foi iniciada terapia com drogas tuberculostáticas, com melhora clínica. Conclusão: A Tuberculose Miliar deve ser lembrada como condição associada a SARA, independente da baixa prevalência dessa associação.
PO081 associação linfoma HODGKIN E tuberculose
Donatti MI, Tarso Guerrero Muller P, Medeiros CGS
UFMS, Campo Grande, MS, Brasil.
Palavras-chave: Linfoma; Tuberculose; Tumor
Introdução: A associação entre tuberculose e Linfoma é pouco citada na literatura, mas deve ser considerada especialmente em países onde a incidência de tuberculose é alta. Objetivos: Alertar para possível ocorrência da associação tuberculose e linfoma. Métodos: Relato de caso ocorrido em ambulatório do Hospital Universitário da UFMS. IRS, 35 anos, lavrador, apresentou-se com queixas de tosse seca, cansaço fácil, febre vespertina e perda ponderal não aferida, com seis meses de evolução; até então, assintomático. Bom estado geral, hidratado, 58kg, corado, normotenso, afebril e sem gânglios palpáveis cervicais, supraclaviculares, axilares e/ou inguinais. Bulhas normofonéticas e rítmicas; murmúrio vesicular diminuído universalmente. Abdômen e MMII sem alterações. Radiograma simples e tomografia computadorizada do tórax mostrando volumosa massa em mediastino ântero-superior com maior projeção à esquerda. Mediastinotomia anterior D com biópsia teve como resultado linfadenite granulomatosa compatível com tuberculose e ausência de sinais de malignidade, no material examinado. Broncoscopia mostrou intenso processo inflamatório de toda mucosa brônquica E predominantemente no BFE. LBA positivo para BAAR (1 bacilo/campo). Anti-HIV negativo. Iniciado esquema I (RHZ). Após 30 dias apresentava-se assintomático, porém, evidenciou-se gânglio supraclavicular D e murmúrio vesicular acentuadamente diminuído no HTE. Radiograma do tórax mostrou atelectasia LSE e aumento da massa mediastinal. Após 60 dias, relatava queimação retroesternal sem outros sintomas associados. Após 90 dias, febre diária e tosse com escassa expectoração. Radiograma do tórax com as mesmas alterações. Nova broncoscopia evidenciou intenso processo inflamatório, obstrução sub-total do BLIE e de 50% do BLSE. Biópsia endobrônquica mostrou processo inflamatório inespecífico. Por aumento do número e do volume dos gânglios cervicais esquerdos, foi realizada biópsia ganglionar cervical E; resultado compatível com linfoma. O exame imuno-histoquímico definiu o diagnóstico como linfoma Hodgkin variedade depleção linfocitária. Por estar finalizando o 6º mês do tratamento antituberculoso, foi dado alta por conclusão do esquema e encaminhado para assistência oncológica específica. Apresentou derrame pleural E. Nova broncoscopia mostrou diminuição do processo inflamatório anteriormente visto. Evoluiu com regressão dos sintomas, reabsorção do derrame e expansão pulmonar esquerda total. No momento encontra-se assintomático em acompanhamento oncológico. Resultados: Acreditamos que o caso teve evolução favorável devido a realização do tratamento para a tuberculose antes do tratamento quimioterápico para o linfoma de Hodgkin, pois se fosse o contrário poderíamos ter um resultado não favorável. Conclusão: Doença de Hodgkin é tipicamente associada com a imunossupressão celular predispondo assim a associação com tuberculose. Sendo assim em países onde a tuberculose é prevalente essa associação deve ser considerada.
PO082 Migração Preferencial para o Espaço Pleural de Células com Fenótipo de Memória em Pacientes com Tuberculose Pleural
Rodrigues DS1, Silva TM2, Costa PR3, De Melo FF4, Ribeiro Medici LF5, Santoro IL6, Marti LC7, Kallas EG8
1,4,5. Instituto Clemente Ferreira, São Paulo, SP, Brasil; 2,3,6,8. Universidade Federal de São Paulo, São Paulo, SP, Brasil; 7. Instituto de Pesquisa Albert Einstein, São Paulo, SP, Brasil.
Palavras-chave: Tuberculose; Receptores de quimiocinas; Linfócitos T
Introdução: A tuberculose é caracterizada por uma variedade de manifestações clínicas e a história natural da doença é determinada por uma complexa interação entre o sistema imunológico e o bacilo. Compartimentalização e ativação de linfócitos T circulantes têm sido associadas com infecção e doença causadas pelo M. tuberculosis e migração preferencial de linfócitos T para o espaço pleural foi relacionado a diminuição de linfócitos T no sangue periférico. A habilidade de quimiocinas em atrair linfócitos T ativados sugere a função dessas moléculas na modulação da resposta imunológica contra o M. tuberculosis, porém o mecanismo que direciona as células para diferentes compartimentos não é bem definido. Objetivos: Estabelecer correlação entre ativação celular, expressão de receptores de quimiocinas e migração de linfócitos para o espaço pleural. Métodos: Oito pacientes com tuberculose pleural foram recrutados no Instituto Clemente Ferreira e na Universidade Federal de São Paulo. Células do líquido pleural e do sangue foram isoladas por gradiente de centrifugação. A marcação celular com anticorpos monoclonais foi realizada em tampão salina fosfato suplementado com 1% de soro fetal bovino. A suspensão de células foi incubada por 30 minutos e fixada com 1% de paraformaldeído. As células foram marcadas com painéis de anticorpos monoclonais que incluíram anti-CD3, anti-CD4, anti-CD8, anti-CD45RA, e a combinação dos receptores de quimiocinas CCR5, CCR7, CXCR2, CXCR3 e CXCR4. A amostras foram mantidas a 40 C até a análise no citômetro de fluxo. Resultados: Foi observado um acúmulo de linfócitos T CD4+ e CD8+ em fases tardias de diferenciação celular. Células com ausência da expressão de CD45RA predominou no líquido pleural (81% versus 50% no sangue, p < 0.05), bem como aquelas com fenótipo de memória central (p < 0.05). Houve predomínio de células precursoras na periferia (22% no liquido pleural versus 42% no sangue, p < 0.05) e aumento em líquido pleural de linfócitos T CD4+ total (36,9% vs. 27,4%, p < 0,05), mas não de células T CD8+. Em ambas subpopulações ocorreu maior expressão em líquido pleural que em sangue periférico de CCR5 (46,5 vs. 10,5% e 47,3 vs. 19,0%, p < 0,05), CXCR3 (13,7 vs. 3,9% e 22,2 vs. 3,8%, p < 0,05) e CXCR4 (91,1 vs. 70,0% e 96,3 vs. 70,0%, p < 0,05). Linfócitos T CD4 e CD8+ tinham maior expressão de CD38 no liquido pleural demonstrando a compartimentalização de células com fenótipos de ativação. Observou-se aumento de CCR7+ apenas na população T CD8+, sugerindo acúmulo de células T CD4+ com fenótipo precursor na periferia em detrimento de um aumento de linfócitos T de memória no líquido pleural, caracterizado pela maior expressão de CD4+CCR7+CD45RA+. Conclusão: Linfócitos T têm diferentes propriedades migratórias na doença tuberculosa e ocorre migração preferencial de linfócitos T CD4+ com fenótipo de memória para o sítio inflamatório durante a tuberculose pleural.
PO083 micobacteriose PULMONAR E MAMÁRIA POR mycobacterium abscessus
Barroso EC1, Carvalho MRD2, Moura ME3, Campelo CL4, Pessoa JA5
1,2,3,4. Secretaria de Saúde do Estado do Ceará, Fortaleza, CE, Brasil; 5. Ministério da Saúde, Fortaleza, CE, Brasil.
Palavras-chave: Micobacteriose; M. chelonae; M. abscessus
Introdução: 125 espécies de Micobactérias não tuberculosas (MNT) e 11 subespécies já foram descritas. MNT têm sido reconhecidas como causadoras de doença nos seres humanos desde os anos 30 do século XX. A maioria dos indivíduos imunocompetentes pode se infectar com MNT sem desenvolver doença. Infecções pulmonares por MNT ocorrem na maioria das vezes em portadores de fibrose pulmonar crônica das mais variadas etiologias. O surgimento da aids, o aumento da esperança de vida, e o uso de imunossupressores cada vez maior têm propiciado uma maior incidência de doença por essas micobactérias. Objetivos: Chamar atenção para esse caso raro de micobacteriose por diferentes MNTs em períodos distintos em paciente soronegativo para o vírus da imunodeficiência adquirida (HIV) e sem outras causas de imunodepressão. Métodos: Revisão de prontuário para o relato clínico de paciente acompanhado no ambulatório de tisiologia do Hospital de Messejana que é referência para Tuberculose Multirresistente no Estado do Ceará e utilização de técnicas moleculares para identificação das espécies pelo método do PRA - Análise de restrição de produto de PCR. Resultados: Paciente do sexo masculino de 48 anos procedente de Fortaleza deu entrada no serviço em 2003, referindo uso de Esquema I e III (preconizados pelo Ministério da Saúde), de modo regular sempre com falência. Tinha antecedentes de alcoolismo e tabagismo graves e de ter trabalhado por vários anos em pedreira e diagnóstico de Silicose. Não era drogadito. Em 2002 três culturas de escarro para BK haviam revelado colônias não características de M. tuberculosis (CNCMT), cujas amostras foram enviadas para o Centro de Referência Professor Hélio Fraga (CRPHF) sendo identificado M. chelonae. Foi iniciado Esquema com Amicacina, Claritromicina e Etambutol, nas doses recomendadas pelo CRPHF. A cultura do escarro para BK nunca negativou. Foi dada a falência e se manteve o acompanhamento. BAAR negativou, posteriormente, por alguns meses. Foi internado em 2005 com tosse produtiva e abscesso de mama esquerda. Foi feita a hipótese de Câncer de mama, mas, posteriormente foi realizada drenagem com envio da secreção do abscesso e do escarro para cultura para BK e iniciado Esquema III, pois, a baciloscopia do escarro fora positiva. As culturas (quatro) revelaram CNCMT, cujo material foi enviado para o Instituto Adolfo Lutz sendo identificado M. abscessus pelo método do PRA - Análise de restrição de produto de PCR. Teve melhora do abscesso mamário e melhora clínica, mas, persistiu bacilífero e um mês atrás foi iniciado novamente o mesmo esquema acima para MNT com boa resposta inicialmente. Conclusão: Os autores chamam atenção para esse caso raro de micobacteriose ativa inicialmente por M. chelonae e posteriormente por M. abscessus, agora de modo disseminado, simulando Câncer de mama, em paciente soro-negativo para o HIV. O antecedente de Silicose poderia explicar essas micobacterioses sucessivas pelo mau funcionamento do macrófago alveolar em silicótico.
PO084 RELATO DE 06 CASOS DE COCCIDIODOMICOSE PULMONAR/extrapulmonar NO INTERIOR DO Ceará
Batista Aguiar FM1, Moura CM2, Ferreira DB3, Montezuma Sales MT4, Rios NX5, Costa CA6, Albuquerque CL7, Togashi RH8
1,2,3,4,5,7,8. Universidade Federal do Ceará, Sobral, CE, Brasil; 6. Santa Casa de Misericórdia de Sobral, Sobral, CE, Brasil.
Palavras-chave: Coccidioidomicose; Infecção fúngica; Coccidioides immitis
Introdução: Coccidiodomicose é uma doença causada pelo fungo dimórfico (Coccidioides immitis), habitante do solo de regiões semi-áridas, de temperaturas altas na estação seca, como ocorre no Nordeste brasileiro. Por esse motivo, a doença tem distribuição geográfica limitada e transmissão restrita a alguns meses do ano. A infecção ocorre por via inalatória, sendo sua forma pulmonar a mais freqüente, podendo acometer pele, ossos, articulações e SNC. Objetivos: O presente trabalho visa a relatar seis casos de coccidiodomicose pulmonar/extrapulmonar ocorridos entre os anos de 2002 e 2006 na região Norte do Estado do Ceará. Métodos: Descrição de seis casos de coccidiodomicose através de história clínica, exames complementares (exames de imagem e laboratoriais), diagnóstico (sorologia para C. immitis), respectivos tratamento e evolução pós-tratamento. Resultados: Seis pacientes, sexo masculino, idade entre 19-35 anos, procedentes da zona rural da região Norte do estado do Ceará (Sobral e Santa Quitéria), internados na Santa Casa de Misericórdia de Sobral entre o período de dezembro de 2002 e março de 2006, dos quais cinco com forma pulmonar e um com forma extrapulmonar (cutânea). Os pacientes com forma pulmonar apresentaram como principais sinais e sintomas dor pleurítica, tosse seca, dispnéia e febre, com radiografia e tomografia de tórax demonstrando nódulos pulmonares bilaterais. O paciente com a forma extrapulmonar (cutânea) apresentou febre e eritema nodoso difuso com radiografia e tomografia de tórax sem alterações. Todos os diagnósticos foram confirmados através da sorologia para C. immitis e receberam terapia antifúngica (fluconazol e anfotericina B) com boa evolução em todos os casos. Conclusão: O presente relato de caso alerta-nos para a necessidade de incluir a infecção por C. Immitis no diagnóstico diferencial de doenças pulmonares/extrapulmonares na região Nordeste. O diagnóstico de coccidiodomicose pode ser sugerido através de exposição a solos potencialmente contaminados, sintomas respiratórios, alterações clínicas e radiológicas compatíveis. Deve-se salientar que essa patologia pode ter níveis diferentes de gravidade apresentando ou não manifestações extratorácicas.
PO085 infecção PELO HIV COMO FATOR DE RISCO PARA recorrência DA tuberculose PULMONAR
Picon PD, Bassanesi SL, Jarczewski CA, Unis G, Espina CAA
Hospital Sanatório Partenon, Porto Alegre, RS, Brasil.
Palavras-chave: Tuberculose; Recorrência; HIV
Introdução: Um esquema de tratamento da tuberculose (TB) é adequado quando proporciona elevada taxa de cura e taxa de recorrência inferior a 5%. As taxas de recorrências eram baixas nos regimes de seis meses contendo rifampicina (R), isoniazida (H) e pirazinamida (Z), com ou sem a adição de estreptomicina ou etambutol. Mais recentemente taxas mais elevadas foram observadas nos pacientes infectados pelo HIV (HIV+). Objetivos: Verificar a associação entre a recorrência da TB pulmonar em pacientes curados com o esquema RHZ e a presença ou não de infecção pelo HIV. Métodos: Estudo observacional de coorte histórica, de amostra seqüencial com 481 pacientes bacilíferos, VT, com mais do que 18 anos de idade, testados para anti-HIV e curados com RHZ, de 1998 a 2005. Considerou-se caso de recorrência todo paciente que desenvolveu TB pulmonar bacilífera 3 meses ou mais após a cura, até junho de 2006. A identificação das recorrências foi feita pela análise do banco de dados do ambulatório, das fichas dos pacientes e pela busca no Sistema de Informação Estadual. Variáveis estudadas: idade, sexo, cor da pele, uso de álcool e drogas ilícitas, presença de infecção pelo HIV, dose e modo de uso dos fármacos. Estas informações foram coletadas no banco de dados e nas fichas clínicas. Testes usados: qui-quadrado, Exato de Fisher, t de Student e a técnica de regressão de Cox. Usou-se um alfa = 5%. Resultados: Observaram-se 27 recorrências (5,6%). A infecção pelo HIV, o uso irregular do RHZ e o uso de drogas ilícitas mostraram-se associadas a elas. Nos pacientes HIV+, houve 16 recorrências (16,7%) e nos HIV-, 11 (2,9%). Considerando o tempo de acompanhamento, a densidade da incidência das recorrências foi, respectivamente, 5,4 e 0,9/100 pessoas-ano nos HIV+ e HIV- [RR = 5,9 (2,8-12,8); p < 0,0001)]. Nos pacientes com uso irregular houve 17 recorrências (10,7%) e nos regulares, 10 (3,1%), e a densidade da incidência foi, respectivamente, 2,8 e 1,1/100 pessoas-ano [RR = 2,6 (1,2-5,6); p = 0,0178]. Nos pacientes usuários de tóxicos observaram-se 8 recorrências (13,6%) e nos não usuários, 15 (4,4%), sendo a densidade da incidência, respectivamente, 4,4 e 1,4/100 pessoas-ano [RR = 3,2 (1,3-7,5); p = 0,0121]. Na regressão de Cox, HIV+ [RR = 4,7 (2,0-11,1); p = 0,0004)] e uso irregular dos fármacos [RR = 2,8 (1,1-7,1); p = 0,028] mostraram-se independentemente associados à recorrência. Nos pacientes HIV+ com uso irregular dos fármacos, e naqueles sem nenhum destes fatores de risco, a densidade da incidência da recorrência foi 7,0 e 0,8/100 pessoas-ano, respectivamente [RR = 9,0 (3,4-24,2); p < 0,0001)]. Conclusão: A taxa global de recorrências está acima do limite internacionalmente recomendado. Os dados mostram que ter HIV+ e usar a medicação irregularmente são importantes fatores de riscos para recorrências. Medidas específicas para prevenir recorrências nestes pacientes podem ser necessárias, como a ampliação da duração do tratamento nos pacientes HIV+ e a implantação do tratamento diretamente observado.
PO086 epidemiologia DA tuberculose EM Sobral- CE
Montezuma Sales MT1, Batista Aguiar FM2, Ferreira DB3, Moura CM4, Rios NX5, Costa CA6, Albuquerque CL7, Togashi RH8
1,2,3,4,5,7,8. UFC, Sobral, CE, Brasil; 6. Santa Casa de Misericórdia de Sobral, Sobral, CE, Brasil.
Palavras-chave: Tuberculose; Epidemiologia; Sobral
Introdução: A tuberculose é um grave problema econômico e de saúde pública, pois se encontra em crescimento e acomete o indivíduo na sua idade mais produtiva. Profissionais de saúde, desde sua formação, particularmente nos centros urbanos, convivem com esta realidade e devem estar preparados para atuar sobre ela. Diagnosticar e tratar o mais rápido possível a tuberculose é a principal estratégia para salvar vidas, recuperar a saúde dos enfermos e diminuir seu impacto econômico. Objetivos: Demonstrar a epidemiologia, métodos diagnósticos, formas de apresentação, evolução, comorbidades e avaliar os resultados do tratamento de pacientes acompanhados pelo sistema de saúde da cidade de Sobral. Métodos: Análise do banco de dados do SINAN (Sistema de Informação de Agravos de Notificação) nos anos de 2000 a 2005 com as características epidemiológicas da tuberculose na cidade de Sobral/CE. Resultados: Maior incidência homens (60%), entre 20 e 49 anos (63%) e com baixa escolaridade- 4 a 7 anos- (30%). A forma pulmonar ocorreu em 92,3% dos casos, já a forma extrapulmonar: pleural (37,8%), seguido da forma ganglionar (15,8%), miliar (11%) e óssea (9,7%). Em 77,3% dos casos não foram identificados agravos associados. O agravo identificado mais prevalente foi o alcoolismo em 9% dos casos e o diabetes como segundo agravo com 3,6%. Os exames realizados foram baciloscopia mensal, radiografia de tórax (cada dois meses) e sorologia HIV. A baciloscopia foi positiva em 70,6% dos casos e não foi realizada em 16,8%. A radiografia foi suspeita em 63% dos casos, não sendo realizada em 30,3%. O teste de HIV foi realizado em 40,2% dos casos, sendo positivo em apenas 1,6%. A grande maioria eram casos novos (81,7%), sendo a recidiva (8,5%), o abandono do tratamento (7,2%), transferência e ignorados (2,6%). Quanto às drogas usadas no tratamento: 93,6% fizeram uso de rifampicina, 96% usaram isoniazida e 97,9% usaram pirazinamida. Quanto à evolução, houve queda da positividade da baciloscopia de 7,8% no segundo mês para 0,6% no sexto mês. Houve cura em 72,9% dos casos, abandono em 9,7%, óbito em 4,9%, transferência em 6,3%, mudança de diagnóstico em 2% e tuberculose multirresistente em 0,3% ao encerramento do período. Conclusão: Constatamos que a utilização do SINAN teve uma excelente repercussão sobre a captação de notificações de casos de tuberculose, sendo devido a isso, o aumento do número de casos notificados nesse período. Observamos também que a epidemiologia, os métodos diagnósticos, o tratamento e a evolução dos casos na cidade de Sobral são semelhantes aos do restante da região Nordeste do Brasil. Como foi visto a maioria dos casos notificados são novos e o esquema I (rifampicina, isoniazida, pirazinamida) foi utilizado como tratamento de escolha com elevada taxa de cura. Hoje os métodos para redução dos casos de tuberculose na sociedade são informação, busca de casos novos e tratamento adequado.
PO087 tuberculose PÉLVICA disseminada PRIMÁRIA
Barroso EC1, Oliveira TRB2, Carvalho MRD3, Moura ME4, Pessoa JA5
1,2,3,4. Secretaria de Saúde do Estado do Ceará, Fortaleza, CE, Brasil; 5. Ministério da Saúde, Fortaleza, CE, Brasil.
Palavras-chave: Tuberculose; Tuberculose disseminada; Contato
Introdução: A tuberculose (TB) é doença endêmica, de distribuição universal. A maioria dos casos de TB extrapulmonar ocorre a partir da disseminação hematogênica do bacilo e acontece nos primeiros cinco anos após a primoinfecção. No homem a TB genital pode resultar da reativação de focos da disseminação hemática da primoinfecção ou ser secundária à TB urinária. Na mulher a TB genital não está associada à TB urinária, resultando da reativação de focos da disseminação hemática. Ocorre mais freqüentemente nas trompas de onde pode se estender para os ovários e endométrio. Objetivos: Chamar atenção para esse caso raro de tuberculose extrapulmonar primária em paciente soronegativo para o vírus da imunodeficiência adquirida (HIV) e sem outras causas de imunodepressão. Métodos: Revisão de prontuário para relato clínico. Resultados: Paciente feminina de 36 anos, contato do tio portador de tuberculose multirresistente (TBMR) cujo Teste de Sensibilidade mostrava resistência a rifampicina + isoniazida + etionamida, tendo acompanhado o tratamento dele por dois anos, já estando o mesmo curado há seis meses. Sem antecedentes de alcoolismo, tabagismo ou uso de drogas ilícitas. Ela apresentou distúrbios menstruais e através de ultra-sonografia pélvica detectou-se cisto ovariano esquerdo. Foi submetida à ooforectomia e salpingectomia esquerda com retirada ainda de epíploon e linfonodos regionais. O exame histopatológico das peças cirúrgicas revelou: Processo inflamatório crônico, granulocitário, gigantocelular, com focos de necrose, presente no ovário esquerdo, tuba uterina homolateral, epíploon e linfonodos, provavelmente de etiologia tuberculosa, sem referência à pesquisa de BAAR. O teste tuberculínico foi reator forte (25mm). A telerradiografia de tórax era normal assim como a função renal. Ela não apresentava sintomas sistêmicos. Foi iniciado tratamento com rifampicina, isoniazida, pirazinamida e etambutol. Conclusão: Os autores chamam atenção para esse caso de tuberculose pélvica disseminada primária simulando cisto de ovário em paciente imunocompetente, contato de TBMR.
PO088 HISTOPLASMOSE NO ESTADO do Piauí. ESTUDO DE TRÊS CASOS
Deus Filho A1, Martins LMS2, Alves Júnior JF3, Agostinho Rolim JR4, Wanke B5
1. Hospital Getúlio Vargas/UFPI, Teresina, PI, Brasil; 2,3,4. UFPI, Teresina, PI, Brasil; 5. Fundação Oswaldo Cruz, Rio de Janeiro, RJ, Brasil.
Palavras-chave: Histoplasmose; Micose sistêmica; Pneumopatia crônica
Introdução: A histoplasmose é uma micose sistêmica causada pelo fungo dimórfico Histoplasma capsulatum. O agente etiológico tem distribuição focal, sendo encontrado em habitats de morcegos ou aves, onde o fungo cresce em abundância e produz muitos conídios infectantes. No Brasil, o teste cutâneo com a histoplasmina tem mostrado diferentes graus de positividade sendo a região nordeste a de menor prevalência (29,2%). Raros casos de histoplasmose doença têm sido diagnosticados na região. Objetivos: Relatar três casos de Histoplasmose no estado do Piauí. Métodos: Caso 1 - OAFF, 50 anos, médico, apresentou lesão eritêmato-papular na face lateral do braço D cuja biópsia revelou a presença de H. capsulatum. O paciente relatou a presença de morcegos no forro de sua residência. A sorologia da imunodifusão difusão dupla (ID), revelou as linhas específicas H e M, bem como a técnica de Western Blot também foi positiva. Há 30 meses foi tratado de pneumonia cujo padrão (RX do tórax/TCAR) revelou consolidação acinar associada a linfonodomegalias peribrônquicas e subcarinais. Houve excelente resposta ao uso de 400mg/dia de itraconazol por 6 meses. Caso 2 - EGO, 51 anos, lavrador e cavador de poços, queixando-se de dor torácica há 6 meses. Foi tratado Tbc por um período de um ano. O RX do tórax revelou padrão de nódulos pulmonares múltiplos em ambos os pulmões com áreas de grandes opacidades. A sorologia de ID mostrou-se reagente (banda M). Houve perda do seguimento do caso (evadiu-se). Caso 3 - MDBO, 68 anos, do lar, sem história de exposição de risco, queixou-se de dor pleurítica há 3 meses, seguida de tosse e expectoração. RX/TCAR do tórax revelaram massa heterogênea com calcificações no lobo inferior do HTD. Um espécime pulmonar obtido por biópsia pulmonar transtorácica revelou processo inflamatório granulomatoso, células gigantes multinucleadas, áreas de necrose, fibrose e intenso infiltrado linfohistiocitário com a presença de H. capsulatum (HE e PAS). A paciente foi tratada com 200mg/dia de itraconazol por 6 meses, com boa evolução. Resultados: Apresentados nos casos descritos. Conclusão: Na região nordeste do Brasil, no diagnóstico diferencial de pneumopatias crônicas, cujas causas não estejam bem definidas, é importante ter presente a possibilidade de histoplasmose. Dois dos casos apresentados não relataram atividades de risco para a doença; todos mostraram apresentações clínica-radiológica distintas. Além das clássicas exposições de risco, outras atividades como o contato com solo e oco de árvores devem ser investigadas.
PO089 UTILIDADE DO teste de sensibilidade NA ESCOLHA DOS FÁRMACOS PARA CONSTITUIR UM ESQUEMA DE tratamento DA TBMR
Picon PD1, Figueiredo JC2, Bassanesi SL3, Lascombe CAM4, Soares RS5, Rizzon CFC6, Da Freitas TM7, Ribeiro MO8
1,2,3,4,5,6,7. Hospital Sanatório Partenon, Porto Alegre, RS, Brasil; 8. LACEN-RS, Porto Alegre, RS, Brasil.
Palavras-chave: Tuberculose; Teste de sensibilidade; Diagnóstico
Introdução: Os métodos de escolha dos fármacos no retratamento de tuberculose (TB) são a história terapêutica/curva baciloscópica (HT/CB) e o teste de sensibilidade (TS). O primeiro classifica os fármacos em: eficazes (E), os não usados; potencialmente eficazes (PE), os usados e tendo proporcionado melhora clínico-bacteriológica; ineficazes (I), na vigência dos quais ocorreu piora clínico-bacteriológica; eficácia ignorada (EI), quando se desconhece dados da evolução da doença. O TS classifica os fármacos em sensíveis e resistentes. Objetivos: Comparar os resultados do TS com os obtidos pela HT/CB. Métodos: Foram estudados 159 casos de falência aos esquemas RHZ e SEMZ. As HT/CB foram obtidas com pacientes e familiares, das carteiras de controle de tratamento, dos prontuários dos pacientes e do Sistema de Informação Estadual. Os TS para a rifampicina (R), isoniazida (H), pirazinamida (Z), estreptomicina (S), etionamida (E) e etambutol (M) foram realizados pelo método das proporções, em laboratórios de referência. As freqüências da sensibilidade dos fármacos obtidas por ambos os métodos (HT/CB e TS) foram comparadas, considerando-se o método HT/CB como padrão ouro. Resultados: Para a R, H, E e M, um resultado resistente é verdadeiro em 100% dos casos e um resultado sensível em poucos (de 4,4 a 15,9% dos casos). Para a S e Z, resultado sensível é verdadeiro numa proporção elevada de casos (78,5 e 68,9%, respectivamente). Conclusão: Os dados sugerem que, na escolha de fármacos para tratamento de pacientes com TBMR, a utilização do TS tem pouca utilidade, pois ao mostrar resistência à R, H, E e M, estes não devem ser prescritos e ao mostrar sensibilidade, não se deve confiar no resultado. No caso de escolha de fármaco(s) entre os sensíveis, a preferência deve recair sobre a Z e/ou S. Para que o TS possa ser valorizado para esse fim, deve-se buscar aperfeiçoamentos metodológicos que melhorem sua acurácia.
PO090 RISCO DE tuberculose NA TERAPIA COM IMUNOMODULADORES (ANTI- TNF-ALFA)
Seisento M, Bombarda S, Sales RKB, Figueiredo VR, Carraro RM, Baldi B, Acencio MMP, Vargas FS
Disciplina de Pneumologia - INCOR HCFMUSP, São Paulo, SP, Brasil.
Palavras-chave: Tuberculose; Anti-TNF-alfa; Quimioprofilaxia
Introdução: Com a utilização de antagonistas de TNF-alfa no tratamento de doenças inflamatórias, como Artrite Reumatóide (AR) e Doenças de Crohn, observou-se a associação entre o uso destas drogas e desenvolvimento de infecções, principalmente a reativação de tuberculose (TB) latente. No Brasil, o uso recente desta droga tem gerado preocupação porque estima-se que 50 milhões de pessoas estejam infectadas com TB. Recomenda-se, antes da utilização destas drogas, uma avaliação epidemiológica, clínica, de imagem pulmonar e teste tuberculínico. A quimioprofilaxia está indicada em todos os infectados (PPD > 5mm) ou contactantes de tuberculose. Objetivos: Relatar dois casos de TB, que podem ser os primeiros descritos no país, em pacientes que utilizaram a droga adalimumab (Humira), anticorpo humano monoclonal anti-TNF alfa, para o tratamento de AR. Métodos: Análise descritiva retrospectiva. Resultados: Paciente com 60 anos, sexo feminino com história de AR, em uso de outros imunossupressores não biológicos e história de contato com TB. Antes da terapia com adalimumab apresentava radiografia de tórax (RX) normal e teste tuberculínico (TT) negativo. Três meses após o inicio da terapia apresentou febre, tosse seca e perda de peso. A droga foi suspensa e encaminhada para avaliação no Hospital das Clínicas (FMUSP). Apresentava baciloscopia de escarro negativa e RX de tórax com nódulos em lobos inferiores, tomografia de tórax (TC) com consolidação em ápice esquerdo e nódulos pulmonares bilaterais. A cultura de lavado broncoalveolar demonstrou e o TT 11mm. O segundo caso era uma paciente com 56 anos, sexo feminino, auxiliar de enfermagem, também com AR, TT 24mm. Utilizou a droga adalimumab e após 5 meses desenvolveu quadro de febre, dispnéia e emagrecimento. A RX de tórax e TC demonstravam nódulos disseminados, sugestivos de TB miliar. Iniciada terapia para TB em uma Unidade Básica de Saúde. Este tratamento foi suspenso após 1 mês, porque a paciente não apresentou melhora clínica quando iniciou terapia com anti-fúngicos, também durante 2 meses. Com a piora do quadro clínico, radiológico e aparecimento de um ganglio cervical foram realizadas biópsias de gânglio e pulmonar que demonstraram processo crônico granulomatoso com necrose caseosa e pesquisa de BAAR positiva somente no pulmão. Submetida o tratamento para TB obteve melhora clínica e radiológica, confirmando o diagnóstico de TB. Conclusão: Estes casos, registrados no Brasil confirmam o risco infecção ou reativação de TB após o tratamento com antagonistas de TNF-alfa e devem ser adicionados a outros registrados em todo o mundo. O teste tuberculínico negativo, principalmente em pacientes idosos ou em uso de outros imunossupressores não biológicos, não afasta a possibilidade de infecção. A história epidemiológica é fundamental para a decisão de quimioprofilaxia.
PO091 prevalência DA tuberculose NA POPULAÇÃO CARCERÁRIA DOS DISTRITOS POLICIAIS DA ZONA OESTE DA CIDADE de São Paulo
Abrahão RMM, Nogueira PA
Faculdade de Saúde Pública USP, São Paulo, SP, Brasil.
Palavras-chave: Prevalência da tuberculose; Exames laboratoriais; Detentos
Introdução: A tuberculose sempre foi um grave problema de saúde para grupos de pessoas que permanecem confinadas, especialmente em presídios, devido à sua transmissão respiratória. Por este motivo, uma atenção especial deve ser dispensada a esta população As prisões, em sua maioria, são locais superlotados, pouco ventilados e com baixos padrões de higiene e limpeza. A nutrição é inadequada e comportamentos ilegais, como o uso de álcool e drogas ou atividades sexuais (com ou sem consentimento) não são reprimidos. Devido a estas condições, estudos realizados desde 1944 em várias partes do mundo, já apontavam uma prevalência e incidência da tuberculose muito maior na população prisional do que na população geral. Objetivos: Conhecer a prevalência da tuberculose na população carcerária dos Distritos Policiais da Zona Oeste da Cidade de São Paulo. Métodos: Realizou-se um estudo observacional nos 1.052 detentos de 9 Distritos Policiais da Zona Oeste da Cidade de São Paulo, no período de março de 2000 a maio de 2001. Após a aplicação de um inquérito individual, foram realizados os exames laboratoriais: baciloscopia de escarro, cultura, identificação e teste de sensibilidade às drogas antituberculose. Resultados: Do total de 1.052 detentos, 1.017 aceitaram colher escarro para análise laboratorial e destes 8 (0,8%) foram positivos na baciloscopia e 54 (5,3%) na cultura. Das 54 cepas isoladas, 21 (38,9%) eram M. tuberculosis e 33 (61,1%) eram micobactérias não tuberculosas. Pela baciloscopia, o coeficiente de prevalência de tuberculose (por 100.000 detentos) foi de 787, e pela cultura de 5.310, cerca 26 e 180 vezes mais que o da população do Brasil e de 30 e 203 vezes mais que o da população da cidade de São Paulo, respectivamente. Após a realização da identificação das cepas, o coeficiente de prevalência de tuberculose (por 100.000 detentos) foi de 2065, cerca de 70 vezes mais que o da população do Brasil e 79 vezes mais que o da população da cidade de São Paulo. O teste de sensibilidade às drogas antituberculose revelou que das 21 cepas de M. tuberculosis, 85,7% eram sensíveis, 9,5% eram resistentes à isoniazida e rifampicina e 4,8% à isoniazida, rifampicina e pirazinamida. Conclusão: A prevalência de tuberculose na população carcerária foi muito maior do que na população geral. Este estudo demonstrou também, a importância da realização da identificação das cepas isoladas na cultura e do teste de sensibilidade às drogas antituberculose, uma vez que ambos interferiram diretamente no coeficiente de prevalência e na qualidade do tratamento da tuberculose nesta população.
PO092 MÚLTIPLAS LESÕES CAVITADAS PULMONARES COMO APRESENTAÇÃO DE linfoma DE HODKING ASSOCIADO A tuberculose
E Silva JF, Vieira Filho WC, Silva NGME, Freitas CG
Hospital de Base - DF, Brasília, DF, Brasil.
Palavras-chave: Linfoma primário de pulmão; Tuberculose; Lesões pulmonares cavitadas
Introdução: Múltiplas lesões cavitadas pulmonares de evolução crônica tem como causas mais freqüentes doenças infecciosas granulomatosas, como tuberculose e histoplasmose, doenças do Colágeno (granulomatose de Wegener e artrite reumatóide) além neoplasias como o tumores epidermóides metastáticos para o pulmão. Linfoma é causa rara de lesões cavitadas pulmonares. Objetivos: Relatar o caso de paciente portadora de múltiplas lesões cavitadas como conseqüência de tuberculose associada a linfoma. Métodos: Revisão de prontuário. Revisão da literatura. Discussão do caso. Resultados: Mulher de 39 anos, apresentando febre, tosse produtiva, e emagrecimento há 5 meses. Ela vinha sem melhora após uso de vários esquemas de antibióticos para tratamento de abscesso pulmonar, itraconazol, e após 2 meses de terapia tríplice com tuberculostáticos, devido a exames de escarro com pesquisa direta para BAAR positiva. Apresentava hemogramas com anemia normocrômica e normocítica, VHS elevados, DHL normais e provas de atividade reumática, c e p-ANCA negativos. Submetida a broncofibroscopia com biópsia transbrônquica inconclusiva. A biópsia pulmonar a céu aberto foi compatível com linfoma de Hodking. Foi instituído tratamento específico e manutenção do esquema tríplice durante 6 meses com boa evolução clínica e nos exames de imagem. Conclusão: A associação entre linfoma e tuberculose é relativamente comum como conseqüência da quimioterapia anti-neoplásica imunossupressora, porém é bastante rara na literatura a apresentação inicial destas duas entidades.
PO093 efeitos adversos DO tratamento DA tuberculose
Gomes M, Onodera DE, Stirbulov R
Santa Casa de Misericórdia de São Paulo, São Paulo, SP, Brasil.
Palavras-chave: Tuberculose; Tratamento; Efeitos adversos
Introdução: As drogas constituintes do Esquema I para tratamento da Tuberculose podem ocasionar efeitos colaterais indesejáveis, quer pelo próprio princípio ativo ou pelos seus metabólitos. Objetivos: Determinar a incidência de efeitos adversos com o uso do Esquema I para tratamento da Tuberculose e a freqüência de mudança do tratamento determinada por estes efeitos no ambulatório de Tuberculose da Clínica de Pneumologia da Santa Casa de São Paulo. Métodos: Estudo retrospectivo descritivo de 329 pacientes que receberam alta por cura do tratamento da Tuberculose entre março de 2000 e abril de 2006. Foram analisados dados referentes a idade, sexo, raça, efeitos adversos, época de seu aparecimento durante o tratamento e modificação do esquema de tratamento. Resultados: Foram incluídos 297 pacientes. Desses, 146 (49,1%) apresentaram efeitos adversos: 76 (52%) masculinos, 70 (48%) femininos, 73 (50%) brancos, 72 (49,3%) não brancos. A idade variou entre 16 e 79 anos, apresentando média de 40,4 anos e mediana de 38,5 anos. Os pacientes com idade igual ou superior a 60 anos eram 23 (15,8%). Entre os efeitos colaterais, 81% foram menores e 19% maiores. As reações mais freqüentes foram: epigastralgia/dor abdominal (20,4%), artralgia (16,4%), hepatopatia medicamentosa (10,6%), náuseas/vômitos (9,3%), exantema (8,4%) e prurido (8,0%). Os demais efeitos colaterais somaram 26,9%. Observou-se maior incidência de efeitos colaterais no primeiro e no segundo mês de tratamento, com 29,2% de incidência em cada um deles. Foi necessária modificação do esquema em 11 doentes (3,7% do total), sendo que o efeito colateral que mais exigiu modificação foi hepatopatia medicamentosa (63,7% dos casos de modificação). Conclusão: A incidência de efeitos colaterais relacionados à terapia antituberculose foi 49,1%. Em 3,7% dos pacientes houve modificação do esquema de tratamento decorrente dos efeitos colaterais.
PO094 associação DE tuberculose cutânea (LUPUS VULGARIS) E PULMONAR - relato de caso
Gomes M, Ethel J, Monteiro JTC, Barreiros R, Figueiredo GO, Kim KD, Onodera DE, Russo MR
Faculdade de Ciências Médicas da Santa Casa de São Paulo, São Paulo, SP, Brasil.
Palavras-chave: Tuberculose cutânea; Associação tuberculose cutânea e pulmonar; Lupus vulgaris
Introdução: Lupus vulgaris é a forma de apresentação da Tb cutânea mais comum na Europa, sendo rara nas Américas, originado por disseminação hematogênica, linfática ou por contigüidade. Objetivos: Relatar caso de associação de tuberculose cutânea e pulmonar. Métodos: Relato de caso. Resultados: Descreve-se forma cutâneo-pulmonar de Tuberculose, em paciente de 66 anos, feminino, que evoluí durante um ano com dermatose eritêmato-bolhosa, áreas de atrofia cutânea e alopecia em couro cabeludo. A biópsia de pele mostrava granuloma inespecífico. Sendo realizada pesquisa de BAAR no escarro, negativo, e PPD, reator fraco; tomografia de tórax, com presença de opacidade heterogênea em ápice de pulmão direito e formações nodulares difusas. A broncoscopia foi inconclusiva, o exame anatomopatológico mostrou processo inflamatório crônico granulomatoso em tecido pulmonar sendo, o diagnóstico feito com a evidência de BAAR no lavado broncoalveolar. A paciente evolui com melhora do estado geral, cutânea e pulmonar após a introdução do esquema. Conclusão: Associação Tuberculose cutânea e pulmonar é uma forma incomum de manifestação da doença, no caso relatado, a dificuldade tornou-se maior devido a inespecificidade do quadro cutâneo. Desta forma, destaca-se a importância da investigação pulmonar para confirmação do diagnóstico.
PO095 avaliação DO PPD, REvacinação COM BCG E DESENVOLVIMENTO DE TBC ENTRe alunos DE MEDICINA
Gomes M, Rocha MS, Rujula MJP, Frenkiel S, Stirbulov R
Faculdade de Ciências Médicas da Santa Casa de São Paulo, São Paulo, SP, Brasil.
Palavras-chave: Tuberculose em alunos; Tuberculose e profissionais de saúde; Tuberculose e PPD de profissionais de saúde
Introdução: Diversos estudos mostram o risco de contágio por tuberculose em profissionais de saúde, principalmente naqueles que apresentam contato mais próximo a doentes bacilíferos e em alunos de medicina que iniciam o contato com pacientes tuberculosos nos estágios de prática clínica. Objetivos: Determinar a freqüência de alunos do curso de Medicina com PPD positivo no momento da admissão na Faculdade de Ciências Médicas da Santa Casa de São Paulo. Verificar a incidência de tuberculose nesses alunos correlacionando com o valor inicial do PPD e a revacinação com BCG. Métodos: Estudo retrospectivo com revisão de prontuários dos alunos ao final do curso de medicina. Foram analisados valor do PPD no momento da admissão, vacinação prévia com BCG, revacinação com BCG à admissão na Faculdade naqueles com PPD não reator e o desenvolvimento de tuberculose. Foram excluídos do estudo prontuários que não constavam valores de PPD na admissão e indivíduos sem vacinação prévia. A amostra foi distribuída em dois grupos: grupo A, alunos com PPD reator (PPD > 5mm) e grupo B, alunos com PPD não reator (PPD < 5mm). No grupo B, foi realizada nova subdivisão: aqueles que foram revacinados na admissão e os que não foram revacinados. Resultados: Avaliados 91 prontuários, dos quais 10 foram excluídos por não preencherem os critérios de inclusão, perfazendo total de 81. No momento da admissão, 31 (38,3%) apresentavam PPD reator, dos quais 8 (25,8%) eram fraco-reatores e 23 (74,2%) forte-reatores. No grupo B com 50 alunos (61,7%), 46 (92,0%) receberam nova dose de BCG no momento da admissão e 4 (8,0%) não receberam. Nenhum dos alunos dos grupos A ou B desenvolveu tuberculose no período do curso de medicina. Conclusão: A freqüência de alunos com PPD reator no momento da entrada no curso de medicina da Faculdade de Ciências Médicas da Santa Casa de São Paulo é de 38,3%. Não houve correlação tanto entre o valor do PPD de entrada como com a revacinação dos indivíduos não reatores com o desenvolvimento da tbc durante o período do curso.
PO096 ANÁLISE DO PERCENTUAL DE POSITIVIDADE DAS baciloscopias NO PERIODO DE 2000 A 2005 NA CIDADE DE Juazeiro do Norte
Beserra Landim FF1, Landim RB2
1. UFC, Juazeiro do Norte, CE, Brasil; 2. FMJ, Juazeiro do Norte, CE, Brasil.
Palavras-chave: Tuberculose; Multirresistentes; Baciloscopias
Introdução: A tuberculose, uma doença de importância do ponto de vista da saúde publica desde o século passado, vem recrudescendo nos dias atuais de forma preocupante, com o aparecimento da AIDS. O bacilo vem sofrendo mutações para formas mais resistentes, que demandam um tratamento mais prolongado e as vezes pouco eficaz. Daí surgiram bacilos resistentes a múltiplas os quais não respondem às terapias convencionais e mesmo com o uso de medicação especial apresentam alta taxa de mortalidade. A cidade de Juazeiro do Norte, devido ao constante fluxo migratório de romeiros de diversos estados da federação, tem um comportamento epidemiológico bem peculiar, necessitando sempre de avaliação dos serviços que cuidam destes pacientes, para verificar se estamos fazendo um controle adequado. Objetivos: Determinar o índice de positividade nas baciloscopias realizadas no Centro de Dermatologia Sanitária de Juazeiro do Norte, no período de 2000 à 2005, e verificar o sexo mais atingido, e dentro dos positivos identificar o número dos TBMR. Métodos: Analise retrospectiva dos exames baciloscopios no período de 2000 à 2005, colhidos do banco de dados do Laboratório do Centro de Dermatologia Sanitária de Juazeiro do Norte, avaliando a quantidade e o percentual de positividade e distinção quanto ao sexo, bem como a quantidade de positivos multirresistentes. Resultados: Com a analise dos dados, confirmamos a maior positividade no sexo masculino em todos os anos analisados. Observamos que no ano de 2001 foi o ano de menor baciloscopias realizadas, devido provavelmente à precariedade da busca ativa. No ano de 2005, foi o de maior amostragem. Em todo período de estudo foram encontrados 8 casos de TBMR e dentre estes 3 foram a óbito. Conclusão: Apesar de todo nosso esforço, ainda não atingimos a meta do Ministério da Saúde de examinarmos 1% da população, que seriam todos os sintomáticos respiratórios. A cada ano temos feito maior divulgação entre as equipes do programa de Saúde da Família quanto a importância da busca ativa e avaliação de todos os sintomáticos respiratórios com a solicitação mais freqüente da baciloscopia.
PO097 COMPARAÇÃO DAS CARACTERÍSTICAS DA tuberculose PULMONAR ENTRE PACIENTES DIABÉTICOS E não DIABÉTICOS
Gomes M, Oliveira M, Stirbulov R
Santa Casa de Misericórdia de São Paulo, São Paulo, SP, Brasil.
Palavras-chave: Tuberculose; Diabetes mellitus; Padrão radiológico e fatores de risco
Introdução: A tuberculose é a segunda doença infecciosa mais comum no mundo. Aproximadamente cem milhões de pessoas são infectadas pelo bacilo da tuberculose a cada ano no mundo. Entre 30 e 60% da população nos países em desenvolvimento está acometida pela tuberculose. Sua incidência entre os diabéticos é aproximadamente quatro vezes mais freqüente. Sabe-se que os diabéticos apresentam maior incidência de padrões atípicos, com imagens em bases pulmonares e múltiplas pequenas cavidades, além da localização extrapulmonar ser mais freqüente. Objetivos: Determinar a freqüência de diabetes mellitus entre os portadores de tuberculose atendidos no ambulatório de tuberculose da clínica de Pneumologia da Santa Casa de Misericórdia de São Paulo e comparar as características de sua manifestação entre os diabéticos e os não-diabéticos. Métodos: Estudo retrospectivo com 718 pacientes que receberam alta entre janeiro de 1996 a dezembro de 2004. Foram analisados dados referentes ao sexo, idade, raça, antecedente de etilismo, meio diagnóstico e topografia radiológica da lesão pulmonar. Os doentes foram agrupados segundo a ausência ou presença de diabetes. Considerou-se como antecedente de etilismo o relato de uso diário atual ou pregresso de álcool; como doença localizada radiológica quando apenas um lobo estava acometido e difusa quando dois ou mais estavam acometidos; para doença típica quando as lesões se localizavam nos lobos superiores e atípica quando em outros lobos. A análise estatística foi feita pela técnica do qui-quadrado, com nível de significância de 0,05. Resultados: A prevalência de DM dentre os portadores de tuberculose foi de 40 (5,6%). Entre os diabéticos, 23 (57,5%) eram maiores que 40 anos, enquanto nos não- diabéticos foi mais freqüente nos menores de 40 anos, 388 (57,2%)- p = 0,09. Quanto à raça, não houve diferença significante entre os grupos (p > 0,05). A história prévia de etilismo mostrou ser importante fator relacionado à tuberculose nos diabéticos (p = 0,02). Nos diabéticos, a forma difusa (61,7%-p < 0,01) e de localização atípica (58,9%-p < 0,01) foram mais freqüentes, enquanto nos não -diabéticos a localizada (93,5%-p < 0,01) e a típica (84,7%-p < 0,01) foram mais freqüentes. Houve, ainda, predomínio de diagnóstico de certeza, 17 (47,2%-p > 0,05) entre os diabéticos e diagnóstico presuntivo, 208-(49,8%-p > 0,05) entre os não-diabéticos. Conclusão: A freqüência de diabetes entre os doentes atendidos no ambulatório é de 5,6%. Há predomínio entre os diabéticos de doença radiológica difusa e localização atípica. O antecedente de etilismo mostrou ser importante fator associado à tuberculose nos pacientes diabéticos.
PO098 ASPECTOS clínico-EPIDEMIOLÓGICOS DOS CASOS DE tuberculose COM sorologia positiva para HIV ATENDIDOS EM UMA UNIDADE DE REFERÊNCIA (Belém-PA)
Messias Sales LH1, Paraguassú Macedo HC2, Oliveira Bardier AM3
1. Universidade Federal do Pará, Belém, PA, Brasil; 2,3. Universidade do Estado do Pará, Belém, PA, Brasil.
Palavras-chave: Tuberculose; Sorologia positiva para HIV; Epidemiologia
Introdução: A reemergência da tuberculose desde meados da década de 80 tem estado ligada de forma exponencial à epidemiologia da infecção pelo Vírus da Imunodeficiência Humana tipo I. Particularmente nas nações asiáticas e da África Subsahariana se evidencia um aumento da incidência em mais de 300 casos por 100.000 habitantes, agrupando nestas áreas cerca de 50% das pessoas co-infectadas. Devido o incremento da prevalência entre os pacientes com tuberculose em todo o mundo, a infecção pelo HIV passou a ser considerada um dos fatores de risco mais importantes dentre os que determinam o desenvolvimento da tuberculose ativa nos indivíduos portadores da infecção tuberculosa. Deve-se ressaltar, que tal enfermidade é considerada hoje, uma das doenças oportunistas mais importantes entre os pacientes com AIDS. Objetivos: Estudar os aspectos clínico-epidemiológicos dos casos de tuberculose com sorologia positiva para HIV atendidos em uma unidade de referência (Belém-Pa). Métodos: Foi realizado um estudo retrospectivo através da coleta de dados das Fichas de Registro e Controle de Tratamento de todos os casos de tuberculose com sorologia positiva para HIV segundo o Programa Nacional de Controle da Tuberculose, atendidos no Centro de Saúde - Escola Marco, no período de janeiro de 2000 a dezembro de 2005. Dados referentes a forma clínica, histopatológico, tipo e esquema de tratamento e motivo de alta, foram coletados das Fichas de Registro e Controle de Tratamento de Tuberculose. Resultados: De 1083 casos de Tuberculose estudados, 15,2% dos pacientes submetidos à sorologia anti-HIV foram reagentes. Nestes, houve predomínio da forma clínica pulmonar (52,9%); histopatológico não realizado em 82,4%; tipo de tratamento inicial e esquema terapêutico I em 100% da amostra; tendo o óbito como motivo de alta predominante (50%) dos casos não transferidos em Contra-referência, com percentual de cura de 33.3%. Conclusão: Na realização deste estudo, de 1083 casos de Tuberculose verificou-se que 15,2% dos pacientes submetidos à sorologia anti-HIV foram reagentes, sendo a forma clínica pulmonar a predominante, não tendo sido realizado o histopatológico na maioria dos casos, utilizando-se tipo de tratamento inicial e esquema terapêutico I na totalidade dos casos. Óbito foi o motivo da alta em 50% dos casos e cura em 33,3%.
PO099 tuberculose NO IDOSO
Gomes M, Cassis SVA, Karnakis T, Stirbulov R
Santa Casa de Misericórdia de São Paulo, São Paulo, SP, Brasil.
Palavras-chave: Tuberculose; Idoso; Características epidemiológicas
Introdução: No Brasil, a prevalência de tuberculose em idosos está entre 10% e 12% e vem se elevando progressivamente. As peculiaridades da apresentação dessa doença nos pacientes acima de 60 anos e a alta mortalidade nesse grupo despertam para a pesquisa sobre esse tema. Objetivos: Determinar a freqüência de tuberculose entre os idosos no ambulatório de tuberculose da Clínica de Pneumologia da Santa Casa de São Paulo e comparar suas características entre pacientes idosos e não idosos. Métodos: Estudo retrospectivo de 556 pacientes tratados por tuberculose no período de janeiro de 1996 a dezembro de 2003. Foram analisados dados referentes ao sexo, idade, etnia, alcoolismo, tabagismo, sorologia anti- HIV, topografia radiológica da lesão pulmonar, baciloscopia de escarro e doenças associadas. Os pacientes acima de 60 anos eram considerados como idosos e os abaixo de 60, não-idosos. Considerou-se como doença típica lesões localizadas nos lobos superiores e atípicas, localizadas em outros lobos. Como antecedente de etilismo, considerou-se relato de uso diário atual ou pregresso de álcool. Feita análise estatística pelo teste do qui-quadrado. Resultados: Pacientes com idade acima de 60 anos foram 58 (10.4%) e os não-idosos, 498 (89,6%). Em ambos os grupos (idosos e não-idosos) demonstrou-se que indivíduos de sexo masculino, abstinentes ao álcool, sorologia anti-HIV negativa, tuberculose pulmonar e com radiografia de tórax típica eram predominantes (p < 0,005). Contudo, houve maior incidência de radiografias de tórax atípicas entre os idosos (11-32.3%), em comparação com os não-idosos (51-19.3%) - p < 0,005. A baciloscopia do escarro foi negativa na maioria dos idosos (21-61.8%) e positiva na maior parte dos não idosos (144-54,5%) - p < 0,005. Ocorreu maior número de doenças associadas (55,2% vs 23,5% - p < 0,005) e tabagismo (63,7% vs 41,6% - p < 0,005) entre os idosos. Conclusão: A freqüência de idosos com tuberculose no ambulatório de Tuberculose da Clínica de Pneumologia da Santa Casa de São Paulo é de 10,4%. Os idosos apresentam maior freqüência de lesões atípicas à radiografia torácica, de doenças associadas e menores índices de baciloscopia positiva.

PO100 ESTUDO clínico-EPIDEMIOLÓGICO DOS CASOS DE tuberculose ATENDIDOS EM UMA UNIDADE DE REFERÊNCIA (Belém-PA)
Messias Sales LH1, Paraguassú Macedo HC2, Oliveira Bardier AM3
1. Universidade Federal do Pará, Belém, PA, Brasil; 2,3. Universidade do Estado do Pará, Belém, PA, Brasil.
Palavras-chave: Tuberculose; Perfil clínico-epidemiológico; Estudo retrospectivo
Introdução: A tuberculose é uma doença conhecida há milênios consistindo em um grave problema de saúde pública nos países menos desenvolvidos. Segundo estimativas da OMS, um terço da população mundial está infectada pelo Mycobacterium tuberculosis que, a cada ano, faz adoecer 8 milhões de pessoas e matar 2,9 milhões. Dos 8 milhões de casos anuais, 95% ocorrem em países em desenvolvimento. Objetivos: Estudar o perfil clínico-epidemiológico dos casos de tuberculose atendidos em uma unidade de referência (Belém-Pa). Métodos: Foi realizado um estudo retrospectivo através da coleta de dados das Fichas de Registro e Controle de Tratamento de todos os casos de tuberculose (1083 casos), segundo o Programa Nacional de Controle da Tuberculose, atendidos no Centro de Saúde - Escola Marco, no período de janeiro de 2000 a dezembro de 2005. Dados referentes ao sexo, faixa etária, procedência, forma clínica, PPD, baciloscopia, cultura, histopatológico, esquema terapêutico, motivo de alta e taxa de abandono, foram coletados das Fichas de Registro e Controle de Tratamento de Tuberculose. Resultados: Foram estudados 1083 casos, tendo havido predomínio do sexo masculino (54,8%); da faixa etária de 21 a 30 anos (27,7%); procedência da capital (76,8%); forma clínica pulmonar (82,6%); baciloscopia positiva (56%); PPD, cultura e histopatológico não realizados na maioria dos casos (56,7%, 69,7%, 87,3% respectivamente); esquema terapêutico I (93,1%), tendo alta por cura em 83,8% dos casos não transferidos em Contra-referência, acima portanto da média brasileira que é de 70% e bem próximo do preconizado pelo Ministério da Saúde (85%); a taxa de abandono dos casos acompanhados na Unidade foi de 2,4%, dentro da meta estabelecida pelo Ministério da Saúde que é de 5%. Conclusão: Portanto, concluiu-se que o perfil clínico-epidemiológico dos casos de tuberculose atendidos em uma unidade de referência (Belém-Pa) foi do sexo masculino, faixa etária de 21 a 30 anos, procedência da capital, forma clínica pulmonar, não tendo a maioria realizado PPD, cultura e histopatológico, apresentando baciloscopia positiva, utilizando esquema terapêutico I, tendo alta por cura, com taxa de abandono de 2,4%. Ainda há muito a ser trabalhado mas os dados traduzem resultados satisfatórios em uma Unidade de Referência onde nota-se envolvimento e compromisso com o controle da Tuberculose.

ALTA prevalência, NA CIDADE do Rio de Janeiro
Coelho Soares EC1, Pilla ES2, Teixeira CRC3
1,2. Secretaria Municipal de Saúde do Rio de Janeiro, Rio de Janeiro, RJ, Brasil; 3. Johns Hopkins School of Public Health, Baltimore, Estados Unidos.
Palavras-chave: DOTS; Comunidade; Incentivos
Introdução: O Rio de Janeiro é a segunda maior cidade do país e, como outros centros urbanos, grande parte da população vive em favelas, que por serem superpopulosos bolsões de pobreza são um campo fértil para doenças sociais como o crime e o tráfico de drogas, e para as doenças de transmissão aérea como a TB. A Estratégia DOTS para o controle da TB vem sendo implantada na cidade desde 1999 seguindo um modelo baseado na Unidade de Saúde (US). Apesar dos bons resultados quando comparado ao tratamento auto-administrado, a meta de cura de 85% não foi atingida. A Zona Sul do Rio é uma área economicamente heterogênea, onde 21 favelas circundam os bairros mais nobres da cidade, como Copacabana e Ipanema. No ano de 2003 foi implantado a estratégia DOTS na área, que reporta 800 casos de TB ao ano (incidência de 130/100.000). Nesta área, a assistência é realizada por 3 US para onde o paciente se desloca para tomar cada dose dos medicamentos (DOT na US). Para o controle da TB na Rocinha, uma favela com 62.000 habitantes e mais de 300 casos de TB ao ano (incidência de 588/100.000) foi escolhido um modelo de DOT baseado na comunidade. Objetivos: Comparar os resultados do tratamento entre 2 diferentes modelos de DOT: baseado na Unidade de Saúde vs. na comunidade. Métodos: Os 2 modelos incluem supervisão de todas as doses dos medicamentos, busca dos faltosos, avaliação dos contatos e atividades educativas. No modelo baseado na US, os pacientes recebem 2 vales-transporte e 1 vale-refeição a cada visita para tomar as doses dos remédios. No modelo baseado na comunidade, 40 Agentes Comunitários de Saúde realizam visitas domiciliares para supervisionar a terapia. Não é fornecido vale-transporte ou refeição. Foi criado um modelo de regressão logística para inferir as associações relacionadas ao indicador cura. Resultados: Dos 1.421 pacientes registrados entre jan/2003 e jun/2004, 896 (63%) foram tratados sob DOT: 565 (63%) na US e 311 (37%) na comunidade. O % de cura entre os tratados na comunidade foi maior que o daqueles tratados na US (89% vs 77%). O percentual de abandono foi mais baixo naquele grupo: 5% vs 12%. Pela diversidade da população tratada sob o modelo baseado na US, estratificamos esses pacientes em 2 grupos: aqueles que moram em favelas (n = 210) e aqueles que não moram (n = 355). Pacientes tratados no modelo baseado na US que moram em favelas são comparáveis àqueles que recebem tratamento na comunidade, em termos clínicos, demográficos, social e econômico. Pacientes morando em favelas e recebendo DOT na comunidade tiveram 2 vezes mais chance de curar que os que receberam DOT na US. Entre os que receberam tratamento na US, não houve diferença entre os que moravam em favelas e aqueles que não moravam, em relação à cura (OR = 1.08, 95% CI = 0.70 1.66). Conclusão: O modelo de DOT baseado na comunidade está associado à maiores índices de cura quando comparado ao modelo baseado na US. Esta experiência positiva sugere que DOT na comunidade pode ser uma estratégia para o controle da TB em grandes centros urbanos.
PO102 pneumonia tuberculosa COM insuficiência respiratória E CHOQUE SÉPTICO
Braz AA, Carraro RM, Costa AN, Sales RKB, Bombarda S, Seiscento M
HC-INCOR FMUSP, São Paulo, SP, Brasil.
Palavras-chave: Pneumonia tuberculosa; Insuficiência respiratória; Achados tomográficos
Introdução: A tuberculose pulmonar representa importante causa de morbimortalidade, porém sua apresentação com quadro pneumônico evoluindo para insuficiência respiratória aguda é pouco comum. O diagnóstico precoce e tratamento específico são fundamentais nesta situação de elevada mortalidade. Objetivos: Relatar um caso de tuberculose com evolução aguda grave. Métodos: Revisão de prontuário, radiologia e cirurgia de paciente acompanhado no ambulatório de Pneumologia; revisão da literatura. Resultados: JAS, 50 anos, masculino, auxiliar de manutenção em hospital, previamente hígido, com início de tosse seca e febre nos últimos 15 dias, e há 3 dias expectoração amarelada. Sem outros sintomas prévios. No exame físico inicial com crepitações bilaterais, SpO2 70% AA e radiografia de tórax com consolidações bilaterais. A TC de tórax mostrava 2 lesões cavitadas em LSD e áreas de consolidações bilaterais e micronódulos centrilobulares confluentes de distribuição segmentar. A baciloscopia de escarro colhida na entrada resultou positiva. O paciente evoluiu com IRpA e necessidade de IOT e choque séptico, antes do resultado da baciloscopia inicial. Após instituição da terapia com Esquema 1 (RIP) evoluiu com melhora clínica, reversão das disfunções orgânicas e alta da UTI em 20 dias e alta hospitalar em 30 dias, sem sintomas respiratórios. Os exames de imagem após 6 meses do tratamento mostram resolução completa das lesões. Conclusão: O caso apresentado mostra uma apresentação atípica em um paciente com sintomas de evolução aguda (< 2 semanas) com achado de extensas áreas de consolidação pulmonar bilaterais e evolução para insuficiência respiratória aguda. Séries de casos mostram desfechos como estes em menos de 5% dos pacientes com necessidade de internação hospitalar no momento do diagnóstico de tuberculose, com taxas de mortalidade de 65-79%. A TC de tórax apresenta maior sensibilidade que a radiografia no achado de lesões cavitadas no parênquima e adenomegalias mediastinais, dados que contribuem para o diagnóstico.
PO103 incidência DE ADOECIMENTO EM contatoS DE PACIENTES COM tuberculose PULMONAR INFECTADOS PELO mycobacterium tuberculosis não SUBMETIDOS À quimioprofilaxia
Cezar MC1, Conde MB2, Netto AR3, Golub JE4
1,2. Universidade Federal do Rio de Janeiro, Rio de Janeiro, RJ, Brasil; 3. Universidade de São Paulo, Ribeirão Preto, SP, Brasil; 4. Johns Hopkins University, Baltimore, Estados Unidos.
Palavras-chave: Quimioprofilaxia; Prova tuberculínica; Tuberculose
Introdução: O Ministério da Saúde do Brasil (MSB) recomenda que sejam avaliados para pesquisa de infecção pelo M.tb através da prova tuberculínica os contatos de pacientes com tuberculose (TB) pulmonar bacilíferos com idade até 15 anos. Além disso, o ponto de corte da induração cutânea (IC) da PT aumenta de 10mm para 15mm entre os contatos com história de vacinação com BCG. A literatura internacional recomenda o ponto de corte de 5mm para contatos, independente da história de vacinação por BCG. Objetivos: (1) Determinar a incidência de adoecimento entre contatos de pacientes com TB pulmonar não submetidos à quimioprofilaxia por não atenderam aos critérios recomendados pelo MSB. (2) Comparar a incidência de adoecimento entre contatos com IC entre 5-9 e 10-14 versus àqueles com IC entre 0-4mm. Métodos: Estudo do tipo coorte retrospectivo. Todos os contatos de pacientes com TB pulmonar não submetidos à quimioprofilaxia atendidos no Instituto de Doenças do Tórax da Universidade Federal do Rio de Janeiro entre 1º de julho de 1998 e 31 de dezembro de 2002 foram avaliados 2 anos após a realização da PT. Resultados: Entre 1190 contatos de 283 pacientes com TB pulmonar atendidos no período, 671 preencheram os critérios de inclusão no estudo. A incidência estimada de TB entre os contatos com PT positiva foi de 5.740/100.000 e entre os contatos com PT negativa foi de 943/100.000. O risco relativo (RR) para TB estimado entre os contatos infectados (PT maior ou igual a 5mm) e não-infectados (PT menor que 5mm) foi de 5,8 (IC 1,7-19,4). Conclusão: Mesmo em um local com alta prevalência de TB o RR para TB é alto entre os contatos com PT positiva versus àqueles com PT negativa. O RR para TB entre contatos com PT entre 5-9mm e PT maior ou igual 10mm é praticamente o mesmo (RR1,1 IC 0,4 - 3,3), sugerindo que o critério internacional para quimioprofilaxia em contatos infectados pelo M.tb pode ser utilizado em uma região de alta prevalência de TB.
PO104 FISIOTERAPIA NO tratamento DE PACIENTES COM tuberculose PULMONAR: EXPERIÊNCIA DO Hospital Universitário do Oeste do Paraná, 2003-2005
Streit MV1, Suzin FPS2, Tavares KO3, Ferreira Filho OF4
1,2,3. Universidade Estadual do Oeste do Paraná, Cascavel, PR, Brasil; 4. Universidade Estadual de Londrina, Londrina, PR, Brasil.
Palavras-chave: Tuberculose; Tratamento; Recursos fisioterápicos
Introdução: É bem comprovada a importância da fisioterapia no tratamento não medicamentoso das doenças respiratórias. Na tuberculose pulmonar seu papel ainda encontra-se indefinido e a prática clínica permanece no empirismo. Objetivos: Avaliar a atuação da fisioterapia no tratamento da tuberculose pulmonar, identificando quais os recursos fisioterápicos (respiratórios e/ou motores) foram mais utilizados. Métodos: Foi realizado um estudo retrospectivo através da análise dos prontuários de todos os pacientes maiores de 12 anos, ambos os sexos, admitidos no Hospital Universitário do Oeste do Paraná no período de dezembro de 2003 e dezembro de 2005, cujos diagnósticos foram confirmados segundos os critérios do Ministério da Saúde. Resultados: De um total de 33 pacientes internados no período, 25 (75,8%) tinham diagnóstico de certeza, sendo a média de idade = 44,5 ± 17,1, com predomínio do sexo masculino (76,0%). A média do tempo de internação foi de 10,6 ± 7,1 dias. As queixas mais freqüentes foram a tosse (80,0%) e a sudorese noturna (64,0%). Treze (52,0%) dos pacientes tinham comorbidades. A grande maioria (88,0%) foi internada em enfermaria com isolamento respiratório. Somente em 12 (48,0%) pacientes foi prescrito o tratamento fisioterápico e, em média, 5,5 dias após a internação. A média do número de atendimentos foi de 2,6. Os procedimentos mais usados foram: técnicas manuais, exercícios respiratórios e exercícios motores. A prescrição de fisioterapia estava associada com a presença de comorbidades. A média de tempo de internação dos pacientes sem tratamento fisioterápico foi de 7,6 dias e com foi de 13,8 dias (p = 0,05). Conclusão: Apesar de sua importância não é rotina neste serviço prescrever tratamento fisioterápico em pacientes com tuberculose pulmonar. Quando isso acontece esta associada a uma maior gravidade dos casos, justificada pela presença de comorbidades e pelo tempo maior de internação. O pouco tempo de tratamento não permitiu avaliar a utilidade da fisioterapia na recuperação do paciente com tuberculose.
PO105 RELATO DE CINCO CASOS DE micobacteriose não tuberculosa
Pereira M1, Spilimbergo FB2, Chaves MSS3, Issa F4, Pereira JD5, Moreira JS6, Ribeiro MO7
1,2,3,4,5,6. Pavilhão Pereira Filho, Porto Alegre, RS, Brasil; 7. Secretaria Municipal de Saúde, Porto Alegre, RS, Brasil.
Palavras-chave: Micobacteriose não tuberculosa; M. abscessus; M. avium
Introdução: O complexo Mycobacterium tuberculosis engloba o M. tuberculosis, o M. africanum e o M. bovis, este é o mais importante do gênero Mycobacterium, no que se refere à etiologia de doenças humanas. No entanto outras micobactérias oportunistas, causam doença em pacientes imunodeprimidos, idosos, e portadores de broncopneumopatias crônicas, são as chamadas micobactérias não tuberculosas, segundo à Sociedade Americana do Tórax (ATS). As mais comuns são: M. Kansasii, o complexo MAIS (avium, intracelularis e scrofulaceum), o M. xenopi, o M. szulgai, o M. malmoense e o M. leprae. Objetivos: Relatar cinco casos de micobacteriose não tuberculosa, tratadas no ambulatório de tuberculose (CS2) da Secretaria Municipal de Saúde de Porto Alegre RS. Métodos: Foram revisados os prontuários dos pacientes, no período de 2002 à 2005, com diagnóstico de tuberculose, entre os quais, cinco tiveram cultura positiva para micobacteriose não tuberculosa. Resultados: Três pacientes eram do sexo feminino e dois do sexo masculino, todos da cor branca, residentes na zona urbana. A idade variou entre 35 e 51 anos. Dois pacientes referiram contato com tuberculose pulmonar. Três pacientes eram HIV positivo e dois eram portadores de pneumopatia crônica (bronquiectasias). Dois pacientes tiveram a forma pulmonar, um a forma ganglionar, um tuberculose intestinal e um paciente teve tuberculose pleural seguido de meningite por micobacteriose. Radiograma de tórax estava alterado em dois pacientes, com lesões em lobo superior direito e presença de cavidade em um deles, três pacientes não apresentaram alterações radiográficas. Baciloscopia positiva no escarro e/ou lavado broncoalveolar em um paciente. Cultura positiva para M. avium em dois pacientes, um deles com cultura positiva para M. avium e M. abscessus, e. Todos os pacientes receberam tratamento inicial com rifampicina, isoniazida e pirazinamida (RHZ), dois deles fizeram hepatite medicamentosa, sendo então trocado o esquema para streptomicina, isoniazida e etambutol (SHM). Após a cultura positiva para micobacteriose não tuberculosa os pacientes passaram a receber etambutol e claritromicina com boa resposta terapêutica. O tempo de tratamento foi em média doze meses. Conclusão: A micobacteriose não tuberculosa apresenta uma baixa prevalência em nosso meio. Porém com o advento da AIDS e com o avanço dos métodos diagnósticos cada vez mais tem se diagnosticado e tratado pacientes com micobacteriose não tuberculosa. O acréscimo de etambutol e claritromicina aos esquemas terapêuticos têm mostrado um boa resposta clínica.
PO106 APRESENTAÇÃO ATÍPICA DE tuberculose PULMONAR
Ferreira Martins SE, Veras Correia GF, Souza e Lima FM, Rabello E
Hospital de Força Aérea do Galeão, Rio de Janeiro, RJ, Brasil.
Palavras-chave: Tuberculose; Massa mediastinal; Toracotomia
Introdução: Nos últimos anos vem sido descrito um aumento na incidência da tuberculose em vários países, em especial nos centros urbanos. Mesmo sendo uma enfermidade prevenível e curável, segue constituindo uma importante ameaça para a saúde pública. Objetivos: Os autores relatam um caso de apresentação atípica de tuberculose pulmonar, em paciente de 20 anos previamente hígido, com investigação bacteriológica negativa. Métodos: Relato de caso: I.D.F., masc., vinte anos, cadete, natural do Rio de Janeiro, solteiro, internado em nosso hospital em março/2005, com história de aproximadamente dois meses de evolução, com febre diária, tosse seca, dispnéia aos esforços, astenia e perda ponderal de cerca de 10kg no período. Já havia feito uso de vários esquemas antibióticos sem melhora clínica. Trazia radiografia de tórax com imagem de hipotransparência em LID e seis amostras de escarro e cultura para BK negativos. A tomografia de tórax realizada evidenciou massa em mediastino posterior. Resultados: Realizada broncoscopia que não evidenciou qualquer anormalidade anatômica ou presença de secreção. Foi submetido a toracotomia diagnóstica cujo resultado histopatológico revelou processo inflamatório crônico granulomatoso com necrose caseosa central, compatível com tuberculose. Conclusão: As apresentações radiológicas consideradas atípicas, representadas por formas pseudotumorais e por alterações que envolvem segmentos anteriores, estão frequentemente associadas a condições mórbidas com diabetes melitus e SIDA. Trazemos, então, um caso de apresentação atípica de tuberculose pulmonar, que simulava linfoma mediastinal, em paciente jovem, HIV negativo, previamente hígido, condição pouco descrita na literatura recente.
PO107 tuberculose GRAVE, DE LOCALIZAÇÃO ATÍPICA, EM PACIENTE COM transplante RENAL E imunossupressão
Zanela VB, Duque Pereira AL, Esposito E, Rioja S, Starling P, Souza E, Siqueira HR, Rufino R
Hospital Universitário Pedro Ernesto (HUPE), Rio de Janeiro, RJ, Brasil.
Palavras-chave: Tuberculose; Imunossupressão; Hepatotoxicidade
Introdução: A imunossupressão no transplante renal predispõe ao aparecimento de várias doenças oportunistas e de tuberculose (Tb) de localização atípica. O tratamento desta afecção é sempre difícil. As doses dos medicamentos têm que ser ajustadas em caso de insuficiência renal ou hepática, a estreptomicina tem que ser administrada com cuidado, a rifampicina diminui os níveis do imunossupressor, com possibilidade de rejeição do transplante, e os efeitos colaterais são mais comuns. Objetivos: Descrever a evolução de um caso de tuberculose disseminada em uma paciente transplantada renal há nove anos como também os efeitos colaterais da terapêutica empregada. Métodos: Relato de caso. Resultados: E.C.C., sexo feminino, 55 anos, transplantada renal há 9 anos, em uso de ciclosporina, micofenolato mofetil e prednisona. Creatinina basal de 1,8mg/dL. Foi internada no serviço de Nefrologia do HUPE com quadro de lesão aftóide ulcerada na ponta da língua há dois meses, adenomegalia submandibular à esquerda, febre de 39-400C, diarréia, aumento da região axilar direita e piora progressiva do estado geral. Os exames de admissão revelaram: hematócrito 26%, hemoglobina 8,5g/dL, 7.900 leucócitos com 16% de bastões, 187.000 plaquetas, uréia 135mg/dL e creatinina 4,97mg/dL. TGO, TGP e bilirrubinas estavam normais. A biópsia da lesão na língua foi inconclusiva e a pesquisa para paracoccidioidomicose foi negativa. A ultra-sonografia da região axilar direita evidenciou coleção cujo aspirado mostrou pesquisa de BAAR positiva levando ao início do esquema RHZ. A paciente apresentou, inicialmente, boa resposta clínica. A seguir, evoluiu com quadro grave de hepatite e pancreatite com TGO 549U/L, TGP 108U/L, bilirrubina total 15mg/dL, fosfatase alcalina 385U/L, albumina 2,5g/dL, TAP 22%, amilase 426U/L e lipase 432U/L. A sorologia para hepatite C foi positiva. O esquema RHZ e os imunossupressores foram suspensos. O estado geral piorou, a diarréia se intensificou e surgiu enterorragia. A colonoscopia evidenciou íleo-colite e a biópsia demonstrou ileíte crônica granulomatosa com pesquisa de BAAR positiva. Estudos tomográficos demonstraram nódulos esparsos no pulmão e abscesso do psoas. Iniciou-se estreptomicina (S), etambutol (E), ofloxacina (OFLX) e metronidazol (MTX) com melhora acentuada do quadro clínico e regressão da lesão na língua. Por ocasião da alta, após quase 3 meses de internação, os exames mostraram TGO 34U/L, TGP 14U/L, bilirrubina total 4,67mg/dL, albumina 2,32g/dL, fosfatase alcalina 2068U/L e TAP 69%. No ambulatório acrescentou-se isoniazida (I) 300mg/dia e um mês depois a S e o MTZ foram suspensos por vertigem e ataxia. Manteve-se o esquema I, E e OFLX. Conclusão: Pacientes com hepatite C e Tb apresentam maior possibilidade de hepatotoxicidade com o esquema RHZ. Conforme recomenda a II Diretrizes Brasileiras para a Tuberculose, pacientes graves que desenvolvem icterícia devem ter o esquema RHZ substituído pelo esquema alternativo SEOFLX até que haja regressão da lesão hepática.
PO108 micobacteriose (M. abscessus) - relato de caso
Pereira M1, Spilimbergo FB2, Chaves MSS3, Issa F4, Pereira JD5, Moreira JS6, Ribeiro MO7
1,2,3,4,5,6. Pavilhão Pereira Filho, Porto Alegre, RS, Brasil; 7. Secretaria Municipal de Saúde, Porto Alegre, RS, Brasil.
Palavras-chave: Micobacteriose não tuberculosa; M. abscessus; Broncopatia crônica
Introdução: As micobacterioses não tuberculosas infectam principalmente pessoas com doença pulmonar crônica, portadores de tuberculose prévia e imunossuprimidos. Nesses pacientes esta infecção parece-se com M. tuberculosis, tanto clínica quanto radiologicamente. Já no grupo sem doença pulmonar prévia, os achados são diferentes, apresentando-se como nódulos bilaterais associados à bronquiectasias, predominando nos lobos inferiores. Existem mais de cem espécies de micobactérias não tuberculosas descritas (patogênicas ou não), dentre as patogênicas estão o complexo M. avium e M. kansasii. Objetivos: Relato de um caso de M. abscessus, numa paciente feminina, 54 anos, branca, do lar, procedente da zona urbana, HIV não reagente, com tosse produtiva há mais de vinte anos. História prévia de dois tratamentos para tuberculose pulmonar, com alta para cura em ambos. Em 1999, identificado > avium, não tratado adequadamente na ocasião. Em 2005, identificado M abscessus (muitas colônias), tratado irregularmente. Em maio/2006 piora da tosse, hemoptises e perda de peso. Métodos: Realizado exame de escarro e lavado broncoalveolar com material sendo encaminhado para cultura no Centro de Referência Prof. Hélio Fraga, RJ. Resultados: Lavado broncoalveolar e pesquisa de BAAR no escarro foram positivos, posteriormente, exame cultural demonstrou tratar-se de M. abscessus (muitas colônias). Conclusão: Em junho/2006 iniciou-se tratamento com rifazida, etambutol e claritromicina. Dois meses após houve melhora clínica significativa. Segue com proposta terapêutica de 01 ano de tratamento. Os autores chamam a atenção para o fato da paciente apresentar broncopatia grave prévia e também para o inusitado da micobacteriose dever-se ao M. abscessus.
PO109 avaliação DA OCORRÊNCIA DO efeito booster EM INDIVÍDUOS SUBMETIDOS À prova tuberculínica EM UM Programa de controle da tuberculose
De Azevedo Oliveira LP1, Bernardeli G2
1. Programa de Controle da Tuberculose de Porto Real, Porto Real, RJ, Brasil; 2. Hospital São João Batista, Volta Redonda, RJ, Brasil.
Palavras-chave: Prova tuberculínica; Efeito booster; Falso-negativo
Introdução: A prova tuberculínica (PT) tem sido utilizada para avaliar a estimativa de risco de adoecimento por tuberculose e indicação de quimioprofilaxia nos casos de risco aumentado, ou seja, naqueles que apresentem critérios de viragem tuberculínica (aumento da enduração > 10mm na PT em relação ao teste anterior dentro de um intervalo de 1 a 2 anos). Indivíduos infectados no passado podem apresentar com o decorrer dos anos uma redução da resposta à tuberculina e apresentar resultados falso-negativos quando submetidos a um primeiro exame, sendo erroneamente considerados não reatores. Esta resposta à tuberculina pode ser reativada por PT subseqüentes, sendo chamada efeito booster. Se o efeito booster (enduração em uma segunda PT > 10mm e pelo menos 6mm a mais que na primeira prova, realizado em um intervalo não superior a 3 semanas) não for pesquisado, existe o risco de se diagnosticar como viragem tuberculínica o que seria na verdade um efeito booster positivo. Objetivos: Avaliar a ocorrência de efeito booster em indivíduos submetidos à PT no Programa de Controle da Tuberculose de Porto Real (RJ). Métodos: Entre setembro de 2003 e maio de 2006 foram avaliados 53 indivíduos que realizaram uma segunda PT em intervalo entre 7 e 21 dias após o primeiro exame ter sido não reator (enduração < 10mm). Todos foram avaliados com anamnese, exame físico e RX tórax para exclusão de tuberculose doença. Nos casos em que a PT se mantivesse negativa, os pacientes recebiam orientação para retorno num período predeterminado e seguidos para a possibilidade de viragem tuberculínica. Os casos que alcançassem critérios para efeito booster positivo eram orientados a retornar ao Programa caso apresentassem sinais ou sintomas que pudessem sugerir de tuberculose. Resultados: Dos 53 indivíduos testados, 42 (79,2%) eram contatos domiciliares de pacientes com tuberculose pulmonar; e 11 (20,8%) eram estudantes do curso técnico de enfermagem que iniciariam estágio em um hospital geral. Dos 42 contatos de tuberculose, 8 (19%) apresentaram efeito booster positivo. Dos 11 estudantes, 1 (9%) apresentou o fenômeno booster. Conclusão: Durante a realização de provas tuberculínicas para detecção de viragem e indicação de quimioprofilaxia, os Programas de Controle da Tuberculose devem estar atentos para a investigação do fenômeno booster naqueles indivíduos com primeiro teste não reator. É necessária a exclusão dos falso-negativos para que seja evitada a administração desnecessária de quimioprofilaxia àqueles que apresentam efeito booster positivo. É inegável o benefício da quimioprofilaxia com isoniazida nos casos indicados, porém possíveis parefeitos da medicação e a necessidade de estrutura de acompanhamento do paciente durante o período de tratamento tornam criteriosa a sua indicação baseada em provas tuberculínicas.
PO110 associação ENTRE ALBUMINA SÉRICA E MORTE POR tuberculose
Matos ED, Bittencourt CN, Lemos ACM
Hospital Especializado Octávio Mangabeira, Salvador, BA, Brasil.
Palavras-chave: Hipoalbuminemia; Tuberculose pulmonar; Mortalidade
Introdução: Apesar do nível da albumina sérica ser um importante marcador de estado nutricional, poucos estudos publicados têm avaliado o papel da hipoalbuminemia como preditor de morte em pacientes com tuberculose. Objetivos: Avaliar a associação entre albumina sérica na admissão e morte intra-hospitalar por tuberculose. Métodos: Estudo de coorte prospectivo com 373 pacientes hospitalizados com tuberculose. As amostras foram coletadas sistematicamente de todos os pacientes na admissão hospitalar para mensurar níveis séricos de albumina. A mortalidade intra-hospitalar foi o objetivo do estudo. Análise multivariada foi utilizada para avaliar a associação entre albumina sérica na admissão e mortalidade por tuberculose, e regressão logística multivariada foi utilizada para ajustar potenciais variáveis confundidoras. Resultados: A média de idade dos pacientes foi 41.1 (± 15.2) anos, e 77.2% (288/373) eram homens. Quarenta e cinco dos 373 pacientes eventualmente morreram no hospital (taxa de morte intra-hospitalar de 12.1%; 95%CI: 9.0% - 15.7%). Análise multivariada mostrou que a presença de baixos níveis de albumina sérica (± 2.7g/dl) está fortemente e independentemente associado com morte intra-hospitalar por tuberculose (OR ajustado: 3.38; 95% CI: 1.51-7.59; p = 0.001), mesmo após ajustando para potenciais variáveis confundidoras identificadas na análise multivariada (idade, comorbidades, co-infecção TB-HIV e história de abandono de tratamento). Conclusão: Nossos resultados evidenciam a importância de mensurar os níveis de albumina sérica na admissão hospitalar como um indicador de prognóstico de pacientes hospitalizados com TB.
PO111 infecção POR mycobacterium avium EM UM PACIENTE PORTADOR DE pneumoconiose. relato de caso
Soares Torres AA, Lehmkuhl L, Fernandes C, Cavallazzi A, Moritz P, Jaques Steidle LJ, Bauer O, Pizzichini E
Hospital Universitário-UFSC, Florianópolis, SC, Brasil.
Palavras-chave: Silicose; Micobacteriose atípica; Pneumoconiose
Introdução: A tuberculose pulmonar é uma complicação freqüente da silicose (caracterizando a sílicotuberculose), mas poucos casos de micobacteriose atípica têm descritos neste tipo de paciente. Objetivos: Relato de caso. Métodos: Homem de 45 anos, tabagista, trabalhador por 30 anos em lavoura fertilizada com calcário. Resultados: Admitido com quadro dispnéia progressiva há 13 anos associada a infecções pulmonares de repetição. A TC de tórax demonstrou áreas de fibrose maciça confluente bilateralmente promovendo a retração dos hilos pulmonares. A espirometria mostrou limitação grave ao fluxo de ar das vias aéreas com resposta broncodilatadora. A plestimografia evidenciou capacidade pulmonar total normal, volume residual discretamente aumentado e capacidade de difusão do CO normal. Iniciado tratamento beclometasona 800mcg/dia e formoterol 24mcg/dia. Devido ao quadro clínico e radiológico típico de silicose, optou-se por não realizar a biópsia pulmonar. Dois anos após, o paciente foi readmitido com um quadro de febre, emagrecimento, astenia, sudorese noturna e tosse produtiva há 4 semanas. O radiografia de tórax mostrou um novo infiltrado intersticial em ápice pulmonar esquerdo. A pesquisa de BAAR no escarro foi positiva (3+/4+) e a sorologia para HIV foi negativa. Iniciado tratamento com rifampicina, isoniazida e pirazinamida. No trigésimo dia de tratamento, o paciente desenvolveu colestase e então a rifampicina e pirazinamida foram substituídas por etambutol e estreptomicina. Os sinais de hepatopatia regrediram. Apesar do tratamento com o novo esquema por mais 36 dias, os sintomas sistêmicos de febre, dispnéia, astenia e sudorese noturna persitiram. A cultura do escarro mostrou a presença de bacilo multirresistente levantando a suspeita de micobacteriose atípica, o que foi confirmado por PCR que identificou Mycobacterium avium complex. Iniciado tratamento com Amicacina, Claritromicina e Etambutol, havendo melhora importante do quadro depois de 8 semanas de tratamento com este esquema. Conclusão: Discussão: O caso destaca a importância da suspeita desta micobacteriose em pacientes tratados com tuberculostáticos que mantém escarro com BAAR positivo e teste de sensibilidade evidenciando resistência. Vale destacar ainda a silicose como doença composta de anormalidades na resposta imune facilitando o desenvolvimento de infecções atípicas. A principal micobactéria atípica é o < 1 > Mycobacterium avium, a qual foi reconhecida como causa de doença em pacientes com silico-tuberculose em 1943. Os sinais e sintomas da doença são inespecíficos e podem ser facilmente confundíveis com tuberculose. Nos últimos anos, houve um aumento na prevalência de micobacteriose atípica o que pode ser explicado pela melhora na sensibilidade e da maior solicitação de métodos de laboratório, alem do crescimento do número de imunodeficientes.
PO112 RESISTÊNCIA AOS MEDICAMENTOS ANTI-tuberculose DE CEPAS DE mycobacterium tuberculosis ISOLADAS DE PACIENTES INTERNADOS EM Hospital TERCIÁRIO NA Bahia
Matos ED, Bittencourt CN, Lemos ACM
Hospital Especializado Octávio Mangabeira, Salvador, BA, Brasil.
Palavras-chave: Multidrogaresistente; TBMR; Tuberculose
Introdução: Resistência aos medicamentos anti-tuberculose, e particularmente multirresistência, constitui um importante problema para o controle da tuberculose. Objetivos: Estimar a prevalência da resistência primária e adquirida aos medicamentos anti-tuberculose em cepas de Mycobacterium tuberculosis isoladas de pacientes internados, identificar fatores de risco para resistência e avaliar o impacto desta na mortalidade hospitalar por tuberculose. Métodos: Foram analisadas cepas de Mycobacterium tuberculosis de 217 pacientes internados com TB, de forma seqüencial, em hospital de referência para TB, em Salvador (Bahia-Brasil), durante o período de julho de 2001 a julho de 2003. Cepa multirresistente (MR), foi definida como resistência a rifampicina e isoniazida. Resultados: A resistência primária observada foi de 7,0% (10/145) e a resistência adquirida de 43,1% (31/72). A resistência primária isolada a um fármaco foi observada em 2,1% (3/145) e monorresistência adquirida em 5,6% (4/72). Prevalência de cepas MR, no geral, foi de 14,3% (31/217), sendo a MR primária de 4,2% (6/145) e a adquirida de 34,7% (25/72). Abandono do tratamento permaneceu fortemente associado com resistência na análise multivariada (OR ajustada: 7,21; IC95%: 3,27-15,90; p < 0,001), após ajuste para 3 potenciais confundidores (sexo, alcoolismo e infecção pelo HIV). Observou-se presença de associação entre resistência e mortalidade por TB, mesmo após ajuste para status HIV, idade, sexo e alcoolismo (OR ajustada: 7,13; IC 95%: 2,25-22,57; p < 0,001). Conclusão: Nossos achados corroboram a necessidade de sistematização da solicitação do teste de sensibilidade na rotina da admissão hospitalar nesta população e implementação de medidas rigorosas de biossegurança no referido hospital.
PO113 prevalência DA infecção PELO HIV EM PACIENTES INTERNADOS COM tuberculose NA Bahia (NORDESTE DO BRASIL)
Matos ED, Bittencourt CN, Lemos ACM
Hospital Especializado Octávio Mangabeira, Salvador, BA, Brasil.
Palavras-chave: HIV; Tuberculose pulmonar; Co-infecção TB-HIV
Introdução: A infecção para HIV é um conhecido fator de risco para desenvolvimento de Tuberculose (TB), interferindo também na morbimortalidade. A prevalência da infecção pelo HIV em pacientes com TB tem variado em diferentes regiões do Brasil. Objetivos: Estimar a prevalência de HIV em pacientes internados com TB na Bahia (Nordeste do Brasil) e avaliar seu impacto na letalidade hospitalar. Métodos: Foram avaliados, através de coorte prospectiva, 400 pacientes internados seqüencialmente no Hospital Octávio Mangabeira (referência estadual para internamento de portadores de TB) entre julho de 2001 e julho de 2003 com TB confirmada. A sorologia para HIV foi realizada em todos os pacientes, independente da presença de dados clínicos e/ou epidemiológicos sugestivos de infecção pelo HIV. Resultados: A média de idade + DP foi de 41,4 ± 16,2 anos, e a relação masculino/feminino foi de 3,5:1. A prevalência de infecção pelo HIV foi de 8,3% (IC95%: 5,8%-11,3%). A letalidade hospitalar foi de 12,4% (IC95%: 9,4%-15,9%), sendo significantemente maior no grupo HIV positivo, 27,6% versus 9,7%, no grupo HIV negativo (RR = 2,8; IC95%: 1,4-5,6; p = 0,003). Conclusão: A estimativa de infecção pelo HIV entre pacientes internados com TB na Bahia é de 8,3%. A letalidade hospitalar da TB é elevada (12,4%), sendo o risco relativo de morte cerca de 2,8 maior no grupo HIV positivo.
PO114 PREDITORES DA mortalidade Intra-hospitalar EM PACIENTES COM tuberculose NA Bahia
Matos ED, Bittencourt CN, Lemos ACM
Hospital Especializado Octávio Mangabeira, Salvador, BA, Brasil.
Palavras-chave: Mortalidade; Tuberculose pulmonar; Preditores de mortalidade
Introdução: Trabalhos prévios mostram que idade avançada, infecção pelo HIV e multirresistência aos medicamentos são preditores de morte em pacientes portadores de tuberculose (TB). Existe, no entanto, uma carência de estudos para avaliar se outros fatores estão independentemente associados à mortalidade hospitalar por TB. Objetivos: Identificar fatores independentemente associados à mortalidade hospitalar por TB. Métodos: Estudo de coorte prospectiva, com 395 pacientes com diagnóstico de TB, hospitalizados em Salvador (Bahia/Brasil). Foram avaliadas como preditoras independentes de morte diversas características demográficas, clínicas, laboratoriais e radiográficas identificadas na admissão hospitalar. Óbito durante a hospitalização foi o desfecho de interesse. Foram incluídas no modelo logístico múltiplo as variáveis com valor de p £ 0,05 na análise univariada. Resultados: A mortalidade intra-hospitalar por TB foi 12,7% (50/395). Através do uso de regressão logística múltipla, identificou-se quatro características independente e significativamente associadas a uma maior mortalidade hospitalar por TB: infecção pelo HIV (OR ajustado: 3,37; IC 95%: 1,21-9,4), albumina sérica £ 2,7g/dl (OR ajustado: 2,73; IC 95%: 1,32-5,65), co-morbidades (OR ajustado: 2,27; IC 95%: 1,07-4,83) e saturação de pulso de oxigênio (SpO2) £ 90% (OR ajustado: 4,15; IC 95%: 2,00-8,6). Conclusão: Este estudo indica a importância de identificação dos fatores preditores independentes de mortalidade na admissão hospitalar em pacientes com TB.
PO115 tuberculose ENDOBRÔNQUICA: relato de caso
Kissmann G, Addor G, Martins RC, Nigri DH, Barros Franco CA
PUC-Rio, Rio de Janeiro, RJ, Brasil.
Palavras-chave: Tuberculose endobrônquica; Broncoscopia; Lavado broncoalveolar
Introdução: A tuberculose endobrônquica é definida como a infecção tuberculosa da árvore traqueobrônquica com evidência histopatológica e microbiológica. Na maioria dos casos está associada à tuberculose pulmonar, sendo altamente infecciosa. Mais de 90% dos pacientes com tuberculose endobrônquica apresentam algum grau de estenose, podendo ocorrer estenose traqueal severa. O quadro clínico difere durante os estágios da tuberculose: sibilância, tosse, hemoptise, febre, dispnéia e dor torácica. Seu diagnóstico é difícil, visto não ser visualizada à radiografia simples do tórax. A tomografia computadorizada tem importante papel na avaliação das lesões com obstrução. Objetivos: Relatar um caso de apresentação incomum de tuberculose que teve diagnóstico precoce através de broncofibroscopia e evolução favorável. Métodos: Relato de caso de paciente do sexo masculino, com 72A, Diabetes mellitus insulino dependente e insuficiência cardíaca. Relatava passado de tuberculose pulmonar tratada. Apresentava febre, hipoxemia, tosse seca e hiperglicemia. Tomografia computadorizada do tórax evidenciava infiltrado extenso em lobo superior direito. Uso de quinolona respiratória, sem resposta. Submetido a broncofibroscopia, sendo observadas lesões esbranquiçadas em brônquios fontes e lobares. Realizado lavado broncoalveolar e biópsia. O BAAR do lavado broncoalveolar e do fragmento foram positivos, assim como a cultura para Mycobacterium tuberculosis. Exame histopatológico evidenciou processo inflamatório crônico granulomatoso com necrose caseosa. Iniciado esquema tuberculostático com rifampicina, isoniazida, pirazinamida e etambutol, com melhora clínica. Resultados: A estenose brônquica pode desenvolver-se apesar de tratamento efetivo. O mais importante no tratamento da tuberculose endobrônquica é a erradicação do bacilo, e a prevenção de estenose. A progressão da estenose é evitada pelo diagnóstico e início precoce da terapia. O uso de corticosteróides na tuberculose endobrônquica se mantém controverso, não existindo na literatura comprovação para seu uso. Conclusão: Na tuberculose endobrônquica é importante o diagnóstico precoce, para que seja iniciado o tratamento, com isso minimizado o risco de estenose grave, com necessidade de intervenção cirúrgica ou abordagem endoscópica com utilização de prótese endobrônquica.
PO116 DE ONDE PROVEM CONTAMINAÇÃO DOS INTERNOS NO presídio
Silva CG
CIR, Brasília, DF, Brasil.
Palavras-chave: Busca-ativa; Tuberculose; Presídio
Introdução: A tuberculose ocorre com maior freqüência nos grupamentos humanos com piores condições socioeconômicas e no espaço urbano os seguintes locais tem alto potencial de reprodução da tuberculose: favelas, mocambos, alagados, invasões, população que vivem em ambiente de calamidades públicas, e populações que vivem em ambientes socialmente fechados (escolas, creches, presídios, abrigos sociais, e de idosos...) Com base nos altos índices de aglomeração populacional e no baixo nível de conhecimento das peculiaridade da população alvo principalmente no que tange as doenças infecto-contagiosas, fez-se preemente como atividade inicial ao combate a tuberculose, um projeto de busca - ativa que primasse pela informação. Portanto com vistas a prevenção, tratamento, fez importante o desenvolvimento de estratégias que abordasse a real condição de contaminação com o bacilo de koch para que se pudesse tracejar um plano de controle no seu marco inicial deste o contágio. Objetivos: Comparar os grupos com vistas ao levantamento de possíveis diferenças. Como parte do objetivo na reabilitação e ressocialização é direito garantido por lei que os presos tenham acesso a vários tipos de assistência, como o serviço médico, assessoria jurídica e serviços sociais, sendo que nenhum desses benefícios são oferecidos na extensão contemplada pela lei. Várias doenças infecto-contagiosas tais como Tuberculose e Aids atingiram níveis epidêmicos entre a população carcerária brasileira, ao negligenciar o tratamento adequado visando prevenção. O sistema prisional não só ameaça a vida dos presos como também facilita a transmissão dessas doenças à população em geral através das visitas conjugais e o livramento dos presos e ainda a contaminação dos profissionais que atuam no sistema penitenciário.· Fazer o PPD em uma amostragem de indivíduos recém-chegados ao cárcere. · Fazer o PPD em uma amostragem de indivíduos há mais de 5 dias de internato; · O objetivo deste trabalho foi Verificar se a contaminação pelo Bacilo de Koch em indivíduos encarcerados no sistema penitenciário do Distrito Federal é derivada dos recém-chegados ao sistema prisional ou é transmitida dentro do mesmo, proveniente dos internos que residem ali a algum tempo. Tendo como objetivo específicos. Métodos: A metodologia utilizada para as análises e pareceres desenvolvidas neste trabalho de conclusão de curso classifica a pesquisa como sendo do tipo quantitativa e bibliográfica. Faz-se pesquisa de campo o complexo penitenciário do DF, local onde há grande incidência de proliferação da Tuberculose, no qual se procurou manter contato para a aplicação de teste tuberculínico em uma determinada quantidade de internos do sistema a fim de esclarecer o foco inicial de transmissão do bacilo de Koch. Resultados: Observou-se que o índice de contaminação no presídio era bastante alta mediante o grande número de presidiários infectados com o bacilo. Conclusão: Contaminação geral da população cacerária com tuberculose.
PO117 coccidioidomicose PULMONAR: ESTUDO DE 45 CASOS E REVISÃO DE LITERATURA
Agostinho Rolim JR1, Da Paz AC2, Dos Santos LG3, Agostinho Rolim G4, Camilo da Silva AL5, Dos Martírios Moura Fé JA6, Agostinho Rolim Arruda G7
1,2,5. Universidade Federal do Piauí, Teresina, PI, Brasil; 3,6. Hospital São Marcos, Teresina, PI, Brasil; 4. Universidade Estadual do Piauí, Teresina, PI, Brasil; 7. Universidade Federal do Ceará, Fortaleza, CE, Brasil.
Palavras-chave: Coccidioidomicose; Pulmonar; Epidemiologia
Introdução: A coccidioidomicose (Febre do Vale de São Joaquim, granuloma coccidióidico, doença de Posadas-Wernicke ou reumatismo do deserto) é uma micose sistêmica causada pelo Coccidioides immitis, fungo dimórfico, encontrado predominantemente no solo de regiões desérticas e semi-áridas. Quase todos os animais domésticos, grande diversidade de animais silvestres e o homem são hospedeiros potenciais do C. immitis; deste último, os de exposição ocupacional com íntimo contato com o solo são os mais sujeitos à infecção. Objetivos: Fazer um estudo epidemiológico e revisão de literatura de coccidioidomicose pulmonar. Métodos: Análise de 45 casos de coccidioidomicose pulmonar no Estado do Piauí. Resultados: Foram analisados 45 casos de coccidioidomicose pulmonar quanto ao sexo, fatores de risco, sintomatologia, métodos diagnósticos, histopatologia e exposição ocupacional ao fungo. Conclusão: O C. immitis é o mais virulento de todos os fungos conhecidos, provocando uma micose adquirida por via inalatória e comprometendo principalmente o pulmão. No nosso meio, a atividade de caçar e desentocar tatus de seu habitat é o fator de risco que mais nos chama atenção.
PO118 PACIENTE imunocompetente COM TUBERCULOSE disseminada
Rodrigues MF1, Buzaglo LCP2, Ferreira TA3, Trajano Filho IB4, Bezerra FC5, Soares GM6, Fonseca MS7, Socorro de Lucena Cardoso MD8
1,2,3,4,7,8. Hospital Universitário Getúlio Vargas, Manaus, AM, Brasil; 5. Hospital Universitário Getúlio Vargas, Manaus, AM, Brasil; 6. Fundação de Medicina Tropical, Manaus, AM, Brasil.
Palavras-chave: Tuberculose; Disseminada; Imunocompetente
Introdução: A população indígena em 2006 é estimada em 6.950 habitantes. Na Amazônia se concentra 60% da população indígena e a incidência média de TB é de 75,1 casos por 100000/hab. No Brasil foram notificados 160.591 casos/ano de TB, onde o Amazonas ocupa o segundo lugar. Por causas ainda pouco esclarecidas, os povos indígenas são mais vulneráveis à tuberculose e apresentam formas mais grave às observadas na população geral do país. Objetivos: Realizar o diagnóstico diferencial entre as formas clínicas da tuberculose e sua apresentação radiológica com os demais processos infecciosos, neoplásicos e hemorrágicos. Métodos: Relato de caso de S.F.S., sexo masculino, 25 anos, raça indígena, da Tribo Saterê Mawé. Resultados: Paciente evoluindo há cinco anos com dor em região inguinal esquerda de caráter constritivo que passou a uma tumoração drenada espontaneamente. A dor passou a irradiar para região lombar esquerda e membros inferiores com perda de peso não quantificada. Negava febre, sangramento, sintomas respiratórios ou alteração do hábito intestinal. Mãe e pai falecidos de tuberculose e um irmão com tuberculose na época. Ao exame lúcido, afebril, hipocorado 1+/4+, linfonodo palpável em região inguinal com 4cm não aderido a estruturas profundas. A cavidade oral estava em precárias condições de conservação; tórax com abaulamento de consistência amolecida em região paravertebral direita, aparelhos respiratório e cardíaco sem alterações, PA 100x60mmHg; Abdome assimétrico com abaulamento em fossa ilíaca esquerda, tenso e doloroso a palpação difusamente, traube ocupado, presença de massa endurecida em fossa ilíaca esquerda tomando região lombar esquerda. Pelo estado de caquexia, topografia retroperitoneal da massa e acometimento linfonodal pensou-se em doença linfoproliferativa. Exames Complementares: Sorologia para HIV Não reativo. A Tomografia (TC) de Tórax: com infiltrado micronodular difuso. TC de Abdome: Extensas coleções hipodensas septadas medindo 7cm em seu maior eixo no músculo psoas esquerdo e direito e íliopsoas até sua inserção femoral e paravertebral; corpos vertebrais destruídos por massa paravertebral com extensão para espaço epidural em nível do seguimento lombossacral. O aspirado de abscesso foi positivo para Micobacterium Tuberculosis. A biópsia de linfonodo inguinal apresentou necrose caseosa. Realizou tratamento com esquema I por nove meses. Conclusão: O relato mostra um caso grave do quais os diagnósticos poderiam ser variados: neoplasia abdominal com metástases, linfocarcinomatose pulmonar, linfoma e pouco se pensaria tuberculose disseminada num paciente imunocompetente, mas raramente se apresenta de forma tão agressiva, podendo simular outras diagnóstico por acometer diversos órgãos como neste caso. A escassez de estudos voltados para caracterizar seus aspectos clínicos e radiológicos motivou-nos a publicação deste caso.
PO119 derrame pleural TUBERCULOSO recidivante
Apolinário DB1, Bayer Junior VB2, Junior MDSP3, Campelo Neto EC4, Costa AMDN5, Cavalcanti Lundgren FL6, Gandara JMB7, Santana Baracho JD8
1,2,3,4,5,6,8. Hospital Geral Otávio de Freitas, Recife, PE, Brasil; 7. Hospital Geral Otávio de Freitas, Recife, PE, Brasil.
Palavras-chave: Tuberculose pleural; Derrame pleural; Derrame pleural recidivante
Introdução: A tuberculose pleural é a forma extrapulmonar mais freqüente em indivíduos imunocompetentes. Na maioria das vezes, se apresenta clinicamente de forma aguda, sendo menos comum evoluções com mais de 2 semanas. A resolução do derrame pleural espontaneamente ou após toracocentese diagnóstica é o habitual. A melhora clínica e normalização radiológica após o tratamento é esperada. A recidiva do derrame pleural após a toracocentese não é observada com freqüência na prática clínica. Objetivos: Relatar um caso de derrame pleural tuberculoso recidivante. Métodos: Descrição de caso clínico. Resultados: MDS, 34 anos, natural e procedente de Jaboatão dos Guararapes, admitido com dispnéia progressiva, tosse seca, perda de peso e febre vespertina há 10 dias. Negava tabagismo. Relatava tuberculose pulmonar há 3 anos, tratada. Apresentava ausculta pulmonar abolida no 1/3 inferior do HTD. Radiografia de tórax mostrava derrame pleural em 1/3 inferior de HTD. Toracocentese diagnóstica evidenciou exsudato com predomínio de células linfomononucleares. A baciloscopia foi negativa em 2 amostras de escarro. Após 5 dias, o paciente apresentou piora clínica e radiológica, com aumento do derrame pleural, que agora ocupava 2/3 de HTD. Feito toracocentese de alívio, com retirada de 500ml. Apresentou agravo clínico e a nova radiografia mostrava velamento de todo HTD. Feito nova toracocentese de alívio com retirada de 1250ml de líquido e realizada biópsia pleural. Laudo anatomopatológico evidenciou reação giganto celular com necrose caseosa, processo inflamatório crônico granulomatoso. Foi iniciado tratamento específico para tuberculose (esquema 1) com boa evolução clínica e radiológica. Conclusão: O derrame pleural tuberculoso é quase sempre unilateral, de pequeno a moderado volume. Não costuma se apresentar de forma recidivante. É freqüente o desaparecimento espontâneo do derrame, sendo raro seu reacúmulo. Esta apresentação é mais sugestiva de doença neoplásica. No caso em questão, a principal hipótese era doença neoplásica, tanto pelo reacúmulo como pelo volume do derrame. O diagnóstico diferencial foi possível após confirmação histológica e boa resposta terapêutica.
PO120 artrite tuberculosa E CRIPTOCÓCCICA EM PACIENTE imunocompetente
Pereira M, Spilimbergo FB, Chaves MSS, Issa F, Pereira JD, Moreira ALS
Pavilhão Pereira Filho, Porto Alegre, RS, Brasil.
Palavras-chave: Tuberculose; Criptococose; Artrite
Introdução: A artrite tuberculosa costuma ser monoarticular, comprometendo particularmente o quadril, o joelho, cotovelo, ombros, mãos e pés. Pode evoluir durante meses ou até anos até o diagnóstico. Em geral só é suspeitada quando ocorrem lesões tuberculosas em outro local. Objetivos: Descrever um caso de tuberculose e criprococose ósseas em um paciente imunocompetente e assintomático do ponto de vista respiratório. Métodos: Relato de caso. Resultados: V.F.F., 27 anos, branco, casado, procedente de Osório-RS, agricultor, nunca fumou. Paciente conta que no final de 2004 sofreu queda de uma altura de aproximadamente 2 metros sofrendo trauma leve em joelho direito. Desde então apresentando episódios de dor e edema que respondiam parcialmente a AINE. Em junho de 2005 passou a apresentar dor, edema, flogose e limitação funcional no tornozelo esquerdo. Procurou um especialista sendo encaminhado para o Serviço de Ortopedia da Santa Casa de P. Alegre-RS. Foi solicitado na avaliação inicial uma radiografia de tórax que mostrou lesões nodulares nas porções craniais de ambos os pulmões com predomínio a esquerda. Diante desses achados, foi iniciado RHZ como tratamento de prova e solicitada avaliação da Pneumologia. O paciente se apresentava assintomático do ponto de vista respiratório e em nenhum momento da evolução apresentou queixas respiratórias ou febre. Referia perda ponderal e adinamia. Anti-HIV Não reagente em duas amostras, sendo a primeira obtida durante a internação e a segunda no seguimento ambulatorial posterior. Tomografia de Tórax Na metade cranial dos pulmões, predominantemente nos segmentos posteriores e superiores dos lobos superiores, observam-se imagens grosseiramente nodulares, algumas escavadas e outras com áreas sugestivas de calcificação. Há opacidades micronodulares e estrias fibrosas. Tomografia Joelho esquerdo Grande derrame na articulação femorotibial com espessamento da cápsula articular. Lesões osteolíticas em saco-bocado no osso subcondral do fêmur e da tíbia. Identifica-se osteopenianas porções incluídas do joelho esquerdo. Tomografia de Tornozelo direito Derrame na articulação tibiotalar. Importante aumento das partes moles do tornozelo direito. Biópsia Óssea Realizada no platô tibial do joelho esquerdo apresentou crescimento de Criptococcus sp no cultivo e posteriormente, o cultivo pa micobactéria demonstrou o crescimento de M. tuberculosis. Conduta Foi reiniciado RHZ e associado Fluconazol, em aproximadamente duas semanas o paciente já apresentava regressão praticamente completa dos achados articulares. O paciente segue com RHZ e Fluconazol até completar seis meses. No momento está clinicamente bem e sem queixas. Conclusão: Embora a tuberculose seja uma doença endêmica, não estamos habituados a presenciar uma apresentação articular isolada e sem história de sintomas prévios. Mais incomum ainda é cursar em associação com criptococcose óssea em um paciente imunocompetente.
PO121 É COMUM estenose brônquica LOGO APÓS O TÉRMINO DO tratamento DA tuberculose?: relato de caso DO Hospital Geral de Roraima
Sousa Silva N, Abreu AP, Dal Ri AJ, Da Gama RF, Lima AH, Sousa ALGB, Araújo JV
Universidade Federal de Roraima, Boa Vista, RR, Brasil.
Palavras-chave: Tuberculose; Estenose brônquica; Complicações
Introdução: As complicações decorrentes da tuberculose são bem conhecidas podendo ser parenquimatosas, pleurais, vasculares ou aéreas. Neste último grupo encontra-se a estenose brônquica que se divide por sua vez em estenose por compressão extrínseca ou endobrônquica. Tal estenose quando acomete o brônquio principal leva a atelectasia tendo a broncofibroscopia o principal instrumento diagnóstico. Objetivos: Revisar a literatura sobre as complicações menos comum da tuberculose tendo em vista a importância e a necessidade de reforçar a possibilidade desta ocorrência em nosso meio. Métodos: Levantamento bibliográfico nos bancos de dados eletrônicos. Realizou-se também pesquisa manual, entre as referências bibliográficas dos trabalhos selecionados. Resultados: Uma paciente do sexo feminino, de 20 anos, parda, natural de Roraima, foi atendida no ambulatório de Pneumologia com tosse produtiva e perda ponderal há três meses. Após investigação clínica e laboratorial foi diagnosticada tuberculose pulmonar positiva sendo realizado esquema I (RIP) por seis meses regularmente. Ao final do tratamento, após ter apresentado boa evolução clínica e radiológica, apresentou episódio súbito de dor torácica, sem outros sintomas. O exame físico era normal, com exceção da ausculta pulmonar na qual o murmúrio vesicular encontra-se bastante diminuído no hemitórax direito (HTD). A radiografia de tórax demonstrou opacidade homogênea de todo o HTD com desvio da traquéia e mediastino ipsilateral. A Tomografia computadorizada de tórax apresentava atelectasia de todo o pulmão direito. Após exames de imagem, uma broncoscopia foi realizada e evidenciou estenose concêntrica total do brônquio principal direito sendo o resultado anatomopatológico: processo inflamatório inespecífico. Foi encaminhada para cirurgia torácica em outro estado, pois não dispomos de cirurgião torácico em Roraima, para possível realização de broncoplastia ou dilatação brônquica, porém a equipe cirúrgica optou por não realizar cirurgia. Conclusão: A estenose traqueobrônquica como complicação da tuberculose pode ser causada por processo inflamatório granulomatoso na parede traqueobrônquica ou por pressão extrínseca por linfonodos peribrônquicos aumentados. O envolvimento endobrônquico ocorre em aproximadamente 2 a 4% dos pacientes com tuberculose pulmonar, sendo o brônquio principal esquerdo o mais acometido. Estes índices englobam sobretudo pacientes que possuem complicações pulmonares tais como: Bronquiectasia, destruição e cicatrização pulmonar secundárias a pneumopatias diversas. A paciente em questão mostra-se de forma diferente por ter a apresentado estenose brônquica logo após o término do tratamento e na ausência de seqüelas pulmonares.
PO122 CARACTERIZAÇÃO GENOTÍPICA DO PERFIL DE ACETILAÇÃO DE PACIENTES COM tuberculose ATENDIDOS EM Hospital DE REFERÊNCIA NO Rio Grande DO SUL. RELATO PRELIMINAR
Possuelo LG1, Jarczewski CA2, Brito TC3, Gregianini TS4, Piccon PD5, Ribeiro AW6, Zaha A7, Rossetti MLR8
1,2,3,4,6,8. CDCT/FEPPS, Porto Alegre, RS, Brasil; 5. Hospital Sanatório Partenon, Porto Alegre, RS, Brasil; 7. CBIOT/UFRGS, Porto Alegre, RS, Brasil.
Palavras-chave: Tuberculose; Farmacogenética; NAT2
Introdução: Isoniazida (H), um dos mais importantes fármacos utilizados no tratamento e quimioprofilaxia da tuberculose (TB) é metabolizada no fígado principalmente pela enzima N-acetiltransferase 2 (NAT2), para formar hepatotoxinas. Os diferentes níveis de toxicidade produzidos pela H tem sido, em parte, atribuídos à variabilidade genética em NAT2 associada às diferenças do caráter acetilador (lento ou rápido). Entretanto, associações entre o perfil de acetilação lenta e o desenvolvimento de hepatotoxicidade à H deve ser melhor caracterizado. Objetivos: Determinar o perfil de acetilação de pacientes com TB atendidos no ambulatório do Hospital Sanatório Partenon, através da análise das variantes alélicas encontradas no gene que codifica NAT2. Métodos: Foram coletadas 98 amostras de sangue de pacientes em tratamento para TB com esquema RHZ (rifampicina, isoniazida e pirazinamida). Foi obtido consentimento livre e esclarecido, além de realizada uma entrevista para obtenção de dados epidemiológicos. O DNA humano foi extraído a partir de 500mL de sangue total através da técnica de Salting Out (Miller et al., 1988). A identificação de mutações presentes no gene NAT2 foi realizada através do seqüenciamento de um fragmento de 1093pb no qual está inserido toda a região codificante do gene NAT2. Os resultados foram analisados através dos softwares Chromas, Clustal X e SPSS. De acordo com as análises genéticas, aqueles pacientes que apresentaram dois alelos mutantes para as mutações G590A, T341C e G857A foram definidos como acetiladores lentos. Resultados: Dos 98 pacientes analisados, 68 (68,7%) foram determinados como acetiladores lentos. A freqüência encontrada das mutações acima descritas foram as seguintes: 24,2%, 46,5%, 22,2%, respectivamente para G590A, T341C e G857A. Conclusão: Este é o primeiro estudo do perfil de acetilação de uma população do Rio grande do Sul, onde se observou proporção maior de acetiladores lentos do que rápidos, em comparação a proporção encontrada em outras populações caucasianas da Espanha e Alemanha. No entanto, as mutações ora encontradas são similares às descritas na literatura como as mais freqüentes em caucasianos e asiáticos. Em função do pequeno número de casos estudados até o momento, não foi possível estabelecer relação entre o perfil de acetilação e o desenvolvimento de hepatotoxicidade pelo RHZ, considerando-se que a incidência deste efeito adverso é baixa.
PO123 prevalência DA infecção POR mycobacterium tuberculosis EM Universitários DA ÁREA DE SAÚDE EM Salvador (Bahia, Brasil)
Marinho JM1, Mendes CMC2, Oliveira E3, Pedrosa MR4, Santos CDPC5, Meira Júnior AES6, Barbosa T7, Arruda S8
1,2,5,6. Escola Bahiana de Medicina e Saúde Pública, Salvador, BA, Brasil; 3,4,7,8. CPQGM - Fiocruz, Salvador, BA, Brasil.
Palavras-chave: Reação de Mantoux; PPD; Mycobacterium tuberculosis
Introdução: Em nosso meio, visto a grade incidência de tuberculose pulmonar com baciloscopia positiva existe uma alta prevalência de indivíduos infectados pelo Mycobacterium tuberculosis. Sendo, portanto importante conhecer a prevalência em alunos que estão iniciando cursos universitários na área de saúde. Objetivos: Quantificar a resposta cutânea ao Derivado Protéico Purificado (PPD) e identificar com o Teste Tuberculínico (TT) os alunos que apresentem um resultado Forte Reator (induração ³ 10mm). Métodos: Estudo transversal em alunos universitários matriculados no primeiro ano de cursos da área de saúde. O teste tuberculínico foi realizado por profissional treinado e seguindo as orientações do Ministério de Saúde do Brasil, usando-se PPD Rt23 através da técnica de Mantoux. Os alunos inicialmente não reatores (0 a 4mm), foram convidados para realização de um segundo teste, entre 7 a 15 dias, com objetivo de complementar a avaliação. Resultados: Dos 827 alunos voluntários que responderam ao questionário e assinaram o Consentimento Livre e Esclarecido, 700 alunos (84,6%) realizaram o teste e retornaram para leitura. Destes 432 eram não reatores no primeiro TT, 242 realizaram o 2º teste e 209 retornaram para a leitura. O total de alunos que completou a avaliação foi de 477 com 182 apresentando uma induração ³ 10mm, representando uma prevalência de infecção de 38,1%. Conclusão: A prevalência de reação ao TT com induração ³ 10mm, entre estudantes universitários do primeiro e segundo semestres da área de saúde, foi de 38,1%.
PO124 FREQÜÊNCIA DO efeito booster NA REALIZAÇÃO DO teste tuberculínico
Marinho JM1, Mendes CMC2, Oliveira E3, Pedrosa MR4, Vasconcelos ACS5, Meira Júnior AES6, Barbosa T7, Arruda S8
1,2,5,6. Escola Bahiana de Medicina e Saúde Pública, Salvador, BA, Brasil; 3,4,7,8. CPQGM - Fiocruz, Salvador, BA, Brasil.
Palavras-chave: Efeito booster; Teste tuberculínico; Mycobacterium tuberculosis
Introdução: A real prevalência do Efeito booster no resultado da Prova Tuberculínica não é bem conhecida em nosso meio. Podendo levar a interpretação de resultados falso-negativos quando a avaliação Efeito Booster não é realizada. Objetivos: Avaliar a freqüência do efeito Booster em universitários da área de saúde. Métodos: Estudo transversal em alunos universitários matriculados no primeiro ano de cursos da área de saúde. O teste tuberculínico foi realizado por profissional treinado e seguindo as orientações do Ministério de Saúde do Brasil, usando-se PPD Rt23 através da técnica de Mantoux. Todos os alunos inicialmente não reatores (0 a 4mm), foram convidados para realização de um segundo teste, entre 7 a 15 dias, com objetivo de avaliar o Efeito Booster. Resultados: Dos 827 alunos voluntários que responderam ao questionário e assinaram o Consentimento Livre e Esclarecido, 700 alunos (84,6%) realizarem o teste e retornaram para leitura. Destes 432 eram não reatores no primeiro TT; 190 alunos não retornaram para a realização do segundo teste, 242 realizaram o segundo teste e 209 retornaram para a leitura. Dos alunos que completaram a avaliação 34/209 (16,3%) foram reatores fortes (PPD ³ 10mm) e 18/209 (8,6%) reatores fracos. Conclusão: Com a freqüência elevada do Efeito Booster, sugerimos que o mesmo seja avaliado em indivíduos com PPD não reator em um primeiro teste tuberculínico, evitando-se resultados falso-negativos.
PO125 tumorlets PULMONAR ASSOCIADO A granuloma POR micobacteriose
Meneghetti TA, Alves LR, Cartaxo EO, Ramos SG, Terra Filho J, Vianna EO
USP Ribeirão Preto, Ribeirão Preto, SP, Brasil.
Palavras-chave: Tumorlets; Micobacteriose; Granuloma
Introdução: Tumorlets pulmonares são achados histopatológicos incidentais que, freqüentemente, são localizados em adjacência a tumores pulmonares, tumores carcinóides, bronquiectasias ou outros processos inflamatórios crônicos. São proliferações nodulares de células neuroendócrinas normalmente encontradas nas vias aéreas. Objetivos: Relatar um caso de tumorlets em pulmão associados a granuloma por micobacteriose. Métodos: AMR, 63 anos, encaminhada por imagens nodulares em radiografia de tórax realizada para exame pré-operatório de colecistectomia. Apresentava-se em bom estado geral, sem queixas respiratórias, febre ou emagrecimento. Exame físico normal. A TC de tórax demonstrava infiltrado cicatricial em lobos superiores, múltiplas lesões expansivas nodulares (de até 4cm), heterogêneas, de contornos lobulados em todos os lobos pulmonares, do pulmão direito e esquerdo, com reforço heterogêneo pós-contraste. Resultados: Realizada biópsia a céu aberto. O exame anatomopatológico revelou parênquima pulmonar com extensas áreas de fibrose, em meio a qual se observa agrupamentos linfocitários e histiocitários, além de alguns macrófagos e leucócitos polimorfonucleares em menor número. O fundo fibroso contém fibras espessas de colágeno e fibroblastos sem atipias. Em outras regiões, se demonstrou proliferação de células neuroendócrinas formando ninhos ou cordões geralmente ao redor de bronquíolos. Estas proliferações não formavam grandes massas e eram multifocais. As células proliferadas eram homogêneas de tamanho médio com citoplasmas pálidos e núcleos ovalados exibindo cromatina com aspecto salpicado. A coloração Ziehl-Neelsen evidenciou a presença de alguns bacilos álcool-ácido resistentes na área de fibrose. A pesquisa de fungos foi negativa. O estudo imuno-histoquímico demonstrou positividade para cromogranina, sinaptofisina e CEA nas células dos tumorlets, confirmando a natureza neuroendócrina destas células. A coloração de vermelho congo mostrou positividade fraca e focal na área fibrótica. O resultado da análise foi compatível com granuloma hialinizante causado por micobacteriose associado a pequenos focos de proliferação de células neuroendócrinas (tumorlets). Conclusão: Os tumorlets pulmonares devem ser considerados no diagnóstico diferencial de lesões nodulares principalmente quando se suspeita de carcinoma de pequenas células ou tumores carcinóides. Além disso, os tumorlets podem induzir achados citológicos falso positivos, pois não são, mas se associam à doença principal.
PO126 A RELAÇÃO ENTRE A vacinação BCG EM RECÉM-NASCIDOS E A incidência DE tuberculose NA INFÂNCIA
Picon PD, Tietboehl CN, Bassanesi SL, Gutierres RS, Ott WP, Espina CAA, Ferreira RT
Hospital Sanatório Partenon, Porto Alegre, RS, Brasil.
Palavras-chave: Tuberculose; Vacinação; Incidência
Introdução: A tuberculose (TB) acomete pessoas de todas as faixas etárias. Abaixo dos 15 anos a freqüência de TB depende, entre outros fatores, da proteção conferida pela vacina BCG. Esta proteção, no nível populacional, é determinada pela idade da aplicação da vacina e pela cobertura vacinal. Há indícios que a vacinação dos recém-nascidos (RN) oferece proteção maior que a vacinação aos sete anos de idade. Objetivos: Avaliar a freqüência da TB na faixa etária abaixo dos 15 anos de idade no Estado do Rio Grande do Sul (RS), antes, durante e depois da mudança da idade da vacinação com BCG intradérmico, que passou dos sete anos para o RN. Métodos: Seqüência de três estudos transversais, constituindo um painel de amostra seqüencial com 134.843 pacientes com TB, de todas as idades, tratados no Estado do RS em três períodos distintos: 1978-1988, 1989-1994 e 1995-2005. Entraram no estudo 56.395 pacientes no primeiro período, 27.868 no segundo e 50.580 no terceiro. No primeiro período a vacinação BCG era aplicada em crianças com sete anos de idade, por ocasião do ingresso no primeiro ano do Ensino Fundamental. O segundo período corresponde a transição entre o início da aplicação do BCG em RN e a obtenção de cobertura vacinal em média de 80%. O terceiro período corresponde à fase de consolidação da cobertura vacinal dos RN. Além da faixa etária (< 15 ou >= 15 anos), examinou-se a forma de TB (pulmonar e extrapulmonar). As informações foram coletadas do Sistema de Informação do Programa Estadual de Controle da TB. Resultados: A freqüência de TB na faixa etária abaixo de 15 anos foi 13,2% no primeiro período, 7,9% no segundo e 3,9% no terceiro. A proporção de casos de TB pulmonar entre os pacientes com mais de 15 anos de idade apresentou um leve decréscimo nos três períodos de observação (83,2, 81,9 e 80,8%, respectivamente). Entre os pacientes com menos de 15 anos, esta proporção diminuiu significativamente (76,1%, 69,0% e 63,2%, respectivamente). Assim, nesta faixa etária, ao mesmo tempo que diminuiu o número de casos novos, aumentou a proporção de casos extrapulmonares. Conclusão: A mudança de estratégia de vacinação BCG no RS acompanhou-se de redução da incidência de casos de TB abaixo dos 15 anos, especialmente em sua forma pulmonar. Estes dados sugerem que a vacinação de RN é vantajosa em relação a vacinação aos sete anos de idade. O Ministério da Saúde estima, em publicações oficiais, que 15% dos casos de TB devem ocorrer abaixo dos 15 anos. Os dados deste estudo permitem sugerir que, para locais com cobertura vacinal com BCG no RN próxima de 100%, deveria ser cogitada a utilização do valor de 4% para estimar a freqüência de TB nesta faixa etária.
PO127 LIQUEFAÇÃO DE MATERIAL CASEOSO DE abscesso NA FASE AVANÇADA DO tratamento DE tuberculose
Duque Pereira AL, Zanela VB, Siqueira HR, Freitas FAD, Chauvet PR, Capone D, Costa CH, Rufino R
Hospital Universitário Pedro Ernesto (HUPE), Rio de Janeiro, RJ, Brasil.
Palavras-chave: Tuberculose; Abscesso; Tratamento
Introdução: O material caseoso da tuberculose (Tb) pulmonar ativa, quando se liquefaz, é normalmente eliminado como expectoração, deixando uma cavidade no parênquima. Na tuberculose ativa de coluna lombar o caseum do abscesso peri-lesional, que se liquefaz, pode progredir pela bainha do músculo psoas e se exteriorizar na região inguinal. Alguns autores têm notado a ocorrência de liquefação de material caseoso durante a fase tardia do tratamento. Objetivos: Apresentar dois casos de manifestação tardia de liquefação de caseum, quando a Tb já está na fase avançada do tratamento. Métodos: Relato de caso. Resultados: Caso 1. Paciente masculino, 45 anos, com quadro de abscesso na região paraesternal e fistulização. Havia alargamento do mediastino no RX de tórax e a TC mostrou abscesso na parede torácica e comprometimento do mediastino superior. A hipótese diagnóstica inicial foi de actinomicose, porém a biópsia da lesão paraesternal revelou Tb. No quarto mês de tratamento com RHZ (E-1) a lesão paraesternal já havia cicatrizado, porém surgiu abscesso cervical que drenou espontaneamente e depois cicatrizou. A coleta do material para exame bacteriológico ficou prejudicada. O paciente permaneceu em tratamento regular por nove meses, com cura. Caso 2. Paciente masculino, 25 anos, internado devido a febre e crises convulsivas. O RX de tórax apresentava disseminação miliar. Havia aumento de gânglio cervical, cuja biópsia mostrou padrão de tuberculose. A TC e RNM de crânio evidenciaram várias lesões cerebrais. A sorologia para HIV foi negativa. Iniciou-se esquema RHZ e no quarto mês de tratamento o RX de tórax já estava normal e o gânglio cervical em regressão. Devido a dúvida diagnóstica quanto as lesões do SNC, procedeu-se à biópsia cerebral que confirmou Tb, com pesquisa de BAAR (+). No décimo mês de tratamento o paciente evoluiu com cefaléia intensa. A TC de crânio mostrou grande abscesso, com edema cerebral e desvio da linha média. Na cirurgia havia grande quantidade de material caseoso com BAAR (+). A cultura para Tb foi negativa (CRPHF). Iniciou-se novo tratamento com RHZE por 2 meses e RHE por 10 meses, sendo associada estreptomicina nos 3 meses iniciais e o paciente evoluiu para a cura. Conclusão: O aparecimento tardio - na fase avançada do tratamento da tuberculose - de liquefação de material de abscesso pode não indicar resistência bacteriana, como mostrou o primeiro caso. No segundo caso, a Tb miliar e o gânglio cervical involuíram, demonstrando não haver resistência bacteriana inicial. A cultura negativa do material da lesão cerebral, obtido na segunda cirurgia, não permitiu definição quanto ao diagnóstico de resistência. O esquema final foi a tentativa de resolver, de vez, a Tb cerebral grave do paciente, considerando algum grau de resistência.
PO128 FATORES ASSOCIADOS À OCORRÊNCIA DE tuberculose multirresistente
Júnior GB1, Oliveira CRL2, Almeida I3, Remédios Freitas Carvalho Branco M4
1,4. Universidade Federal do Maranhão, São Luís, MA, Brasil; 2. Secretaria Municipal de Saúde, São Luís, MA, Brasil; 3. Hospital Presidente Vargas, São Luís, MA, Brasil.
Palavras-chave: Tuberculose multirresistente; Co-infecção HIV/TB; Tratamento
Introdução: O problema da resistência às drogas antituberculose não é fato novo e vem crescendo em nosso meio, merecendo atenção para medidas efetivas de controle e tratamento. Objetivos: Estudar fatores relacionados à ocorrência de tuberculose multirresistente (TBMR). Métodos: O local do estudo foi o Hospital Presidente Vargas, única referência do Estado do Maranhão para TBMR. Realizado levantamento retrospectivo de prontuários. As variáveis levantadas foram: sexo, idade, tratamentos já realizados pelo paciente, abandono ou interrupção do tratamento, esquema de retratamento, esquema de falência, supervisão dos tratamentos antes do tratamento para TBMR, etilismo e co-infecção com HIV-AIDS. Resultados: Levantamento de 20 prontuários, sendo 13 (65%) pacientes do sexo masculino, a idade variou entre 23 e 67 anos (média: 41,5 ± 11,6 anos). O fator mais frequentemente relacionado à ocorrência de TBMR foi o número de tratamentos já realizados pelos pacientes (dois ou mais) 95%, seguido de realização do esquema de falência (60%), realização do esquema de retratamento (40%), abandono ou interrupção (35%). Não houve supervisão de nenhum tratamento prévio ao de TBMR. Etilismo e co-infecção TB-HIV/AIDS tiveram freqüência de 10 e 5%, respectivamente. Conclusão: Vários fatores relacionados a tratamentos prévios contribuíram para a ocorrência de TBMR.
PO129 ACOMETIMENTO DE arcos costais ÓSSEOS NA tuberculose, RELATO DE UM CASO
Socorro de Lucena Cardoso MD, Martins RO, De Albuquerque VC, Martins HO
Universidade Federal do Amazonas, Manaus, AM, Brasil.
Palavras-chave: Tuberculose; Arcos costais; Diagnóstico
Introdução: O Brasil junto com outros 21 países em desenvolvimento, apresentam 80% dos casos de tuberculose (Tb). Isto justifica a importância que deve ser dada à tuberculose óssea, que até sendo tão rara, tem a sua importância. A infecção óssea é geralmente solitária e, em alguns casos, é a única manifestação da Tb. A coluna vertebral (em particular as vértebras torácica e lombar) e, depois, os joelhos e os quadris são os lugares mais afetados do esqueleto. Objetivos: Relatar as formas extrapulmonares de acometimentos do Mycobacterium tuberculosis, no Hospital Escola da cidade de Manaus, AM. Métodos: Relato de um caso de Tb óssea com acometimento raro de arcos costais. Resultados: Relato de caso: J.S.S., 26 anos, masculino, solteiro, pardo, natural e procedente de Manaus-AM e feirante. Em Outubro/2004 iniciou-se quadro insidioso de adenopatia em região de hemitórax direito (HTD) e axilar direito, consistência mole, eritematosa, dolorosa, quente e medindo 0,5cm cada. Após 4 meses, as adenopatias passaram a medir 5 e 6cm, respectivamente, associado a perda ponderal de 11kg, astenia, anorexia e tontura. Nega febre, tosse, expectoração, dispnéia e cefaléia. Procurou facultativo somente após 5 meses dos sintomas iniciais, sendo realizado limpeza cirúrgica, drenando 300ml de secreção purulenta, e ter recebido alta com cefalexina. Em Setembro/2005, fez retirada de 2 arcos costais por ter sido feito diagnóstico de osteomielite. Procurou o HUGV/UFAM apenas em Março/2006. Refere que mãe teve Tb pulmonar há 15 anos, e nega casos idênticos na família ou pessoas próximas. Nega ter HIV, diabetes, hipertensão, DPOC e ser tabagista ou etilista. Paciente com fácies consuptiva (IMC = 14,9kg/m²), regular estado geral, auto e alopsiquicamente orientado, distrófico, hipocorado (2+/4+), acianótico e sem edemas. PA = 110 x 70mmHg, FC = 132bpm, FR = 20irpm, pulso fino, célere e de baixa amplitude com perfusão capilar preservada. Há presença de ferida cutânea de 5cm por 3cm em HTD, diminuição da expansibilidade pulmonar, murmúrio vesicular diminuído, com estertores crepitantes ipsilateralmente. Sem alterações cardíacas, renais e abdominais. Nos exames laboratoriais nota-se: Ht = 30%, Hb = 10mg/dl, leucocitose (12.000, com predomínio de segmentados), pesquisa de BAAR em escarro sempre negativa. A tomografia computadorizada revelou espessamento de partes moles que recobre a parede ântero-superior do HTD, com extensão para o espaço extrapleural adjacente associado a lesões líticas em arcos costais. Na histopatologia verifica-se infiltrado de polimorfonucleares, freqüentes corpos GRAM positivos isolados e aos pares, compatível com S. pyogenes e pesquisa de BAAR negativa. Em cultura realizada em Setembro/2005 houve crescimento de Mycobacterium tuberculosis fazendo-o procurar o Serviço de Pneumologia do HUGV. Iniciado Esquema I e paciente em acompanhamento ambulatorial. Conclusão: A tuberculose óssea é a terceira maior (11,87%) causa de forma extrapulmonar da Tb no Amazonas, verificado após levantamento de 20 anos de registros no HUGV da cidade de Manaus.
PO130 prevalência DE PATÓGENOS EM ADULTOS DO CENTRO DE fibrose CÍSTICA da Bahia
Costa Carneiro AC, Moreira Lemos AC, Santana MA
Hospital Octávio Mangabeira/SESAB-BA, Salvador, BA, Brasil.
Palavras-chave: Pseudomonas aeruginosa; Fibrose cística; Infecção
Introdução: Em 2000, dados da Cystic Fibrosis Foundation mostram que 38,7% dos pacientes com Fibrose Cística (FC) estão na idade ³ 18 anos. A complicação mais comum no adulto é a colonização crônica por P. aeruginosa, presente em 79% dos adultos, destes 22% são resistentes à ciprofloxacina (1). Objetivos: Determinar a prevalência dos patógenos nos pacientes portadores de FC diagnosticados na idade adulta, acompanhados no Centro de Referência em FC da Bahia- Hospital Especializado Octavio Mangabeira (HEOM-SESAB). Materiais e métodos: Estudo transversal, em que foram avaliados 35 pacientes adultos que tiveram o diagnóstico de Fibrose Cística na idade acima de 16 anos, 21 (60%) do gênero feminino, com a média de idade ao diagnóstico de 42 anos (16-78). Resultados: Foi identificado P. aeruginosa no momento do diagnóstico em 7 (20%) dos pacientes, destas uma cepa era mucóide, o S. aureus esteve presente em 8 (22%) dos pacientes. De um total de 339 culturas do escarro realizadas, revelaram uma prevalência de P. aeruginosa 24,2%, S. aureus 17,7%, K. pneumoniae 7,3%, flora saprófita 30% A cepa mucóide da P. aeruginosa foi evidenciada em 8 (9,7%) das culturas com P. aeruginosa, e testes de sensibilidade demonstraram 24 (29%) de resistência a duas classes de antimicrobianos configurando o diagnóstico de multirresistência da P. aeruginosa de acordo com os critérios da American CF Foundation. Muitos dos pacientes apresentavam intermitência entre culturas de P. a com resistência e culturas com sensibilidade a várias drogas, denotando tratarem-se de cepa diferentes, o que é comum na FC. Os aureus MRSA foi encontrado em 3 (60%). Conclusão: Na população diagnosticada na fase adulta no nosso centro os patógenos identificados foram em maior escala a P. aeruginosa e o S aureus, seguida por K. pneumoniae, S. pneumoniae, Serratia. Estes dados são concordantes com a literatura (2,3), e com trabalho anterior realizado neste serviço com a população de crianças e adultos que demonstrou uma prevalência de 36, 2% de P. aeruginosa e de 27% de S. aureus (4). Foram observados no nosso estudo a presença de culturas positivas para patógenos (Acinetobacter baumani, S. maltofila) cujo papel como agente agressivo pulmonar vem sendo avaliado.
PO131 tuberculose: APRESENTAÇÃO RARA DE UM CASO clínico
Socorro de Lucena Cardoso MD, Martins RO, De Albuquerque VC, Martins HO
Universidade Federal do Amazonas, Manaus, AM, Brasil.
Palavras-chave: Tuberculose hepática; Diagnóstico; Relato de caso
Introdução: A tuberculose hepática é rara e, quando presente, usualmente está associada a um foco de infecção no pulmão ou no trato gastrointestinal ou em pacientes imunocomprometidos. O diagnóstico tem sido difícil na maioria dos casos e, usualmente, feito no post-mortem. O primeiro caso descrito consta de 1858, sendo descrito aproximadamente 40 casos na literatura desde 1930. Objetivos: Relatar as formas extrapulmonares de acometimentos do Mycobacterium tuberculosis, no Hospital Escola da cidade de Manaus, AM. Métodos: Relato de um caso de Tb hepática de difícil diagnóstico. Resultados: Em Setembro/2005, G.S.O. 23 anos, masculino, serviços gerais, natural e procedente de Manaus-AM foi internado no HUGV com quadro de dispnéia aos mínimos esforços, febre, cefaléia, náuseas, astenia, tosse seca, ascite volumosa e perda ponderal de 8kg em 3 meses. Apresentava-se consuptivo (IMC = 16,6kg/m²), auto e alopsiquicamente orientado, distrófico, hipocorado (2+/4+), ictérico (+/4+), hipohidratado, taquipnéico, com pulso fino, célere e de baixa amplitude. PA = 90 x 60mmHg, FR = 44irpm com tiragem intercostal, murmúrio vesicular abolido em base e terço médio do hemitórax direito. Abdome globoso, massa móvel, doloroso a palpação em hipocôndrio direito, com macicez a percussão e fígado palpável a 4cm do RCD; edema de MMII (4+/4+), bilateral, endurecido e frio. Exames laboratoriais mostravam: leucocitose (13.500 céls/mm, 86% segmentados), TGO = 94u/l, TGP = 46u/l, GGT = 170u/l, bilirrubina total = 2,0, sorologia para hepatites virais e HIV negativa, alfafetoproteína negativa e pesquisa de 3 amostras de BAAR no escarro negativa. No radiografia de tórax, derrame em hemitórax direito, sendo feito toracocentese e drenagem fechada com retirada de 600ml de material sanguinolento. A tomografia computadorizada de abdome revelou fígado com múltiplas lesões focais, hipodensas, difusas, captando meio de contraste (maior diâmetro 10cm em lobo esquerdo), esplenomegalia, linfonodomegalias retroperitoneais peri-aórtico-cavais e ascite. A ressonância magnética apresentou hepatomegalia heterogênea com múltiplas lesões isotensas em T2 e hipotensas em T1, hipocaptantes e espassadas no parênquima. Cultura e sorologia positiva em líquido ascítico para o Mycobacterium tuberculosis e negativa em líquido pleural. À histopatologia mostra infiltrado inflamatório granulomatoso, constituído por células epitelióides e linfócitos e hepatite crônica granulomatosa, compatível com tuberculose hepática. Fez-se uso do Esquema I com melhora do quadro clínico. Conclusão: A tuberculose pulmonar é comum na região amazônica mas é raro seu acometimento hepático pelo bacilo. É importante conhecer esse comprometimento e as formas de disseminação do Mycobacterium tuberculosis, no intuito de se fazer um diagnóstico precoce e escolher um arsenal terapêutico eficaz.
PO132 criptococose Acometendo pulmão E PAREDE torácica SIMULANDO sarcoma DE PARTES MOLES EM HOSPEDEIRO imunocompetente
Martins da Costa FA1, Landim FM2, Silva Júnior JE3, Fernandes MV4
1. Hospital Geral Dr. Waldemat Alcântara, Fortaleza, CE, Brasil; 2,3,4. Instituto do Câncer do Ceará, Fortaleza, CE, Brasil.
Palavras-chave: Criptococos neoformans; Sarcoma; Imunocompetente
Introdução: A criptococose, micose causada pelo fungo Cryptococcus neoformans, está na maioria das vezes associadas à condições de imunossupressão (AIDS, linfomas) e geralmente acomete o sistema nervoso central sendo os pulmão o segundo órgão mais acometido. Infecções cutâneas ocorrem em < 10% dos casos acompanhadas por alterações oculares, ósseas e renais. Em imunocompetentes, a criptococose se associa a exposição à eucaliptos e geralmente não evolui com disseminação. A literatura registra situações clínicas onde o C. neoformans causa manifestações pulmonares e cutâneas simulando massas ou lesões metastáticas, gerando falhas de diagnóstico e atraso na instituição de terapêutica adequada. Objetivos: Descrever episódio de infecção por Criptococos neoformans simulando sarcoma de partes moles em pulmão e parede torácica. Métodos: Relato de caso. Resultados: Trata-se de paciente do sexo feminino, 42 anos, doméstica, que evoluía há 2-3 semanas com adinamia, anorexia e perda de peso, não associada à febre que passou a apresentar massa de crescimento progressivo em região axilar direita e tosse seca esporádica sem febre. Realizou radiografia de tórax que mostrou imagem de contornos mal definidos em lobo inferior direito de limites imprecisos. Ao exame físico encontrava-se hipocorada, orientada, com sinais vitais normais, e era notado massa de consistência elástica em região axilar direita com 11cm em sua maior extensão, indolor. Ausculta pulmonar e cardíaca eram normais e não foram palpadas adenomegalias periféricas. O exame físico do abdome era normal. Realizou tomografia de tórax que mostrou imagem em parede torácica com densidade de 13,5UH. E opacidade de contornos mal definidos em lobo inferior direito com 4cm em seu maior diâmetro sugestiva de implante secundário. Foi submetida a punção da massa axilar que evidenciou material gelatinoso que ao ser submetido à observação por microscopia revelou ser abscesso fúngico por criptococo. Evoluiu com cefaléia sendo realizada punção lombar e tomografia de crânio que não demonstravam sinais de acometimento fúngico. Fez uso de fluconazol por 12 meses com remissão clínico- radiológica. Realizou 02 testes para HIV (ELISA) não reagentes. Conclusão: A ocorrência de sarcoma de partes moles em parede torácica é rara, correspondendo à cerca de 10% dos casos desta neoplasia. Os sítios preferenciais de acometimento do criptococo são o sistema nervoso central e pulmão estando o acometimento cutâneo presente em 10% dos casos. Há diversos relatos na literatura que descrevem infecções criptocócicas simulando tumores primários ou metástases, sobretudo quando ocorrem como massas intracranianas ou pulmonares. Até um terço dos pacientes com criptococose apresenta-se sem febre. O acometimento de mais de um órgão ou as formas disseminadas são mais freqüentes em indivíduos imunocomprometidos. O tempo de tratamento ainda é objeto de discussão, mas a indicação de terapêutica prolongada (pelo menos um ano) tem sido preconizada.
PO133 prevalência DE PATÓGENOS OPORTUNISTA EM PACIENTES DE UM Centro de Referência PARA FC NA Bahia
Costa Carneiro AC1, Moreira Lemos AC2, Adans D3, Arruda S4, Santana MA5
1,2,3,5. Hospital Octávio Mangabeira/SESAB-BA, Salvador, BA, Brasil; 4. Fiocruz, Salvador, BA, Brasil.
Palavras-chave: Aspergilose pulmonar; Fibrose cística; Micobacterioses
Introdução: As infecções em pacientes com fibrose cística corroboram o dano tecidual. Quanto mais cedo diagnosticadas e tratadas, este fator extrínseco de agravo minimizado (1). O Aspergillus, fungo encontrado na natureza, está associado com piora do quadro clínico da FC. A doença pulmonar decorrente de micobactéria não tuberculosa pode ser pouco lembrada em FC e de diagnóstico demorado, por apresentar sintomas como tosse, aumento na produção de esputo, febre baixa, mal estar, hemoptise e radiologia anormal, sintomas freqüentes na FC (2,3,4). Objetivos: Determinar a prevalência de Aspergilose pulmonar, bem como a sua forma mais comum de apresentação e micobacteriose em pacientes com Fibrose Cística (FC) na Bahia. Materiais e métodos: Estudo transversal, realizado no Centro de Referência em FC da Bahia e Hospital Especializado Octávio Mangabeira (HEOM) SESAB. Foram avaliados no período de 09/12/2003 a 07/03/2005 pacientes que tinham diagnóstico de Fibrose Cística com idade de 04 anos. Os critérios de diagnóstico para micobacteriose foram definidos utilizando o guideline de diagnóstico de micocbacteriose em FC da American Thoracic Society (ATS). Foram calculadas as taxas de prevalência para Micobacteriose (2). Os critérios de diagnóstico de aspergilose foram adaptados do consenso para diagnóstico de ABPA da Cystic Fibrosis Foundation (5). Resultados: Foram elegíveis para o estudo 74 pacientes e em 4 pacientes a cultura foi positiva para micobactérias (5,4%). Foi diagnosticada tuberculose pulmonar em 2 pacientes (2,7%) e micobactérias atípicas em 2 pacientes (2,7%) e em um destes pacientes foi tipificado o complexo chelonae/abcessus. Dos 74 pacientes avaliados, ABPA foi a única forma de aspergilose diagnosticada, tendo sido evidenciada em 02 pacientes (2,7%). Conclusão: Este estudo encontrou uma taxa de prevalência de 5,4% de micobacteriose em pacientes com FC, com a prevalência de 2,7% de colonização por micobactérias atípicas. Quanto à Aspergilose foi diagnosticada apenas a apresentação ABPA, com uma taxa de prevalência de 2,7% em pacientes com FC. Observamos elevadas taxas de IgE (20,3%) e aspergilina (22,9%) em pacientes sem diagnóstico de ABPA. Estes pacientes devem ser acompanhados com maior cuidado, pois apresentam maiores risco de evolução para ABPA.
PO134 tuberculose ano-perianal: RELATO DE 2 CASOS NO AMAZONAS EM 1 ANO
Socorro de Lucena Cardoso MD, Martins RO, De Albuquerque VC, Martins HO
Universidade Federal do Amazonas, Manaus, AM, Brasil.
Palavras-chave: Tuberculose ano-perianal; Forma extrapulmonar; Relato de caso
Introdução: A tuberculose ano-perianal é uma forma extrapulmonar rara da doença. Manifestações clínicas que incluem sintomas e sinais de desconforto ou dor anal, fístulas múltiplas ou recorrentes no ânus e linfadenopatia inguinal, não são caracteristicamente distinguíveis de outras lesões anais, devendo a tuberculose estar entre os diagnósticos diferenciais das doenças que afetam a região anal. Objetivos: Relatar dois casos extremamente raros de tuberculose extrapulmonar. Métodos: Avaliou-se, retrospectivamente, os prontuários dos 2 pacientes no período de agosto/2005 a agosto/2006 no Ambulatório Araújo Lima do Hospital Universitário Getúlio Vargas, Manaus, AM. Resultados: CASO I: D.P.A.C. 47 anos, masculino, casado, pardo, pastor, natural e procedente de Manaus/AM. Paciente refere que há aproximadamente 14 anos vem apresentando quadros intermitentes de diarréia pastosa e desconforto à evacuação, com dor em região perianal com secreção amarelada e fétida, sendo diagnosticado fístula perianal. Paciente foi submetido a 3 procedimentos cirúrgicos para fechamento de fístulas recidivantes. Exames laboratoriais: Ht = 37%, Hb = 12,8mg/dl, 6500 leucócitos (predomínio de segmentados), sorologia para HIV negativa e PPD = 28mm. Radiografia de tórax sem alterações. Na retossigmoidoscopia observou-se cicatriz cirúrgica a 7h com orifício fistuloso a aproximadamente 1,5cm do rebordo anal, compatível com fístula perianal. O diagnóstico de tuberculose anal foi estabelecido pelo exame histopatológico do bordo do orifício interno da fístula perianal. Iniciado esquema I, com melhora da sintomatologia do paciente. CASO II: L.F.A. 38 anos, masculino, casado, pardo, operário, natural e procedente de Manaus/AM. Paciente referindo dor em região ano-perianal, associado a fístula recidivante, resistente ao tratamento. Os exames laboratoriais não mostravam alterações significantes. PPD = 16mm e cultura de escarro negativa. A radiografia de tórax apresentou infiltração típica de tuberculose. O diagnóstico do exame histopatológico foi compatível com tuberculose ano-perianal. Conclusão: A tuberculose é uma doença granulomatosa que acomete a região anal devendo sempre ser considerada nos casos de lesão ano-perianal de causa indeterminada, podendo ocorrer de forma isolada ou não. É importante o seu conhecimento a fim de se diagnosticar e tratar corretamente esta doença.
PO135 ANÁLISE DO tratamento TUBERCULOSTÁTICO REGIME intermitente auto-administrado NO Hospital Universitário de Brasília - UNB: EXPERIÊNCIA DE 15 ANOS
De Melo Martins RL, Barcelos CL, Neves da Silva CNG
Hospital Universitário de Brasília, Brasília, DF, Brasil.
Palavras-chave: Tuberculose; Tratamento intermitente; Auto-administrado
Introdução: Dados da literatura mostram que o emprego de tuberculostáticos em regime intermitente apresenta efetividade similar ao seu uso contínuo, porém, com menor incidência de efeitos colaterais e menor custo de tratamento. A desvantagem do esquema tuberculostático intermitente parece residir no fato de haver um maior número de recidivas. O Distrito Federal é a única unidade da Federação que utiliza o tratamento tuberculostático em regime intermitente para tratar a tuberculose, fato que motiva a análise do citado tratamento no Hospital Universitário de Brasília. Objetivos: Verificar a presença de comorbidades e a procedência dos pacientes tratados do referido hospital e analisar os resultados obtidos no emprego desse tratamento. Métodos: Estudo analítico retrospectivo em que os dados foram obtidos por meio da análise dos prontuários dos pacientes submetidos a tratamento tuberculostático no Hospital Universitário de Brasília (HUB) da UnB no período de janeiro de 1999 a dezembro de 2005, com término do tratamento até dezembro de 2005. Foram excluídos os pacientes portadores de HIV uma vez que no HUB estes pacientes são tratados pelo esquema tuberculostático contínuo. A análise do tratamento tuberculostático foi feita com base em dados obtidos em seu início e após 7 meses de tratamento (visto que sua duração mínima é de 6 meses). As informações obtidas da situação do tratamento após 7 meses de seu início foram tratamento encerrado definido de acordo com as normas do Ministério da Saúde - 2002 e tratamento em andamento. Resultados: Foram analisados 300 prontuários sendo que 69 (23%) foram excluídos por constarem que os pacientes eram HIV positivos e 43 (14,3%) por não possuírem as informações relatadas. Dos 188 pacientes restantes, 87 (46,3%) residiam no Distrito Federal e 77 (40,9%) possuíam comorbidades, destacando-se entre elas alcoolismo (16,8%), diabetes (10,3%), e câncer (6,4%). Ao final do sétimo mês, 175 (93%) pacientes terminaram o tratamento, dentre estes 102 (58,2%) obtiveram cura, 12 (6,8%) abandonaram, 9 (5,1%) morreram, 38 (21,7%) se transferiram e 14 (8%) tiveram mudança de diagnóstico. Houve duas falências de tratamento, sendo que um teve alta por transferência e o outro por abandono. Dos 13 (7%) pacientes que ainda estavam em tratamento no sétimo mês, 11 (84,6%) possuíram BAAR negativo no sétimo mês e 2 (15,3%) mudaram de esquema por toxicidade. Conclusão: A maioria dos pacientes tratados no HUB para tuberculose reside fora do Distrito Federal e a comorbidade mais associada à tuberculose foi o alcoolismo. O tratamento foi efetivo na maioria dos pacientes tratados e com baixa taxa de toxicidade. Os resultados encontrados foram similares aos já publicados na literatura médica e indicam que o tratamento tuberculostático em regime intermitente é uma boa opção para o tratamento de primeira linha com vistas ao controle da tuberculose.
PO136 avaliação DAS unidades de referência PARA TBMR NO Brasil
Da Rocha JL1, Keravec J2, Do Valle Bastos LG3, Moore T4, Hijjar MA5
1,5. CRPHF, Rio de Janeiro, RJ, Brasil; 2,3,4. Projeto MSH, Rio de Janeiro, RJ, Brasil.
Palavras-chave: Tuberculose multirresistente; Unidades de referência; Avaliação
Introdução: A existência de pacientes portadores de TBMR é realidade em 139 dos 203 países, segundo a OMS (2006). O Brasil possui 2.437 casos cadastrados no banco de dados nacional de 2000 até 08/2006. O Centro de Referência Prof. Hélio Fraga/SVS/MS gerencia, monitora e fornece os medicamentos do esquema padronizado, que foi validado pelo MS para todos os casos notificados no país. Um Sistema de Vigilância Epidemiológica para a TBMR vem sendo implementado, em parceria com o Projeto MSH (Management Sciences for Health), objetivando fortalecer este gerenciamento e contribuir para a melhoria da qualidade do atendimento. Dado a complexidade, os casos de TBMR são acompanhados em Unidades de Referência (UR) para TB em todos os estados do país. Objetivos: Avaliar a estrutura e funcionamento das UR que atendem pacientes portadores de TBMR. Métodos: Foi elaborado um questionário para ser respondido por todas as UR, contemplando as seguintes variáveis para a realização de um levantamento: caracterização das UR, recursos humanos, exames para diagnóstico, meios de comunicação, fluxo da informação, incentivos e facilitadores, biossegurança, dados gerais da assistência e de internação, e tratamento supervisionado. Resultados: Das 48 referências, 34 responderam (70,8%), sendo 10 UR regionais ou municipais, 15 hospitais estaduais e 9 hospitais universitários federais. Das equipes, 100% contam com médico (73% pneumologista), 70% com enfermeiro, 47% com assistente social, 38% com psicólogo, 55% com téc. de enfermagem e 32% com téc. de laboratório. Dos exames para o diagnóstico realizados na própria unidade, os resultados foram: baciloscopia (76%), radiografia (88%), PPD (91%), cultura (35%), TS (14%), hemograma, bioquímica, provas de função hepática, etc (79%), e sorologia para HIV (52%). Dos meios para a comunicação, 82% contam com telefone e 50% com internet. Das estratégias de biossegurança, estão implantadas: máscara N95 (64%), máscara para os pacientes (78%), agendamento diferenciado (50%), cartazes de esclarecimento sobre as medidas de controle (64%), inquéritos tuberculínicos para os profissionais de saúde (29%), mapeamento de áreas de risco (23%), comissão de controle de infecção por TB (32%), e sala de espera aberta e ventilada (44%). Quanto ao regime de tratamento, 50% relatam supervisão direta na US, 32% contam com hospitalização na fase inicial e 14% durante todo o tratamento. Conclusão: O levantamento detalhado das condições de atendimento mostrou grande heterogeneidade de estrutura e de funcionamento. Há deficiências na aplicação das normas de biossegurança, na padronização dos procedimentos e de informação. Como componente do projeto de implementação do Sistema Nacional de Vigilância Epidemiológica da TBMR, serão realizados cursos de capacitação para as UR nos estados com intuito de contribuir para a redução das deficiências evidenciadas, diminuir as distorções técnicas, facilitar a integração, estimular a estruturação dos serviços, a qualidade da assistência e da vigilância.
PO137 tuberculose PULMONAR E MASSA DE MEDIASTINO ANTERIOR
Aldegheri Paschoal FH, Bombarda S, Sales RKB, Guanabara DM, Seisento M
Faculdade de Medicina da Universidade de São Paulo - FMUSP - Disciplina de Pneumologia, São Paulo, SP, Brasil.
Palavras-chave: Massa mediastinal; Tuberculose; Teratoma
Introdução: Massas de mediastino anterior são patologias relativamente freqüentes e que apresentam como principais diagnósticos diferenciais linfomas, timomas, teratomas e massas tireoidianas. O presente caso descreve a investigação e condução de uma paciente de 41 anos com uma massa mediastinal anterior e que recebeu no seguimento o diagnóstico de tuberculose pulmonar em atividade. Objetivos: Ilustrar, através de um relato de caso, a investigação de uma massa de mediastino anterior e o seu diagnóstico diferencial com a forma pseudo-tumoral de tuberculose mediastinal. Métodos: Relato de caso através de revisão de prontuário, exames radiológicos evolutivos, broncoscopia com coleta de lavado broncoalveolar, biópsia transtorácica com suas respectivas imagens tomográficas, e ressecção cirúrgica da massa. Resultados: Paciente de 41 anos, feminino, com quadro de tosse seca de predomínio noturno, emagrecimento (4kg/6 meses - 8% do peso corporal) e dor pleurítica direita leve e intermitente há 6 meses. Realizou radiografias simples e tomografia computadorizada de tórax, onde se evidenciou alargamento mediastinal anterior e opacidades parenquimatosas heterogêneas, irregulares e finas presentes principalmente em lobo superior esquerdo e lobo médio. Submetida a broncoscopia para coleta de lavado broncoalveolar, cuja cultura identificou M. tuberculosis. Iniciado esquema I, com resolução completa da tosse e da astenia, além da recuperação do peso, porém sem melhora radiológica da massa mediastinal. Paralelamente ao tratamento clínico, a paciente foi submetida a uma biópsia transtorácica da massa mediastinal com avaliações cito e histológica mostrando um processo inflamatório não específico, podendo ser secundário à própria tuberculose (na sua forma mediastinal) ou mesmo a outras patologias. Apesar da melhora clínica e das pesquisas e culturas de escarro subseqüentes negativas, a massa mediastinal não mostrou redução ou aumento de volume ao final do quinto mês de tratamento. Em virtude disso, foi optado por uma abordagem cirúrgica da paciente através de toracotomia para biópsia e ressecção da lesão. O procedimento transcorreu sem intercorrências e o achado intra-operatório foi de uma lesão bem delimitada em mediastino anterior, comprimindo mas sem invadir estruturas e com plano de clivagem facilmente identificável. O exame anatomopatológico definiu a lesão como um teratoma, sem quaisquer sinais de malignidade ou mesmo de infecção associadas. Conclusão: Mesmo com a melhora dos métodos diagnósticos, a tuberculose continua nos trazendo desafios e deve continuar sendo lembrada como possível diagnóstico diferencial em diversas patologias, principalmente torácicas, mesmo que atípicas. Provavelmente a presença desse teratoma mediastinal não levou a nenhum grau de comprometimento local ou sistêmico que facilitasse a instalação de tuberculose pulmonar, mas nos levou a uma extensa investigação da massa até definir a sua etiologia e excluir a forma pseudo-tumoral dessa infecção.
PO138 doença PULMONAR POR mycobacterium abscessus SÉRIE DE TRÊS CASOS
Aldegheri Paschoal FH, Bombarda S, Sales RKB, Guanabara DM, Seisento M
Faculdade de Medicina da Universidade de São Paulo - FMUSP - Disciplina de Pneumologia, São Paulo, SP, Brasil.
Palavras-chave: Mycobacterium abscessus; Doença pulmonar; Micobacteriose não tuberculosa
Introdução: As micobactérias não tuberculosas (MNT) têm papel patológico bem conhecido nas doenças pulmonares, mas seu diagnóstico definitivo é muitas vezes difícil. A população mais freqüentemente acometida é a de pneumopatas estruturais crônicos como os portadores de bronquiectasias. Seu diagnóstico deve ser bastante criterioso já que esses agentes podem ser simples colonizantes ou mesmo contaminantes de tecidos pulmonares ou de amostras laboratoriais, e deve ser baseado em critérios específicos envolvendo características clínicas, radiológicas e laboratoriais. Objetivos: Exemplificar doenças pulmonares causadas por MNT, especificamente M. abscessus, através do relato de uma série de três casos com confirmação diagnóstica. Métodos: Relato de uma série de três casos confirmados de doença pulmonar causada por M. abscessus, realizado através de revisões de prontuário, exames de imagem evolutivos, culturas de micobactérias e revisão de literatura. Resultados: Caso 1 Feminina, 71 anos, tosse produtiva, febre esporádica, adinamia e emagrecimento há 5 anos. Pesquisa de BAAR positiva no lavado broncoalveolar. Sem melhora clínica ou tomográfica (cavidades, nódulos centrolobulares de distribuição segmentar, aspecto de árvore em florescência) após 5 meses de Esquema I para tuberculose. Nova broncoscopia com identificação de Mycobacterium abcessus, confirmado em nova cultura de escarro. Iniciado tratamento com claritromicina, levofloxacino e amicacina com melhora acentuada do quadro. Caso 2 Feminina, 19 anos, com discinesia ciliar primária e indicação de transplante pulmonar; tosse produtiva, dispnéia e emagrecimento crônicos; pesquisa de BAAR positiva no escarro. À tomografia, extensas bronquiectasias bilaterais. Novas amostras de escarro com três culturas positivas para Mycobacterium abcessus. Iniciado tratamento com claritromicina, levofloxacino e amicacina com melhora do quadro. Caso 3 Feminina, 55 anos, com três tratamentos prévios para tuberculose pulmonar, com quadro de escarros hemoptóicos diários e emagrecimento. Pesquisas de BAAR positivas no escarro. À tomografia, bronquiectasias difusas e sinais de doença parenquimatosa em atividade. Iniciado esquema IR para tuberculose pulmonar até culturas e antibiogramas. Ao final do quinto mês de tratamento, sem melhora clínica ou laboratorial, cultura de escarro identificou M. abscessus. Resultado confirmado em outras duas amostras. Iniciado tratamento com claritromicina, levofloxacino e amicacina com melhora importante do quadro. Conclusão: O principal diagnóstico diferencial da doença pulmonar por MNT é a própria tuberculose. Nos casos apresentados vemos que é comum o tratamento inicial para tuberculose pulmonar, e que só a insistência no diagnóstico diferencial ao longo do tratamento leva à identificação correta do agente causador. Somente depois de uma avaliação criteriosa é que podemos definir tais agentes como reais causadores de infecção pulmonar.
PO139 EXTENSÃO DA ALTERAÇÃO RADIOGRÁFICA INICIAL NOS PACIENTES COM tuberculose
Cassia Santa Cruz R1, Albuquerque MFPM2, Campelo ARL3, Lucena RC4, Torres BS5, Rodrigues RS6, Almeida Cruz GSL7, Rocha TS8
1,2,3,4,5,6,7. UFPE, Recife, PE, Brasil; 8. Prefeitura de Recife, Recife, PE, Brasil.
Palavras-chave: TB; Extensão; Lesão
Introdução: A tuberculose (TB) pulmonar permanece como um grande desafio para a saúde pública, responsável por altas taxas de morbimortalidade em todo o Mundo, principalmente nos países em desenvolvimento que concentram a maioria dos casos notificados. A literatura tem alertado para o fato da rapidez no diagnóstico e instituição precoce da terapêutica serem aspectos fundamentais no controle da TB, mediante a diminuição da mortalidade e da morbidade. Embora os padrões radiográficos não usuais em TB tenham, recentemente, sido enfatizados na literatura, o padrão típico de reativação da doença ainda predomina nos adultos imunocompetentes com tuberculose. A radiografia do tórax é, portanto, um método importante de aproximação diagnóstica, e, se é normal, tem um alto valor preditivo negativo, quando se suspeita de TB pulmonar ativa, sendo a freqüência dos falsos negativos de, aproximadamente, 1%. A detecção do grau de extensão da lesão pulmonar, no momento do diagnóstico, pode sugerir, indiretamente, se o diagnóstico foi em tempo oportuno ou realizado tardiamente. Objetivos: Verificar o grau de extensão da lesão na época do diagnóstico de tuberculose pulmonar. Métodos: Estudou-se um total de 96 pacientes, com 15 anos ou mais anos de idade, com diagnóstico de tuberculose pulmonar, atendidos em três unidades de saúde da Região Metropolitana de Recife no período de janeiro de 2003 a agosto de 2005, que possuíam radiografia do tórax, no início do tratamento, com graus de extensão das lesões pulmonares classificadas pelo critério da National Tuberculosis Association (NTA). Resultados: Apresentam-se os pacientes por sexo, grupo etário, e grau de extensão da lesão pulmonar, antes do tratamento. Nessa tabela, observa-se que, 54,2% dos pacientes, eram do sexo masculino; as duas faixas etárias mais prevalentes foram: 15 a 39 anos e 40 a 59 anos com 45,8% e 42,7%, respectivamente; e dos 60 aos 72 anos 11%; a extensão da lesão foi classificada como NTA III, para a maioria (61,5%) dos pacientes; como NTA II, em 30,2% deles; e, em 8,3% dos pacientes, a extensão da lesão foi classificada como NTA I. Conclusão: Este estudo vem confirmar que, em nosso meio, o diagnóstico da tuberculose ainda é bastante tardio e, portanto, a lesão pulmonar inicial é, em geral, extensa. A identificação precoce dos pacientes é uma forma de reduzir a disseminação da doença, minimizar a agressão tecidual pulmonar, propiciando lesões menos graves e, conseqüentemente, à redução das seqüelas. Uma contribuição do presente estudo foi identificar um indicador precoce de disfunção respiratória, que pode ser utilizado em pacientes que tenham sido diagnosticados, após longos períodos de doença. Realizar radiografia do tórax, à época do diagnóstico, e classificá-la de acordo com critérios, como o NTA, que podem ser utilizados por profissionais de saúde de unidades de atenção primária, deverá contribuir para diminuir, à morbimortalidade secundária a tuberculose pulmonar.
PO140 SEQÜELA FUNCIONAL DE ACORDO COM A extensão da lesão
Cassia Santa Cruz R, Albuquerque MFPM, Campelo ARL, Torres BS, Padilha Freitas CD, Loureiro PAC
UFPE, Recife, PE, Brasil.
Palavras-chave: Tuberculose; Grau de extensão; Espirometria
Introdução: A tuberculose (TB) pulmonar permanece como um grande desafio para a saúde pública. A detecção do grau de extensão da lesão pulmonar, no momento do diagnóstico, pode sugerir, indiretamente, se o diagnóstico foi em tempo oportuno ou realizado tardiamente. Além disso, uma variedade de seqüelas podem ocorrer no pulmão de pacientes que iniciam o tratamento após longo período de doença, inclusive disfunção respiratória. Objetivos: Avaliar a seqüela funcional em pacientes após o tratamento da TB, de acordo com o grau de extensão da lesão. Métodos: Estudou-se um total de 96 pacientes, com 15 anos ou mais anos de idade, com diagnóstico de tuberculose pulmonar, atendidos em três unidades de saúde da Região Metropolitana de Recife no período de janeiro de 2003 a agosto de 2005, que possuíam radiografia do tórax, no início do tratamento, com graus de extensão das lesões pulmonares classificadas pelo critério da National Tuberculosis Association (NTA). Os pacientes responderam questionário, no início da pesquisa, e foram submetidos à prova de função pulmonar, após o término do. Resultados: Verifica-se que houve um maior percentual de pacientes com disfunção respiratória do sexo masculino, 67,3% (35/52); com o maior tempo de doença (mais de 30 dias); e entre as faixas etárias (65,9 e 67,3, respectivamente); nós agregamos o NTA I e II, e chamamos grau I; e o NTA III, chamamos grau II. Ao nível de significância estatística considerado (5,0%) verifica-se que o grau de extensão da lesão pulmonar, antes do tratamento, existe um risco de 1,5 vezes de desenvolver disfunção respiratória em quem tem grau II. Conclusão: Existem poucos estudos prospectivos avaliando as conseqüências da tuberculose pulmonar e seu tratamento sobre a função respiratória. Observamos, todavia, que os pacientes que referiam um tempo de doença maior que 60 dias apresentaram maior freqüência de distúrbio ventilatório restritivo leve ou distúrbio ventilatório misto. A ausência de associação, estatisticamente significativa, entre a disfunção respiratória e o tempo de doença referido pelos pacientes, no presente estudo, pode ser devido ao pequeno tamanho da amostra estudada. Esta hipótese é reforçada pela observação de aumento gradativo da freqüência de casos com esse tipo de seqüela à medida que a demora, para o inicio do tratamento, passou de, até, 30 dias para um período de tempo maior que 60 dias. O tempo maior para o diagnóstico tem um risco 1,7 vezes de desenvolver disfunção respiratória. Não observamos, também, associação, estatisticamente significativa, entre a extensão da lesão pulmonar, antes do tratamento, e o tempo de doença. Porém, os maiores percentuais de casos, com lesões extensas (NTA III), foram encontrados entre os pacientes com tempo de doença maior que 60 dias.
PO141 efeitos adversos DO esquema RMZ
Picon PD1, Ott WP2, Bassanesi SL3, Rizzon CFC4, Gutierres RS5, Dalcolmo MP6, Sperb APV7
1,2,3,4,5,7. Hospital Sanatório Partenon, Porto Alegre, RS, Brasil; 6. Centro de Referência Hélio Fraga (MS), Rio de Janeiro, RJ, Brasil.
Palavras-chave: Tuberculose; Esquema RMZ; Efeitos adversos
Introdução: O esquema RMZ (rifampicina, etambutol e pirazinamida) foi utilizado no RS até o início da década de 1980 no retratamento das falências dos esquemas SPH (estreptomicina, isoniazida e PAS) e STH (estreptomicina, isoniazida e tioacetazona), sendo a R usada nos primeiros 3-4 meses e o M e a Z durante 12 meses. As doses diárias preconizadas eram 600mg de R, 1200mg M e 2000mg de Z, independentemente do peso do paciente. Objetivos: Relatar os efeitos adversos do RMZ aplicado a pacientes de unidades ambulatoriais. Métodos: 2, Exato de Fisher e t de Student, sendo considerados significativos valores de p · Foram analisados 391 adultos com TB pulmonar bacilífera de unidades ambulatoriais de Porto Alegre, RS. Os efeitos adversos (EA) foram obtidos através de revisão das fichas clínicas de 280 pacientes e do estudo previamente publicado por um dos autores em 111 pacientes. Os EA foram agrupados como digestivos, dermatológicos, articulares, visuais e outros. As variáveis estudadas foram: sexo, cor da pele, modo de uso dos fármacos e dose por kg de peso corporal. Testes usados: < 0,05. Resultados: 12,8 anos. Fizeram uso irregular do RMZ 41,8% dos pacientes, sendo a irregularidade maior no sexo masculino do que no feminino (46,5 vs. 30,5%; p = 0,014). As doses (mg/kg/dia) dos fármacos em 280 pacientes foram 10,8 ± 1,8 de R, 21,6 ± 3,7 de M e 39,7 ± 7,8 de Z, sendo que 17,1% dos pacientes receberam dose de M · 70,7% eram homens e 68,7% brancos. A idade média foi 36,6 > 25mg/kg e 90,4% dose de Z > 30mg/kg, respectivamente as doses máximas recomendadas para esses fármacos. As mulheres receberam doses maiores de R (11,8 ± 2,1 vs. 10,3 ± 1,5; p < 0,0001), de M (23,5 ± 4,2 vs. 20,7 ± 3,1; p < 0,0001) e de Z (42,3 ± 8,5 vs. 38,7 ± 7,2; p = 0,0004) do que os homens. Ocorreram EA em 69 pacientes (17,6%), exigindo modificar o esquema por toxicidade em 11 (2,8%). Os EA registrados foram: digestivos (9,5%), dermatológicos (2,0%), articulares (2,3%), dificuldade visual (1,8%) e hepatotoxicidade (2,0%). Os EA foram mais freqüentes nas mulheres do que nos homens (26,8 vs. 14,1%; p = 0,012), sendo, respectivamente, a incidência de hepatotoxicidade (4,9 vs. 1,0; p = 0,063) e a troca do esquema por toxicidade (6,1% e 2,0%; p = 0,128) semelhante nos dois sexos. A ocorrência de EA também foi maior entre os brancos do que nos não brancos (21,9 vs. 91,%; p = 0,010). Embora a freqüência de EA tenha sido cerca de 1,7 vezes maior nos pacientes que usaram regularmente a medicação do que naqueles com uso irregular, não houve significância estatística (21,5 vs. 12,8%; p = 0,062). As doses de R, M e Z foram semelhantes nos com EA e sem EA, bem como nos pacientes com e sem EA hepáticos, articulares ou visuais. Conclusão: A pequena taxa de efeitos adversos determinados pelo esquema RMZ, mesmo tendo sido utilizadas doses elevadas de M e Z por tempo prolongado (12 meses), indica que se trata de um esquema que além de bem tolerado pelos pacientes é seguro, considerando o baixo percentual de troca do esquema por toxicidade (2,8%). Mesmo nas mulheres, que apresentaram toxicidade em maior proporção que os homens, possivelmente por terem recebido doses mais elevadas dos fármacos em função do menor peso, as taxas de hepatotoxicidade e de interrupção do tratamento ficaram em níveis aceitáveis, próximas de 5%.
PO142 tuberculose extrapulmonar - relato de caso
Pinho AS, Leite ACB, Santos FMM
Universidade Federal da Paraíba, João Pessoa, PB, Brasil.
Palavras-chave: Tuberculose; Uveíte; Coroidite
Introdução: Tuberculose doença infecciosa causada pelo Mycobacterium tuberculosis, bacilo aeróbio que sobrevive em meio adverso. Nem todas as pessoas infectadas com M. tuberculosis desenvolvem doença ativa. O risco de desenvolver a doença é maior em imunocomprometidos. Em 1993, a Organização Mundial de Saúde declarou a tuberculose uma emergência de saúde pública global. A disseminação pela bacilemia na infecção primária, a tuberculose produz doença extratorácica. A uveíte, particularmente quando acompanhada de coroidite, surge como a manifestação mais freqüente da tuberculose ocular. Objetivos: Mostrar a importância da prova terapêutica com tuberculostáticos como diagnóstico de certeza na tuberculose extrapulmonar especificamente a ocular como nesses casos. Métodos: Relato de dois casos de Tuberculose ocular com sintomas exclusivos de perda da visão. Ambos do sexo feminino de idades 49 e 51 anos, pardas, com história de 3 e 4 meses, respectivamente, com perda progressiva da visão. Ambas comunicantes recentes de tuberculose pulmonar ativa. Resultados: No primeiro caso o exame oftalmológico em olho direito (OD) mostrou cicatriz de corioretinite em região macular. Teste PPD (Derivado Protéico Purificado) reator forte (16mm). Cálcio sérico e urinário (método o-cresolftaleína) 80mg/dL (valor referência VR: 8,5-10,1mg/dL) e 10,5mg/dL (VR: 2,6-44,2mg/dL), respectivamente. VHS (velocidade de hemossedimentação): 41mm (VR: até 15mm). Radiografia torácica sem alterações de parênquima e/ou ganglionares. O segundo caso, ao exame oftalmológico em OD: hiperemia conjuntiva (2+/4+), precipitados ceratinócitos em endotélio corneano, edema macular e opacidade vítrea (+/4+). PPD forte reator (14mm). Fator reumatóide e reação de VDRL negativos. Radiografia torácica sem alterações de parênquima e/ou ganglionares. Ambas as pacientes iniciarem esquema I para tuberculose com Isoniazida, Rifampicina e Pirazinamida, com melhora do quadro, redução das opacidades e desaparecimento do edema. Conclusão: A tuberculose ainda persiste como a maior causa de morbimortalidade atualmente. Mundialmente, a incidência desta doença tem crescido para 8 milhões de novos casos anualmente e é a causa de morte de 2 a 3 milhões de pacientes todos os anos. As manifestações oculares da tuberculose são diversas e dependem de fatores imunológicos, bacteriológicos e epidemiológicos. A tuberculose ocular constitui uma manifestação de difícil diagnóstico, pois a maioria dos casos ocorre sem concomitante atividade da tuberculose pulmonar. As pacientes apresentadas tiveram diagnóstico de probabilidade o que indicou o tratamento específico como prova terapêutica. A melhora clínica e ocular comprovada com o exame oftalmológico confirmou o diagnóstico de certeza de tuberculose secundária (uveíte e corioretinite). A casuística de tuberculose extrapulmonar tem aumentado em nível ambulatorial, requerendo atenção para o diagnóstico. A assistência médica adequada aliada ao diagnóstico precoce foi essencial para o bom prognóstico dos casos.
PO143 IMPLANTAÇÃO DE UM sistema de vigilância PARA tuberculose multirresistente NO Brasil
Hijjar MA1, Keravec J2, Dalcolmo MP3, Procópio MJ4, Do Valle Bastos LG5, Da Rocha JL6, Diniz LS7, Penna EQAA8
1. Centro de Referência Professor Hélio Fraga (CRPHF) - Ministério da Saúde, Rio de Janeiro, RJ, Brasil; 2,5,6,8. Projeto MSH - Rational Pharmaceutical Management Plus Program (RPM PLUS), Rio de Janeiro, RJ, Brasil; 3,4,7. Centro de Referência Professor Hélio Fraga (CRPHF) - Ministério da Saúde, Rio de Janeiro, RJ, Brasil.
Palavras-chave: Tuberculose multirresistente; Sistema de vigilância; Dados
Introdução: Em março de 2004 através da parceria entre o CRPHF e o Projeto MSH foi desenvolvido um novo sistema de vigilância epidemiológica informatizado para tuberculose multirresistente (TBMR). No momento, este sistema está disponível online via internet e permite aos seus usuários dos diversos níveis acompanharem os pacientes em tratamento, pesquisar informações e racionalizar o uso das medicações específicas. Objetivos: Melhorar o gerenciamento dos dados, incentivar a busca de casos e descentralizar o controle da TBMR no Brasil. Métodos: O sistema está organizado através do CRPHF que gerencia o banco de dados nacional, o provedor do sistema informatizado e os medicamentos, sendo referência técnica para as unidades de saúde de tratamento (UST) para TBMR. As UST são unidades estaduais ou municipais que representam o nível mais periférico deste sistema e atuam em suas áreas como centros de referência para casos complexos de TB. Os casos diagnosticados são registrados no sistema através de uma ficha de notificação, compatível com o SINAN, e recebem na UST a medicação suficiente para 3 meses de tratamento. As UST acompanham os casos, trimestralmente registram no sistema sua evolução através de uma ficha própria, e recebem a medicação para o período seguinte. Esta organização é mantida até o desfecho do caso e os pacientes curados são acompanhados nas UST em consultas periódicas, reportadas ao sistema através de uma ficha de seguimento. A equipe multidisciplinar assistente, as coordenações de TB, as Secretaria da Saúde e o Ministério da Saúde têm acesso integrado às informações em âmbito nacional, regional e local para análise, controle dos casos e gerenciamento dos programas, através de informativos, indicadores e relatórios consolidados gerados pelo sistema. O software foi desenvolvido para ambiente WEB utilizando banco de dados de código aberto, útil para pesquisas científicas, uma vez que permite o cruzamento das diversas variáveis. Resultados: Foram capacitados 450 profissionais das 61 UST habilitadas (44% médicos, 28% enfermeiros, 11% assistentes sociais, 17% outros) e cadastrados 81 usuários com perfis de acesso ao sistema determinados. Desde novembro de 2004 foram registradas no sistema 5.691 fichas correspondentes a 2.450 pacientes com TBMR tratados e acompanhados desde 2000. Observou-se melhora da qualidade dos dados fornecidos pelas UST, melhora das práticas clínicas utilizadas pelos profissionais e aumento da detecção de casos de TBMR no segundo ano após o lançamento do novo sistema de vigilância. Conclusão: A implantação do sistema nacional informatizado para vigilância de casos de TBMR além de contribuir para melhora do manejo dos pacientes e maior controle da doença, representa um avanço na produção e acompanhamento da informação em saúde, permitindo, com o dinamismo do modelo, permanente revisão crítica da qualidade dos dados produzidos e replicação para outros programas de saúde.
PO144 GRAU extensão da lesão DEPENDE DO tempo de diagnóstico
Cassia Santa Cruz R, Albuquerque MFPM, Campelo ARL, Torres BS, Padilha Freitas CD, Loureiro PAC
UFPE, Recife, PE, Brasil.
Palavras-chave: Tuberculose; Extensão da lesão; Tempo de diagnóstico
Introdução: A literatura tem alertado para o fato da rapidez no diagnóstico e instituição precoce da terapêutica serem aspectos fundamentais no controle da TB, mediante a diminuição da mortalidade e da morbidade. A radiografia do tórax é, portanto, um método importante de aproximação diagnóstica, quando se suspeita de TB pulmonar ativa. A detecção do grau de extensão da lesão pulmonar, no momento do diagnóstico, pode sugerir, indiretamente, se o diagnóstico foi em tempo oportuno ou realizado tardiamente. Objetivos: Avaliar se o grau de extensão da lesão, no momento do diagnóstico, depende do tempo em que o diagnóstico de TB pulmonar é realizado. Métodos: Estudou-se um total de 96 pacientes, com 15 anos ou mais anos de idade, com diagnóstico de tuberculose pulmonar, atendidos em três unidades de saúde da Região Metropolitana de Recife no período de janeiro de 2003 a agosto de 2005, que possuíam radiografia do tórax, no início do tratamento, com graus de extensão das lesões pulmonares classificadas pelo critério da National Tuberculosis Association (NTA). Os pacientes responderam questionário, no início da pesquisa, e foram submetidos à prova de função pulmonar, após o término do tratamento. Resultados: O percentual de pacientes, classificados como NTA III (até 30 dias 42,9%, mais de 60 dias, 69,9%), aumenta à medida que o tempo da doença aumenta, ocorrendo o inverso com o percentual de pacientes com extensão NTA I (até 30 dias 21,4%, mais de 60 dias, 5,4%), embora, ao nível de 5,0%, não se comprova associação significante entre as duas variáveis em análise. Conclusão: A ausência de associação, estatisticamente significativa, entre a disfunção respiratória e o tempo de doença referido pelos pacientes, no presente estudo, pode ser devido ao pequeno tamanho da amostra estudada. Esta hipótese é reforçada pela observação de aumento gradativo da freqüência de casos com esse tipo de seqüela à medida que a demora, para o inicio do tratamento, passou de, até, 30 dias para um período de tempo maior que 60 dias. Porém, os maiores percentuais de casos, com lesões extensas (NTA III), foram encontrados entre os pacientes com tempo de doença maior que 60 dias. Este estudo vem confirmar que, em nosso meio, o diagnóstico da tuberculose ainda é bastante tardio e, portanto, a lesão pulmonar inicial é, em geral, extensa.
PO145 fatores de risco PARA não ADESÃO AO tratamento DA tuberculose
Picon PD, Jarczewski CA, Unis G, Espina CAA, Bassanesi SL, Ott WP
Hospital Sanatório Partenon, Porto Alegre, RS, Brasil.
Palavras-chave: Tuberculose; HIV; Não adesão
Introdução: O RHZ é considerado um esquema 100% eficaz quando aplicado a pacientes com tuberculose (TB) sem tratamento prévio (VT). Entretanto, na rotina das unidades de saúde a taxa de cura fica longe desse índice em virtude da não adesão ao tratamento pelos pacientes. Objetivos: Identificar fatores de risco de não adesão ao tratamento da TB ligados aos pacientes. Métodos: 2, Exato de Fisher, t de Student e a técnica de regressão logística múltipla (RLM), sendo considerados significativos valores de p · Entraram no estudo 504 pacientes adultos, VT, tratados com RHZ no ambulatório de TB do HSP, no período de 2004 a 2005. Os resultados foram considerados como cura e não cura (abandono, falência e óbito). As variáveis estudadas foram: idade, sexo, cor da pele, nível de escolaridade, uso de álcool e de drogas ilícitas, presença de infecção pelo HIV, dose e modo de uso dos fármacos. Testes usados: < 0,05. Resultados: 64,7% eram homens, 64,7% brancos, 56,3% não haviam concluído a 8ª série do Ensino Fundamental, 25,0% eram alcoolistas, 22,2% usuários de drogas ilícitas e 24,6% HIV-positivo (o teste anti-HIV foi realizado por 92,3% dos pacientes). Usaram a medicação irregularmente 28,4% dos pacientes, sendo a irregularidade maior nos homens (32,8 vs. 20,3%; p = 0,003), nos alcoolistas (38,9% vs. 24,4%; p = 0,002), nos pacientes com baixa escolaridade (35,2 vs. 20,3%; p = 0,001), nos usuários de drogas ilícitas (41,1 vs. 23,3%; p = 0,0003) e nos pacientes HIV+ (41,9 vs. 21,7%; p < 0,0001) do que nos seus pares. Na RLM o HIV [RC = 2,5 (1,5-4,1); p = 0,0003] estava independentemente associado ao uso irregular dos fármacos. Nos pacientes que usaram a medicação irregularmente a taxa de cura foi menor do que naqueles com uso regular (55,2 vs. 89,7%; p < 0,0001). Assim, as taxas de cura foram menores nos homens (77,0 vs. 84,8%; p = 0,036), nos alcoolistas (73,0 vs. 82,7%; p = 0,022), nos usuários de drogas ilícitas (67,0 vs. 85,1%; p < 0,0001), nos pacientes HIV-positivo (68,5 vs. 86,8%; p < 0,0001) e nos pacientes com baixa escolaridade (71,5 vs. 93,0%; p < 0,0001) do que seus pares. Os curados e não curados não se diferenciaram quanto à idade e quanto à dose diária dos fármacos (mg/kg). Conclusão: A adesão ou não ao tratamento antituberculose depende, além de fatores ligados aos prestadores de serviços de saúde, a questões de ordem pessoal e sócio-cultural. A não adesão ao tratamento é sinônimo de uso irregular dos fármacos, com as conseqüências nefastas para o controle da TB, por proporcionar o surgimento de resistência bacilar secundária, dificuldades de composição de esquemas de retratamento eficazes e outras. O conhecimento dos fatores de risco de não adesão ligados aos pacientes e sua identificação particularizada por ocasião da consulta que precede o início do tratamento permite adotar as medidas necessárias pelos serviços de saúde para minimizar este risco e aumentar as taxas de cura. Entre estas medidas se impõe cogitar o tratamento diretamente supervisionado, especialmente quando existem vários dos fatores de risco associados no mesmo paciente que, aliás, é um fato bastante comum.
PO146 abscesso PULMONAR POR escherichia coli PÓS-nodulectomia
Alves JR1, Farinazzo A2, Farinazzo BAB3, Alves SA4
1,4. Centro do Pulmão, São José do Rio Preto, SP, Brasil; 2. CLIAR, São José do Rio Preto, SP, Brasil; 3. FAMERP, São José do Rio Preto, SP, Brasil
Palavras-chave: Abscesso pulmonar; Escherichia coli; Nodulectomia
Introdução: O abscesso pulmonar é definido como uma coleção circunscrita de pus que leva a formação de uma cavitação e achado radiológico de nível hidroaéreo na cavidade. A incidência de abscesso pulmonar tem diminuído desde o início da terapia antibiótica e o prognóstico foi aprimorado. Atualmente a taxa de mortalidade do abscesso pulmonar é 15-20%. Na era pré antibiótica a taxa era de 30 a 40%. As bactérias anaeróbias são as principais implicadas no abscesso pulmonar. A Escherichia coli é um patógeno que raramente é encontrado no abcesso pulmonar. Objetivos: Relato de caso. Métodos: Relato de caso. Resultados: J.C.B.C. 43 anos, tabagista há 27 anos, em tratamento de hipertensão arterial sistêmica há cinco meses, referiu há 5 meses palpitação, tontura, febre de 38ºC e tosse seca que perdurou por menos de 3 horas. Procurou atendimento médico sendo solicitado Radiografia de tórax com evidência de redução da radiotransparência no segmento posterior do lobo inferior esquerdo por presença de lesões intersticiais. Discreta opacidade homogênea em íntimo contato com corpos vertebrais torácicos inferiores. Com suspeita de tuberculoma foi solicitado Tomografia de tórax que evidenciou nódulo sugestivo de tuberculoma sendo submetido à nodulectomia. Após 15 dias retorna com tosse seca e dispnéia, porém sem febre. Eupnéico ao exame físico com pressão arterial de 120x70mmHg com freqüência cardíaca de 105bpm Saturação de 97%, redução na expansão pulmonar e murmúrio vesicular diminuído no terço inferior de hemitórax direito. Paciente foi submetido à internação e drenagem do abscesso. Feito uso de Gatifloxavina 400mg de 12-12h, Aziromicina 500mg de 12-12h, e Amicanina 500mg de 12-12h ficando internado por 10 dias recebeu alta com Gatifloxacina 400mg por dia por mais 5 dias. A hemocultura e bacterioscopia evidenciaram Escherichia coli. Conclusão: O abcesso pulmonar nos indivíduos com imunodeficiência, microrganismos menos comuns podem ser a causa. Os sintomas iniciais são semelhantes aos da pneumonia: fadiga, perda de apetite, sudorese, febre e tosse produtiva com escarro que pode apresentar estrias de sangue com dor torácica eventual. Freqüentemente, radiografias torácicas revelam a presença de um abcesso pulmonar. As culturas de escarro podem auxiliar na identificação do microrganismo causador do abcesso. O tratamento exige a adALTA prevalência, NA CIDADE do Rio de Janeiro
Coelho Soares EC1, Pilla ES2, Teixeira CRC3
1,2. Secretaria Municipal de Saúde do Rio de Janeiro, Rio de Janeiro, RJ, Brasil; 3. Johns Hopkins School of Public Health, Baltimore, Estados Unidos.
Palavras-chave: DOTS; Comunidade; Incentivos
Introdução: O Rio de Janeiro é a segunda maior cidade do país e, como outros centros urbanos, grande parte da população vive em favelas, que por serem superpopulosos bolsões de pobreza são um campo fértil para doenças sociais como o crime e o tráfico de drogas, e para as doenças de transmissão aérea como a TB. A Estratégia DOTS para o controle da TB vem sendo implantada na cidade desde 1999 seguindo um modelo baseado na Unidade de Saúde (US). Apesar dos bons resultados quando comparado ao tratamento auto-administrado, a meta de cura de 85% não foi atingida. A Zona Sul do Rio é uma área economicamente heterogênea, onde 21 favelas circundam os bairros mais nobres da cidade, como Copacabana e Ipanema. No ano de 2003 foi implantado a estratégia DOTS na área, que reporta 800 casos de TB ao ano (incidência de 130/100.000). Nesta área, a assistência é realizada por 3 US para onde o paciente se desloca para tomar cada dose dos medicamentos (DOT na US). Para o controle da TB na Rocinha, uma favela com 62.000 habitantes e mais de 300 casos de TB ao ano (incidência de 588/100.000) foi escolhido um modelo de DOT baseado na comunidade. Objetivos: Comparar os resultados do tratamento entre 2 diferentes modelos de DOT: baseado na Unidade de Saúde vs. na comunidade. Métodos: Os 2 modelos incluem supervisão de todas as doses dos medicamentos, busca dos faltosos, avaliação dos contatos e atividades educativas. No modelo baseado na US, os pacientes recebem 2 vales-transporte e 1 vale-refeição a cada visita para tomar as doses dos remédios. No modelo baseado na comunidade, 40 Agentes Comunitários de Saúde realizam visitas domiciliares para supervisionar a terapia. Não é fornecido vale-transporte ou refeição. Foi criado um modelo de regressão logística para inferir as associações relacionadas ao indicador cura. Resultados: Dos 1.421 pacientes registrados entre jan/2003 e jun/2004, 896 (63%) foram tratados sob DOT: 565 (63%) na US e 311 (37%) na comunidade. O % de cura entre os tratados na comunidade foi maior que o daqueles tratados na US (89% vs 77%). O percentual de abandono foi mais baixo naquele grupo: 5% vs 12%. Pela diversidade da população tratada sob o modelo baseado na US, estratificamos esses pacientes em 2 grupos: aqueles que moram em favelas (n = 210) e aqueles que não moram (n = 355). Pacientes tratados no modelo baseado na US que moram em favelas são comparáveis àqueles que recebem tratamento na comunidade, em termos clínicos, demográficos, social e econômico. Pacientes morando em favelas e recebendo DOT na comunidade tiveram 2 vezes mais chance de curar que os que receberam DOT na US. Entre os que receberam tratamento na US, não houve diferença entre os que moravam em favelas e aqueles que não moravam, em relação à cura (OR = 1.08, 95% CI = 0.70 1.66). Conclusão: O modelo de DOT baseado na comunidade está associado à maiores índices de cura quando comparado ao modelo baseado na US. Esta experiência positiva sugere que DOT na comunidade pode ser uma estratégia para o controle da TB em grandes centros urbanos.
PO102 pneumonia tuberculosa COM insuficiência respiratória E CHOQUE SÉPTICO
Braz AA, Carraro RM, Costa AN, Sales RKB, Bombarda S, Seiscento M
HC-INCOR FMUSP, São Paulo, SP, Brasil.
Palavras-chave: Pneumonia tuberculosa; Insuficiência respiratória; Achados tomográficos
Introdução: A tuberculose pulmonar representa importante causa de morbimortalidade, porém sua apresentação com quadro pneumônico evoluindo para insuficiência respiratória aguda é pouco comum. O diagnóstico precoce e tratamento específico são fundamentais nesta situação de elevada mortalidade. Objetivos: Relatar um caso de tuberculose com evolução aguda grave. Métodos: Revisão de prontuário, radiologia e cirurgia de paciente acompanhado no ambulatório de Pneumologia; revisão da literatura. Resultados: JAS, 50 anos, masculino, auxiliar de manutenção em hospital, previamente hígido, com início de tosse seca e febre nos últimos 15 dias, e há 3 dias expectoração amarelada. Sem outros sintomas prévios. No exame físico inicial com crepitações bilaterais, SpO2 70% AA e radiografia de tórax com consolidações bilaterais. A TC de tórax mostrava 2 lesões cavitadas em LSD e áreas de consolidações bilaterais e micronódulos centrilobulares confluentes de distribuição segmentar. A baciloscopia de escarro colhida na entrada resultou positiva. O paciente evoluiu com IRpA e necessidade de IOT e choque séptico, antes do resultado da baciloscopia inicial. Após instituição da terapia com Esquema 1 (RIP) evoluiu com melhora clínica, reversão das disfunções orgânicas e alta da UTI em 20 dias e alta hospitalar em 30 dias, sem sintomas respiratórios. Os exames de imagem após 6 meses do tratamento mostram resolução completa das lesões. Conclusão: O caso apresentado mostra uma apresentação atípica em um paciente com sintomas de evolução aguda (< 2 semanas) com achado de extensas áreas de consolidação pulmonar bilaterais e evolução para insuficiência respiratória aguda. Séries de casos mostram desfechos como estes em menos de 5% dos pacientes com necessidade de internação hospitalar no momento do diagnóstico de tuberculose, com taxas de mortalidade de 65-79%. A TC de tórax apresenta maior sensibilidade que a radiografia no achado de lesões cavitadas no parênquima e adenomegalias mediastinais, dados que contribuem para o diagnóstico.
PO103 incidência DE ADOECIMENTO EM contatoS DE PACIENTES COM tuberculose PULMONAR INFECTADOS PELO mycobacterium tuberculosis não SUBMETIDOS À quimioprofilaxia
Cezar MC1, Conde MB2, Netto AR3, Golub JE4
1,2. Universidade Federal do Rio de Janeiro, Rio de Janeiro, RJ, Brasil; 3. Universidade de São Paulo, Ribeirão Preto, SP, Brasil; 4. Johns Hopkins University, Baltimore, Estados Unidos.
Palavras-chave: Quimioprofilaxia; Prova tuberculínica; Tuberculose
Introdução: O Ministério da Saúde do Brasil (MSB) recomenda que sejam avaliados para pesquisa de infecção pelo M.tb através da prova tuberculínica os contatos de pacientes com tuberculose (TB) pulmonar bacilíferos com idade até 15 anos. Além disso, o ponto de corte da induração cutânea (IC) da PT aumenta de 10mm para 15mm entre os contatos com história de vacinação com BCG. A literatura internacional recomenda o ponto de corte de 5mm para contatos, independente da história de vacinação por BCG. Objetivos: (1) Determinar a incidência de adoecimento entre contatos de pacientes com TB pulmonar não submetidos à quimioprofilaxia por não atenderam aos critérios recomendados pelo MSB. (2) Comparar a incidência de adoecimento entre contatos com IC entre 5-9 e 10-14 versus àqueles com IC entre 0-4mm. Métodos: Estudo do tipo coorte retrospectivo. Todos os contatos de pacientes com TB pulmonar não submetidos à quimioprofilaxia atendidos no Instituto de Doenças do Tórax da Universidade Federal do Rio de Janeiro entre 1º de julho de 1998 e 31 de dezembro de 2002 foram avaliados 2 anos após a realização da PT. Resultados: Entre 1190 contatos de 283 pacientes com TB pulmonar atendidos no período, 671 preencheram os critérios de inclusão no estudo. A incidência estimada de TB entre os contatos com PT positiva foi de 5.740/100.000 e entre os contatos com PT negativa foi de 943/100.000. O risco relativo (RR) para TB estimado entre os contatos infectados (PT maior ou igual a 5mm) e não-infectados (PT menor que 5mm) foi de 5,8 (IC 1,7-19,4). Conclusão: Mesmo em um local com alta prevalência de TB o RR para TB é alto entre os contatos com PT positiva versus àqueles com PT negativa. O RR para TB entre contatos com PT entre 5-9mm e PT maior ou igual 10mm é praticamente o mesmo (RR1,1 IC 0,4 - 3,3), sugerindo que o critério internacional para quimioprofilaxia em contatos infectados pelo M.tb pode ser utilizado em uma região de alta prevalência de TB.
PO104 FISIOTERAPIA NO tratamento DE PACIENTES COM tuberculose PULMONAR: EXPERIÊNCIA DO Hospital Universitário do Oeste do Paraná, 2003-2005
Streit MV1, Suzin FPS2, Tavares KO3, Ferreira Filho OF4
1,2,3. Universidade Estadual do Oeste do Paraná, Cascavel, PR, Brasil; 4. Universidade Estadual de Londrina, Londrina, PR, Brasil.
Palavras-chave: Tuberculose; Tratamento; Recursos fisioterápicos
Introdução: É bem comprovada a importância da fisioterapia no tratamento não medicamentoso das doenças respiratórias. Na tuberculose pulmonar seu papel ainda encontra-se indefinido e a prática clínica permanece no empirismo. Objetivos: Avaliar a atuação da fisioterapia no tratamento da tuberculose pulmonar, identificando quais os recursos fisioterápicos (respiratórios e/ou motores) foram mais utilizados. Métodos: Foi realizado um estudo retrospectivo através da análise dos prontuários de todos os pacientes maiores de 12 anos, ambos os sexos, admitidos no Hospital Universitário do Oeste do Paraná no período de dezembro de 2003 e dezembro de 2005, cujos diagnósticos foram confirmados segundos os critérios do Ministério da Saúde. Resultados: De um total de 33 pacientes internados no período, 25 (75,8%) tinham diagnóstico de certeza, sendo a média de idade = 44,5 ± 17,1, com predomínio do sexo masculino (76,0%). A média do tempo de internação foi de 10,6 ± 7,1 dias. As queixas mais freqüentes foram a tosse (80,0%) e a sudorese noturna (64,0%). Treze (52,0%) dos pacientes tinham comorbidades. A grande maioria (88,0%) foi internada em enfermaria com isolamento respiratório. Somente em 12 (48,0%) pacientes foi prescrito o tratamento fisioterápico e, em média, 5,5 dias após a internação. A média do número de atendimentos foi de 2,6. Os procedimentos mais usados foram: técnicas manuais, exercícios respiratórios e exercícios motores. A prescrição de fisioterapia estava associada com a presença de comorbidades. A média de tempo de internação dos pacientes sem tratamento fisioterápico foi de 7,6 dias e com foi de 13,8 dias (p = 0,05). Conclusão: Apesar de sua importância não é rotina neste serviço prescrever tratamento fisioterápico em pacientes com tuberculose pulmonar. Quando isso acontece esta associada a uma maior gravidade dos casos, justificada pela presença de comorbidades e pelo tempo maior de internação. O pouco tempo de tratamento não permitiu avaliar a utilidade da fisioterapia na recuperação do paciente com tuberculose.
PO105 RELATO DE CINCO CASOS DE micobacteriose não tuberculosa
Pereira M1, Spilimbergo FB2, Chaves MSS3, Issa F4, Pereira JD5, Moreira JS6, Ribeiro MO7
1,2,3,4,5,6. Pavilhão Pereira Filho, Porto Alegre, RS, Brasil; 7. Secretaria Municipal de Saúde, Porto Alegre, RS, Brasil.
Palavras-chave: Micobacteriose não tuberculosa; M. abscessus; M. avium
Introdução: O complexo Mycobacterium tuberculosis engloba o M. tuberculosis, o M. africanum e o M. bovis, este é o mais importante do gênero Mycobacterium, no que se refere à etiologia de doenças humanas. No entanto outras micobactérias oportunistas, causam doença em pacientes imunodeprimidos, idosos, e portadores de broncopneumopatias crônicas, são as chamadas micobactérias não tuberculosas, segundo à Sociedade Americana do Tórax (ATS). As mais comuns são: M. Kansasii, o complexo MAIS (avium, intracelularis e scrofulaceum), o M. xenopi, o M. szulgai, o M. malmoense e o M. leprae. Objetivos: Relatar cinco casos de micobacteriose não tuberculosa, tratadas no ambulatório de tuberculose (CS2) da Secretaria Municipal de Saúde de Porto Alegre RS. Métodos: Foram revisados os prontuários dos pacientes, no período de 2002 à 2005, com diagnóstico de tuberculose, entre os quais, cinco tiveram cultura positiva para micobacteriose não tuberculosa. Resultados: Três pacientes eram do sexo feminino e dois do sexo masculino, todos da cor branca, residentes na zona urbana. A idade variou entre 35 e 51 anos. Dois pacientes referiram contato com tuberculose pulmonar. Três pacientes eram HIV positivo e dois eram portadores de pneumopatia crônica (bronquiectasias). Dois pacientes tiveram a forma pulmonar, um a forma ganglionar, um tuberculose intestinal e um paciente teve tuberculose pleural seguido de meningite por micobacteriose. Radiograma de tórax estava alterado em dois pacientes, com lesões em lobo superior direito e presença de cavidade em um deles, três pacientes não apresentaram alterações radiográficas. Baciloscopia positiva no escarro e/ou lavado broncoalveolar em um paciente. Cultura positiva para M. avium em dois pacientes, um deles com cultura positiva para M. avium e M. abscessus, e. Todos os pacientes receberam tratamento inicial com rifampicina, isoniazida e pirazinamida (RHZ), dois deles fizeram hepatite medicamentosa, sendo então trocado o esquema para streptomicina, isoniazida e etambutol (SHM). Após a cultura positiva para micobacteriose não tuberculosa os pacientes passaram a receber etambutol e claritromicina com boa resposta terapêutica. O tempo de tratamento foi em média doze meses. Conclusão: A micobacteriose não tuberculosa apresenta uma baixa prevalência em nosso meio. Porém com o advento da AIDS e com o avanço dos métodos diagnósticos cada vez mais tem se diagnosticado e tratado pacientes com micobacteriose não tuberculosa. O acréscimo de etambutol e claritromicina aos esquemas terapêuticos têm mostrado um boa resposta clínica.
PO106 APRESENTAÇÃO ATÍPICA DE tuberculose PULMONAR
Ferreira Martins SE, Veras Correia GF, Souza e Lima FM, Rabello E
Hospital de Força Aérea do Galeão, Rio de Janeiro, RJ, Brasil.
Palavras-chave: Tuberculose; Massa mediastinal; Toracotomia
Introdução: Nos últimos anos vem sido descrito um aumento na incidência da tuberculose em vários países, em especial nos centros urbanos. Mesmo sendo uma enfermidade prevenível e curável, segue constituindo uma importante ameaça para a saúde pública. Objetivos: Os autores relatam um caso de apresentação atípica de tuberculose pulmonar, em paciente de 20 anos previamente hígido, com investigação bacteriológica negativa. Métodos: Relato de caso: I.D.F., masc., vinte anos, cadete, natural do Rio de Janeiro, solteiro, internado em nosso hospital em março/2005, com história de aproximadamente dois meses de evolução, com febre diária, tosse seca, dispnéia aos esforços, astenia e perda ponderal de cerca de 10kg no período. Já havia feito uso de vários esquemas antibióticos sem melhora clínica. Trazia radiografia de tórax com imagem de hipotransparência em LID e seis amostras de escarro e cultura para BK negativos. A tomografia de tórax realizada evidenciou massa em mediastino posterior. Resultados: Realizada broncoscopia que não evidenciou qualquer anormalidade anatômica ou presença de secreção. Foi submetido a toracotomia diagnóstica cujo resultado histopatológico revelou processo inflamatório crônico granulomatoso com necrose caseosa central, compatível com tuberculose. Conclusão: As apresentações radiológicas consideradas atípicas, representadas por formas pseudotumorais e por alterações que envolvem segmentos anteriores, estão frequentemente associadas a condições mórbidas com diabetes melitus e SIDA. Trazemos, então, um caso de apresentação atípica de tuberculose pulmonar, que simulava linfoma mediastinal, em paciente jovem, HIV negativo, previamente hígido, condição pouco descrita na literatura recente.
PO107 tuberculose GRAVE, DE LOCALIZAÇÃO ATÍPICA, EM PACIENTE COM transplante RENAL E imunossupressão
Zanela VB, Duque Pereira AL, Esposito E, Rioja S, Starling P, Souza E, Siqueira HR, Rufino R
Hospital Universitário Pedro Ernesto (HUPE), Rio de Janeiro, RJ, Brasil.
Palavras-chave: Tuberculose; Imunossupressão; Hepatotoxicidade
Introdução: A imunossupressão no transplante renal predispõe ao aparecimento de várias doenças oportunistas e de tuberculose (Tb) de localização atípica. O tratamento desta afecção é sempre difícil. As doses dos medicamentos têm que ser ajustadas em caso de insuficiência renal ou hepática, a estreptomicina tem que ser administrada com cuidado, a rifampicina diminui os níveis do imunossupressor, com possibilidade de rejeição do transplante, e os efeitos colaterais são mais comuns. Objetivos: Descrever a evolução de um caso de tuberculose disseminada em uma paciente transplantada renal há nove anos como também os efeitos colaterais da terapêutica empregada. Métodos: Relato de caso. Resultados: E.C.C., sexo feminino, 55 anos, transplantada renal há 9 anos, em uso de ciclosporina, micofenolato mofetil e prednisona. Creatinina basal de 1,8mg/dL. Foi internada no serviço de Nefrologia do HUPE com quadro de lesão aftóide ulcerada na ponta da língua há dois meses, adenomegalia submandibular à esquerda, febre de 39-400C, diarréia, aumento da região axilar direita e piora progressiva do estado geral. Os exames de admissão revelaram: hematócrito 26%, hemoglobina 8,5g/dL, 7.900 leucócitos com 16% de bastões, 187.000 plaquetas, uréia 135mg/dL e creatinina 4,97mg/dL. TGO, TGP e bilirrubinas estavam normais. A biópsia da lesão na língua foi inconclusiva e a pesquisa para paracoccidioidomicose foi negativa. A ultra-sonografia da região axilar direita evidenciou coleção cujo aspirado mostrou pesquisa de BAAR positiva levando ao início do esquema RHZ. A paciente apresentou, inicialmente, boa resposta clínica. A seguir, evoluiu com quadro grave de hepatite e pancreatite com TGO 549U/L, TGP 108U/L, bilirrubina total 15mg/dL, fosfatase alcalina 385U/L, albumina 2,5g/dL, TAP 22%, amilase 426U/L e lipase 432U/L. A sorologia para hepatite C foi positiva. O esquema RHZ e os imunossupressores foram suspensos. O estado geral piorou, a diarréia se intensificou e surgiu enterorragia. A colonoscopia evidenciou íleo-colite e a biópsia demonstrou ileíte crônica granulomatosa com pesquisa de BAAR positiva. Estudos tomográficos demonstraram nódulos esparsos no pulmão e abscesso do psoas. Iniciou-se estreptomicina (S), etambutol (E), ofloxacina (OFLX) e metronidazol (MTX) com melhora acentuada do quadro clínico e regressão da lesão na língua. Por ocasião da alta, após quase 3 meses de internação, os exames mostraram TGO 34U/L, TGP 14U/L, bilirrubina total 4,67mg/dL, albumina 2,32g/dL, fosfatase alcalina 2068U/L e TAP 69%. No ambulatório acrescentou-se isoniazida (I) 300mg/dia e um mês depois a S e o MTZ foram suspensos por vertigem e ataxia. Manteve-se o esquema I, E e OFLX. Conclusão: Pacientes com hepatite C e Tb apresentam maior possibilidade de hepatotoxicidade com o esquema RHZ. Conforme recomenda a II Diretrizes Brasileiras para a Tuberculose, pacientes graves que desenvolvem icterícia devem ter o esquema RHZ substituído pelo esquema alternativo SEOFLX até que haja regressão da lesão hepática.
PO108 micobacteriose (M. abscessus) - relato de caso
Pereira M1, Spilimbergo FB2, Chaves MSS3, Issa F4, Pereira JD5, Moreira JS6, Ribeiro MO7
1,2,3,4,5,6. Pavilhão Pereira Filho, Porto Alegre, RS, Brasil; 7. Secretaria Municipal de Saúde, Porto Alegre, RS, Brasil.
Palavras-chave: Micobacteriose não tuberculosa; M. abscessus; Broncopatia crônica
Introdução: As micobacterioses não tuberculosas infectam principalmente pessoas com doença pulmonar crônica, portadores de tuberculose prévia e imunossuprimidos. Nesses pacientes esta infecção parece-se com M. tuberculosis, tanto clínica quanto radiologicamente. Já no grupo sem doença pulmonar prévia, os achados são diferentes, apresentando-se como nódulos bilaterais associados à bronquiectasias, predominando nos lobos inferiores. Existem mais de cem espécies de micobactérias não tuberculosas descritas (patogênicas ou não), dentre as patogênicas estão o complexo M. avium e M. kansasii. Objetivos: Relato de um caso de M. abscessus, numa paciente feminina, 54 anos, branca, do lar, procedente da zona urbana, HIV não reagente, com tosse produtiva há mais de vinte anos. História prévia de dois tratamentos para tuberculose pulmonar, com alta para cura em ambos. Em 1999, identificado > avium, não tratado adequadamente na ocasião. Em 2005, identificado M abscessus (muitas colônias), tratado irregularmente. Em maio/2006 piora da tosse, hemoptises e perda de peso. Métodos: Realizado exame de escarro e lavado broncoalveolar com material sendo encaminhado para cultura no Centro de Referência Prof. Hélio Fraga, RJ. Resultados: Lavado broncoalveolar e pesquisa de BAAR no escarro foram positivos, posteriormente, exame cultural demonstrou tratar-se de M. abscessus (muitas colônias). Conclusão: Em junho/2006 iniciou-se tratamento com rifazida, etambutol e claritromicina. Dois meses após houve melhora clínica significativa. Segue com proposta terapêutica de 01 ano de tratamento. Os autores chamam a atenção para o fato da paciente apresentar broncopatia grave prévia e também para o inusitado da micobacteriose dever-se ao M. abscessus.
PO109 avaliação DA OCORRÊNCIA DO efeito booster EM INDIVÍDUOS SUBMETIDOS À prova tuberculínica EM UM Programa de controle da tuberculose
De Azevedo Oliveira LP1, Bernardeli G2
1. Programa de Controle da Tuberculose de Porto Real, Porto Real, RJ, Brasil; 2. Hospital São João Batista, Volta Redonda, RJ, Brasil.
Palavras-chave: Prova tuberculínica; Efeito booster; Falso-negativo
Introdução: A prova tuberculínica (PT) tem sido utilizada para avaliar a estimativa de risco de adoecimento por tuberculose e indicação de quimioprofilaxia nos casos de risco aumentado, ou seja, naqueles que apresentem critérios de viragem tuberculínica (aumento da enduração > 10mm na PT em relação ao teste anterior dentro de um intervalo de 1 a 2 anos). Indivíduos infectados no passado podem apresentar com o decorrer dos anos uma redução da resposta à tuberculina e apresentar resultados falso-negativos quando submetidos a um primeiro exame, sendo erroneamente considerados não reatores. Esta resposta à tuberculina pode ser reativada por PT subseqüentes, sendo chamada efeito booster. Se o efeito booster (enduração em uma segunda PT > 10mm e pelo menos 6mm a mais que na primeira prova, realizado em um intervalo não superior a 3 semanas) não for pesquisado, existe o risco de se diagnosticar como viragem tuberculínica o que seria na verdade um efeito booster positivo. Objetivos: Avaliar a ocorrência de efeito booster em indivíduos submetidos à PT no Programa de Controle da Tuberculose de Porto Real (RJ). Métodos: Entre setembro de 2003 e maio de 2006 foram avaliados 53 indivíduos que realizaram uma segunda PT em intervalo entre 7 e 21 dias após o primeiro exame ter sido não reator (enduração < 10mm). Todos foram avaliados com anamnese, exame físico e RX tórax para exclusão de tuberculose doença. Nos casos em que a PT se mantivesse negativa, os pacientes recebiam orientação para retorno num período predeterminado e seguidos para a possibilidade de viragem tuberculínica. Os casos que alcançassem critérios para efeito booster positivo eram orientados a retornar ao Programa caso apresentassem sinais ou sintomas que pudessem sugerir de tuberculose. Resultados: Dos 53 indivíduos testados, 42 (79,2%) eram contatos domiciliares de pacientes com tuberculose pulmonar; e 11 (20,8%) eram estudantes do curso técnico de enfermagem que iniciariam estágio em um hospital geral. Dos 42 contatos de tuberculose, 8 (19%) apresentaram efeito booster positivo. Dos 11 estudantes, 1 (9%) apresentou o fenômeno booster. Conclusão: Durante a realização de provas tuberculínicas para detecção de viragem e indicação de quimioprofilaxia, os Programas de Controle da Tuberculose devem estar atentos para a investigação do fenômeno booster naqueles indivíduos com primeiro teste não reator. É necessária a exclusão dos falso-negativos para que seja evitada a administração desnecessária de quimioprofilaxia àqueles que apresentam efeito booster positivo. É inegável o benefício da quimioprofilaxia com isoniazida nos casos indicados, porém possíveis parefeitos da medicação e a necessidade de estrutura de acompanhamento do paciente durante o período de tratamento tornam criteriosa a sua indicação baseada em provas tuberculínicas.
PO110 associação ENTRE ALBUMINA SÉRICA E MORTE POR tuberculose
Matos ED, Bittencourt CN, Lemos ACM
Hospital Especializado Octávio Mangabeira, Salvador, BA, Brasil.
Palavras-chave: Hipoalbuminemia; Tuberculose pulmonar; Mortalidade
Introdução: Apesar do nível da albumina sérica ser um importante marcador de estado nutricional, poucos estudos publicados têm avaliado o papel da hipoalbuminemia como preditor de morte em pacientes com tuberculose. Objetivos: Avaliar a associação entre albumina sérica na admissão e morte intra-hospitalar por tuberculose. Métodos: Estudo de coorte prospectivo com 373 pacientes hospitalizados com tuberculose. As amostras foram coletadas sistematicamente de todos os pacientes na admissão hospitalar para mensurar níveis séricos de albumina. A mortalidade intra-hospitalar foi o objetivo do estudo. Análise multivariada foi utilizada para avaliar a associação entre albumina sérica na admissão e mortalidade por tuberculose, e regressão logística multivariada foi utilizada para ajustar potenciais variáveis confundidoras. Resultados: A média de idade dos pacientes foi 41.1 (± 15.2) anos, e 77.2% (288/373) eram homens. Quarenta e cinco dos 373 pacientes eventualmente morreram no hospital (taxa de morte intra-hospitalar de 12.1%; 95%CI: 9.0% - 15.7%). Análise multivariada mostrou que a presença de baixos níveis de albumina sérica (± 2.7g/dl) está fortemente e independentemente associado com morte intra-hospitalar por tuberculose (OR ajustado: 3.38; 95% CI: 1.51-7.59; p = 0.001), mesmo após ajustando para potenciais variáveis confundidoras identificadas na análise multivariada (idade, comorbidades, co-infecção TB-HIV e história de abandono de tratamento). Conclusão: Nossos resultados evidenciam a importância de mensurar os níveis de albumina sérica na admissão hospitalar como um indicador de prognóstico de pacientes hospitalizados com TB.
PO111 infecção POR mycobacterium avium EM UM PACIENTE PORTADOR DE pneumoconiose. relato de caso
Soares Torres AA, Lehmkuhl L, Fernandes C, Cavallazzi A, Moritz P, Jaques Steidle LJ, Bauer O, Pizzichini E
Hospital Universitário-UFSC, Florianópolis, SC, Brasil.
Palavras-chave: Silicose; Micobacteriose atípica; Pneumoconiose
Introdução: A tuberculose pulmonar é uma complicação freqüente da silicose (caracterizando a sílicotuberculose), mas poucos casos de micobacteriose atípica têm descritos neste tipo de paciente. Objetivos: Relato de caso. Métodos: Homem de 45 anos, tabagista, trabalhador por 30 anos em lavoura fertilizada com calcário. Resultados: Admitido com quadro dispnéia progressiva há 13 anos associada a infecções pulmonares de repetição. A TC de tórax demonstrou áreas de fibrose maciça confluente bilateralmente promovendo a retração dos hilos pulmonares. A espirometria mostrou limitação grave ao fluxo de ar das vias aéreas com resposta broncodilatadora. A plestimografia evidenciou capacidade pulmonar total normal, volume residual discretamente aumentado e capacidade de difusão do CO normal. Iniciado tratamento beclometasona 800mcg/dia e formoterol 24mcg/dia. Devido ao quadro clínico e radiológico típico de silicose, optou-se por não realizar a biópsia pulmonar. Dois anos após, o paciente foi readmitido com um quadro de febre, emagrecimento, astenia, sudorese noturna e tosse produtiva há 4 semanas. O radiografia de tórax mostrou um novo infiltrado intersticial em ápice pulmonar esquerdo. A pesquisa de BAAR no escarro foi positiva (3+/4+) e a sorologia para HIV foi negativa. Iniciado tratamento com rifampicina, isoniazida e pirazinamida. No trigésimo dia de tratamento, o paciente desenvolveu colestase e então a rifampicina e pirazinamida foram substituídas por etambutol e estreptomicina. Os sinais de hepatopatia regrediram. Apesar do tratamento com o novo esquema por mais 36 dias, os sintomas sistêmicos de febre, dispnéia, astenia e sudorese noturna persitiram. A cultura do escarro mostrou a presença de bacilo multirresistente levantando a suspeita de micobacteriose atípica, o que foi confirmado por PCR que identificou Mycobacterium avium complex. Iniciado tratamento com Amicacina, Claritromicina e Etambutol, havendo melhora importante do quadro depois de 8 semanas de tratamento com este esquema. Conclusão: Discussão: O caso destaca a importância da suspeita desta micobacteriose em pacientes tratados com tuberculostáticos que mantém escarro com BAAR positivo e teste de sensibilidade evidenciando resistência. Vale destacar ainda a silicose como doença composta de anormalidades na resposta imune facilitando o desenvolvimento de infecções atípicas. A principal micobactéria atípica é o < 1 > Mycobacterium avium, a qual foi reconhecida como causa de doença em pacientes com silico-tuberculose em 1943. Os sinais e sintomas da doença são inespecíficos e podem ser facilmente confundíveis com tuberculose. Nos últimos anos, houve um aumento na prevalência de micobacteriose atípica o que pode ser explicado pela melhora na sensibilidade e da maior solicitação de métodos de laboratório, alem do crescimento do número de imunodeficientes.
PO112 RESISTÊNCIA AOS MEDICAMENTOS ANTI-tuberculose DE CEPAS DE mycobacterium tuberculosis ISOLADAS DE PACIENTES INTERNADOS EM Hospital TERCIÁRIO NA Bahia
Matos ED, Bittencourt CN, Lemos ACM
Hospital Especializado Octávio Mangabeira, Salvador, BA, Brasil.
Palavras-chave: Multidrogaresistente; TBMR; Tuberculose
Introdução: Resistência aos medicamentos anti-tuberculose, e particularmente multirresistência, constitui um importante problema para o controle da tuberculose. Objetivos: Estimar a prevalência da resistência primária e adquirida aos medicamentos anti-tuberculose em cepas de Mycobacterium tuberculosis isoladas de pacientes internados, identificar fatores de risco para resistência e avaliar o impacto desta na mortalidade hospitalar por tuberculose. Métodos: Foram analisadas cepas de Mycobacterium tuberculosis de 217 pacientes internados com TB, de forma seqüencial, em hospital de referência para TB, em Salvador (Bahia-Brasil), durante o período de julho de 2001 a julho de 2003. Cepa multirresistente (MR), foi definida como resistência a rifampicina e isoniazida. Resultados: A resistência primária observada foi de 7,0% (10/145) e a resistência adquirida de 43,1% (31/72). A resistência primária isolada a um fármaco foi observada em 2,1% (3/145) e monorresistência adquirida em 5,6% (4/72). Prevalência de cepas MR, no geral, foi de 14,3% (31/217), sendo a MR primária de 4,2% (6/145) e a adquirida de 34,7% (25/72). Abandono do tratamento permaneceu fortemente associado com resistência na análise multivariada (OR ajustada: 7,21; IC95%: 3,27-15,90; p < 0,001), após ajuste para 3 potenciais confundidores (sexo, alcoolismo e infecção pelo HIV). Observou-se presença de associação entre resistência e mortalidade por TB, mesmo após ajuste para status HIV, idade, sexo e alcoolismo (OR ajustada: 7,13; IC 95%: 2,25-22,57; p < 0,001). Conclusão: Nossos achados corroboram a necessidade de sistematização da solicitação do teste de sensibilidade na rotina da admissão hospitalar nesta população e implementação de medidas rigorosas de biossegurança no referido hospital.
PO113 prevalência DA infecção PELO HIV EM PACIENTES INTERNADOS COM tuberculose NA Bahia (NORDESTE DO BRASIL)
Matos ED, Bittencourt CN, Lemos ACM
Hospital Especializado Octávio Mangabeira, Salvador, BA, Brasil.
Palavras-chave: HIV; Tuberculose pulmonar; Co-infecção TB-HIV
Introdução: A infecção para HIV é um conhecido fator de risco para desenvolvimento de Tuberculose (TB), interferindo também na morbimortalidade. A prevalência da infecção pelo HIV em pacientes com TB tem variado em diferentes regiões do Brasil. Objetivos: Estimar a prevalência de HIV em pacientes internados com TB na Bahia (Nordeste do Brasil) e avaliar seu impacto na letalidade hospitalar. Métodos: Foram avaliados, através de coorte prospectiva, 400 pacientes internados seqüencialmente no Hospital Octávio Mangabeira (referência estadual para internamento de portadores de TB) entre julho de 2001 e julho de 2003 com TB confirmada. A sorologia para HIV foi realizada em todos os pacientes, independente da presença de dados clínicos e/ou epidemiológicos sugestivos de infecção pelo HIV. Resultados: A média de idade + DP foi de 41,4 ± 16,2 anos, e a relação masculino/feminino foi de 3,5:1. A prevalência de infecção pelo HIV foi de 8,3% (IC95%: 5,8%-11,3%). A letalidade hospitalar foi de 12,4% (IC95%: 9,4%-15,9%), sendo significantemente maior no grupo HIV positivo, 27,6% versus 9,7%, no grupo HIV negativo (RR = 2,8; IC95%: 1,4-5,6; p = 0,003). Conclusão: A estimativa de infecção pelo HIV entre pacientes internados com TB na Bahia é de 8,3%. A letalidade hospitalar da TB é elevada (12,4%), sendo o risco relativo de morte cerca de 2,8 maior no grupo HIV positivo.
PO114 PREDITORES DA mortalidade Intra-hospitalar EM PACIENTES COM tuberculose NA Bahia
Matos ED, Bittencourt CN, Lemos ACM
Hospital Especializado Octávio Mangabeira, Salvador, BA, Brasil.
Palavras-chave: Mortalidade; Tuberculose pulmonar; Preditores de mortalidade
Introdução: Trabalhos prévios mostram que idade avançada, infecção pelo HIV e multirresistência aos medicamentos são preditores de morte em pacientes portadores de tuberculose (TB). Existe, no entanto, uma carência de estudos para avaliar se outros fatores estão independentemente associados à mortalidade hospitalar por TB. Objetivos: Identificar fatores independentemente associados à mortalidade hospitalar por TB. Métodos: Estudo de coorte prospectiva, com 395 pacientes com diagnóstico de TB, hospitalizados em Salvador (Bahia/Brasil). Foram avaliadas como preditoras independentes de morte diversas características demográficas, clínicas, laboratoriais e radiográficas identificadas na admissão hospitalar. Óbito durante a hospitalização foi o desfecho de interesse. Foram incluídas no modelo logístico múltiplo as variáveis com valor de p £ 0,05 na análise univariada. Resultados: A mortalidade intra-hospitalar por TB foi 12,7% (50/395). Através do uso de regressão logística múltipla, identificou-se quatro características independente e significativamente associadas a uma maior mortalidade hospitalar por TB: infecção pelo HIV (OR ajustado: 3,37; IC 95%: 1,21-9,4), albumina sérica £ 2,7g/dl (OR ajustado: 2,73; IC 95%: 1,32-5,65), co-morbidades (OR ajustado: 2,27; IC 95%: 1,07-4,83) e saturação de pulso de oxigênio (SpO2) £ 90% (OR ajustado: 4,15; IC 95%: 2,00-8,6). Conclusão: Este estudo indica a importância de identificação dos fatores preditores independentes de mortalidade na admissão hospitalar em pacientes com TB.
PO115 tuberculose ENDOBRÔNQUICA: relato de caso
Kissmann G, Addor G, Martins RC, Nigri DH, Barros Franco CA
PUC-Rio, Rio de Janeiro, RJ, Brasil.
Palavras-chave: Tuberculose endobrônquica; Broncoscopia; Lavado broncoalveolar
Introdução: A tuberculose endobrônquica é definida como a infecção tuberculosa da árvore traqueobrônquica com evidência histopatológica e microbiológica. Na maioria dos casos está associada à tuberculose pulmonar, sendo altamente infecciosa. Mais de 90% dos pacientes com tuberculose endobrônquica apresentam algum grau de estenose, podendo ocorrer estenose traqueal severa. O quadro clínico difere durante os estágios da tuberculose: sibilância, tosse, hemoptise, febre, dispnéia e dor torácica. Seu diagnóstico é difícil, visto não ser visualizada à radiografia simples do tórax. A tomografia computadorizada tem importante papel na avaliação das lesões com obstrução. Objetivos: Relatar um caso de apresentação incomum de tuberculose que teve diagnóstico precoce através de broncofibroscopia e evolução favorável. Métodos: Relato de caso de paciente do sexo masculino, com 72A, Diabetes mellitus insulino dependente e insuficiência cardíaca. Relatava passado de tuberculose pulmonar tratada. Apresentava febre, hipoxemia, tosse seca e hiperglicemia. Tomografia computadorizada do tórax evidenciava infiltrado extenso em lobo superior direito. Uso de quinolona respiratória, sem resposta. Submetido a broncofibroscopia, sendo observadas lesões esbranquiçadas em brônquios fontes e lobares. Realizado lavado broncoalveolar e biópsia. O BAAR do lavado broncoalveolar e do fragmento foram positivos, assim como a cultura para Mycobacterium tuberculosis. Exame histopatológico evidenciou processo inflamatório crônico granulomatoso com necrose caseosa. Iniciado esquema tuberculostático com rifampicina, isoniazida, pirazinamida e etambutol, com melhora clínica. Resultados: A estenose brônquica pode desenvolver-se apesar de tratamento efetivo. O mais importante no tratamento da tuberculose endobrônquica é a erradicação do bacilo, e a prevenção de estenose. A progressão da estenose é evitada pelo diagnóstico e início precoce da terapia. O uso de corticosteróides na tuberculose endobrônquica se mantém controverso, não existindo na literatura comprovação para seu uso. Conclusão: Na tuberculose endobrônquica é importante o diagnóstico precoce, para que seja iniciado o tratamento, com isso minimizado o risco de estenose grave, com necessidade de intervenção cirúrgica ou abordagem endoscópica com utilização de prótese endobrônquica.
PO116 DE ONDE PROVEM CONTAMINAÇÃO DOS INTERNOS NO presídio
Silva CG
CIR, Brasília, DF, Brasil.
Palavras-chave: Busca-ativa; Tuberculose; Presídio
Introdução: A tuberculose ocorre com maior freqüência nos grupamentos humanos com piores condições socioeconômicas e no espaço urbano os seguintes locais tem alto potencial de reprodução da tuberculose: favelas, mocambos, alagados, invasões, população que vivem em ambiente de calamidades públicas, e populações que vivem em ambientes socialmente fechados (escolas, creches, presídios, abrigos sociais, e de idosos...) Com base nos altos índices de aglomeração populacional e no baixo nível de conhecimento das peculiaridade da população alvo principalmente no que tange as doenças infecto-contagiosas, fez-se preemente como atividade inicial ao combate a tuberculose, um projeto de busca - ativa que primasse pela informação. Portanto com vistas a prevenção, tratamento, fez importante o desenvolvimento de estratégias que abordasse a real condição de contaminação com o bacilo de koch para que se pudesse tracejar um plano de controle no seu marco inicial deste o contágio. Objetivos: Comparar os grupos com vistas ao levantamento de possíveis diferenças. Como parte do objetivo na reabilitação e ressocialização é direito garantido por lei que os presos tenham acesso a vários tipos de assistência, como o serviço médico, assessoria jurídica e serviços sociais, sendo que nenhum desses benefícios são oferecidos na extensão contemplada pela lei. Várias doenças infecto-contagiosas tais como Tuberculose e Aids atingiram níveis epidêmicos entre a população carcerária brasileira, ao negligenciar o tratamento adequado visando prevenção. O sistema prisional não só ameaça a vida dos presos como também facilita a transmissão dessas doenças à população em geral através das visitas conjugais e o livramento dos presos e ainda a contaminação dos profissionais que atuam no sistema penitenciário.· Fazer o PPD em uma amostragem de indivíduos recém-chegados ao cárcere. · Fazer o PPD em uma amostragem de indivíduos há mais de 5 dias de internato; · O objetivo deste trabalho foi Verificar se a contaminação pelo Bacilo de Koch em indivíduos encarcerados no sistema penitenciário do Distrito Federal é derivada dos recém-chegados ao sistema prisional ou é transmitida dentro do mesmo, proveniente dos internos que residem ali a algum tempo. Tendo como objetivo específicos. Métodos: A metodologia utilizada para as análises e pareceres desenvolvidas neste trabalho de conclusão de curso classifica a pesquisa como sendo do tipo quantitativa e bibliográfica. Faz-se pesquisa de campo o complexo penitenciário do DF, local onde há grande incidência de proliferação da Tuberculose, no qual se procurou manter contato para a aplicação de teste tuberculínico em uma determinada quantidade de internos do sistema a fim de esclarecer o foco inicial de transmissão do bacilo de Koch. Resultados: Observou-se que o índice de contaminação no presídio era bastante alta mediante o grande número de presidiários infectados com o bacilo. Conclusão: Contaminação geral da população cacerária com tuberculose.
PO117 coccidioidomicose PULMONAR: ESTUDO DE 45 CASOS E REVISÃO DE LITERATURA
Agostinho Rolim JR1, Da Paz AC2, Dos Santos LG3, Agostinho Rolim G4, Camilo da Silva AL5, Dos Martírios Moura Fé JA6, Agostinho Rolim Arruda G7
1,2,5. Universidade Federal do Piauí, Teresina, PI, Brasil; 3,6. Hospital São Marcos, Teresina, PI, Brasil; 4. Universidade Estadual do Piauí, Teresina, PI, Brasil; 7. Universidade Federal do Ceará, Fortaleza, CE, Brasil.
Palavras-chave: Coccidioidomicose; Pulmonar; Epidemiologia
Introdução: A coccidioidomicose (Febre do Vale de São Joaquim, granuloma coccidióidico, doença de Posadas-Wernicke ou reumatismo do deserto) é uma micose sistêmica causada pelo Coccidioides immitis, fungo dimórfico, encontrado predominantemente no solo de regiões desérticas e semi-áridas. Quase todos os animais domésticos, grande diversidade de animais silvestres e o homem são hospedeiros potenciais do C. immitis; deste último, os de exposição ocupacional com íntimo contato com o solo são os mais sujeitos à infecção. Objetivos: Fazer um estudo epidemiológico e revisão de literatura de coccidioidomicose pulmonar. Métodos: Análise de 45 casos de coccidioidomicose pulmonar no Estado do Piauí. Resultados: Foram analisados 45 casos de coccidioidomicose pulmonar quanto ao sexo, fatores de risco, sintomatologia, métodos diagnósticos, histopatologia e exposição ocupacional ao fungo. Conclusão: O C. immitis é o mais virulento de todos os fungos conhecidos, provocando uma micose adquirida por via inalatória e comprometendo principalmente o pulmão. No nosso meio, a atividade de caçar e desentocar tatus de seu habitat é o fator de risco que mais nos chama atenção.
PO118 PACIENTE imunocompetente COM TUBERCULOSE disseminada
Rodrigues MF1, Buzaglo LCP2, Ferreira TA3, Trajano Filho IB4, Bezerra FC5, Soares GM6, Fonseca MS7, Socorro de Lucena Cardoso MD8
1,2,3,4,7,8. Hospital Universitário Getúlio Vargas, Manaus, AM, Brasil; 5. Hospital Universitário Getúlio Vargas, Manaus, AM, Brasil; 6. Fundação de Medicina Tropical, Manaus, AM, Brasil.
Palavras-chave: Tuberculose; Disseminada; Imunocompetente
Introdução: A população indígena em 2006 é estimada em 6.950 habitantes. Na Amazônia se concentra 60% da população indígena e a incidência média de TB é de 75,1 casos por 100000/hab. No Brasil foram notificados 160.591 casos/ano de TB, onde o Amazonas ocupa o segundo lugar. Por causas ainda pouco esclarecidas, os povos indígenas são mais vulneráveis à tuberculose e apresentam formas mais grave às observadas na população geral do país. Objetivos: Realizar o diagnóstico diferencial entre as formas clínicas da tuberculose e sua apresentação radiológica com os demais processos infecciosos, neoplásicos e hemorrágicos. Métodos: Relato de caso de S.F.S., sexo masculino, 25 anos, raça indígena, da Tribo Saterê Mawé. Resultados: Paciente evoluindo há cinco anos com dor em região inguinal esquerda de caráter constritivo que passou a uma tumoração drenada espontaneamente. A dor passou a irradiar para região lombar esquerda e membros inferiores com perda de peso não quantificada. Negava febre, sangramento, sintomas respiratórios ou alteração do hábito intestinal. Mãe e pai falecidos de tuberculose e um irmão com tuberculose na época. Ao exame lúcido, afebril, hipocorado 1+/4+, linfonodo palpável em região inguinal com 4cm não aderido a estruturas profundas. A cavidade oral estava em precárias condições de conservação; tórax com abaulamento de consistência amolecida em região paravertebral direita, aparelhos respiratório e cardíaco sem alterações, PA 100x60mmHg; Abdome assimétrico com abaulamento em fossa ilíaca esquerda, tenso e doloroso a palpação difusamente, traube ocupado, presença de massa endurecida em fossa ilíaca esquerda tomando região lombar esquerda. Pelo estado de caquexia, topografia retroperitoneal da massa e acometimento linfonodal pensou-se em doença linfoproliferativa. Exames Complementares: Sorologia para HIV Não reativo. A Tomografia (TC) de Tórax: com infiltrado micronodular difuso. TC de Abdome: Extensas coleções hipodensas septadas medindo 7cm em seu maior eixo no músculo psoas esquerdo e direito e íliopsoas até sua inserção femoral e paravertebral; corpos vertebrais destruídos por massa paravertebral com extensão para espaço epidural em nível do seguimento lombossacral. O aspirado de abscesso foi positivo para Micobacterium Tuberculosis. A biópsia de linfonodo inguinal apresentou necrose caseosa. Realizou tratamento com esquema I por nove meses. Conclusão: O relato mostra um caso grave do quais os diagnósticos poderiam ser variados: neoplasia abdominal com metástases, linfocarcinomatose pulmonar, linfoma e pouco se pensaria tuberculose disseminada num paciente imunocompetente, mas raramente se apresenta de forma tão agressiva, podendo simular outras diagnóstico por acometer diversos órgãos como neste caso. A escassez de estudos voltados para caracterizar seus aspectos clínicos e radiológicos motivou-nos a publicação deste caso.
PO119 derrame pleural TUBERCULOSO recidivante
Apolinário DB1, Bayer Junior VB2, Junior MDSP3, Campelo Neto EC4, Costa AMDN5, Cavalcanti Lundgren FL6, Gandara JMB7, Santana Baracho JD8
1,2,3,4,5,6,8. Hospital Geral Otávio de Freitas, Recife, PE, Brasil; 7. Hospital Geral Otávio de Freitas, Recife, PE, Brasil.
Palavras-chave: Tuberculose pleural; Derrame pleural; Derrame pleural recidivante
Introdução: A tuberculose pleural é a forma extrapulmonar mais freqüente em indivíduos imunocompetentes. Na maioria das vezes, se apresenta clinicamente de forma aguda, sendo menos comum evoluções com mais de 2 semanas. A resolução do derrame pleural espontaneamente ou após toracocentese diagnóstica é o habitual. A melhora clínica e normalização radiológica após o tratamento é esperada. A recidiva do derrame pleural após a toracocentese não é observada com freqüência na prática clínica. Objetivos: Relatar um caso de derrame pleural tuberculoso recidivante. Métodos: Descrição de caso clínico. Resultados: MDS, 34 anos, natural e procedente de Jaboatão dos Guararapes, admitido com dispnéia progressiva, tosse seca, perda de peso e febre vespertina há 10 dias. Negava tabagismo. Relatava tuberculose pulmonar há 3 anos, tratada. Apresentava ausculta pulmonar abolida no 1/3 inferior do HTD. Radiografia de tórax mostrava derrame pleural em 1/3 inferior de HTD. Toracocentese diagnóstica evidenciou exsudato com predomínio de células linfomononucleares. A baciloscopia foi negativa em 2 amostras de escarro. Após 5 dias, o paciente apresentou piora clínica e radiológica, com aumento do derrame pleural, que agora ocupava 2/3 de HTD. Feito toracocentese de alívio, com retirada de 500ml. Apresentou agravo clínico e a nova radiografia mostrava velamento de todo HTD. Feito nova toracocentese de alívio com retirada de 1250ml de líquido e realizada biópsia pleural. Laudo anatomopatológico evidenciou reação giganto celular com necrose caseosa, processo inflamatório crônico granulomatoso. Foi iniciado tratamento específico para tuberculose (esquema 1) com boa evolução clínica e radiológica. Conclusão: O derrame pleural tuberculoso é quase sempre unilateral, de pequeno a moderado volume. Não costuma se apresentar de forma recidivante. É freqüente o desaparecimento espontâneo do derrame, sendo raro seu reacúmulo. Esta apresentação é mais sugestiva de doença neoplásica. No caso em questão, a principal hipótese era doença neoplásica, tanto pelo reacúmulo como pelo volume do derrame. O diagnóstico diferencial foi possível após confirmação histológica e boa resposta terapêutica.
PO120 artrite tuberculosa E CRIPTOCÓCCICA EM PACIENTE imunocompetente
Pereira M, Spilimbergo FB, Chaves MSS, Issa F, Pereira JD, Moreira ALS
Pavilhão Pereira Filho, Porto Alegre, RS, Brasil.
Palavras-chave: Tuberculose; Criptococose; Artrite
Introdução: A artrite tuberculosa costuma ser monoarticular, comprometendo particularmente o quadril, o joelho, cotovelo, ombros, mãos e pés. Pode evoluir durante meses ou até anos até o diagnóstico. Em geral só é suspeitada quando ocorrem lesões tuberculosas em outro local. Objetivos: Descrever um caso de tuberculose e criprococose ósseas em um paciente imunocompetente e assintomático do ponto de vista respiratório. Métodos: Relato de caso. Resultados: V.F.F., 27 anos, branco, casado, procedente de Osório-RS, agricultor, nunca fumou. Paciente conta que no final de 2004 sofreu queda de uma altura de aproximadamente 2 metros sofrendo trauma leve em joelho direito. Desde então apresentando episódios de dor e edema que respondiam parcialmente a AINE. Em junho de 2005 passou a apresentar dor, edema, flogose e limitação funcional no tornozelo esquerdo. Procurou um especialista sendo encaminhado para o Serviço de Ortopedia da Santa Casa de P. Alegre-RS. Foi solicitado na avaliação inicial uma radiografia de tórax que mostrou lesões nodulares nas porções craniais de ambos os pulmões com predomínio a esquerda. Diante desses achados, foi iniciado RHZ como tratamento de prova e solicitada avaliação da Pneumologia. O paciente se apresentava assintomático do ponto de vista respiratório e em nenhum momento da evolução apresentou queixas respiratórias ou febre. Referia perda ponderal e adinamia. Anti-HIV Não reagente em duas amostras, sendo a primeira obtida durante a internação e a segunda no seguimento ambulatorial posterior. Tomografia de Tórax Na metade cranial dos pulmões, predominantemente nos segmentos posteriores e superiores dos lobos superiores, observam-se imagens grosseiramente nodulares, algumas escavadas e outras com áreas sugestivas de calcificação. Há opacidades micronodulares e estrias fibrosas. Tomografia Joelho esquerdo Grande derrame na articulação femorotibial com espessamento da cápsula articular. Lesões osteolíticas em saco-bocado no osso subcondral do fêmur e da tíbia. Identifica-se osteopenianas porções incluídas do joelho esquerdo. Tomografia de Tornozelo direito Derrame na articulação tibiotalar. Importante aumento das partes moles do tornozelo direito. Biópsia Óssea Realizada no platô tibial do joelho esquerdo apresentou crescimento de Criptococcus sp no cultivo e posteriormente, o cultivo pa micobactéria demonstrou o crescimento de M. tuberculosis. Conduta Foi reiniciado RHZ e associado Fluconazol, em aproximadamente duas semanas o paciente já apresentava regressão praticamente completa dos achados articulares. O paciente segue com RHZ e Fluconazol até completar seis meses. No momento está clinicamente bem e sem queixas. Conclusão: Embora a tuberculose seja uma doença endêmica, não estamos habituados a presenciar uma apresentação articular isolada e sem história de sintomas prévios. Mais incomum ainda é cursar em associação com criptococcose óssea em um paciente imunocompetente.
PO121 É COMUM estenose brônquica LOGO APÓS O TÉRMINO DO tratamento DA tuberculose?: relato de caso DO Hospital Geral de Roraima
Sousa Silva N, Abreu AP, Dal Ri AJ, Da Gama RF, Lima AH, Sousa ALGB, Araújo JV
Universidade Federal de Roraima, Boa Vista, RR, Brasil.
Palavras-chave: Tuberculose; Estenose brônquica; Complicações
Introdução: As complicações decorrentes da tuberculose são bem conhecidas podendo ser parenquimatosas, pleurais, vasculares ou aéreas. Neste último grupo encontra-se a estenose brônquica que se divide por sua vez em estenose por compressão extrínseca ou endobrônquica. Tal estenose quando acomete o brônquio principal leva a atelectasia tendo a broncofibroscopia o principal instrumento diagnóstico. Objetivos: Revisar a literatura sobre as complicações menos comum da tuberculose tendo em vista a importância e a necessidade de reforçar a possibilidade desta ocorrência em nosso meio. Métodos: Levantamento bibliográfico nos bancos de dados eletrônicos. Realizou-se também pesquisa manual, entre as referências bibliográficas dos trabalhos selecionados. Resultados: Uma paciente do sexo feminino, de 20 anos, parda, natural de Roraima, foi atendida no ambulatório de Pneumologia com tosse produtiva e perda ponderal há três meses. Após investigação clínica e laboratorial foi diagnosticada tuberculose pulmonar positiva sendo realizado esquema I (RIP) por seis meses regularmente. Ao final do tratamento, após ter apresentado boa evolução clínica e radiológica, apresentou episódio súbito de dor torácica, sem outros sintomas. O exame físico era normal, com exceção da ausculta pulmonar na qual o murmúrio vesicular encontra-se bastante diminuído no hemitórax direito (HTD). A radiografia de tórax demonstrou opacidade homogênea de todo o HTD com desvio da traquéia e mediastino ipsilateral. A Tomografia computadorizada de tórax apresentava atelectasia de todo o pulmão direito. Após exames de imagem, uma broncoscopia foi realizada e evidenciou estenose concêntrica total do brônquio principal direito sendo o resultado anatomopatológico: processo inflamatório inespecífico. Foi encaminhada para cirurgia torácica em outro estado, pois não dispomos de cirurgião torácico em Roraima, para possível realização de broncoplastia ou dilatação brônquica, porém a equipe cirúrgica optou por não realizar cirurgia. Conclusão: A estenose traqueobrônquica como complicação da tuberculose pode ser causada por processo inflamatório granulomatoso na parede traqueobrônquica ou por pressão extrínseca por linfonodos peribrônquicos aumentados. O envolvimento endobrônquico ocorre em aproximadamente 2 a 4% dos pacientes com tuberculose pulmonar, sendo o brônquio principal esquerdo o mais acometido. Estes índices englobam sobretudo pacientes que possuem complicações pulmonares tais como: Bronquiectasia, destruição e cicatrização pulmonar secundárias a pneumopatias diversas. A paciente em questão mostra-se de forma diferente por ter a apresentado estenose brônquica logo após o término do tratamento e na ausência de seqüelas pulmonares.
PO122 CARACTERIZAÇÃO GENOTÍPICA DO PERFIL DE ACETILAÇÃO DE PACIENTES COM tuberculose ATENDIDOS EM Hospital DE REFERÊNCIA NO Rio Grande DO SUL. RELATO PRELIMINAR
Possuelo LG1, Jarczewski CA2, Brito TC3, Gregianini TS4, Piccon PD5, Ribeiro AW6, Zaha A7, Rossetti MLR8
1,2,3,4,6,8. CDCT/FEPPS, Porto Alegre, RS, Brasil; 5. Hospital Sanatório Partenon, Porto Alegre, RS, Brasil; 7. CBIOT/UFRGS, Porto Alegre, RS, Brasil.
Palavras-chave: Tuberculose; Farmacogenética; NAT2
Introdução: Isoniazida (H), um dos mais importantes fármacos utilizados no tratamento e quimioprofilaxia da tuberculose (TB) é metabolizada no fígado principalmente pela enzima N-acetiltransferase 2 (NAT2), para formar hepatotoxinas. Os diferentes níveis de toxicidade produzidos pela H tem sido, em parte, atribuídos à variabilidade genética em NAT2 associada às diferenças do caráter acetilador (lento ou rápido). Entretanto, associações entre o perfil de acetilação lenta e o desenvolvimento de hepatotoxicidade à H deve ser melhor caracterizado. Objetivos: Determinar o perfil de acetilação de pacientes com TB atendidos no ambulatório do Hospital Sanatório Partenon, através da análise das variantes alélicas encontradas no gene que codifica NAT2. Métodos: Foram coletadas 98 amostras de sangue de pacientes em tratamento para TB com esquema RHZ (rifampicina, isoniazida e pirazinamida). Foi obtido consentimento livre e esclarecido, além de realizada uma entrevista para obtenção de dados epidemiológicos. O DNA humano foi extraído a partir de 500mL de sangue total através da técnica de Salting Out (Miller et al., 1988). A identificação de mutações presentes no gene NAT2 foi realizada através do seqüenciamento de um fragmento de 1093pb no qual está inserido toda a região codificante do gene NAT2. Os resultados foram analisados através dos softwares Chromas, Clustal X e SPSS. De acordo com as análises genéticas, aqueles pacientes que apresentaram dois alelos mutantes para as mutações G590A, T341C e G857A foram definidos como acetiladores lentos. Resultados: Dos 98 pacientes analisados, 68 (68,7%) foram determinados como acetiladores lentos. A freqüência encontrada das mutações acima descritas foram as seguintes: 24,2%, 46,5%, 22,2%, respectivamente para G590A, T341C e G857A. Conclusão: Este é o primeiro estudo do perfil de acetilação de uma população do Rio grande do Sul, onde se observou proporção maior de acetiladores lentos do que rápidos, em comparação a proporção encontrada em outras populações caucasianas da Espanha e Alemanha. No entanto, as mutações ora encontradas são similares às descritas na literatura como as mais freqüentes em caucasianos e asiáticos. Em função do pequeno número de casos estudados até o momento, não foi possível estabelecer relação entre o perfil de acetilação e o desenvolvimento de hepatotoxicidade pelo RHZ, considerando-se que a incidência deste efeito adverso é baixa.
PO123 prevalência DA infecção POR mycobacterium tuberculosis EM Universitários DA ÁREA DE SAÚDE EM Salvador (Bahia, Brasil)
Marinho JM1, Mendes CMC2, Oliveira E3, Pedrosa MR4, Santos CDPC5, Meira Júnior AES6, Barbosa T7, Arruda S8
1,2,5,6. Escola Bahiana de Medicina e Saúde Pública, Salvador, BA, Brasil; 3,4,7,8. CPQGM - Fiocruz, Salvador, BA, Brasil.
Palavras-chave: Reação de Mantoux; PPD; Mycobacterium tuberculosis
Introdução: Em nosso meio, visto a grade incidência de tuberculose pulmonar com baciloscopia positiva existe uma alta prevalência de indivíduos infectados pelo Mycobacterium tuberculosis. Sendo, portanto importante conhecer a prevalência em alunos que estão iniciando cursos universitários na área de saúde. Objetivos: Quantificar a resposta cutânea ao Derivado Protéico Purificado (PPD) e identificar com o Teste Tuberculínico (TT) os alunos que apresentem um resultado Forte Reator (induração ³ 10mm). Métodos: Estudo transversal em alunos universitários matriculados no primeiro ano de cursos da área de saúde. O teste tuberculínico foi realizado por profissional treinado e seguindo as orientações do Ministério de Saúde do Brasil, usando-se PPD Rt23 através da técnica de Mantoux. Os alunos inicialmente não reatores (0 a 4mm), foram convidados para realização de um segundo teste, entre 7 a 15 dias, com objetivo de complementar a avaliação. Resultados: Dos 827 alunos voluntários que responderam ao questionário e assinaram o Consentimento Livre e Esclarecido, 700 alunos (84,6%) realizaram o teste e retornaram para leitura. Destes 432 eram não reatores no primeiro TT, 242 realizaram o 2º teste e 209 retornaram para a leitura. O total de alunos que completou a avaliação foi de 477 com 182 apresentando uma induração ³ 10mm, representando uma prevalência de infecção de 38,1%. Conclusão: A prevalência de reação ao TT com induração ³ 10mm, entre estudantes universitários do primeiro e segundo semestres da área de saúde, foi de 38,1%.
PO124 FREQÜÊNCIA DO efeito booster NA REALIZAÇÃO DO teste tuberculínico
Marinho JM1, Mendes CMC2, Oliveira E3, Pedrosa MR4, Vasconcelos ACS5, Meira Júnior AES6, Barbosa T7, Arruda S8
1,2,5,6. Escola Bahiana de Medicina e Saúde Pública, Salvador, BA, Brasil; 3,4,7,8. CPQGM - Fiocruz, Salvador, BA, Brasil.
Palavras-chave: Efeito booster; Teste tuberculínico; Mycobacterium tuberculosis
Introdução: A real prevalência do Efeito booster no resultado da Prova Tuberculínica não é bem conhecida em nosso meio. Podendo levar a interpretação de resultados falso-negativos quando a avaliação Efeito Booster não é realizada. Objetivos: Avaliar a freqüência do efeito Booster em universitários da área de saúde. Métodos: Estudo transversal em alunos universitários matriculados no primeiro ano de cursos da área de saúde. O teste tuberculínico foi realizado por profissional treinado e seguindo as orientações do Ministério de Saúde do Brasil, usando-se PPD Rt23 através da técnica de Mantoux. Todos os alunos inicialmente não reatores (0 a 4mm), foram convidados para realização de um segundo teste, entre 7 a 15 dias, com objetivo de avaliar o Efeito Booster. Resultados: Dos 827 alunos voluntários que responderam ao questionário e assinaram o Consentimento Livre e Esclarecido, 700 alunos (84,6%) realizarem o teste e retornaram para leitura. Destes 432 eram não reatores no primeiro TT; 190 alunos não retornaram para a realização do segundo teste, 242 realizaram o segundo teste e 209 retornaram para a leitura. Dos alunos que completaram a avaliação 34/209 (16,3%) foram reatores fortes (PPD ³ 10mm) e 18/209 (8,6%) reatores fracos. Conclusão: Com a freqüência elevada do Efeito Booster, sugerimos que o mesmo seja avaliado em indivíduos com PPD não reator em um primeiro teste tuberculínico, evitando-se resultados falso-negativos.
PO125 tumorlets PULMONAR ASSOCIADO A granuloma POR micobacteriose
Meneghetti TA, Alves LR, Cartaxo EO, Ramos SG, Terra Filho J, Vianna EO
USP Ribeirão Preto, Ribeirão Preto, SP, Brasil.
Palavras-chave: Tumorlets; Micobacteriose; Granuloma
Introdução: Tumorlets pulmonares são achados histopatológicos incidentais que, freqüentemente, são localizados em adjacência a tumores pulmonares, tumores carcinóides, bronquiectasias ou outros processos inflamatórios crônicos. São proliferações nodulares de células neuroendócrinas normalmente encontradas nas vias aéreas. Objetivos: Relatar um caso de tumorlets em pulmão associados a granuloma por micobacteriose. Métodos: AMR, 63 anos, encaminhada por imagens nodulares em radiografia de tórax realizada para exame pré-operatório de colecistectomia. Apresentava-se em bom estado geral, sem queixas respiratórias, febre ou emagrecimento. Exame físico normal. A TC de tórax demonstrava infiltrado cicatricial em lobos superiores, múltiplas lesões expansivas nodulares (de até 4cm), heterogêneas, de contornos lobulados em todos os lobos pulmonares, do pulmão direito e esquerdo, com reforço heterogêneo pós-contraste. Resultados: Realizada biópsia a céu aberto. O exame anatomopatológico revelou parênquima pulmonar com extensas áreas de fibrose, em meio a qual se observa agrupamentos linfocitários e histiocitários, além de alguns macrófagos e leucócitos polimorfonucleares em menor número. O fundo fibroso contém fibras espessas de colágeno e fibroblastos sem atipias. Em outras regiões, se demonstrou proliferação de células neuroendócrinas formando ninhos ou cordões geralmente ao redor de bronquíolos. Estas proliferações não formavam grandes massas e eram multifocais. As células proliferadas eram homogêneas de tamanho médio com citoplasmas pálidos e núcleos ovalados exibindo cromatina com aspecto salpicado. A coloração Ziehl-Neelsen evidenciou a presença de alguns bacilos álcool-ácido resistentes na área de fibrose. A pesquisa de fungos foi negativa. O estudo imuno-histoquímico demonstrou positividade para cromogranina, sinaptofisina e CEA nas células dos tumorlets, confirmando a natureza neuroendócrina destas células. A coloração de vermelho congo mostrou positividade fraca e focal na área fibrótica. O resultado da análise foi compatível com granuloma hialinizante causado por micobacteriose associado a pequenos focos de proliferação de células neuroendócrinas (tumorlets). Conclusão: Os tumorlets pulmonares devem ser considerados no diagnóstico diferencial de lesões nodulares principalmente quando se suspeita de carcinoma de pequenas células ou tumores carcinóides. Além disso, os tumorlets podem induzir achados citológicos falso positivos, pois não são, mas se associam à doença principal.
PO126 A RELAÇÃO ENTRE A vacinação BCG EM RECÉM-NASCIDOS E A incidência DE tuberculose NA INFÂNCIA
Picon PD, Tietboehl CN, Bassanesi SL, Gutierres RS, Ott WP, Espina CAA, Ferreira RT
Hospital Sanatório Partenon, Porto Alegre, RS, Brasil.
Palavras-chave: Tuberculose; Vacinação; Incidência
Introdução: A tuberculose (TB) acomete pessoas de todas as faixas etárias. Abaixo dos 15 anos a freqüência de TB depende, entre outros fatores, da proteção conferida pela vacina BCG. Esta proteção, no nível populacional, é determinada pela idade da aplicação da vacina e pela cobertura vacinal. Há indícios que a vacinação dos recém-nascidos (RN) oferece proteção maior que a vacinação aos sete anos de idade. Objetivos: Avaliar a freqüência da TB na faixa etária abaixo dos 15 anos de idade no Estado do Rio Grande do Sul (RS), antes, durante e depois da mudança da idade da vacinação com BCG intradérmico, que passou dos sete anos para o RN. Métodos: Seqüência de três estudos transversais, constituindo um painel de amostra seqüencial com 134.843 pacientes com TB, de todas as idades, tratados no Estado do RS em três períodos distintos: 1978-1988, 1989-1994 e 1995-2005. Entraram no estudo 56.395 pacientes no primeiro período, 27.868 no segundo e 50.580 no terceiro. No primeiro período a vacinação BCG era aplicada em crianças com sete anos de idade, por ocasião do ingresso no primeiro ano do Ensino Fundamental. O segundo período corresponde a transição entre o início da aplicação do BCG em RN e a obtenção de cobertura vacinal em média de 80%. O terceiro período corresponde à fase de consolidação da cobertura vacinal dos RN. Além da faixa etária (< 15 ou >= 15 anos), examinou-se a forma de TB (pulmonar e extrapulmonar). As informações foram coletadas do Sistema de Informação do Programa Estadual de Controle da TB. Resultados: A freqüência de TB na faixa etária abaixo de 15 anos foi 13,2% no primeiro período, 7,9% no segundo e 3,9% no terceiro. A proporção de casos de TB pulmonar entre os pacientes com mais de 15 anos de idade apresentou um leve decréscimo nos três períodos de observação (83,2, 81,9 e 80,8%, respectivamente). Entre os pacientes com menos de 15 anos, esta proporção diminuiu significativamente (76,1%, 69,0% e 63,2%, respectivamente). Assim, nesta faixa etária, ao mesmo tempo que diminuiu o número de casos novos, aumentou a proporção de casos extrapulmonares. Conclusão: A mudança de estratégia de vacinação BCG no RS acompanhou-se de redução da incidência de casos de TB abaixo dos 15 anos, especialmente em sua forma pulmonar. Estes dados sugerem que a vacinação de RN é vantajosa em relação a vacinação aos sete anos de idade. O Ministério da Saúde estima, em publicações oficiais, que 15% dos casos de TB devem ocorrer abaixo dos 15 anos. Os dados deste estudo permitem sugerir que, para locais com cobertura vacinal com BCG no RN próxima de 100%, deveria ser cogitada a utilização do valor de 4% para estimar a freqüência de TB nesta faixa etária.
PO127 LIQUEFAÇÃO DE MATERIAL CASEOSO DE abscesso NA FASE AVANÇADA DO tratamento DE tuberculose
Duque Pereira AL, Zanela VB, Siqueira HR, Freitas FAD, Chauvet PR, Capone D, Costa CH, Rufino R
Hospital Universitário Pedro Ernesto (HUPE), Rio de Janeiro, RJ, Brasil.
Palavras-chave: Tuberculose; Abscesso; Tratamento
Introdução: O material caseoso da tuberculose (Tb) pulmonar ativa, quando se liquefaz, é normalmente eliminado como expectoração, deixando uma cavidade no parênquima. Na tuberculose ativa de coluna lombar o caseum do abscesso peri-lesional, que se liquefaz, pode progredir pela bainha do músculo psoas e se exteriorizar na região inguinal. Alguns autores têm notado a ocorrência de liquefação de material caseoso durante a fase tardia do tratamento. Objetivos: Apresentar dois casos de manifestação tardia de liquefação de caseum, quando a Tb já está na fase avançada do tratamento. Métodos: Relato de caso. Resultados: Caso 1. Paciente masculino, 45 anos, com quadro de abscesso na região paraesternal e fistulização. Havia alargamento do mediastino no RX de tórax e a TC mostrou abscesso na parede torácica e comprometimento do mediastino superior. A hipótese diagnóstica inicial foi de actinomicose, porém a biópsia da lesão paraesternal revelou Tb. No quarto mês de tratamento com RHZ (E-1) a lesão paraesternal já havia cicatrizado, porém surgiu abscesso cervical que drenou espontaneamente e depois cicatrizou. A coleta do material para exame bacteriológico ficou prejudicada. O paciente permaneceu em tratamento regular por nove meses, com cura. Caso 2. Paciente masculino, 25 anos, internado devido a febre e crises convulsivas. O RX de tórax apresentava disseminação miliar. Havia aumento de gânglio cervical, cuja biópsia mostrou padrão de tuberculose. A TC e RNM de crânio evidenciaram várias lesões cerebrais. A sorologia para HIV foi negativa. Iniciou-se esquema RHZ e no quarto mês de tratamento o RX de tórax já estava normal e o gânglio cervical em regressão. Devido a dúvida diagnóstica quanto as lesões do SNC, procedeu-se à biópsia cerebral que confirmou Tb, com pesquisa de BAAR (+). No décimo mês de tratamento o paciente evoluiu com cefaléia intensa. A TC de crânio mostrou grande abscesso, com edema cerebral e desvio da linha média. Na cirurgia havia grande quantidade de material caseoso com BAAR (+). A cultura para Tb foi negativa (CRPHF). Iniciou-se novo tratamento com RHZE por 2 meses e RHE por 10 meses, sendo associada estreptomicina nos 3 meses iniciais e o paciente evoluiu para a cura. Conclusão: O aparecimento tardio - na fase avançada do tratamento da tuberculose - de liquefação de material de abscesso pode não indicar resistência bacteriana, como mostrou o primeiro caso. No segundo caso, a Tb miliar e o gânglio cervical involuíram, demonstrando não haver resistência bacteriana inicial. A cultura negativa do material da lesão cerebral, obtido na segunda cirurgia, não permitiu definição quanto ao diagnóstico de resistência. O esquema final foi a tentativa de resolver, de vez, a Tb cerebral grave do paciente, considerando algum grau de resistência.
PO128 FATORES ASSOCIADOS À OCORRÊNCIA DE tuberculose multirresistente
Júnior GB1, Oliveira CRL2, Almeida I3, Remédios Freitas Carvalho Branco M4
1,4. Universidade Federal do Maranhão, São Luís, MA, Brasil; 2. Secretaria Municipal de Saúde, São Luís, MA, Brasil; 3. Hospital Presidente Vargas, São Luís, MA, Brasil.
Palavras-chave: Tuberculose multirresistente; Co-infecção HIV/TB; Tratamento
Introdução: O problema da resistência às drogas antituberculose não é fato novo e vem crescendo em nosso meio, merecendo atenção para medidas efetivas de controle e tratamento. Objetivos: Estudar fatores relacionados à ocorrência de tuberculose multirresistente (TBMR). Métodos: O local do estudo foi o Hospital Presidente Vargas, única referência do Estado do Maranhão para TBMR. Realizado levantamento retrospectivo de prontuários. As variáveis levantadas foram: sexo, idade, tratamentos já realizados pelo paciente, abandono ou interrupção do tratamento, esquema de retratamento, esquema de falência, supervisão dos tratamentos antes do tratamento para TBMR, etilismo e co-infecção com HIV-AIDS. Resultados: Levantamento de 20 prontuários, sendo 13 (65%) pacientes do sexo masculino, a idade variou entre 23 e 67 anos (média: 41,5 ± 11,6 anos). O fator mais frequentemente relacionado à ocorrência de TBMR foi o número de tratamentos já realizados pelos pacientes (dois ou mais) 95%, seguido de realização do esquema de falência (60%), realização do esquema de retratamento (40%), abandono ou interrupção (35%). Não houve supervisão de nenhum tratamento prévio ao de TBMR. Etilismo e co-infecção TB-HIV/AIDS tiveram freqüência de 10 e 5%, respectivamente. Conclusão: Vários fatores relacionados a tratamentos prévios contribuíram para a ocorrência de TBMR.
PO129 ACOMETIMENTO DE arcos costais ÓSSEOS NA tuberculose, RELATO DE UM CASO
Socorro de Lucena Cardoso MD, Martins RO, De Albuquerque VC, Martins HO
Universidade Federal do Amazonas, Manaus, AM, Brasil.
Palavras-chave: Tuberculose; Arcos costais; Diagnóstico
Introdução: O Brasil junto com outros 21 países em desenvolvimento, apresentam 80% dos casos de tuberculose (Tb). Isto justifica a importância que deve ser dada à tuberculose óssea, que até sendo tão rara, tem a sua importância. A infecção óssea é geralmente solitária e, em alguns casos, é a única manifestação da Tb. A coluna vertebral (em particular as vértebras torácica e lombar) e, depois, os joelhos e os quadris são os lugares mais afetados do esqueleto. Objetivos: Relatar as formas extrapulmonares de acometimentos do Mycobacterium tuberculosis, no Hospital Escola da cidade de Manaus, AM. Métodos: Relato de um caso de Tb óssea com acometimento raro de arcos costais. Resultados: Relato de caso: J.S.S., 26 anos, masculino, solteiro, pardo, natural e procedente de Manaus-AM e feirante. Em Outubro/2004 iniciou-se quadro insidioso de adenopatia em região de hemitórax direito (HTD) e axilar direito, consistência mole, eritematosa, dolorosa, quente e medindo 0,5cm cada. Após 4 meses, as adenopatias passaram a medir 5 e 6cm, respectivamente, associado a perda ponderal de 11kg, astenia, anorexia e tontura. Nega febre, tosse, expectoração, dispnéia e cefaléia. Procurou facultativo somente após 5 meses dos sintomas iniciais, sendo realizado limpeza cirúrgica, drenando 300ml de secreção purulenta, e ter recebido alta com cefalexina. Em Setembro/2005, fez retirada de 2 arcos costais por ter sido feito diagnóstico de osteomielite. Procurou o HUGV/UFAM apenas em Março/2006. Refere que mãe teve Tb pulmonar há 15 anos, e nega casos idênticos na família ou pessoas próximas. Nega ter HIV, diabetes, hipertensão, DPOC e ser tabagista ou etilista. Paciente com fácies consuptiva (IMC = 14,9kg/m²), regular estado geral, auto e alopsiquicamente orientado, distrófico, hipocorado (2+/4+), acianótico e sem edemas. PA = 110 x 70mmHg, FC = 132bpm, FR = 20irpm, pulso fino, célere e de baixa amplitude com perfusão capilar preservada. Há presença de ferida cutânea de 5cm por 3cm em HTD, diminuição da expansibilidade pulmonar, murmúrio vesicular diminuído, com estertores crepitantes ipsilateralmente. Sem alterações cardíacas, renais e abdominais. Nos exames laboratoriais nota-se: Ht = 30%, Hb = 10mg/dl, leucocitose (12.000, com predomínio de segmentados), pesquisa de BAAR em escarro sempre negativa. A tomografia computadorizada revelou espessamento de partes moles que recobre a parede ântero-superior do HTD, com extensão para o espaço extrapleural adjacente associado a lesões líticas em arcos costais. Na histopatologia verifica-se infiltrado de polimorfonucleares, freqüentes corpos GRAM positivos isolados e aos pares, compatível com S. pyogenes e pesquisa de BAAR negativa. Em cultura realizada em Setembro/2005 houve crescimento de Mycobacterium tuberculosis fazendo-o procurar o Serviço de Pneumologia do HUGV. Iniciado Esquema I e paciente em acompanhamento ambulatorial. Conclusão: A tuberculose óssea é a terceira maior (11,87%) causa de forma extrapulmonar da Tb no Amazonas, verificado após levantamento de 20 anos de registros no HUGV da cidade de Manaus.
PO130 prevalência DE PATÓGENOS EM ADULTOS DO CENTRO DE fibrose CÍSTICA da Bahia
Costa Carneiro AC, Moreira Lemos AC, Santana MA
Hospital Octávio Mangabeira/SESAB-BA, Salvador, BA, Brasil.
Palavras-chave: Pseudomonas aeruginosa; Fibrose cística; Infecção
Introdução: Em 2000, dados da Cystic Fibrosis Foundation mostram que 38,7% dos pacientes com Fibrose Cística (FC) estão na idade ³ 18 anos. A complicação mais comum no adulto é a colonização crônica por P. aeruginosa, presente em 79% dos adultos, destes 22% são resistentes à ciprofloxacina (1). Objetivos: Determinar a prevalência dos patógenos nos pacientes portadores de FC diagnosticados na idade adulta, acompanhados no Centro de Referência em FC da Bahia- Hospital Especializado Octavio Mangabeira (HEOM-SESAB). Materiais e métodos: Estudo transversal, em que foram avaliados 35 pacientes adultos que tiveram o diagnóstico de Fibrose Cística na idade acima de 16 anos, 21 (60%) do gênero feminino, com a média de idade ao diagnóstico de 42 anos (16-78). Resultados: Foi identificado P. aeruginosa no momento do diagnóstico em 7 (20%) dos pacientes, destas uma cepa era mucóide, o S. aureus esteve presente em 8 (22%) dos pacientes. De um total de 339 culturas do escarro realizadas, revelaram uma prevalência de P. aeruginosa 24,2%, S. aureus 17,7%, K. pneumoniae 7,3%, flora saprófita 30% A cepa mucóide da P. aeruginosa foi evidenciada em 8 (9,7%) das culturas com P. aeruginosa, e testes de sensibilidade demonstraram 24 (29%) de resistência a duas classes de antimicrobianos configurando o diagnóstico de multirresistência da P. aeruginosa de acordo com os critérios da American CF Foundation. Muitos dos pacientes apresentavam intermitência entre culturas de P. a com resistência e culturas com sensibilidade a várias drogas, denotando tratarem-se de cepa diferentes, o que é comum na FC. Os aureus MRSA foi encontrado em 3 (60%). Conclusão: Na população diagnosticada na fase adulta no nosso centro os patógenos identificados foram em maior escala a P. aeruginosa e o S aureus, seguida por K. pneumoniae, S. pneumoniae, Serratia. Estes dados são concordantes com a literatura (2,3), e com trabalho anterior realizado neste serviço com a população de crianças e adultos que demonstrou uma prevalência de 36, 2% de P. aeruginosa e de 27% de S. aureus (4). Foram observados no nosso estudo a presença de culturas positivas para patógenos (Acinetobacter baumani, S. maltofila) cujo papel como agente agressivo pulmonar vem sendo avaliado.
PO131 tuberculose: APRESENTAÇÃO RARA DE UM CASO clínico
Socorro de Lucena Cardoso MD, Martins RO, De Albuquerque VC, Martins HO
Universidade Federal do Amazonas, Manaus, AM, Brasil.
Palavras-chave: Tuberculose hepática; Diagnóstico; Relato de caso
Introdução: A tuberculose hepática é rara e, quando presente, usualmente está associada a um foco de infecção no pulmão ou no trato gastrointestinal ou em pacientes imunocomprometidos. O diagnóstico tem sido difícil na maioria dos casos e, usualmente, feito no post-mortem. O primeiro caso descrito consta de 1858, sendo descrito aproximadamente 40 casos na literatura desde 1930. Objetivos: Relatar as formas extrapulmonares de acometimentos do Mycobacterium tuberculosis, no Hospital Escola da cidade de Manaus, AM. Métodos: Relato de um caso de Tb hepática de difícil diagnóstico. Resultados: Em Setembro/2005, G.S.O. 23 anos, masculino, serviços gerais, natural e procedente de Manaus-AM foi internado no HUGV com quadro de dispnéia aos mínimos esforços, febre, cefaléia, náuseas, astenia, tosse seca, ascite volumosa e perda ponderal de 8kg em 3 meses. Apresentava-se consuptivo (IMC = 16,6kg/m²), auto e alopsiquicamente orientado, distrófico, hipocorado (2+/4+), ictérico (+/4+), hipohidratado, taquipnéico, com pulso fino, célere e de baixa amplitude. PA = 90 x 60mmHg, FR = 44irpm com tiragem intercostal, murmúrio vesicular abolido em base e terço médio do hemitórax direito. Abdome globoso, massa móvel, doloroso a palpação em hipocôndrio direito, com macicez a percussão e fígado palpável a 4cm do RCD; edema de MMII (4+/4+), bilateral, endurecido e frio. Exames laboratoriais mostravam: leucocitose (13.500 céls/mm, 86% segmentados), TGO = 94u/l, TGP = 46u/l, GGT = 170u/l, bilirrubina total = 2,0, sorologia para hepatites virais e HIV negativa, alfafetoproteína negativa e pesquisa de 3 amostras de BAAR no escarro negativa. No radiografia de tórax, derrame em hemitórax direito, sendo feito toracocentese e drenagem fechada com retirada de 600ml de material sanguinolento. A tomografia computadorizada de abdome revelou fígado com múltiplas lesões focais, hipodensas, difusas, captando meio de contraste (maior diâmetro 10cm em lobo esquerdo), esplenomegalia, linfonodomegalias retroperitoneais peri-aórtico-cavais e ascite. A ressonância magnética apresentou hepatomegalia heterogênea com múltiplas lesões isotensas em T2 e hipotensas em T1, hipocaptantes e espassadas no parênquima. Cultura e sorologia positiva em líquido ascítico para o Mycobacterium tuberculosis e negativa em líquido pleural. À histopatologia mostra infiltrado inflamatório granulomatoso, constituído por células epitelióides e linfócitos e hepatite crônica granulomatosa, compatível com tuberculose hepática. Fez-se uso do Esquema I com melhora do quadro clínico. Conclusão: A tuberculose pulmonar é comum na região amazônica mas é raro seu acometimento hepático pelo bacilo. É importante conhecer esse comprometimento e as formas de disseminação do Mycobacterium tuberculosis, no intuito de se fazer um diagnóstico precoce e escolher um arsenal terapêutico eficaz.
PO132 criptococose Acometendo pulmão E PAREDE torácica SIMULANDO sarcoma DE PARTES MOLES EM HOSPEDEIRO imunocompetente
Martins da Costa FA1, Landim FM2, Silva Júnior JE3, Fernandes MV4
1. Hospital Geral Dr. Waldemat Alcântara, Fortaleza, CE, Brasil; 2,3,4. Instituto do Câncer do Ceará, Fortaleza, CE, Brasil.
Palavras-chave: Criptococos neoformans; Sarcoma; Imunocompetente
Introdução: A criptococose, micose causada pelo fungo Cryptococcus neoformans, está na maioria das vezes associadas à condições de imunossupressão (AIDS, linfomas) e geralmente acomete o sistema nervoso central sendo os pulmão o segundo órgão mais acometido. Infecções cutâneas ocorrem em < 10% dos casos acompanhadas por alterações oculares, ósseas e renais. Em imunocompetentes, a criptococose se associa a exposição à eucaliptos e geralmente não evolui com disseminação. A literatura registra situações clínicas onde o C. neoformans causa manifestações pulmonares e cutâneas simulando massas ou lesões metastáticas, gerando falhas de diagnóstico e atraso na instituição de terapêutica adequada. Objetivos: Descrever episódio de infecção por Criptococos neoformans simulando sarcoma de partes moles em pulmão e parede torácica. Métodos: Relato de caso. Resultados: Trata-se de paciente do sexo feminino, 42 anos, doméstica, que evoluía há 2-3 semanas com adinamia, anorexia e perda de peso, não associada à febre que passou a apresentar massa de crescimento progressivo em região axilar direita e tosse seca esporádica sem febre. Realizou radiografia de tórax que mostrou imagem de contornos mal definidos em lobo inferior direito de limites imprecisos. Ao exame físico encontrava-se hipocorada, orientada, com sinais vitais normais, e era notado massa de consistência elástica em região axilar direita com 11cm em sua maior extensão, indolor. Ausculta pulmonar e cardíaca eram normais e não foram palpadas adenomegalias periféricas. O exame físico do abdome era normal. Realizou tomografia de tórax que mostrou imagem em parede torácica com densidade de 13,5UH. E opacidade de contornos mal definidos em lobo inferior direito com 4cm em seu maior diâmetro sugestiva de implante secundário. Foi submetida a punção da massa axilar que evidenciou material gelatinoso que ao ser submetido à observação por microscopia revelou ser abscesso fúngico por criptococo. Evoluiu com cefaléia sendo realizada punção lombar e tomografia de crânio que não demonstravam sinais de acometimento fúngico. Fez uso de fluconazol por 12 meses com remissão clínico- radiológica. Realizou 02 testes para HIV (ELISA) não reagentes. Conclusão: A ocorrência de sarcoma de partes moles em parede torácica é rara, correspondendo à cerca de 10% dos casos desta neoplasia. Os sítios preferenciais de acometimento do criptococo são o sistema nervoso central e pulmão estando o acometimento cutâneo presente em 10% dos casos. Há diversos relatos na literatura que descrevem infecções criptocócicas simulando tumores primários ou metástases, sobretudo quando ocorrem como massas intracranianas ou pulmonares. Até um terço dos pacientes com criptococose apresenta-se sem febre. O acometimento de mais de um órgão ou as formas disseminadas são mais freqüentes em indivíduos imunocomprometidos. O tempo de tratamento ainda é objeto de discussão, mas a indicação de terapêutica prolongada (pelo menos um ano) tem sido preconizada.
PO133 prevalência DE PATÓGENOS OPORTUNISTA EM PACIENTES DE UM Centro de Referência PARA FC NA Bahia
Costa Carneiro AC1, Moreira Lemos AC2, Adans D3, Arruda S4, Santana MA5
1,2,3,5. Hospital Octávio Mangabeira/SESAB-BA, Salvador, BA, Brasil; 4. Fiocruz, Salvador, BA, Brasil.
Palavras-chave: Aspergilose pulmonar; Fibrose cística; Micobacterioses
Introdução: As infecções em pacientes com fibrose cística corroboram o dano tecidual. Quanto mais cedo diagnosticadas e tratadas, este fator extrínseco de agravo minimizado (1). O Aspergillus, fungo encontrado na natureza, está associado com piora do quadro clínico da FC. A doença pulmonar decorrente de micobactéria não tuberculosa pode ser pouco lembrada em FC e de diagnóstico demorado, por apresentar sintomas como tosse, aumento na produção de esputo, febre baixa, mal estar, hemoptise e radiologia anormal, sintomas freqüentes na FC (2,3,4). Objetivos: Determinar a prevalência de Aspergilose pulmonar, bem como a sua forma mais comum de apresentação e micobacteriose em pacientes com Fibrose Cística (FC) na Bahia. Materiais e métodos: Estudo transversal, realizado no Centro de Referência em FC da Bahia e Hospital Especializado Octávio Mangabeira (HEOM) SESAB. Foram avaliados no período de 09/12/2003 a 07/03/2005 pacientes que tinham diagnóstico de Fibrose Cística com idade de 04 anos. Os critérios de diagnóstico para micobacteriose foram definidos utilizando o guideline de diagnóstico de micocbacteriose em FC da American Thoracic Society (ATS). Foram calculadas as taxas de prevalência para Micobacteriose (2). Os critérios de diagnóstico de aspergilose foram adaptados do consenso para diagnóstico de ABPA da Cystic Fibrosis Foundation (5). Resultados: Foram elegíveis para o estudo 74 pacientes e em 4 pacientes a cultura foi positiva para micobactérias (5,4%). Foi diagnosticada tuberculose pulmonar em 2 pacientes (2,7%) e micobactérias atípicas em 2 pacientes (2,7%) e em um destes pacientes foi tipificado o complexo chelonae/abcessus. Dos 74 pacientes avaliados, ABPA foi a única forma de aspergilose diagnosticada, tendo sido evidenciada em 02 pacientes (2,7%). Conclusão: Este estudo encontrou uma taxa de prevalência de 5,4% de micobacteriose em pacientes com FC, com a prevalência de 2,7% de colonização por micobactérias atípicas. Quanto à Aspergilose foi diagnosticada apenas a apresentação ABPA, com uma taxa de prevalência de 2,7% em pacientes com FC. Observamos elevadas taxas de IgE (20,3%) e aspergilina (22,9%) em pacientes sem diagnóstico de ABPA. Estes pacientes devem ser acompanhados com maior cuidado, pois apresentam maiores risco de evolução para ABPA.
PO134 tuberculose ano-perianal: RELATO DE 2 CASOS NO AMAZONAS EM 1 ANO
Socorro de Lucena Cardoso MD, Martins RO, De Albuquerque VC, Martins HO
Universidade Federal do Amazonas, Manaus, AM, Brasil.
Palavras-chave: Tuberculose ano-perianal; Forma extrapulmonar; Relato de caso
Introdução: A tuberculose ano-perianal é uma forma extrapulmonar rara da doença. Manifestações clínicas que incluem sintomas e sinais de desconforto ou dor anal, fístulas múltiplas ou recorrentes no ânus e linfadenopatia inguinal, não são caracteristicamente distinguíveis de outras lesões anais, devendo a tuberculose estar entre os diagnósticos diferenciais das doenças que afetam a região anal. Objetivos: Relatar dois casos extremamente raros de tuberculose extrapulmonar. Métodos: Avaliou-se, retrospectivamente, os prontuários dos 2 pacientes no período de agosto/2005 a agosto/2006 no Ambulatório Araújo Lima do Hospital Universitário Getúlio Vargas, Manaus, AM. Resultados: CASO I: D.P.A.C. 47 anos, masculino, casado, pardo, pastor, natural e procedente de Manaus/AM. Paciente refere que há aproximadamente 14 anos vem apresentando quadros intermitentes de diarréia pastosa e desconforto à evacuação, com dor em região perianal com secreção amarelada e fétida, sendo diagnosticado fístula perianal. Paciente foi submetido a 3 procedimentos cirúrgicos para fechamento de fístulas recidivantes. Exames laboratoriais: Ht = 37%, Hb = 12,8mg/dl, 6500 leucócitos (predomínio de segmentados), sorologia para HIV negativa e PPD = 28mm. Radiografia de tórax sem alterações. Na retossigmoidoscopia observou-se cicatriz cirúrgica a 7h com orifício fistuloso a aproximadamente 1,5cm do rebordo anal, compatível com fístula perianal. O diagnóstico de tuberculose anal foi estabelecido pelo exame histopatológico do bordo do orifício interno da fístula perianal. Iniciado esquema I, com melhora da sintomatologia do paciente. CASO II: L.F.A. 38 anos, masculino, casado, pardo, operário, natural e procedente de Manaus/AM. Paciente referindo dor em região ano-perianal, associado a fístula recidivante, resistente ao tratamento. Os exames laboratoriais não mostravam alterações significantes. PPD = 16mm e cultura de escarro negativa. A radiografia de tórax apresentou infiltração típica de tuberculose. O diagnóstico do exame histopatológico foi compatível com tuberculose ano-perianal. Conclusão: A tuberculose é uma doença granulomatosa que acomete a região anal devendo sempre ser considerada nos casos de lesão ano-perianal de causa indeterminada, podendo ocorrer de forma isolada ou não. É importante o seu conhecimento a fim de se diagnosticar e tratar corretamente esta doença.
PO135 ANÁLISE DO tratamento TUBERCULOSTÁTICO REGIME intermitente auto-administrado NO Hospital Universitário de Brasília - UNB: EXPERIÊNCIA DE 15 ANOS
De Melo Martins RL, Barcelos CL, Neves da Silva CNG
Hospital Universitário de Brasília, Brasília, DF, Brasil.
Palavras-chave: Tuberculose; Tratamento intermitente; Auto-administrado
Introdução: Dados da literatura mostram que o emprego de tuberculostáticos em regime intermitente apresenta efetividade similar ao seu uso contínuo, porém, com menor incidência de efeitos colaterais e menor custo de tratamento. A desvantagem do esquema tuberculostático intermitente parece residir no fato de haver um maior número de recidivas. O Distrito Federal é a única unidade da Federação que utiliza o tratamento tuberculostático em regime intermitente para tratar a tuberculose, fato que motiva a análise do citado tratamento no Hospital Universitário de Brasília. Objetivos: Verificar a presença de comorbidades e a procedência dos pacientes tratados do referido hospital e analisar os resultados obtidos no emprego desse tratamento. Métodos: Estudo analítico retrospectivo em que os dados foram obtidos por meio da análise dos prontuários dos pacientes submetidos a tratamento tuberculostático no Hospital Universitário de Brasília (HUB) da UnB no período de janeiro de 1999 a dezembro de 2005, com término do tratamento até dezembro de 2005. Foram excluídos os pacientes portadores de HIV uma vez que no HUB estes pacientes são tratados pelo esquema tuberculostático contínuo. A análise do tratamento tuberculostático foi feita com base em dados obtidos em seu início e após 7 meses de tratamento (visto que sua duração mínima é de 6 meses). As informações obtidas da situação do tratamento após 7 meses de seu início foram tratamento encerrado definido de acordo com as normas do Ministério da Saúde - 2002 e tratamento em andamento. Resultados: Foram analisados 300 prontuários sendo que 69 (23%) foram excluídos por constarem que os pacientes eram HIV positivos e 43 (14,3%) por não possuírem as informações relatadas. Dos 188 pacientes restantes, 87 (46,3%) residiam no Distrito Federal e 77 (40,9%) possuíam comorbidades, destacando-se entre elas alcoolismo (16,8%), diabetes (10,3%), e câncer (6,4%). Ao final do sétimo mês, 175 (93%) pacientes terminaram o tratamento, dentre estes 102 (58,2%) obtiveram cura, 12 (6,8%) abandonaram, 9 (5,1%) morreram, 38 (21,7%) se transferiram e 14 (8%) tiveram mudança de diagnóstico. Houve duas falências de tratamento, sendo que um teve alta por transferência e o outro por abandono. Dos 13 (7%) pacientes que ainda estavam em tratamento no sétimo mês, 11 (84,6%) possuíram BAAR negativo no sétimo mês e 2 (15,3%) mudaram de esquema por toxicidade. Conclusão: A maioria dos pacientes tratados no HUB para tuberculose reside fora do Distrito Federal e a comorbidade mais associada à tuberculose foi o alcoolismo. O tratamento foi efetivo na maioria dos pacientes tratados e com baixa taxa de toxicidade. Os resultados encontrados foram similares aos já publicados na literatura médica e indicam que o tratamento tuberculostático em regime intermitente é uma boa opção para o tratamento de primeira linha com vistas ao controle da tuberculose.
PO136 avaliação DAS unidades de referência PARA TBMR NO Brasil
Da Rocha JL1, Keravec J2, Do Valle Bastos LG3, Moore T4, Hijjar MA5
1,5. CRPHF, Rio de Janeiro, RJ, Brasil; 2,3,4. Projeto MSH, Rio de Janeiro, RJ, Brasil.
Palavras-chave: Tuberculose multirresistente; Unidades de referência; Avaliação
Introdução: A existência de pacientes portadores de TBMR é realidade em 139 dos 203 países, segundo a OMS (2006). O Brasil possui 2.437 casos cadastrados no banco de dados nacional de 2000 até 08/2006. O Centro de Referência Prof. Hélio Fraga/SVS/MS gerencia, monitora e fornece os medicamentos do esquema padronizado, que foi validado pelo MS para todos os casos notificados no país. Um Sistema de Vigilância Epidemiológica para a TBMR vem sendo implementado, em parceria com o Projeto MSH (Management Sciences for Health), objetivando fortalecer este gerenciamento e contribuir para a melhoria da qualidade do atendimento. Dado a complexidade, os casos de TBMR são acompanhados em Unidades de Referência (UR) para TB em todos os estados do país. Objetivos: Avaliar a estrutura e funcionamento das UR que atendem pacientes portadores de TBMR. Métodos: Foi elaborado um questionário para ser respondido por todas as UR, contemplando as seguintes variáveis para a realização de um levantamento: caracterização das UR, recursos humanos, exames para diagnóstico, meios de comunicação, fluxo da informação, incentivos e facilitadores, biossegurança, dados gerais da assistência e de internação, e tratamento supervisionado. Resultados: Das 48 referências, 34 responderam (70,8%), sendo 10 UR regionais ou municipais, 15 hospitais estaduais e 9 hospitais universitários federais. Das equipes, 100% contam com médico (73% pneumologista), 70% com enfermeiro, 47% com assistente social, 38% com psicólogo, 55% com téc. de enfermagem e 32% com téc. de laboratório. Dos exames para o diagnóstico realizados na própria unidade, os resultados foram: baciloscopia (76%), radiografia (88%), PPD (91%), cultura (35%), TS (14%), hemograma, bioquímica, provas de função hepática, etc (79%), e sorologia para HIV (52%). Dos meios para a comunicação, 82% contam com telefone e 50% com internet. Das estratégias de biossegurança, estão implantadas: máscara N95 (64%), máscara para os pacientes (78%), agendamento diferenciado (50%), cartazes de esclarecimento sobre as medidas de controle (64%), inquéritos tuberculínicos para os profissionais de saúde (29%), mapeamento de áreas de risco (23%), comissão de controle de infecção por TB (32%), e sala de espera aberta e ventilada (44%). Quanto ao regime de tratamento, 50% relatam supervisão direta na US, 32% contam com hospitalização na fase inicial e 14% durante todo o tratamento. Conclusão: O levantamento detalhado das condições de atendimento mostrou grande heterogeneidade de estrutura e de funcionamento. Há deficiências na aplicação das normas de biossegurança, na padronização dos procedimentos e de informação. Como componente do projeto de implementação do Sistema Nacional de Vigilância Epidemiológica da TBMR, serão realizados cursos de capacitação para as UR nos estados com intuito de contribuir para a redução das deficiências evidenciadas, diminuir as distorções técnicas, facilitar a integração, estimular a estruturação dos serviços, a qualidade da assistência e da vigilância.
PO137 tuberculose PULMONAR E MASSA DE MEDIASTINO ANTERIOR
Aldegheri Paschoal FH, Bombarda S, Sales RKB, Guanabara DM, Seisento M
Faculdade de Medicina da Universidade de São Paulo - FMUSP - Disciplina de Pneumologia, São Paulo, SP, Brasil.
Palavras-chave: Massa mediastinal; Tuberculose; Teratoma
Introdução: Massas de mediastino anterior são patologias relativamente freqüentes e que apresentam como principais diagnósticos diferenciais linfomas, timomas, teratomas e massas tireoidianas. O presente caso descreve a investigação e condução de uma paciente de 41 anos com uma massa mediastinal anterior e que recebeu no seguimento o diagnóstico de tuberculose pulmonar em atividade. Objetivos: Ilustrar, através de um relato de caso, a investigação de uma massa de mediastino anterior e o seu diagnóstico diferencial com a forma pseudo-tumoral de tuberculose mediastinal. Métodos: Relato de caso através de revisão de prontuário, exames radiológicos evolutivos, broncoscopia com coleta de lavado broncoalveolar, biópsia transtorácica com suas respectivas imagens tomográficas, e ressecção cirúrgica da massa. Resultados: Paciente de 41 anos, feminino, com quadro de tosse seca de predomínio noturno, emagrecimento (4kg/6 meses - 8% do peso corporal) e dor pleurítica direita leve e intermitente há 6 meses. Realizou radiografias simples e tomografia computadorizada de tórax, onde se evidenciou alargamento mediastinal anterior e opacidades parenquimatosas heterogêneas, irregulares e finas presentes principalmente em lobo superior esquerdo e lobo médio. Submetida a broncoscopia para coleta de lavado broncoalveolar, cuja cultura identificou M. tuberculosis. Iniciado esquema I, com resolução completa da tosse e da astenia, além da recuperação do peso, porém sem melhora radiológica da massa mediastinal. Paralelamente ao tratamento clínico, a paciente foi submetida a uma biópsia transtorácica da massa mediastinal com avaliações cito e histológica mostrando um processo inflamatório não específico, podendo ser secundário à própria tuberculose (na sua forma mediastinal) ou mesmo a outras patologias. Apesar da melhora clínica e das pesquisas e culturas de escarro subseqüentes negativas, a massa mediastinal não mostrou redução ou aumento de volume ao final do quinto mês de tratamento. Em virtude disso, foi optado por uma abordagem cirúrgica da paciente através de toracotomia para biópsia e ressecção da lesão. O procedimento transcorreu sem intercorrências e o achado intra-operatório foi de uma lesão bem delimitada em mediastino anterior, comprimindo mas sem invadir estruturas e com plano de clivagem facilmente identificável. O exame anatomopatológico definiu a lesão como um teratoma, sem quaisquer sinais de malignidade ou mesmo de infecção associadas. Conclusão: Mesmo com a melhora dos métodos diagnósticos, a tuberculose continua nos trazendo desafios e deve continuar sendo lembrada como possível diagnóstico diferencial em diversas patologias, principalmente torácicas, mesmo que atípicas. Provavelmente a presença desse teratoma mediastinal não levou a nenhum grau de comprometimento local ou sistêmico que facilitasse a instalação de tuberculose pulmonar, mas nos levou a uma extensa investigação da massa até definir a sua etiologia e excluir a forma pseudo-tumoral dessa infecção.
PO138 doença PULMONAR POR mycobacterium abscessus SÉRIE DE TRÊS CASOS
Aldegheri Paschoal FH, Bombarda S, Sales RKB, Guanabara DM, Seisento M
Faculdade de Medicina da Universidade de São Paulo - FMUSP - Disciplina de Pneumologia, São Paulo, SP, Brasil.
Palavras-chave: Mycobacterium abscessus; Doença pulmonar; Micobacteriose não tuberculosa
Introdução: As micobactérias não tuberculosas (MNT) têm papel patológico bem conhecido nas doenças pulmonares, mas seu diagnóstico definitivo é muitas vezes difícil. A população mais freqüentemente acometida é a de pneumopatas estruturais crônicos como os portadores de bronquiectasias. Seu diagnóstico deve ser bastante criterioso já que esses agentes podem ser simples colonizantes ou mesmo contaminantes de tecidos pulmonares ou de amostras laboratoriais, e deve ser baseado em critérios específicos envolvendo características clínicas, radiológicas e laboratoriais. Objetivos: Exemplificar doenças pulmonares causadas por MNT, especificamente M. abscessus, através do relato de uma série de três casos com confirmação diagnóstica. Métodos: Relato de uma série de três casos confirmados de doença pulmonar causada por M. abscessus, realizado através de revisões de prontuário, exames de imagem evolutivos, culturas de micobactérias e revisão de literatura. Resultados: Caso 1 Feminina, 71 anos, tosse produtiva, febre esporádica, adinamia e emagrecimento há 5 anos. Pesquisa de BAAR positiva no lavado broncoalveolar. Sem melhora clínica ou tomográfica (cavidades, nódulos centrolobulares de distribuição segmentar, aspecto de árvore em florescência) após 5 meses de Esquema I para tuberculose. Nova broncoscopia com identificação de Mycobacterium abcessus, confirmado em nova cultura de escarro. Iniciado tratamento com claritromicina, levofloxacino e amicacina com melhora acentuada do quadro. Caso 2 Feminina, 19 anos, com discinesia ciliar primária e indicação de transplante pulmonar; tosse produtiva, dispnéia e emagrecimento crônicos; pesquisa de BAAR positiva no escarro. À tomografia, extensas bronquiectasias bilaterais. Novas amostras de escarro com três culturas positivas para Mycobacterium abcessus. Iniciado tratamento com claritromicina, levofloxacino e amicacina com melhora do quadro. Caso 3 Feminina, 55 anos, com três tratamentos prévios para tuberculose pulmonar, com quadro de escarros hemoptóicos diários e emagrecimento. Pesquisas de BAAR positivas no escarro. À tomografia, bronquiectasias difusas e sinais de doença parenquimatosa em atividade. Iniciado esquema IR para tuberculose pulmonar até culturas e antibiogramas. Ao final do quinto mês de tratamento, sem melhora clínica ou laboratorial, cultura de escarro identificou M. abscessus. Resultado confirmado em outras duas amostras. Iniciado tratamento com claritromicina, levofloxacino e amicacina com melhora importante do quadro. Conclusão: O principal diagnóstico diferencial da doença pulmonar por MNT é a própria tuberculose. Nos casos apresentados vemos que é comum o tratamento inicial para tuberculose pulmonar, e que só a insistência no diagnóstico diferencial ao longo do tratamento leva à identificação correta do agente causador. Somente depois de uma avaliação criteriosa é que podemos definir tais agentes como reais causadores de infecção pulmonar.
PO139 EXTENSÃO DA ALTERAÇÃO RADIOGRÁFICA INICIAL NOS PACIENTES COM tuberculose
Cassia Santa Cruz R1, Albuquerque MFPM2, Campelo ARL3, Lucena RC4, Torres BS5, Rodrigues RS6, Almeida Cruz GSL7, Rocha TS8
1,2,3,4,5,6,7. UFPE, Recife, PE, Brasil; 8. Prefeitura de Recife, Recife, PE, Brasil.
Palavras-chave: TB; Extensão; Lesão
Introdução: A tuberculose (TB) pulmonar permanece como um grande desafio para a saúde pública, responsável por altas taxas de morbimortalidade em todo o Mundo, principalmente nos países em desenvolvimento que concentram a maioria dos casos notificados. A literatura tem alertado para o fato da rapidez no diagnóstico e instituição precoce da terapêutica serem aspectos fundamentais no controle da TB, mediante a diminuição da mortalidade e da morbidade. Embora os padrões radiográficos não usuais em TB tenham, recentemente, sido enfatizados na literatura, o padrão típico de reativação da doença ainda predomina nos adultos imunocompetentes com tuberculose. A radiografia do tórax é, portanto, um método importante de aproximação diagnóstica, e, se é normal, tem um alto valor preditivo negativo, quando se suspeita de TB pulmonar ativa, sendo a freqüência dos falsos negativos de, aproximadamente, 1%. A detecção do grau de extensão da lesão pulmonar, no momento do diagnóstico, pode sugerir, indiretamente, se o diagnóstico foi em tempo oportuno ou realizado tardiamente. Objetivos: Verificar o grau de extensão da lesão na época do diagnóstico de tuberculose pulmonar. Métodos: Estudou-se um total de 96 pacientes, com 15 anos ou mais anos de idade, com diagnóstico de tuberculose pulmonar, atendidos em três unidades de saúde da Região Metropolitana de Recife no período de janeiro de 2003 a agosto de 2005, que possuíam radiografia do tórax, no início do tratamento, com graus de extensão das lesões pulmonares classificadas pelo critério da National Tuberculosis Association (NTA). Resultados: Apresentam-se os pacientes por sexo, grupo etário, e grau de extensão da lesão pulmonar, antes do tratamento. Nessa tabela, observa-se que, 54,2% dos pacientes, eram do sexo masculino; as duas faixas etárias mais prevalentes foram: 15 a 39 anos e 40 a 59 anos com 45,8% e 42,7%, respectivamente; e dos 60 aos 72 anos 11%; a extensão da lesão foi classificada como NTA III, para a maioria (61,5%) dos pacientes; como NTA II, em 30,2% deles; e, em 8,3% dos pacientes, a extensão da lesão foi classificada como NTA I. Conclusão: Este estudo vem confirmar que, em nosso meio, o diagnóstico da tuberculose ainda é bastante tardio e, portanto, a lesão pulmonar inicial é, em geral, extensa. A identificação precoce dos pacientes é uma forma de reduzir a disseminação da doença, minimizar a agressão tecidual pulmonar, propiciando lesões menos graves e, conseqüentemente, à redução das seqüelas. Uma contribuição do presente estudo foi identificar um indicador precoce de disfunção respiratória, que pode ser utilizado em pacientes que tenham sido diagnosticados, após longos períodos de doença. Realizar radiografia do tórax, à época do diagnóstico, e classificá-la de acordo com critérios, como o NTA, que podem ser utilizados por profissionais de saúde de unidades de atenção primária, deverá contribuir para diminuir, à morbimortalidade secundária a tuberculose pulmonar.
PO140 SEQÜELA FUNCIONAL DE ACORDO COM A extensão da lesão
Cassia Santa Cruz R, Albuquerque MFPM, Campelo ARL, Torres BS, Padilha Freitas CD, Loureiro PAC
UFPE, Recife, PE, Brasil.
Palavras-chave: Tuberculose; Grau de extensão; Espirometria
Introdução: A tuberculose (TB) pulmonar permanece como um grande desafio para a saúde pública. A detecção do grau de extensão da lesão pulmonar, no momento do diagnóstico, pode sugerir, indiretamente, se o diagnóstico foi em tempo oportuno ou realizado tardiamente. Além disso, uma variedade de seqüelas podem ocorrer no pulmão de pacientes que iniciam o tratamento após longo período de doença, inclusive disfunção respiratória. Objetivos: Avaliar a seqüela funcional em pacientes após o tratamento da TB, de acordo com o grau de extensão da lesão. Métodos: Estudou-se um total de 96 pacientes, com 15 anos ou mais anos de idade, com diagnóstico de tuberculose pulmonar, atendidos em três unidades de saúde da Região Metropolitana de Recife no período de janeiro de 2003 a agosto de 2005, que possuíam radiografia do tórax, no início do tratamento, com graus de extensão das lesões pulmonares classificadas pelo critério da National Tuberculosis Association (NTA). Os pacientes responderam questionário, no início da pesquisa, e foram submetidos à prova de função pulmonar, após o término do. Resultados: Verifica-se que houve um maior percentual de pacientes com disfunção respiratória do sexo masculino, 67,3% (35/52); com o maior tempo de doença (mais de 30 dias); e entre as faixas etárias (65,9 e 67,3, respectivamente); nós agregamos o NTA I e II, e chamamos grau I; e o NTA III, chamamos grau II. Ao nível de significância estatística considerado (5,0%) verifica-se que o grau de extensão da lesão pulmonar, antes do tratamento, existe um risco de 1,5 vezes de desenvolver disfunção respiratória em quem tem grau II. Conclusão: Existem poucos estudos prospectivos avaliando as conseqüências da tuberculose pulmonar e seu tratamento sobre a função respiratória. Observamos, todavia, que os pacientes que referiam um tempo de doença maior que 60 dias apresentaram maior freqüência de distúrbio ventilatório restritivo leve ou distúrbio ventilatório misto. A ausência de associação, estatisticamente significativa, entre a disfunção respiratória e o tempo de doença referido pelos pacientes, no presente estudo, pode ser devido ao pequeno tamanho da amostra estudada. Esta hipótese é reforçada pela observação de aumento gradativo da freqüência de casos com esse tipo de seqüela à medida que a demora, para o inicio do tratamento, passou de, até, 30 dias para um período de tempo maior que 60 dias. O tempo maior para o diagnóstico tem um risco 1,7 vezes de desenvolver disfunção respiratória. Não observamos, também, associação, estatisticamente significativa, entre a extensão da lesão pulmonar, antes do tratamento, e o tempo de doença. Porém, os maiores percentuais de casos, com lesões extensas (NTA III), foram encontrados entre os pacientes com tempo de doença maior que 60 dias.
PO141 efeitos adversos DO esquema RMZ
Picon PD1, Ott WP2, Bassanesi SL3, Rizzon CFC4, Gutierres RS5, Dalcolmo MP6, Sperb APV7
1,2,3,4,5,7. Hospital Sanatório Partenon, Porto Alegre, RS, Brasil; 6. Centro de Referência Hélio Fraga (MS), Rio de Janeiro, RJ, Brasil.
Palavras-chave: Tuberculose; Esquema RMZ; Efeitos adversos
Introdução: O esquema RMZ (rifampicina, etambutol e pirazinamida) foi utilizado no RS até o início da década de 1980 no retratamento das falências dos esquemas SPH (estreptomicina, isoniazida e PAS) e STH (estreptomicina, isoniazida e tioacetazona), sendo a R usada nos primeiros 3-4 meses e o M e a Z durante 12 meses. As doses diárias preconizadas eram 600mg de R, 1200mg M e 2000mg de Z, independentemente do peso do paciente. Objetivos: Relatar os efeitos adversos do RMZ aplicado a pacientes de unidades ambulatoriais. Métodos: 2, Exato de Fisher e t de Student, sendo considerados significativos valores de p · Foram analisados 391 adultos com TB pulmonar bacilífera de unidades ambulatoriais de Porto Alegre, RS. Os efeitos adversos (EA) foram obtidos através de revisão das fichas clínicas de 280 pacientes e do estudo previamente publicado por um dos autores em 111 pacientes. Os EA foram agrupados como digestivos, dermatológicos, articulares, visuais e outros. As variáveis estudadas foram: sexo, cor da pele, modo de uso dos fármacos e dose por kg de peso corporal. Testes usados: < 0,05. Resultados: 12,8 anos. Fizeram uso irregular do RMZ 41,8% dos pacientes, sendo a irregularidade maior no sexo masculino do que no feminino (46,5 vs. 30,5%; p = 0,014). As doses (mg/kg/dia) dos fármacos em 280 pacientes foram 10,8 ± 1,8 de R, 21,6 ± 3,7 de M e 39,7 ± 7,8 de Z, sendo que 17,1% dos pacientes receberam dose de M · 70,7% eram homens e 68,7% brancos. A idade média foi 36,6 > 25mg/kg e 90,4% dose de Z > 30mg/kg, respectivamente as doses máximas recomendadas para esses fármacos. As mulheres receberam doses maiores de R (11,8 ± 2,1 vs. 10,3 ± 1,5; p < 0,0001), de M (23,5 ± 4,2 vs. 20,7 ± 3,1; p < 0,0001) e de Z (42,3 ± 8,5 vs. 38,7 ± 7,2; p = 0,0004) do que os homens. Ocorreram EA em 69 pacientes (17,6%), exigindo modificar o esquema por toxicidade em 11 (2,8%). Os EA registrados foram: digestivos (9,5%), dermatológicos (2,0%), articulares (2,3%), dificuldade visual (1,8%) e hepatotoxicidade (2,0%). Os EA foram mais freqüentes nas mulheres do que nos homens (26,8 vs. 14,1%; p = 0,012), sendo, respectivamente, a incidência de hepatotoxicidade (4,9 vs. 1,0; p = 0,063) e a troca do esquema por toxicidade (6,1% e 2,0%; p = 0,128) semelhante nos dois sexos. A ocorrência de EA também foi maior entre os brancos do que nos não brancos (21,9 vs. 91,%; p = 0,010). Embora a freqüência de EA tenha sido cerca de 1,7 vezes maior nos pacientes que usaram regularmente a medicação do que naqueles com uso irregular, não houve significância estatística (21,5 vs. 12,8%; p = 0,062). As doses de R, M e Z foram semelhantes nos com EA e sem EA, bem como nos pacientes com e sem EA hepáticos, articulares ou visuais. Conclusão: A pequena taxa de efeitos adversos determinados pelo esquema RMZ, mesmo tendo sido utilizadas doses elevadas de M e Z por tempo prolongado (12 meses), indica que se trata de um esquema que além de bem tolerado pelos pacientes é seguro, considerando o baixo percentual de troca do esquema por toxicidade (2,8%). Mesmo nas mulheres, que apresentaram toxicidade em maior proporção que os homens, possivelmente por terem recebido doses mais elevadas dos fármacos em função do menor peso, as taxas de hepatotoxicidade e de interrupção do tratamento ficaram em níveis aceitáveis, próximas de 5%.
PO142 tuberculose extrapulmonar - relato de caso
Pinho AS, Leite ACB, Santos FMM
Universidade Federal da Paraíba, João Pessoa, PB, Brasil.
Palavras-chave: Tuberculose; Uveíte; Coroidite
Introdução: Tuberculose doença infecciosa causada pelo Mycobacterium tuberculosis, bacilo aeróbio que sobrevive em meio adverso. Nem todas as pessoas infectadas com M. tuberculosis desenvolvem doença ativa. O risco de desenvolver a doença é maior em imunocomprometidos. Em 1993, a Organização Mundial de Saúde declarou a tuberculose uma emergência de saúde pública global. A disseminação pela bacilemia na infecção primária, a tuberculose produz doença extratorácica. A uveíte, particularmente quando acompanhada de coroidite, surge como a manifestação mais freqüente da tuberculose ocular. Objetivos: Mostrar a importância da prova terapêutica com tuberculostáticos como diagnóstico de certeza na tuberculose extrapulmonar especificamente a ocular como nesses casos. Métodos: Relato de dois casos de Tuberculose ocular com sintomas exclusivos de perda da visão. Ambos do sexo feminino de idades 49 e 51 anos, pardas, com história de 3 e 4 meses, respectivamente, com perda progressiva da visão. Ambas comunicantes recentes de tuberculose pulmonar ativa. Resultados: No primeiro caso o exame oftalmológico em olho direito (OD) mostrou cicatriz de corioretinite em região macular. Teste PPD (Derivado Protéico Purificado) reator forte (16mm). Cálcio sérico e urinário (método o-cresolftaleína) 80mg/dL (valor referência VR: 8,5-10,1mg/dL) e 10,5mg/dL (VR: 2,6-44,2mg/dL), respectivamente. VHS (velocidade de hemossedimentação): 41mm (VR: até 15mm). Radiografia torácica sem alterações de parênquima e/ou ganglionares. O segundo caso, ao exame oftalmológico em OD: hiperemia conjuntiva (2+/4+), precipitados ceratinócitos em endotélio corneano, edema macular e opacidade vítrea (+/4+). PPD forte reator (14mm). Fator reumatóide e reação de VDRL negativos. Radiografia torácica sem alterações de parênquima e/ou ganglionares. Ambas as pacientes iniciarem esquema I para tuberculose com Isoniazida, Rifampicina e Pirazinamida, com melhora do quadro, redução das opacidades e desaparecimento do edema. Conclusão: A tuberculose ainda persiste como a maior causa de morbimortalidade atualmente. Mundialmente, a incidência desta doença tem crescido para 8 milhões de novos casos anualmente e é a causa de morte de 2 a 3 milhões de pacientes todos os anos. As manifestações oculares da tuberculose são diversas e dependem de fatores imunológicos, bacteriológicos e epidemiológicos. A tuberculose ocular constitui uma manifestação de difícil diagnóstico, pois a maioria dos casos ocorre sem concomitante atividade da tuberculose pulmonar. As pacientes apresentadas tiveram diagnóstico de probabilidade o que indicou o tratamento específico como prova terapêutica. A melhora clínica e ocular comprovada com o exame oftalmológico confirmou o diagnóstico de certeza de tuberculose secundária (uveíte e corioretinite). A casuística de tuberculose extrapulmonar tem aumentado em nível ambulatorial, requerendo atenção para o diagnóstico. A assistência médica adequada aliada ao diagnóstico precoce foi essencial para o bom prognóstico dos casos.
PO143 IMPLANTAÇÃO DE UM sistema de vigilância PARA tuberculose multirresistente NO Brasil
Hijjar MA1, Keravec J2, Dalcolmo MP3, Procópio MJ4, Do Valle Bastos LG5, Da Rocha JL6, Diniz LS7, Penna EQAA8
1. Centro de Referência Professor Hélio Fraga (CRPHF) - Ministério da Saúde, Rio de Janeiro, RJ, Brasil; 2,5,6,8. Projeto MSH - Rational Pharmaceutical Management Plus Program (RPM PLUS), Rio de Janeiro, RJ, Brasil; 3,4,7. Centro de Referência Professor Hélio Fraga (CRPHF) - Ministério da Saúde, Rio de Janeiro, RJ, Brasil.
Palavras-chave: Tuberculose multirresistente; Sistema de vigilância; Dados
Introdução: Em março de 2004 através da parceria entre o CRPHF e o Projeto MSH foi desenvolvido um novo sistema de vigilância epidemiológica informatizado para tuberculose multirresistente (TBMR). No momento, este sistema está disponível online via internet e permite aos seus usuários dos diversos níveis acompanharem os pacientes em tratamento, pesquisar informações e racionalizar o uso das medicações específicas. Objetivos: Melhorar o gerenciamento dos dados, incentivar a busca de casos e descentralizar o controle da TBMR no Brasil. Métodos: O sistema está organizado através do CRPHF que gerencia o banco de dados nacional, o provedor do sistema informatizado e os medicamentos, sendo referência técnica para as unidades de saúde de tratamento (UST) para TBMR. As UST são unidades estaduais ou municipais que representam o nível mais periférico deste sistema e atuam em suas áreas como centros de referência para casos complexos de TB. Os casos diagnosticados são registrados no sistema através de uma ficha de notificação, compatível com o SINAN, e recebem na UST a medicação suficiente para 3 meses de tratamento. As UST acompanham os casos, trimestralmente registram no sistema sua evolução através de uma ficha própria, e recebem a medicação para o período seguinte. Esta organização é mantida até o desfecho do caso e os pacientes curados são acompanhados nas UST em consultas periódicas, reportadas ao sistema através de uma ficha de seguimento. A equipe multidisciplinar assistente, as coordenações de TB, as Secretaria da Saúde e o Ministério da Saúde têm acesso integrado às informações em âmbito nacional, regional e local para análise, controle dos casos e gerenciamento dos programas, através de informativos, indicadores e relatórios consolidados gerados pelo sistema. O software foi desenvolvido para ambiente WEB utilizando banco de dados de código aberto, útil para pesquisas científicas, uma vez que permite o cruzamento das diversas variáveis. Resultados: Foram capacitados 450 profissionais das 61 UST habilitadas (44% médicos, 28% enfermeiros, 11% assistentes sociais, 17% outros) e cadastrados 81 usuários com perfis de acesso ao sistema determinados. Desde novembro de 2004 foram registradas no sistema 5.691 fichas correspondentes a 2.450 pacientes com TBMR tratados e acompanhados desde 2000. Observou-se melhora da qualidade dos dados fornecidos pelas UST, melhora das práticas clínicas utilizadas pelos profissionais e aumento da detecção de casos de TBMR no segundo ano após o lançamento do novo sistema de vigilância. Conclusão: A implantação do sistema nacional informatizado para vigilância de casos de TBMR além de contribuir para melhora do manejo dos pacientes e maior controle da doença, representa um avanço na produção e acompanhamento da informação em saúde, permitindo, com o dinamismo do modelo, permanente revisão crítica da qualidade dos dados produzidos e replicação para outros programas de saúde.
PO144 GRAU extensão da lesão DEPENDE DO tempo de diagnóstico
Cassia Santa Cruz R, Albuquerque MFPM, Campelo ARL, Torres BS, Padilha Freitas CD, Loureiro PAC
UFPE, Recife, PE, Brasil.
Palavras-chave: Tuberculose; Extensão da lesão; Tempo de diagnóstico
Introdução: A literatura tem alertado para o fato da rapidez no diagnóstico e instituição precoce da terapêutica serem aspectos fundamentais no controle da TB, mediante a diminuição da mortalidade e da morbidade. A radiografia do tórax é, portanto, um método importante de aproximação diagnóstica, quando se suspeita de TB pulmonar ativa. A detecção do grau de extensão da lesão pulmonar, no momento do diagnóstico, pode sugerir, indiretamente, se o diagnóstico foi em tempo oportuno ou realizado tardiamente. Objetivos: Avaliar se o grau de extensão da lesão, no momento do diagnóstico, depende do tempo em que o diagnóstico de TB pulmonar é realizado. Métodos: Estudou-se um total de 96 pacientes, com 15 anos ou mais anos de idade, com diagnóstico de tuberculose pulmonar, atendidos em três unidades de saúde da Região Metropolitana de Recife no período de janeiro de 2003 a agosto de 2005, que possuíam radiografia do tórax, no início do tratamento, com graus de extensão das lesões pulmonares classificadas pelo critério da National Tuberculosis Association (NTA). Os pacientes responderam questionário, no início da pesquisa, e foram submetidos à prova de função pulmonar, após o término do tratamento. Resultados: O percentual de pacientes, classificados como NTA III (até 30 dias 42,9%, mais de 60 dias, 69,9%), aumenta à medida que o tempo da doença aumenta, ocorrendo o inverso com o percentual de pacientes com extensão NTA I (até 30 dias 21,4%, mais de 60 dias, 5,4%), embora, ao nível de 5,0%, não se comprova associação significante entre as duas variáveis em análise. Conclusão: A ausência de associação, estatisticamente significativa, entre a disfunção respiratória e o tempo de doença referido pelos pacientes, no presente estudo, pode ser devido ao pequeno tamanho da amostra estudada. Esta hipótese é reforçada pela observação de aumento gradativo da freqüência de casos com esse tipo de seqüela à medida que a demora, para o inicio do tratamento, passou de, até, 30 dias para um período de tempo maior que 60 dias. Porém, os maiores percentuais de casos, com lesões extensas (NTA III), foram encontrados entre os pacientes com tempo de doença maior que 60 dias. Este estudo vem confirmar que, em nosso meio, o diagnóstico da tuberculose ainda é bastante tardio e, portanto, a lesão pulmonar inicial é, em geral, extensa.
PO145 fatores de risco PARA não ADESÃO AO tratamento DA tuberculose
Picon PD, Jarczewski CA, Unis G, Espina CAA, Bassanesi SL, Ott WP
Hospital Sanatório Partenon, Porto Alegre, RS, Brasil.
Palavras-chave: Tuberculose; HIV; Não adesão
Introdução: O RHZ é considerado um esquema 100% eficaz quando aplicado a pacientes com tuberculose (TB) sem tratamento prévio (VT). Entretanto, na rotina das unidades de saúde a taxa de cura fica longe desse índice em virtude da não adesão ao tratamento pelos pacientes. Objetivos: Identificar fatores de risco de não adesão ao tratamento da TB ligados aos pacientes. Métodos: 2, Exato de Fisher, t de Student e a técnica de regressão logística múltipla (RLM), sendo considerados significativos valores de p · Entraram no estudo 504 pacientes adultos, VT, tratados com RHZ no ambulatório de TB do HSP, no período de 2004 a 2005. Os resultados foram considerados como cura e não cura (abandono, falência e óbito). As variáveis estudadas foram: idade, sexo, cor da pele, nível de escolaridade, uso de álcool e de drogas ilícitas, presença de infecção pelo HIV, dose e modo de uso dos fármacos. Testes usados: < 0,05. Resultados: 64,7% eram homens, 64,7% brancos, 56,3% não haviam concluído a 8ª série do Ensino Fundamental, 25,0% eram alcoolistas, 22,2% usuários de drogas ilícitas e 24,6% HIV-positivo (o teste anti-HIV foi realizado por 92,3% dos pacientes). Usaram a medicação irregularmente 28,4% dos pacientes, sendo a irregularidade maior nos homens (32,8 vs. 20,3%; p = 0,003), nos alcoolistas (38,9% vs. 24,4%; p = 0,002), nos pacientes com baixa escolaridade (35,2 vs. 20,3%; p = 0,001), nos usuários de drogas ilícitas (41,1 vs. 23,3%; p = 0,0003) e nos pacientes HIV+ (41,9 vs. 21,7%; p < 0,0001) do que nos seus pares. Na RLM o HIV [RC = 2,5 (1,5-4,1); p = 0,0003] estava independentemente associado ao uso irregular dos fármacos. Nos pacientes que usaram a medicação irregularmente a taxa de cura foi menor do que naqueles com uso regular (55,2 vs. 89,7%; p < 0,0001). Assim, as taxas de cura foram menores nos homens (77,0 vs. 84,8%; p = 0,036), nos alcoolistas (73,0 vs. 82,7%; p = 0,022), nos usuários de drogas ilícitas (67,0 vs. 85,1%; p < 0,0001), nos pacientes HIV-positivo (68,5 vs. 86,8%; p < 0,0001) e nos pacientes com baixa escolaridade (71,5 vs. 93,0%; p < 0,0001) do que seus pares. Os curados e não curados não se diferenciaram quanto à idade e quanto à dose diária dos fármacos (mg/kg). Conclusão: A adesão ou não ao tratamento antituberculose depende, além de fatores ligados aos prestadores de serviços de saúde, a questões de ordem pessoal e sócio-cultural. A não adesão ao tratamento é sinônimo de uso irregular dos fármacos, com as conseqüências nefastas para o controle da TB, por proporcionar o surgimento de resistência bacilar secundária, dificuldades de composição de esquemas de retratamento eficazes e outras. O conhecimento dos fatores de risco de não adesão ligados aos pacientes e sua identificação particularizada por ocasião da consulta que precede o início do tratamento permite adotar as medidas necessárias pelos serviços de saúde para minimizar este risco e aumentar as taxas de cura. Entre estas medidas se impõe cogitar o tratamento diretamente supervisionado, especialmente quando existem vários dos fatores de risco associados no mesmo paciente que, aliás, é um fato bastante comum.
PO146 abscesso PULMONAR POR escherichia coli PÓS-nodulectomia
Alves JR1, Farinazzo A2, Farinazzo BAB3, Alves SA4
1,4. Centro do Pulmão, São José do Rio Preto, SP, Brasil; 2. CLIAR, São José do Rio Preto, SP, Brasil; 3. FAMERP, São José do Rio Preto, SP, Brasil
Palavras-chave: Abscesso pulmonar; Escherichia coli; Nodulectomia
Introdução: O abscesso pulmonar é definido como uma coleção circunscrita de pus que leva a formação de uma cavitação e achado radiológico de nível hidroaéreo na cavidade. A incidência de abscesso pulmonar tem diminuído desde o início da terapia antibiótica e o prognóstico foi aprimorado. Atualmente a taxa de mortalidade do abscesso pulmonar é 15-20%. Na era pré antibiótica a taxa era de 30 a 40%. As bactérias anaeróbias são as principais implicadas no abscesso pulmonar. A Escherichia coli é um patógeno que raramente é encontrado no abcesso pulmonar. Objetivos: Relato de caso. Métodos: Relato de caso. Resultados: J.C.B.C. 43 anos, tabagista há 27 anos, em tratamento de hipertensão arterial sistêmica há cinco meses, referiu há 5 meses palpitação, tontura, febre de 38ºC e tosse seca que perdurou por menos de 3 horas. Procurou atendimento médico sendo solicitado Radiografia de tórax com evidência de redução da radiotransparência no segmento posterior do lobo inferior esquerdo por presença de lesões intersticiais. Discreta opacidade homogênea em íntimo contato com corpos vertebrais torácicos inferiores. Com suspeita de tuberculoma foi solicitado Tomografia de tórax que evidenciou nódulo sugestivo de tuberculoma sendo submetido à nodulectomia. Após 15 dias retorna com tosse seca e dispnéia, porém sem febre. Eupnéico ao exame físico com pressão arterial de 120x70mmHg com freqüência cardíaca de 105bpm Saturação de 97%, redução na expansão pulmonar e murmúrio vesicular diminuído no terço inferior de hemitórax direito. Paciente foi submetido à internação e drenagem do abscesso. Feito uso de Gatifloxavina 400mg de 12-12h, Aziromicina 500mg de 12-12h, e Amicanina 500mg de 12-12h ficando internado por 10 dias recebeu alta com Gatifloxacina 400mg por dia por mais 5 dias. A hemocultura e bacterioscopia evidenciaram Escherichia coli. Conclusão: O abcesso pulmonar nos indivíduos com imunodeficiência, microrganismos menos comuns podem ser a causa. Os sintomas iniciais são semelhantes aos da pneumonia: fadiga, perda de apetite, sudorese, febre e tosse produtiva com escarro que pode apresentar estrias de sangue com dor torácica eventual. Freqüentemente, radiografias torácicas revelam a presença de um abcesso pulmonar. As culturas de escarro podem auxiliar na identificação do microrganismo causador do abcesso. O tratamento exige a administração de antibióticos pela via intravenosa ou oral. O tratamento medicamentoso continua até o desaparecimento dos sintomas ou até que uma radiografia torácica demonstre o desaparecimento do abcesso. Ocasionalmente pode ser drenado através de um dreno torácico. Mais freqüentemente, o tecido pulmonar infectado deve ser removido. Em alguns casos, é necessária a lobectomia.
PO147 paracoccidioidomicose disseminada EM PACIENTE imunocompetente EVOLUINDO COM insuficiência respiratória aguda. relato de caso
Batista LL1, Otaviano AP2, Campos BJ3, Do Nascimento ECT4, Ferreira CMO5, Sanomya AH6, Homsi L7, Da Costa Lima MRP8
1. Hospital de Base de São José do Rio Preto, São José do Rio Preto, SP, Brasil; 2,3,4,5,6,7,8. Hospital de Base de São José do Rio Preto, São José do Rio Preto, SP, Brasil.
Palavras-chave: Paracoccidiodomicose; Pneumopatia intersticial difusa; Pneumonia
Introdução: A paracoccidioidomicose (PCM) é uma micose profunda causada pelo Paracoccidioides brasiliensis, endêmica nas áreas subtropicais do Brasil, onde predomina a atividade agrícola. A PCM disseminada em pacientes imunocompetentes é uma patologia infreqüente. Objetivos: Relatar o caso de um paciente previamente hígido com PCM disseminada. Métodos: Paciente de 51 anos, ex-tabagista (35 ano/maço), lavrador aposentado, com história de há 8 meses ter iniciado quadro de dispnéia progressiva (inicialmente grau II da escala de dispnéia MRC) e há 1 mês apresentando dispnéia em repouso (grau IV), associada a tosse com expectoração amarelada, febre não aferida, predominantemente vespertina, perda ponderal de aproximadamente 20kg no período e aumento de volume em região cervical direita. Procurou facultativo onde foi iniciado tratamento para tuberculose devido a imagem radiológica e quadro clínico segundo relato. Por apresentar intensificação do quadro clínico, com adinamia, fraqueza, além da persistência da tosse e dispnéia, foi encaminhado ao nosso serviço. Internado para tratamento e investigação diagnóstica, pela gravidade iniciou-se tratamento para pneumonia com ceftriaxone e claritromicina. O paciente evoluiu com piora clínica e radiológica, apresentando infiltrado interstício alveolar difuso. No terceiro dia de internação, apesar do tratamento, o paciente persistia com dispnéia e apresentou queda da saturação de O2 e rebaixamento do nível de consciência, necessitando de intubação orotraqueal e evoluindo a óbito. No período o paciente foi submetido a exame de escarro (negativo), anti HIV (negativo), hemoculturas (negativas), cultura para micobactéria (negativa), broncoscopia com lavado broncoalveolar (bacterioscopia negativa, pesquisa de BAAR e fungos negativa), e biópsia de linfonodo cervical. Resultados: No anatomopatológico das peças foram visualizados células arredondadas, de dupla parede, birrefringente, e gemulação múltipla, sugestiva de Paracoccidioides brasiliensis, e sem sinais de infecção bacteriana secundaria. O parasita estava presente alem do tecido pulmonar, em supra-renais, fígado, baço, intestino e sistema nervoso central. Conclusão: A PCM disseminada, em paciente imunocompetente, com evolução rápida e insuficiência respiratória como apresentada neste paciente é uma apresentação rara. A forma clínica mais freqüente nos adultos é a forma disseminada crônica, definindo-se pela presença de lesão extrapulmonar progressiva. As lesões de disseminação podem surgir após regressão de acometimento pulmonar, ou concomitante as lesões pulmonares evolutivas. Clinicamente o quadro pode ser polimórfico, porém normalmente monótono e oligossintomático persistindo por vários meses antes do diagnóstico.
PO148 extensão da lesão RESIDUAL PODE LEVAR A disfunção respiratória
Cassia Santa Cruz R, Albuquerque MFPM, Campelo ARL, Torres BS, Padilha Freitas CD, Loureiro PAC
UFPE, Recife, PE, Brasil.
Palavras-chave: Tuberculose; Disfunção respiratória; Lesão residual
Introdução: A importância da detecção precoce dos casos novos de TB decorre das evidências encontradas em alguns estudos que o aumento do tempo, decorrido entre o início de sintomas de um paciente com tuberculose pulmonar até à instituição do tratamento, contribui para uma maior disseminação da doença e para a progressão das lesões pulmonares. Por não haver dados na literatura nacional sobre a existência de associação entre a presença de seqüela à radiografia do tórax e a alteração da função pulmonar aferida pela espirometria, estamos realizando o presente trabalho. Caso haja uma associação positiva entre o grau de extensão da lesão pulmonar residual, pós-tratamento da tuberculose, detectada pela radiografia do tórax, e a presença de alteração funcional respiratória, isso permitirá aos profissionais de saúde, utilizando-se, apenas, do exame radiográfico, selecionar aqueles que deverão ser acompanhados pelos serviços de saúde, após a alta por cura da tuberculose. Objetivos: Verificar associação positiva entre o grau de extensão da lesão pulmonar residual, pós-tratamento da tuberculose, detectada pela radiografia do tórax, e a presença de alteração funcional respiratória. Métodos: 96 pacientes, com 15 anos ou mais anos de idade, com diagnóstico de tuberculose pulmonar, no período de janeiro de 2003 a agosto de 2005, que possuíam radiografia do tórax, no início e final do tratamento, com graus de extensão das lesões pulmonares classificadas pelo critério da National Tuberculosis Association (NTA). Foram submetidos à prova de função pulmonar, após o término do tratamento. Resultados: Para calcularmos a razão de prevalência (RP) agregamos como grau 1, o NTA pós-normal e I, e como grau 2, o NTA pós II e III. No grau 1, 19 casos (45,2%) tiveram disfunção respiratória e 23 (54,8%) não tiveram disfunção respiratória. No grau 2, 45 (83,3%) tiveram disfunção respiratória e 9 (16,7%) não tiveram disfunção respiratória. Na tabela 6, verificamos que existe uma associação entre o grau de extensão da lesão pulmonar residual e disfunção respiratória com o risco de 1,8 vezes, mostrando-se estatisticamente significante ao nível de 5% (p < 0,05). Conclusão: Após o tratamento, foi observado que o grau de extensão da lesão pulmonar residual, categorizada como grau 1 (leve) e grau 2 (grave) teve associação com disfunção respiratória, estatisticamente significante, com um risco de 1,8 vezes desenvolver essa disfunção. No grau 1 tivemos 19 casos (45,2%) com disfunção respiratória e 23 casos (54,8%) sem disfunção respiratória. E no grau 2 tivemos 45 casos (83,3%) com disfunção respiratória e 9 casos (16,7%) dos casos sem disfunção respiratória.
PO149 RESULTADOS DO tratamento DA tuberculose COM O esquema RMZ
Picon PD1, Ott WP2, Bassanesi SL3, Rizzon CFC4, Gutierres RS5, Ferreira RT6, Dalcolmo MP7, Sperb APV8
1,2,3,4,5,6,8. Hospital Sanatório Partenon, Porto Alegre, RS, Brasil; 7. Centro de Referência Hélio Fraga, Rio de Janeiro, RJ, Brasil.
Palavras-chave: Tuberculose; Esquema RMZ; Recidiva
Introdução: O esquema RMZ (rifampicina, etambutol e pirazinamida) foi utilizado no RS até o início da década de 1980 no retratamento da tuberculose (TB) nos casos de falências dos esquemas SPH (estreptomicina, isoniazida e PAS) e STH (estreptomicina, isoniazida e tioacetazona). A rifampicina (R) era usada nos 3-4 primeiros meses e o etambutol (M) e a pirazinamida (Z) durante 12 meses. As doses diárias preconizadas eram 600mg de R, 1200mg M e 2000mg de Z, independentemente do peso corporal do paciente. Objetivos: Avaliar os resultados do esquema RMZ aplicado a pacientes de unidades ambulatoriais. Métodos: 2, Exato de Fisher e t de Student, sendo considerados significativos valores de p · Entraram no estudo 540 adultos com TB pulmonar bacilífera de unidades ambulatoriais de Porto Alegre cujas histórias terapêutica/curva baciloscópica foram revisadas. Deles, 390 pacientes eram casos de falência do primotratamento e 150 eram casos de recidiva da TB após cura com o uso irregular dos fármacos do primotratamento. Os resultados foram considerados como cura, abandono, falência, óbito e mudança de esquema por toxicidade. Outras variáveis estudadas foram: modo de uso dos fármacos, dose por kg de peso corporal e presença de recidiva da TB. Testes usados: < 0,05. Resultados: 13 anos. Fizeram uso irregular do RMZ 40,4% dos pacientes. Ocorreram 81,1% de curas, 10,0% de abandonos, 4,1% de falências, 2,4% de óbitos e 2,4% de trocas do esquema por toxicidade. A taxa de cura foi maior nos brancos (85,7 vs. 77,6%; p = 0,021), naqueles com uso regular da medicação (95,8 vs. 64,8%; p · 69,4% eram homens e 68,2% brancos. A idade média foi 36 < 0,0001) e nos pacientes sem falência do primotratamento (89,7 vs. 80,6%; p = 0,012) do que nos seus pares. O sexo e as doses dos fármacos foram semelhantes nos dois grupos. As freqüências de recidivas aos dois, cinco e 10 anos foram, respectivamente, 5,1, 6,1 e 8,5%. Pacientes que usaram a medicação regularmente apresentaram menores taxas de recidivas do que aqueles com uso irregular: 3,3 vs. 9,1% aos 2 anos (p = 0,010); 3,6 vs. 12,6% aos 5 anos (p = 0,0003) e 3,9 vs. 18,2% aos 10 anos (p < 0,0001). As recidivas não se relacionaram às outras variáveis. Conclusão: Os resultados e a freqüência de recidivas ao final de 12 meses de uso do RMZ por pacientes com TB pulmonar bacilífera foram satisfatórios, pelo fato de o esquema ter sido auto-administrado em regime ambulatorial, de forma muitas vezes irregular. Isso indica que este esquema tem um alto potencial de eficácia mesmo em condições adversas de aderência ao tratamento e pode ser considerado como alternativa para casos de resistência adquirida à isoniazida surgida na vigência de quimioprofilaxia com este fármaco.
PO150 hepatotoxicidade DO ESQUEMA RHZ (RIFAMPICINA, ISONIAZIDA E PIRAZINAMIDA) EM PACIENTES AMBULATORIAIS
Picon PD, Jarczewski CA, Unis G, Espina CAA, Rizzon CFC, Bassanesi SL, Ferreira RT
Hospital Sanatório Partenon, Porto Alegre, RS, Brasil.
Palavras-chave: Tuberculose; Hepatotoxicidade; Infecção pelo HCV
Introdução: Antes da AIDS, a freqüência de hepatotoxicidade (Hep) do RHZ e a letalidade deste efeito adverso em estudo conduzido em Porto Alegre/RS em pacientes ambulatoriais com tuberculose (TB), foram 2,5% e 4,0% respectivamente. Objetivos: Avaliar a incidência de Hep e os fatores de risco para Hep em pacientes adultos tratados com RHZ em ambulatório de tuberculose (TB). Métodos: 2, Exato de Fisher, t de Student e a técnica de regressão logística múltipla (RLM), sendo considerados significativos valores de p · 18 anos de idade, tratados no ambulatório de TB do Hospital Sanatório Partenon no período de 1998 a 2005. Hep foi definida pela presença de sinais e sintomas clássicos de dano hepático e provas de função hepática alteradas (TGO ou TGP igual ou maior que três vezes o valor máximo normal e/ou bilirrubina total superior a 1,8mg%). As variáveis analisadas foram: idade, sexo, cor da pele, alcoolismo, uso de drogas ilícitas, presença de TB miliar e de infecções pelos HIV e HCV, dose e modo de uso dos fármacos, e ocorrência de óbito pela Hep. Testes usados: · Foram avaliados quanto à presença ou não de Hep pacientes sem tratamento prévio para TB, com < 0,05. Resultados: 4,3; p = 0,0002) do que os pacientes sem Hep. Pacientes que receberam doses de H · 5,4 vs 26,0 · 1,0; p = 0,0003) e de Z (28,3 · 1,0 vs 6,5 · 1,4; p = 0,0003), de H (7,0 · 1,5 vs 9,8 · 13,9 anos; p = 0,002), receberam doses (mg/kg/peso) maiores de R (10,5 · 14,5 vs. 37,0 · Em 1.248 pacientes incluídos no estudo ocorreram 52 Hep (4,2%), com um óbito por encefalopatia portossistêmica (1,9%). Os pacientes com Hep tinham mais idade (43,1 > 6,5mg/kg apresentaram taxas maiores de Hep do que aqueles com doses menores (5,6 vs. 2,6%; p = 0,007). Doses de Z > 35mg/kg também determinaram taxas maiores de Hep do que doses menores do fármaco (16,7 vs. 3,7%; p = 0,002). A Hep foi mais freqüente nos pacientes com do que nos sem TB miliar (19,1% vs. 3.6%; p < 0,0001) e, dentre os pacientes testados para o anti-HCV (30,3%), os HCV reagentes apresentaram também taxas maiores do que os não reagentes (11,9% vs. 3,4%; p = 0,005). As demais variáveis analisadas, sexo, cor da pele, alcoolismo, uso de drogas ilícitas, infecção pelo HIV (84,6% dos pacientes foram testados), não mostraram associação com dano hepático do esquema RHZ, embora a taxa nos HIV+ tenha sido 1,6 vezes maior do que nos HIV- (6,2 vs. 3,8%). Na RLM a infecção pelo HCV [RC = 2,9 (1,1-7,7); p = 0,030], doses elevadas de H [RC = 1,8 (1,0-3,3); p = 0,044] e de Z [RC = 1,2 (1,0-1,3); p = 0,005] estavam independentemente associados à presença de Hep. Conclusão: Neste estudo, apesar do HIV não ter sido confirmado com fator de risco para Hep, as freqüências maiores desse efeito adverso nos pacientes com TB miliar e nos HCV+, situações essas relacionadas à epidemia de AIDS em Porto Alegre, aumenta a preocupação com o atendimento dos pacientes HIV+, em especial no que tange a dose prescritas dos fármacos anti-TB. Neste estudo, doses elevadas de R, H e Z foram associadas a taxas maiores de Hep, especialmente doses de H e de Z superiores a 6,5 e 35,0mg/kg/dia, respectivamente. Quanto à dose da H, os valores altos decorrem da formulação inadequada da cápsula de RH, que contém 200mg de H em vez de 150mg como em outros países, não permitindo diminuir a dose do fármaco para o valor recomendado de 5mg/kg/dia.
PO151 TIPOS DE ALTERAÇÃO ESPIROMÉTRICAS EM PACIENTES APÓS tratamento DA TB
Cassia Santa Cruz R, Albuquerque MFPM, Campelo ARL, Torres BS, Oliveira Carvalho HB, Galvão RCC
UFPE, Recife, PE, Brasil.
Palavras-chave: Tuberculose; Distúrbio; Espirometria
Introdução: É possível que a extensão da lesão, na radiografia do tórax, obtida no momento do diagnóstico e início do tratamento, seja um indicador de futuras seqüelas pulmonares, com repercussão na função respiratória. Uma variedade de seqüelas pode ocorrer no pulmão de pacientes que iniciam o tratamento após longo período de doença respiratórias ao final do tratamento da Tuberculose; a descrição dos tipos e graus dessa disfunção; e sua possível relação com o grau de extensão da lesão pulmonar inicial, e outras características dos pacientes, entre elas, o tabagismo. Pretendemos chamar a atenção para um aspecto pouco estudado em relação ao resultado do tratamento da Tuberculose, que é a presença de lesões residuais pulmonares detectadas e o desenvolvimento secundário de disfunção respiratória. Objetivos: O presente estudo teve como objetivo, a identificação de alterações funcionais A detecção do grau de extensão da lesão pulmonar, no momento do diagnóstico, pode sugerir, indiretamente, se o diagnóstico foi em tempo oportuno ou realizado tardiamente. Métodos: Estudou-se 96 pacientes, com 15 anos ou mais anos de idade, com diagnóstico de tuberculose pulmonar, da Região Metropolitana de Recife no período de janeiro de 2003 a agosto de 2005. Os pacientes responderam questionário, no início da pesquisa, e foram submetidos à prova de função pulmonar, após o término do tratamento. Resultados: Apenas 37,5% (36/96) dos pacientes, tinham o CVF normal, enquanto que, 47,9% (46/96) dos casos, apresentavam uma redução leve, 10,4% (10/96) uma redução moderada e 4,2% (4/96) apresentavam redução grave. Com relação ao VEF1 verificamos que, em 40,6% (39/96), o valor era normal, 33,3% (32/96) tinham uma redução leve, 19,8% (19/96) redução moderada e 6,3% (6/96) apresentavam redução grave. Analisando o Tiffenau, observamos que, em 85,4% (82/96), o valor era normal, em 13,5% (13/96) tinham redução leve. Conclusão: Os distúrbios encontrados foram, predominantemente, restritivos, conforme já descritos na literatura, e mais freqüentes entre os pacientes que apresentaram lesões pulmonares mais extensas no início do tratamento. Lee e Chung (2000), ao realizarem função pulmonar em pacientes com Tuberculose endobrônquica, encontraram a função pulmonar normal, em 23%; restritiva em 47%; obstrutiva em 5,9%; e mista, em 23,5%. Resultados diferentes, evidenciando maior freqüência de distúrbio misto, têm sido relatados, porém podem ser devido a limitações do próprio estudo: retrospectivo, amostra pequena, não separação entre fumantes e não fumantes.
PO152 tuberculose GENITURINÁRIA EM Serviço de REFERÊNCIA PARA tuberculose
Barroso EC, Cordeiro JIR
Ministério da Saúde, Fortaleza, CE, Brasil.
Palavras-chave: Tuberculose geniturinária; Contato; Tuberculose urinária recidivante
Introdução: A tuberculose (TB) é doença endêmica, de distribuição universal e tem se mostrado difícil de erradicar. A maioria dos casos de TB extrapulmonar ocorre a partir da disseminação hematogênica do bacilo e acontece nos primeiros cinco anos após a primoinfecção. O Hospital Municipal de Maracanaú é referência para tratamento ambulatorial e hospitalar de tisiologia para a microrregião III de saúde no Estado do Ceará. Nos últimos anos, a freqüência de casos de TB geniturinária começou a chamar a atenção dos profissionais de saúde desse setor. Objetivos: Avaliar a incidência, diagnóstico e tratamento da TB geniturinária no referido serviço. Métodos: Foi realizado estudo retrospectivo a partir do livro de registro do Programa de Controle da Tuberculose, no período de janeiro de 2003 a julho de 2006, e feita revisão dos prontuários de pacientes com TB geniturinária. Resultados: Em 2003 nenhum caso de TB geniturinária foi registrada. Foram registrados três casos, seis casos e dois casos em 2004, 2005 e 2006 respectivamente. Dos 11 pacientes incluídos no estudo, 9 (81,8%) eram do sexo feminino. A média de idade foi 53,2 anos. Dos 11 casos, dois (18,2%) relatavam tratamento anterior para TB urinária e um (9,1%) para TB pulmonar (em 1974). Dois dos casos eram marido e esposa. A esposa foi um caso de recidiva de TB urinária e o marido (portador de Câncer de próstata) teve seu diagnóstico após a recidiva da esposa. Houve associação com diabetes em seis (54,5%) dos casos. O teste anti-HIV foi solicitado em todos os pacientes, mas, só foi realizado em seis (54,4%), sendo todos negativos. Os outros cinco pacientes não apresentavam fatores de risco para o HIV. O diagnóstico foi confirmado em todos os casos por cultura positiva Mycobacterium tuberculosis (BK) (em 10 amostras), tendo sido realizados testes bioquímicos que afastaram micobactérias não-tuberculosas. Em todos foi instituído Esquema RHZ exceto no caso de recidiva em que se usou RHZE. Seis pacientes já tiveram alta com cinco culturas negativas para BK, com um ano de tratamento. Os cinco casos restantes estão em tratamento com boa evolução. Não foi registrado caso de falência, abandono, óbito ou transferência. 72,7% (8/11) dos casos tiveram diagnóstico por solicitação das urinoculturas para BK por uma profissional médica do Hospital de Maracanaú e os outros três foram encaminhados de outros serviços. Foram verificadas as datas das urinoculturas para investigação de possível contaminação laboratorial, mas, todas foram realizadas em meses diferentes. Conclusão: Os autores concluem que o diagnóstico foi feito de maneira adequada e o aumento na incidência nos dois últimos anos se atribui a uma maior consciência diagnóstica em relação à TB geniturinária.
PO153 tuberculose: ESTUDO EPIDEMIOLÓGICO E clínico
Neto JB, Do Vale OF, Franca Sobrinho JCR, De Andrade FA, Pinheiro Santos MF
Universidade Federal de Sergipe, Aracaju, SE, Brasil.
Palavras-chave: Tuberculose; Aspectos clínicos; Epidemiologia
Introdução: A tuberculose é uma doença infecciosa crônica causada por espécies do complexo Mycobacterium tuberculosis, caracterizada pela formação de granulomas nos tecidos infectados e por hipersensibilidade mediada por células. Na ausência de tratamento eficaz para a doença ativa, a evolução habitual é crônica, consuntiva, sobrevindo em última conseqüência a morte. A tuberculose ainda é hoje um problema de saúde pública muito grave no Brasil e no mundo, por isso continua sendo uma das prioridades sanitárias em países em desenvolvimento, na medida em que se dispõe de meios para diagnosticar e curar os casos contagiosos e, dessa forma, diminuir a transmissão da infecção. Objetivos: Caracterizar aspectos clínicos-epidemiológicos dos pacientes com tuberculose atendidos no Serviço de Referência de Tuberculose do estado de Sergipe no Centro de Especialidades Médicas de Aracaju (CEMAR) de janeiro de 2004 a junho de 2005. Métodos: Foi realizado um estudo descritivo. No Serviço de Referência de Tuberculose do estado de Sergipe no Centro de Especialidades Médicas de Aracaju (CEMAR) de janeiro de 2004 a junho de 2005. Resultados: Durante o período foram atendidos 236 casos, sendo que 59,3% eram do sexo masculino e 40,7% do sexo feminino; 61,9% foram provenientes da capital (Aracaju), 38,1% do interior; as faixas etárias mais atingidas foram entre os homens a de 31-40 anos (14,8%), e entre as mulheres a de 21-30 anos (13,1%); 53,8% dos pacientes referiram tosse como manifestação clínica, 45,3% perda de peso e 40,7% febre; a radiografia de tórax foi realizada em 83% dos pacientes, a baciloscopia do escarro em 64,8%, o histopatológico em 30,5%, o PPD em 28%, a cultura em 5,9% e o anti-HIV em 12% dos casos; a radiografia de tórax e a história clínica foram os recursos diagnósticos utilizados em 52% dos pacientes com tuberculose sem confirmação baciloscópica; entre os pacientes com a forma extrapulmonar, 82,9% foram submetidos ao exame histopatológico; a forma clínica mais freqüente foi a pulmonar (67%); 88,1% dos pacientes foram casos novos; 86,4% utilizaram o esquema I, 9,4% o IR, 2,5% o III e 1,7% o II; 62,7% dos pacientes apresentaram alta por cura, 22,5% alta por transferência, 14,4% abandonaram o tratamento, 3,4% tiveram alta não comprovada e 0,4% correspondeu ao óbito registrado no decorrer do tratamento. Conclusão: A radiografia de tórax e a história clínica foram os principais recursos diagnósticos nos pacientes com tuberculose sem confirmação baciloscópica; o número de baciloscopias do escarro, culturas e anti-HIV foi inferior ao esperado; a forma clínica mais freqüente foi a pulmonar; entre as formas extrapulmonares, a mais freqüente foi a pleural; a maioria dos pacientes tratados foram casos novos; a maioria dos pacientes utilizaram o esquema I; a taxa de cura foi inferior ao preconizada pelo Programa Nacional de Controle de Tuberculose; necessidade de melhor preenchimento dos prontuários médicos.
PO154 ANÁLISE DO PPD E efeito booster ENTRE ESTUDANTES DA Faculdade de Ciências Médicas da Santa Casa de São Paulo
Gomes M, Figueiredo GO, Neto MS, Frenkiel S, Rujula MJP, Stirbulov R
Faculdade de Ciências Médicas da Santa Casa de São Paulo, São Paulo, SP, Brasil.
Palavras-chave: Tuberculose e alunos; Tuberculose e profissionais de saúde; PPD
Introdução: É crescente a importância epidemiológica da tuberculose e sua prevenção, principalmente entre profissionais de saúde e estudantes da área médica. Entre os não reatores ao PPD há indivíduos que possuem a forma latente da doença e, ao realizar-se um segundo teste após 30 dias do estímulo inicial, a resposta imunológica será positiva (efeito booster). O efeito booster tem a importância de tornar mais sensível o PPD. Objetivos: Determinar a freqüência da reatividade do PDD entre os alunos de Enfermagem, Fonoaudiologia e Medicina no momento do ingresso à Faculdade de Ciências Médicas da Santa Casa de São Paulo. Determinar e comparar a freqüência de variação do PDD em decorrência do efeito booster entre os alunos desses cursos. Métodos: Estudo retrospectivo de 190 prontuários, 44 alunos de Enfermagem, 30 de Fonoaudiologia e 107 de Medicina no ano de 2005. O teste foi realizado à admissão do aluno com o reagente Mantoux intradérmico (2 unidades tuberculínicas por 0,1ml). Aqueles com PPD não reator foram submetidos a um segundo teste 30 dias após o primeiro. Considerou-se PPD reator o resultado acima de 10mm (positivo) e não reator abaixo desse valor. O efeito booster foi considerado positivo quando, valor de PPD estava acima de 10mm e apresentava variação de 10mm em relação ao primeiro teste. A análise estatística foi realizada através do teste do qui-quadrado e teste mc phirason, com nível de significância de 0,001. Resultados: Do total de alunos, o PPD foi positivo em 101 (68,24%), assim distribuídos: 58 (74,8%) no curso de Medicina, 12 (43,4%) no de Fonoaudiologia e 31 (70,5%) no de Enfermagem. O efeito booster foi observado no total de alunos com PPD não reator em 12 (25,53%), assim distribuídos: 8 (66,7%) no curso de Medicina, 1 (8,3%) no de Fonoaudiologia e 3 (25,0%) no de Enfermagem. O efeito booster foi significativo nos cursos de Medicina e Enfermagem (p < 0,001) e não no de Fonoaudiologia (p > 0,001). Considerando-se a reatividade real do PPD a somatória do PPD reator inicial associada ao PPD positivo após o segundo teste, temos que o total de alunos com PPD positivo foi de 113 (76,4%) assim distribuídos: 66 (85,7%) no curso de Medicina, 13 (48,1%) em Fonoaudiologia e 34 (77,3%) em Enfermagem. A positividade do PPD foi significativa nos cursos de Medicina e Enfermagem quando comparados ao de Fonoaudiologia de modo isolado (p < 0,001). Conclusão: A freqüência de PPD reator entre os alunos no momento da sua admissão, é de 68,4% assim distribuídos: 58 (74,8%) no curso de Medicina, 31 (70,5%) em Enfermagem e 12 (43,4%) em Fonoaudiologia. O efeito booster foi observado em 8 (41,5%) no curso de Medicina, 3 (20,4%) em Enfermagem e 1 (7,5%) em Fonoaudiologia. Considerando-se o PPD após o efeito booster, o PPD real é de 76,4%, sendo esta reatividade significativa nos cursos de Medicina e Enfermagem em relação ao de Fonoaudiologia.
PO155 tuberculose EM indígenas menores de 15 anos APÓS IMPLEMENTAÇÃO DO controle da tuberculose NAS ALDEIAS DE Mato Grosso do Sul
Campos Marques AM
UNIDERP, Campo Grande, MS, Brasil.
Palavras-chave: Tuberculose; Indígenas; Menores de 15 anos
Introdução: A população indígena no Brasil está estimada em aproximadamente 350 mil indivíduos, o Estado do Mato Grosso do Sul abriga a segunda maior população indígena do país, 55 mil índios, a tuberculose ainda é um agravo importante para a saúde dessa população, principalmente entre os Guarani-Caiuás. MARQUES E CUNHA (2003), num estudo de casos de tuberculose em indígenas do Estado de Mato Grosso do Sul, verificaram um percentual elevado de casos de TB em menores de 15 anos (40%) o qual difere da população geral do Brasil, onde temos uma concentração maior de casos na faixa etária de 20 a 49 anos, os menores de 15 anos respondem em média por 15% dos casos. O deslocamento da curva de incidência de tuberculose para as faixas etárias mais jovens e para as crianças, deve ser visto como um evento sentinela, denota que está ocorrendo infecção recente por contato com tuberculosos bacilíferos, o que permitiu alertar as autoridades responsáveis e a partir de 2000 teve início projetos específicos para implementar o controle da TB nessa população com o objetivo de diminuir a ocorrência de casos nos menores de 15 anos. Objetivos: Verificar o percentual de casos de TB em menores de 15 anos, na população indígena de Mato Grosso do Sul após o início das ações de Implementação do Controle da Tuberculose a partir do ano 2000. Métodos: Estudo retrospectivo de todos os casos de tuberculose em indígenas do Estado de Mato Grosso do Sul, notificados pelas equipes de Saúde Indígena do DSEI/MS do ano de 2000 a 2004. Resultados: No período foram notificados 668 casos de tuberculose. Verificou-se que os menores de 15 anos de idade responderam por 24,4% dos casos no período (163). Com uma tendência de queda por ano, em 2004 temos o percentual de 9,3% dos casos. Conclusão: As ações de implementação de controle da TB nessa população a partir do ano de 2000 em conseqüência a um alerta sanitário determinaram um impacto epidemiológico positivo no controle da TB diminuindo a incidência de casos em menores de 15 anos no período estudado sendo que no ano de 2004 o percentual ficou abaixo da população geral do Brasil (15%) o que assinala que está ocorrendo um controle efetivo da tuberculose nessa população.
PO156 SITUAÇÃO DE IMPLANTAÇÃO DO Serviço de REFERÊNCIA DE TB-MR NO ESTADO DE Mato Grosso do Sul
Queiroz AM
SES/UNIDERP, Campo Grande, MS, Brasil.
Palavras-chave: Mato Grosso do Sul; TBMR; Epidemiologia
Introdução: O Mato Grosso do Sul localizado na região Centro-Oeste do Brasil faz divisas com os estados de Minas Gerais, São Paulo, Paraná, Goiás e Mato Grosso e divide a fronteira a oeste com a Bolívia e o Paraguai. Esta região, com uma população em torno de 2,5 milhões de habitantes, possui o segundo maior contingente indígena do país. O Estado vem apresentando, conforme notificações verificadas pela Secretaria Estadual de Saúde a ocorrência, em média, de um mil casos ao ano de casos de Tuberculose. A partir de 2002 foi implantado o Serviço de Vigilância Epidemiológica dos casos de TB-MR com o Centro de Referência Professor Hélio Fraga do Rio de Janeiro. Objetivos: Focalizar o problema da TB na comunidade, investigando fatores socioeconômicos e demográficos, que interferem na demanda de usuários aos Serviços de Saúde, levantando os Indicadores de Avaliação, a relação Estrutura-Processos-Resultados destes órgãos com o Programa de Controle de Tuberculose (PCT). Métodos: Trata-se de uma análise de 26 casos notificados como TB-MR, no período de 2002 a 2005, avaliando-se as principais variáveis como sexo, idade, cor, etnia, escolaridade, ocupação, co-morbidades, local onde foi detectado o episódio de TB-MR e relacioná-los com a estrutura organizada de Saúde (PSF/PACS/Estratégia DOTS). Resultados: Quanto às características demográficas dos pacientes, foi observado a relação 18 homens (69,2%) para 8 mulheres (21,8%). A distribuição por idade mostrou que na faixa etária de 40 a 50 anos ocorreu a maior freqüência de casos (50,0%). Com relação à etnia, constam 18 pardos (69,2%), 5 brancos (19,2%), 2 indígenas (7,6%) e 1 amarelo (3,8%). A baixa escolaridade esteve presente em 24 pacientes (92,3%). No campo socioeconômica, 14 estavam desempregados (53,8%), o alcoolismo esteve presente na metade dos casos (50,0%) e 3 cumpriam pena em unidade prisional (11,6%). Com relação à procedência 10 pacientes vieram da área de fronteira (38,4%), 9 de municípios do interior do estado (34,6%), 5 da capital do estado (19,2%) e apenas 2 de área rural (7,6%). Dentre as causas que determinou a multidrogarressistência, foram assinalados o abandono freqüente e a utilização dos diversos esquemas terapêuticos padronizados para TB sem observar critérios básicos, conforme as normas estabelecidas pelo PCT. Conclusão: A problemática da Tuberculose não pode ser apenas resolvida pelo plano da assistência à saúde, requer um olhar ao aumento da pobreza e da deteriorização das condições socioeconômicas, da estruturação efetiva dos PCT reforçando a integralidade da assistência ao conjunto de ações e serviços preventivos e curativos, individuais e coletivos em todos os níveis de complexidade do sistema. Implementar a estratégia DOTS, rever a estruturação dos PSF/PACS, envolvimento com as Universidades, com os Conselhos de Saúde Estaduais e Municipais e sobretudo envolver a sociedade civil com a questão da Tuberculose.
PO157 tuberculose EM UM MUNICÍPIO PRIORITÁRIO PARA O PNCT EM Mato Grosso do Sul, morbidade E mortalidade, DE 1990 A 2005
Campos Marques AM
Força Tarefa - MS, Campo Grande, MS, Brasil.
Palavras-chave: Tuberculose; Morbidade; Mortalidade
Introdução: No Brasil, a tuberculose (TB) ocupa espaço na Agenda Nacional de Saúde e tem suas metas definidas pelo Ministério da Saúde que compreendem diagnosticar 70% dos casos estimados e curar no mínimo 85% destes casos. O Programa Nacional de Controle da Tuberculose (PNCT), no Plano de Ação 2004-2007, tem por meta a implantação da estratégia DOTS nos 315 municípios prioritários, que representam mais de 70% da incidência da doença no país. Na última década a TB no país apresentou uma tendência de estabilidade, com incidência variando entre 45 e 54/100.000 hab. Em Mato Grosso do Sul a incidência variou de 38 e 50/100.000 habitantes. O município de Corumbá é um dos 77 municípios de Mato Grosso do Sul e designado como prioritário para o PNCT. Objetivos: Analisar indicadores de morbidade e mortalidade por tuberculose no município de Corumbá entre 1990 e 2005 e identificar as regiões de maior risco de ocorrência da doença. Métodos: Sistemas de informação utilizados: Mortalidade (SIM), Nacional de Agravos de Notificação (SINAN), Departamento de Informação e Informática do Sistema Único de saúde (DATASUS) e Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) os dados foram distribuídos segundo as variáveis demográficas, idade, sexo e grupos etários. Resultados: O coeficiente de incidência variou de 54 a 113/100.000 habitantes, mais alto que o do estado e do Brasil e em 2005 ocupou o 8º lugar entre os municípios com maior incidência da TB. A incidência foi maior nos bairros Alto, Nova Aquidauana, Vila Popular, Universitário, Guanandy e Vila Pinheiro, que juntos concentraram aproximadamente 60% dos casos registrados nos 3 últimos anos. Entre os indivíduos que adoeceram nos últimos 6 anos, 31% estavam na faixa etária de 20 a 34 anos, seguido do grupo de 35 a 49 anos (24%), somando assim 55% na faixa etária economicamente ativa e predomínio entre o sexo masculino (62%). Nos últimos 10 anos, a taxa de mortalidade entre 2,7 e 13,4/100.000 hab. muito acima da registrada no Brasil e em Mato Grosso do Sul. Conclusão: Podemos afirmar que o controle da TB, no município de Corumbá não corresponde à meta do Programa Nacional de Controle da Tuberculose (PNCT), seguindo a mesma tendência do país. O desempenho do programa no que se refere aos percentuais de cura de casos novos, em 1999 apresentou um resultado semelhante ao obtido antes da introdução de quimioterápicos. A partir de 2000, houve redução do abandono com menor percentual em 2004 (12,8%). Em relação à mortalidade em Corumbá nos últimos 3 anos, o risco de morrer por TB foi 3 vezes superior ao do Brasil, dado esse que aponta para um retardo no diagnóstico.
PO158 controle da tuberculose NA UNIDADE PENAL RICARDO BRANDÃO (UPRB), Ponta Porã-MS, NO PERÍODO DE NOVEMBRO/2004 A SETEMBRO/2005
Queiroz AM1, Pompilio MA2
1. SES/UNIDERP, Campo Grande, MS, Brasil; 2. UNIDERP, Ponta Porã, MS, Brasil.
Palavras-chave: Ponta Porã; Tuberculose; Unidade prisional
Introdução: UPRB é uma unidade prisional masculina de regime fechado com capacidade para 76 internos, porém em 2004 abrigava 339, com superlotação e dificuldades de infra-estrutura. Equipe de saúde local composta por 1 clínico, 1 odontólogo, 1 aux. enfermagem e 1 farmacêutico. Objetivos: Objetivo principal deste trabalho é abordar os meios de controle, diagnóstico e prevenção da tuberculose na Unidade Penal Ricardo Brandão - Ponta Porã/MS, no período de novembro/2004 a setembro/2005. Com base na legislação vigente e nos procedimentos relativos ao controle epidemiológico. Métodos: Estudo descritivo com base na revisão de registros de saúde (médico, enfermagem e farmacêutico) da UPRB. Resultados: De novembro/2004 a setembro/2005 foram diagnosticados cinco casos de TB (100% pulmonar) recebendo Esquema I com alta por cura. Os métodos diagnósticos empregados foram baciloscopia direta e Raio-X de tórax entre os sintomáticos respiratórios que procuraram o setor de saúde. Todos os casos eram importados (outros Estados), com idade entre 19 e 37 anos. Foram realizadas baciloscopias das amostras de escarro dos comunicantes que eram sintomáticos respiratórios sem confirmação de novos casos. Não há sistema de registro de "livro preto" na UPRB e as notificações são realizadas pelo serviço de VE municipal, que também faz dispensação dos medicamentos. Em caso de paciente bacilífero é oferecido isolamento em cela individual quando possível. Disponibiliza-se material educativo para os internos que buscam atendimento médico ou de outro profissional de saúde. Conclusão: O PCT está sendo implantado na UPRB conforme Portaria Interministerial 1777 (9/9/2003) devendo adequar-se com relação à capacitação de recursos humanos e sistema de vigilância epidemiológica local.
PO159 ESTUDO DA pneumocistose EM PACIENTES HIV POSITIVOS NO ESTADO do Maranhão NOS ÚLTIMOS 15 ANOS
Pereira Neto JA, Silva TB, Lima JHL
UFMA, São Luís, MA, Brasil.
Palavras-chave: Pneumocistose; AIDS; Pneumocystis carinii
Introdução: A pneumocistose é uma infecção causada pelo Pneumocystis carinii que ocorre predominantemente em pacientes imunodeprimidos. Discute-se, ainda hoje, a posição sistemática desse microorganismo oportunista por excelência. Alguns pesquisadores consideram-no como fungo, outros como protozoário. Objetivos: Determinar a prevalência da pneumocistose em pacientes HIV positivos do Estado do Maranhão entre 1990 e 2005. Métodos: Estudo retrospectivo a partir de dados cedidos pela Gerência de Qualidade de Vida do Estado do Maranhão (GQV-MA). Foi feito um banco de dados no programa Epi Info 2002, onde a demanda foi analisada. Resultados: Do total de 257 casos, 199 (77,43%) eram do sexo masculino e o restante do sexo feminino. A maior parte ocorreu com pessoas da raça parda (14 casos); seguido da raça branca com 4 casos. Quanto à faixa etária 167 casos (64,98%) ocorreram nos adultos de 20 a 34 anos de idade; 71 casos (27,64%) ocorreram na faixa etária de 35 a 49 anos. A maioria dos doentes estudou até a metade do ensino fundamental (91 casos, 35,40%). Quanto à categoria de exposição, 54 pacientes eram heterossexuais (21,02%); 34 eram homossexuais (13,22%); 128 casos (49,80%) não estão classificados quanto a essa variável; 6 pacientes (2,34%) eram usuários de droga e 5 (1,95%) eram hemofílicos. Conclusão: Observamos que a maior parte dos casos ocorreu em homens heterossexuais e em pessoas com baixo nível de escolaridade. Pode-se perceber também que a infecção atinge principalmente pessoas em uma faixa etária de vida sexual ativa. É necessário, portanto, uma divulgação mais eficiente da infecção oportunista por parte das autoridades competentes a fim de fazer o diagnóstico precoce, bem como instituir a terapêutica específica.
PO160 FREQÜÊNCIA DA FORMA CAVITÁRIA PULMONAR EM DISTRITO SANITÁRIO DE Recife
Cassia Santa Cruz R1, Rocha TS2, Monte ALD3, Torres BS4, Castanha MES5, Flores MA6, Egan MG7, Araúlo TSS8
1,4,5,6,7,8. UFPE, Recife, PE, Brasil; 2,3. Prefeitura de Recife, Recife, PE, Brasil.
Palavras-chave: Tuberculose; Cavidade; Radiografia
Introdução: A formação cavitária é causada pela resposta hiperimune, onde a necrose do tecido pulmonar resulta da liberação de organismos previamente isolados pela reação fibrótica. As cavidades podem ser simples ou múltiplas e podem ter paredes que variam de delgadas e lisas a espessas e nodulares. Objetivos: Avaliar a freqüência da forma cavitária pulmonar. Métodos: No distrito sanitário VI, da Prefeitura da cidade de Recife, foram avaliados pacientes com TB pulmonar, no período de 2004 a 2005, com 69 pacientes, com idade de 15 a 72 anos. Resultados: Foram encontradas cavidade em um lobo em 26 (37,6%) pacientes, e em mais de um lobo em 3 (4,3%) pacientes. Condensações parenquimatosas e infiltrados em um lobo foram encontrados em 20 (28,9%) pacientes e 2 lobos ou mais em 16 pacientes (23,1%). Conclusão: Em pacientes em quem os padrões radiológicos não mostram o caráter típico da reativação por tuberculose, esfregaço de escarro positivo era notado em apenas 50%. Este estudo vem contribuir ao alertar que apesar dos progressos que vêm se verificando no âmbito do diagnóstico da tuberculose, as lesões radiográficas encontradas são na maior parte das vezes extensa, raramente são lesões mínimas. Isto fala de diagnóstico tardio.
PO161 controle da tuberculose NO SISTEMA PRISIONAL DE Campo Grande-MS, NO PERÍODO DE 2003
Queiroz AM1, Pompilio MA2
1. SES/UNIDERP, Campo Grande, MS, Brasil; 2. UNIDERP, Ponta Porã, MS, Brasil.
Palavras-chave: Tuberculose; Campo Grande; Unidade prisional
Introdução: AGEPEN possui oito unidades prisionais em Campo Grande com uma população estimada de internos em 2004. Equipe de saúde se modifica em cada unidade contando com alguns médicos e outros profissionais de saúde. Equipe multiprofissional de ADT/SESAU (Assistência Domiciliar Terapêutica) desde 2001 intensifica as ações de prevenção e tratamento das DST/HIV/AIDS e Tuberculose em três destes presídios. Objetivos: estimar a prevalência da tuberculose em população prisional de regime fechado em Campo Grande; determinar a co-infecção TB/HIV nestas unidades; identificar casos de TBMR. Métodos: Sensibilização com gestores do Sistema Prisional, trabalhadores da saúde, agentes penitenciários e servidores administrativos; encaminhamento dos sintomáticos respiratórios para coleta de escarro (pesquisa direta de BAAR e cultura); aconselhamento pré e pós-teste (anti-HIV) de todos os participantes do Projeto; análise estatística. Resultados: De novembro/2004 a setembro/2005, foram diagnosticados 56 casos de TB (% pulmonar e % extrapulmonar) recebendo Esquema I com alta por cura. Os métodos diagnósticos empregados foram baciloscopia direta e Raio-X de tórax entre os sintomáticos respiratórios que procuraram o setor de saúde. Todos os casos eram importados (outros Estados), com idade entre 19 e 37 anos. Foram realizadas baciloscopias das amostras de escarro dos comunicantes que eram sintomáticos respiratórios sem confirmação de novos casos. Não há sistema de registro de "livro preto" na UPRB e as notificações são realizadas pelo serviço de VE municipal, que também faz dispensação dos medicamentos. Em caso de paciente bacilífero é oferecido isolamento em cela individual quando possível. Disponibiliza-se material educativo para os internos que buscam atendimento médico ou de outro profissional de saúde. Conclusão: O PCT está sendo implantado na UPRB conforme Portaria Interministerial 1777 (9/9/2003) devendo adequar-se com relação à capacitação de recursos humanos e sistema de vigilância epidemiológica local.
PO162 BACILOSCOPIA NO diagnóstico DE TB EM UM DISTRITO SANITÁRIO EM Recife
Cassia Santa Cruz R1, Rocha TS2, Monte ALD3, Torres BS4, Castanha MES5, Flores MA6, Egan MG7, Araúlo TSS8
1,4,5,6,7,8. UFPE, Recife, PE, Brasil; 2,3. Prefeitura de Recife, Recife, PE, Brasil.
Palavras-chave: Tuberculose; Baciloscopia; Tempo de diagnóstico
Introdução: A tuberculose pulmonar continua a ser uma doença altamente disseminada no mundo, suas características particulares faz dela um diagnóstico nem sempre fácil, dificultando a contenção do seu avanço, retardando o início do tratamento e aumentando a morbimortalidade. Objetivos: Avaliar a freqüência dos resultados da baciloscopia nos pacientes que iniciam o tratamento para TB pulmonar. Métodos: No distrito sanitário VI, da Prefeitura da cidade de Recife, foram avaliados pacientes com TB pulmonar, no período de 2004 a 2005, com 69 pacientes, com idade de 15 a 72 anos. Resultados: Em 69 pacientes, realizaram baciloscopia 44 pacientes, dos quais 17 (24,6%) foram +++, 8 (11,5%)++, e 7 (10,1%) +, 12 (17,3%) tiveram baciloscopia negativa. Conclusão: A detecção de casos novos é um dos principais componentes de qualquer programa de saúde pública, inclusive o da tuberculose. Sabe-se que cada doente não descoberto tende a infectar de 10 a 15 pessoas em um ano, sendo que uma ou duas adquirem a doença. Verificamos no nosso estudo que há uma grande parcela de pacientes que iniciam o tratamento empiricamente. A presença de cavidades ou infiltrados alveolares envolvendo três ou mais zonas pulmonares são associadas com escarro positivo em 98%.
PO163 perfil epidemiológico DOS PACIENTES, COM tuberculose, ATENDIDOS EM UM CENTRO DE SAÚDE REFERENCIAL do Estado do MARAnhão
Pereira Neto JA, Silva TB, Lima JHL
UFMA, São Luís, MA, Brasil.
Palavras-chave: Tuberculose; Perfil epidemiológico; Mycobacterium tuberculosis
Introdução: A tuberculose é uma doença infecto-contagiosa causada por uma bactéria chamada Mycobacterium tuberculosis. A transmissão ocorre através do ar. Enfermos não tratados costumam eliminar grande quantidade de bactérias no ar ambiente tossindo, falando ou espirrando. Estes micróbios podem ser inspirados por pessoas saudáveis, levando ao adoecimento. Além do pulmão, a doença pode ocorrer em outros órgãos como as meninges (meningite), ossos, rins e etc. Objetivos: Pesquisar as seguintes variáveis: sexo, faixa etária, apresentação clínica e co-infecção com o HIV em 195 pacientes com tuberculose atendidos no Centro de Saúde do Bairro de Fátima em São Luís-MA. Métodos: Foram estudados 195 pacientes com tuberculose atendidos no Centro de Saúde do Bairro de Fátima em São Luís-MA, no período compreendido entre 1996 e 2005, pesquisando-se as seguintes variáveis: sexo, faixa etária, apresentação clínica e co-infecção com o HIV. Os dados foram armazenados e analisados no programa Epi-Info 2002. Resultados: Dos 195 pacientes atendidos, 87 (44,6%) obtiveram alta por cura comprovada, 31 (15,9%) por cura não comprovada, 27 (13,8%) por abandono do tratamento, 8 (4,1%) por mudança do diagnóstico, 4 (2,05%) por óbito e 3 (1,5%) por falência terapêutica. Foram ignorados 35 casos (18%). Conclusão: Houve um predomínio no sexo masculino com ou sem a presença da co-infecção com o HIV, principalmente na faixa etária compreendida entre 15 e 44 anos. Observa-se eficiência médica na suspeição dos pacientes HIV positivos já que nos casos em que foram solicitados os exames, somente uma minoria apresentou resultados negativos.
PO164 SEQÜELA RADIOGRÁFICA APÓS O TÉRMINO DO tratamento DA tuberculose PULMONAR E associação DE ALTERAÇÃO ESPIROMÉTRICA
Cassia Santa Cruz R1, Rocha TS2, Monte ALD3, Torres BS4, Albuquerque MFPM5, Campelo ARL6, Freitas CDP7, Loureiro PAC8
1,4,5,6,7,8. UFPE, Recife, PE, Brasil; 2,3. Prefeitura de Recife, Recife, PE, Brasil.
Palavras-chave: Tuberculose; Seqüela; Espirometria
Introdução: É sugerido por alguns autores que a medição do tempo para categorizar o retardo no diagnóstico venha a ser um indicador no controle da tuberculose já que sua análise, em última instância, pode sinalizar para as conseqüências negativas, a invalidez e morte. Objetivos: Verifica a freqüência de seqüela radiográfica após o tratamento da TB pulmonar, e a existência de associação entre a seqüela radiográfica e a disfunção radiográfica. Métodos: Estudou-se um total de 96 pacientes, com 15 anos ou mais anos de idade, com diagnóstico de tuberculose pulmonar, atendidos em três unidades de saúde da Região Metropolitana de Recife no período de janeiro de 2003 a agosto de 2005, que possuíam radiografia do tórax, no início do tratamento, com graus de extensão das lesões pulmonares classificadas pelo critério da National Tuberculosis Association (NTA). Os pacientes responderam questionário, no início da pesquisa, e foram submetidos à prova de função pulmonar, após o término do tratamento. Resultados: O percentual de pacientes com disfunção respiratória foi menor (20,0%) entre os que tinham padrão radiográfico normal e foram mais elevadas (83,3%) entre os que tinham NTA pós com graus II e III, diferença esta que revela associação sendo estatisticamente significante entre disfunção respiratória conforme indica o valor de p (p < 0,05). Quando se analisa a disfunção respiratória segundo a ocorrência de seqüela radiográfica agregando as categorias NTA pós I, II e III ou a ausência de alteração no exame pós-tratamento observa-se que o percentual de pacientes com disfunção foi mais elevado entre os que tinham seqüela radiográfica do que entre os que não tinham (72,1% x 20,0% respectivamente) e comprova-se associação significante (p < 0,05). Conclusão: Anormalidades da função pulmonar geralmente são proporcionais à extensão da doença parenquimatosa, elas variam de zero a restrição grave. Na doença fibrótica difusa, o modelo típico é o de redução da capacidade vital, da capacidade pulmonar total, e da capacidade de difusão. Durante o tempo que um enfermo de tuberculose pulmonar não é diagnosticado nem tratado, suas lesões podem progredir e chegar até ao óbito.
PO165 atraso no diagnóstico DA tuberculose COM USO DE fluoroquinolonas EM PACIENTE COM ESCLEROSE SISTÊMICA: relato de caso
Benthien F1, Campagnaro G2, Meyer ME3, Olinger AF4, José SFA5, Rodrigues RP6
1,2,3,4. Hospital Santa Isabel, Blumenau, SC, Brasil; 5,6. Hospital do Pulmão, Blumenau, SC, Brasil.
Palavras-chave: Tuberculose; Atraso no diagnóstico; Fluoroquinolonas
Introdução: As fluoroquinolonas, que são usadas de maneira difundida para o tratamento da pneumonias adquiridas na comunidade (PAC) têm excelente atividade in vitro contra o mycobacterium tuberculosis. Este fato tem trazido preocupação em virtude do atraso no diagnóstico que uma tuberculose erroneamente tratada como PAC poderia causar. Em pacientes em uso de imunossupressores e com pneumopatias de base a associação é ainda mais comum, como no caso de pacientes com esclerose sistêmica em tratamento. Objetivos: Relatar um caso de atraso no diagnóstico da tuberculose após uso seqüencial de fluoroquinolonas. Métodos: Revisão de prontuário de da literatura na base de dados do pubmed. Resultados: Feminina, 23 anos, não-tabagista e sem pneumopatias prévias faz diagnóstico de esclerose sistêmica com acometimento de parênquima pulmonar há 12 meses. Vinha com estabilidade da doença, assintomática respiratória, e em uso de prednisona 40mg dia e ciclofosfamida 75mg dia. Há 2 meses da internação iniciou com tosse produtiva com escarro amarelado, febre vespertina e perda de peso de 5kg. Iniciou uso de levofloxacina 500mg que perdurou por 10 dias. Referiu melhora do quadro respiratório e após 3 semanas reiniciou com mesmos sintomas sendo receitado novamente o mesmo tratamento. Sem melhora desta e agora com dispnéia aos esforços vez procurou especialista que solicitou investigação. Radiograma de tórax sem alteração em relação ao de base. TC de tórax mostrou algumas áreas de fibrose pulmonar e bronquiectasias de tração, mas com novos nódulos centrolobulares subpleurais. A pesquisa de BAAR no escarro e a cultura para mycobacterium tubeculosis foi positiva. Melhora clínica com uso de esquema tríplice. Conclusão: O uso de fluoroquinolonas tem sido relatado na literatura como importante causa de atraso no diagnóstico de tuberculose e, como no caso em questão, pode estar entre 15 e 30 dias. Em pacientes com imunossupressão e com pneumopatias de base poda-se prever a importante mudança no desfecho que a ausência do esquema tríplice pode ocasionar nestes casos. Sugere-se embora ainda pouco embasado na literatura que opte-se por esquema alternativo quando houver uma mínima suspeita clínica em pacientes com início de tratamento para PAC.
PO166 Baciloscopias realizadas em triplicatas e culturas de escarros de pacientes com suspeita clínica tuberculose pulmonar
Pedrosa Albarral MI, De Almeida EA, Spada DTA, De Melo FF
Instituto Clemente Ferreira, São Paulo, SP, Brasil.
Palavras-chave: Tuberculose; Métodos diagnósticos; M. tuberculosis
Introdução: A proposta programática de rastreamento da tuberculose pulmonar (TbP) no país é a pesquisa de BAAR no escarro de sintomáticos respiratórios. Para os suspeitos de TbP, recomenda a realização de um exame de escarro no momento da primeira consulta e um novo exame orientando a coleta do primeiro escarro da manhã no retorno. Objetivos: Neste estudo avaliamos a contribuição de um terceiro exame e da cultura na seleção de portadores de TbP entre suspeitos examinados numa unidade de referência ambulatorial metropolitana, em São Paulo. Métodos: Foram realizados 3 exames baciloscópicos (Zihel-Neelsen), cultura (Lowenstein-Jensen) de escarro coletados durante a primeira consulta e pela manhã em dois retornos de pacientes com suspeita clínica/epidemiológica de TbP, no período de julho de 2005 a fevereiro de 2006. Foi feita a identificação do Mycobacterium tuberculosis por métodos fenotípicos. Resultados: Foram analisados 127 suspeitos de TbP no período com cultura positiva em 32 (25,2%) e a baciloscopia em 26 (20,5%), em uma, duas ou três amostras de escarro. Entre os pacientes com cultura positiva a positividade da primeira, segunda e terceira baciloscopias foi de 68,7% (22/32), 78,2% (25/32), 81,2% (26/32), respectivamente. Conclusão: Os resultados indicam que no grupo estudado a terceira amostra de escarro para baciloscopia não foi significativa e confirma que a cultura para M. tuberculosis é o método de maior sensibilidade, indispensável em uma unidade de referência.
PO167 REPRESENTATIVIDADE DA tuberculose EXTRAPULMONAR EM UM AMBULATÓRIO ESCOLA DA CIDADE DE Manaus
Cardoso VM1, Campos MH2, Silva CQ3, Catunda AC4, Gaudeano BM5, Sardinha AD6, Socorro de Lucena Cardoso MD7
1,2,3,5,6,7. Universidade Federal do Amazonas, Manaus, AM, Brasil; 4. Centro Universitário Nilton Lins, Manaus, AM, Brasil.
Palavras-chave: Tuberculose; Acometimento extrapulmonar; Perfil epidemiológico
Introdução: A tuberculose (TB) representa um grave problema de saúde nos países menos desenvolvidos, tornou-se uma doença emergente nos países mais ricos, e um grande desafio para o século XXI. Embora a principal forma clínica seja o acometimento pulmonar, é observado em um terço dos casos o envolvimento de outros órgãos. O presente trabalho justifica a necessidade de delinear um perfil epidemiológico da Tuberculose extrapulmonar (TEP) em um Ambulatório de referência para o tratamento da doença, na cidade de Manaus. Objetivos: Estabelecer o perfil epidemiológico da tuberculose extrapulmonar no Ambulatório Araújo Lima nos últimos seis anos. Métodos: Estudo descritivo, transversal com análise retrospectiva. Baseado em dados obtidos a partir dos livros de registro e prontuários dos pacientes atendidos no serviço de tisiologia do AAL, vinculado ao Hospital Getúlio Vargas, durante os anos de 2000 a 2005. Foram inclusos, aqueles que tiveram TEP e iniciaram o tratamento mediante confirmação laboratorial ou histopatológica. Resultados: De um total de 585 casos, a tuberculose extrapulmonar foi diagnosticada em 243 (41,5%) pacientes, sendo que 14 (5,76) apresentavam comprometimento pulmonar concomitante. A TEP predominou na faixa etária de adultos jovens (18-40 anos; 66,4%) e no sexo masculino (56,8%). A TB pleural (46,5%) foi a mais encontrada seguida da ganglionar (21,4%), óssea (16%), mal de pott (4,5%), miliar (3,3%), ocular (2,9%), articular (2,4%), meningite (2,4%) e outras- cutânea, anal, genitourinária, pericárdica, peritoneal e mesentérica (14/243, 5,8%). Quanto ao tratamento 234 (96,3%) fizeram o esquema I, três (1,3%) o esquema II e uma (0,4%) o esquema I reforçado. Em 203 casos (83,5%) ocorreu a cura, 11 (4,5%) óbitos e sete (2,9%) abandonos. As principais comorbidades associadas foram insuficiência renal crônica (6,2%), Diabetes melitos (2,9%), e Hepatite C (0,8%). Conclusão: A região norte responde por um grande número de TB notificado no Brasil. Apesar da TEP não apresentar importância epidemiologia quanto ao critério de transmissibilidade, é uma causa de condições limitantes a vida de pacientes assim como de internações hospitalares. Sendo importante conhecer os principais sítios e condições correlacionadas para a correta realização do diagnóstico e tratamento.
PO168 EVOLUÇÃO DO REGISTRO DE CASOS DE MICOBACTÉRIAS não tuberculosas (MNT) EM UMA REFERÊNCIA AMBULATORIAL NA CIDADE de São Paulo, 1995 A 2004
Guimarães Savioli MT, Neto JI, Brito VM, Couto RD, De Almeida EA, Spada DTA, Almeida JT, De Melo FF
Instituto Clemente Ferreira, São Paulo, SP, Brasil.
Palavras-chave: Tuberculose; Micobacterioses; Micobactéria não tuberculosas
Introdução: Estaria a incidência das micobacterioses (MCB), doenças provocadas por micobactérias não tuberculosas (MNT) aumentando ou melhoraram os recursos diagnósticos capazes de evidenciá-las? Tentando responder esta questão, realizamos uma revisão de sua incidência no Instituto Clemente Ferreira (ICF), referência ambulatorial de tuberculose (TB) e pneumopatias na cidade de São Paulo. Objetivos: Analisar o comportamento histórico da incidência de MCB em uma unidade de referência. Métodos: Revisão de MCB registrados no ICF no período de 1994 a 2004, identificando a origem dos mesmos, tipos de MNT, formas da doença, antecedentes, associações com condições imunossupressoras, evolução com tratamento. A identificação foi basicamente por métodos bioquímicos (fenotípicos), sendo que nos anos de 2003 e 2004, estes foram comparados com sondagem genética. Resultados: Registrados 78 pacientes portadores de MNT no período, destes 42 (54%) foram identificados no ICF e 36 (46%) encaminhados já identificados, alguns confirmados no Serviço. Excluindo o ano de 2002, em que o laboratório passou por dificuldades técnicas, observa-se um nítido aumento de registro a partir do ano de 1999, de 4 para 10 e 9 nos anos de 2003 e 2004. Quanto às espécies, as mais freqüentes foram: Mycobacterium kansasii (44-56%), M. avium (15-19%) e M. chelonei (7-9%), algumas associadas, especialmente o M. kansasii com o M. tuberculosis (5 casos). A forma pulmonar foi amplamente predominante com 73 (94%) casos (associações em 3). Antecedentes de TB em 25 (32%) a maioria entre os com M. kansasii. Sorologia para HIV realizado em 38 com cerca de um quarto reagentes (9/45 = 20%). O abandono foi de 17% (13/78) e o óbito de 8% (6/78). Quanto ao tratamento observou-se entre os casos de M. kansasii 58% (25/43) de cura, sendo quase 40% (17/43) com drogas usuais. Conclusão: Para os casos registrados, há indícios de aumento do número de casos. Este pode estar relacionado à melhora do diagnóstico, interferência da pandemia HIV e como foi observado em outros países, aumento relativo devido ao controle da TB (alterações ecológicas entre as micobactérias?). Predomínio da forma pulmonar pode ser explicado pela natureza do Serviço. A cura do M. kansasii com drogas usuais sugere que sua ocorrência seja mais freqüente num país que trata com E1 ou E1R pacientes com baciloscopia positiva sem identificação da micobactéria.
PO169 DUAS RARAS DOCUMENTAÇÕES SEQÜENCIAIS DA RADIOLOGIA torácica DE DOIS TIPOS DE EVOLUÇÃO DA tuberculose PULMONAR COM O tratamento QUIMIOTERÁPICO (TUBERCULOMA E ATELECTASIA LOBAR TOTAL)
Fiuza de Melo FA, Rodrigues DS, Pereira Jr SB, Ribeiro Medici LF
Instituto Clemente Ferreira, São Paulo, SP, Brasil.
Palavras-chave: Tuberculose; Radiologia torácica; M. tuberculosis
Introdução: O conhecimento da evolução radiológica com o tratamento quimioterápico da tuberculose pulmonar (TbP), pode constituir um importante instrumento para especialistas, na avaliação da terapia instituída; além de identificar seqüelas pulmonares da TbP capazes de interferir no estado de saúde do paciente tratado com cura. Objetivos: Apresentar duas raras documentações seqüenciais de radiologias torácicas de TbP, apresentando a evolução do RX convencional do diagnóstico até a cura, em pacientes tratadas com esquema quimioterápicos, em uma referência ambulatorial. Métodos: Os presentes casos foram destacados de um arquivo documental educativo sobre imagens da TbP, em organização no Serviço. A primeira registrando a formação de um tuberculoma a partir da cavidade inicial e a segunda uma atelectasia total do lobo superior D. Resultados: Caso 1 - S.T, sexo feminino, 51 anos, descedente de asiáticos, solteira, digitadora. Portadora de diabetes, uso regular de glibenclamida, tabagista (18 anos/maço). Há 12 meses dor torácica contínua, há 6 sudorese noturna, há 2 tosse seca depois produtiva com secreção mucosa. Perda de 12kg/12 meses. RX de tórax inicial com cavidade em topografia de segmento superior do LID. PPD = 15mm, escarro direto e cultura positivos para o M. tuberculosis (identificação fenotípica). Inicia E-1/MS (RHZ), negativando o escarro (direto e cultura) nos primeiros 3 meses. Apresenta cultura de escarro positiva no 4º, direto (5 bacilos na lâmina) e cultura em meio automatizado (BACTEC-MGIT.960) no 5º mês, com diabete descompensada. TS (método das proporções) no 5º mês mostrou resistência a H e Z, não reconhecidas por serem consideradas transitórias. Introduzido insulina e prolongado a dupla RH para 9 meses, volta a negativar o escarro, direto e cultura, evoluindo clínica e radiologicamente bem. Controle com 3 meses após a alta, mantinha-se bem, RX inalterado, escarro negativo. Caso 2 - D.R.F., sexo feminino, 22 anos, não branca, solteira, desempregada. Tratamento anterior para TbP, com contatos positivos intradomiciliares (2 irmãos), em 2003, usando E-1/MS com alta cura. Quatro meses depois, novamente sintomática, com tosse produtiva, PPD = 15mm, escarro e cultura positivos para M. tuberculosis (identificação fenotípica). TS sem resistência às drogas usuais. Inicia E-1R, retirando a Z por grave intolerância digestiva. Evolui para cura com melhora clínica, ausência de escarro e regressão radiológica das lesões. Atelectasia total do lobo superior D no final do tratamento com cura, como vista na evolução radiológica seqüencial. Conclusão: Atualmente pouco se escreve sobre a evolução radiológica e a percentagem de seqüelas pulmonares da TbP, anatômicas e funcionais. O conhecimento desta evolução durante e após a terapia é um importante instrumento de avaliação do próprio tratamento e dos problemas que podem gerar as seqüelas para a saúde do paciente agora curado. Foi com esta visão que apresentam casos.
PO170 PANICULITE POR mycobacterium KANSASII RELACIONADA A PROCEDIMENTOS ESTÉTICOS
Fiuza de Melo FA, De Almeida EA, Spada DTA
Instituto Clemente Ferreira, São Paulo, SP, Brasil.
Palavras-chave: M. Kansasii; Paniculite; Micobacterioses
Introdução: Observações iniciais parecem indicar um aumento do registro de micobacterioses (MCB) no Instituto Clemente Ferreira, referência ambulatorial para tuberculose na cidade de São Paulo. Este aumento pode resultar de uma melhoria no diagnóstico, influências da pandemia de HIV ou outras razões. Objetivos: Apresentar um caso de paniculite por Mycobacterium kansasii que pode representar uma nova razão para a ocorrência de MCB. Métodos: Relato de caso de paciente atendida no Instituto Clement Ferreira que foi submetida a procedimento cirúrgico estético com evolução para paniculite por M. kansassi. Resultados: Paciente de 27 anos, branca, solteira, realizou cirurgia plástica e lipoaspiração em abdome após parto. Na evolução apresentou diversas lesões supurativas que se prolongaram por quase dois anos. Usou antibióticos de largo espectros e realizou curativos com instrumental imerso em hipoclorito, sem melhora. Biópsia de uma das lesões revelou no anatomopatológico granuloma com caseose. O RX de tórax era normal e o PPD foi de 15mm Aspirado exsudativo de uma das lesões com presença de BAAR no exame direto, teve cultura positiva para micobactéria não tuberculosa (MNT), identificada como M. kansasii. Esquema 1/MS (RHZ) iniciado antes do resultado da identificação da micobactéria foi modificado, após a mesma, para uma associação de rifampicina, etambutol, claritromicina usado por 12 meses. Apresentou boa evolução com regressão das lesões, permanecendo seqüelas queloidianas, retráteis e hiperpigmentadas que melhoraram com o passar do tempo, acabando por fazer novas intervenções estéticas, inclusive de mamas. Conclusão: Além de estabelecer a possibilidade de transmissão de MNT por material cirúrgico e de curativos contaminado, o caso alerta para os cuidados nos procedimentos estéticos e revela a necessidade de controles de biossegurança rigorosos em clínicas de cirurgia plástica. Considere-se a contaminação de instrumental usado em curativos, desinfetados em banhos de hipoclorito e a resistência das micobactérias a este desinfetante, sendo o provável mecanismo de transmissão do M. kansasii no caso apresentado.
PO171 relato de caso. É COMUM estenose brônquica LOGO APÓS O TÉRMINO DO tratamento DA tuberculose
Araújo JV1, Abreu AP2, Sousa ALGB3
1. Universidade Federal de Roraima, Boa Vista, RR, Brasil; 2,3. Hospital Geral de Roraima, Boa Vista, RR, Bélgica
Palavras-chave: Tuberculose; Estenose; Complicações
Introdução: As complicações decorrentes da tuberculose são bem conhecidas podendo ser parenquimatosas, pleurais, vasculares ou aéreas. Neste último grupo encontra-se a estenose brônquica que se divide por sua vez em estenose por compressão extrínseca ou endobrônquica. Tal estenose quando acomete o brônquio principal leva a atelectasia tendo a broncofibroscopia o principal instrumento diagnóstico. Objetivos: Revisar a literatura sobre as complicações menos comum da tuberculose tendo em vista a importância e a necessidade de reforçar a possibilidade desta ocorrência em nosso meio. Métodos: Levantamento bibliográfico nos bancos de dados eletrônicos. Realizou-se também pesquisa manual, entre as referências bibliográficas dos trabalhos selecionados. Resultados: Uma paciente do sexo feminino, de 20 anos, parda, natural de Roraima, foi atendida no ambulatório de Pneumologia com tosse produtiva e perda ponderal há três meses. Após investigação clínica e laboratorial foi diagnosticada tuberculose pulmonar positiva sendo realizado esquema I (RIP) por seis meses regularmente. Ao final do tratamento, após ter apresentado boa evolução clínica e radiológica, apresentou episódio súbito de dor torácica, sem outros sintomas. O exame físico era normal, com exceção da ausculta pulmonar na qual o murmúrio vesicular encontra-se bastante diminuído no hemitórax direito (HTD). A radiografia de tórax demonstrou opacidade homogênea de todo o HTD com desvio da traquéia e mediastino ipsilateral. A Tomografia computadorizada de tórax apresentava atelectasia de todo o pulmão direito. Após exames de imagem, uma broncoscopia foi realizada e evidenciou estenose concêntrica total do brônquio principal direito sendo o resultado anatomopatológico: processo inflamatório inespecífico. Foi encaminhada para cirurgia torácica em outro estado, pois não dispomos de cirurgião torácico em Roraima, para possível realização de broncoplastia ou dilatação brônquica, porém a equipe cirúrgica optou por não realizar cirurgia. Conclusão: A estenose traqueobrônquica como complicação da tuberculose pode ser causada por processo inflamatório granulomatoso na parede traqueobrônquica ou por pressão extrínseca por linfonodos peribrônquicos aumentados. O envolvimento endobrônquico ocorre em aproximadamente 2 a 4% dos pacientes com tuberculose pulmonar, sendo o brônquio principal esquerdo o mais acometido. Estes índices englobam sobretudo pacientes que possuem complicações pulmonares tais como: Bronquiectasia, destruição e cicatrização pulmonar secundárias a pneumopatias diversas. A paciente em questão mostra-se de forma diferente por ter a apresentado estenose brônquica logo após o término do tratamento e na ausência de seqüelas pulmonares.
Cirurgia torácica
PO172 ANÁLISE DO tratamento DA HIPERIDROSE POR SIMPATECTOMIA VIDEOTORACOSCÓPICA NO HC - FMB - UNESP
Cataneo DC1, Hasimoto EN2, Cataneo AJM3
1,3. Serviço de Cirurgia Torácica do Hospital das Clínicas da Faculdade de Medicina de Botucatu - UNESP, Botucatu, SP, Brasil; 2. Residência em Cirurgia Geral do HC - FMB - UNESP, Botucatu, SP, Brasil.
Palavras-chave: Hiperidrose palmar; Simpatectomia toracoscópica; Toracoscopia
Introdução: Hiperidrose, por definição, é a secreção excessiva de suor. A etiologia é desconhecida e autores têm demonstrado que em alguns casos está relacionada à hereditariedade. Não se tem provado qualquer transtorno ao nível das glândulas sudoríparas e se crê que, há algum tipo de transtorno ao nível do sistema nervoso simpático. Ocorre em cerca de 1% da população sendo mais freqüente na Ásia, Israel e no Brasil, e menos na América do Norte. Existem vários tratamentos para a hiperidrose, como uso de cremes adstringentes, medicamentos, aplicação de botox e a iontoforese, mas o único tratamento definitivo é o cirúrgico. Entre as opções cirúrgicas, a simpatectomia torácica videotoracoscópica é a mais simples, rápida, segura e efetiva. Objetivos: Avaliar os pacientes portadores de hiperidrose, submetidos a simpatectomia videotoracoscópica, atendidos no Serviço de Cirurgia Torácica do HC da FM Botucatu - UNESP do ano de 2001 a 2006. Métodos: Análise do prontuário avaliando idade, sexo, local de acometimento da doença, nível seccionado da cadeia simpática, complicações e satisfação, além de entrevista com aplicação do questionário de qualidade de vida após a cirurgia. Resultados: No período de julho de 2001 a julho de 2006, foram operados 182 pacientes, com idade de 11 a 54 anos (x = 23), sendo 126 do sexo feminino (70%). O local mais acometido foi palmar (89%), sendo somente 8 puros, em segundo, o plantar (79%), não havendo nenhum puro. Dos 61% com comprometimento axilar, 15 eram puros. Dos 6% crânio-faciais, 2 eram puros. A técnica cirúrgica empregada segundo o local comprometido antes de março de 2003 foi: secção de T2-3 em hiperidrose palmar e palmo-axilar e T2-4 em palmo-axilo-plantar. Após este período foi T2 em crânio-facial, T3-4 em palmar e palmo-axilar, T3-5 em palmo-axilo-plantar. As complicações aconteceram em 11 dos casos, sendo 5 intra-operatórias: fístula pleuropulmonar (3), conversão unilateral por aderências extensas (1), suspensão da cirurgia por paquipleuris (1); 5 pós-operatórias imediatas: lesão transitória do plexo braquial pelo posicionamento (3), nevralgia intercostal (1), quilotórax (1) e 1 pós-operatórias tardias: recidiva bilateral após 3 meses (1). A hiperidrose reflexa, de leve intensidade, ocorreu em 90% dos casos, sendo mais freqüente em tronco, seguido de abdome e pernas. O questionário de qualidade de vida após a cirurgia mostrou que 96% dos pacientes referiam estar melhor ou muito melhor após a cirurgia, 1% referiram não haver mudança e 3% referiam piora. Conclusão: Apesar de segura, a técnica videotoracoscópica para tratamento da hiperidrose não é isenta de complicações. A grande maioria dos pacientes está satisfeita com os resultados da cirurgia, mas deve ser feita uma triagem adequada para que a sua indicação seja correta. Em resumo, a simplicidade da técnica e os bons resultados obtidos não excluem a necessidade da sua realização pelo especialista.
PO173 CORIOCARCINOMA PULMONAR
Cataneo DC1, Baida RL2, Michelin OC3, Maestá I4, Ruiz Jr RL5, Cataneo AJM6
1,5,6. Serviço de Cirurgia Torácica do Hospital das Clínicas da Faculdade de Medicina de Botucatu - UNESP, Botucatu, SP, Brasil; 2. Residência em Cirurgia Torácica do HC - FMB - UNESP, Botucatu, SP, Brasil; 3. Serviço de Oncologia Clínica do Hospital das Clínicas da Faculdade de Medicina de Botucatu - UNESP, Botucatu, SP, Brasil; 4. Centro de Doenças Trofoblásticas do HC da Faculdade de Medicina de Botucatu - UNESP, Botucatu, SP, Brasil.
Palavras-chave: Coriocarcinoma; Pulmão; Cirurgia
Introdução: O coriocarcinoma é uma proliferação maligna das células de Langerhans e das células sinciciotrofoblásticas secretoras de B-hCG, normalmente situadas no trato genital feminino após gestação à termo, molar, ectópica ou aborto. Ocorre raramente em ambos os sexos como uma lesão mediana em retroperitônio, mediastino e glândula pineal. Na literatura há cerca de 20 casos de coriocarcinoma primário dos pulmões. A origem do tumor nesse sítio é desconhecida, mas há várias teorias como da metástase de tumor gonadal primário com regressão espontânea ou da diferenciação ou metaplasia trofoblástica de um tumor de pulmão primário e mesmo da migração anômala de células germinativas durante a fase embriônica. A apresentação clínica pode ser muito variada, com hemoptise recorrente, dor torácica, tosse e, em homens, sinais de feminilização como ginecomastia, perda da libido e atrofia testicular. Metástases à distância podem ocorrer em pulmões, cérebro e fígado. As características que marcam a Síndrome do Coriocarcinoma são: sangramento da lesão e elevação sérica de B-hCG, que também é um fator diagnóstico, de prognóstico e muito útil no seguimento. O prognóstico, quando de origem gestacional, é bom, se associada a ressecção à quimioterapia. À radioterapia, o tumor não é responsivo. Objetivos: Relatar um caso de coriocarcinoma pulmonar. Métodos: Avaliação da história prévia, diagnóstico, cirurgia, exame histopatológico e evolução, através do prontuário. Resultados: Mulher de 28 anos, apresentou gestação molar tratada e com regularização dos níveis de B-hCG. Após 3 anos teve parto cesárea de criança à termo e 1 ano de amenorréia induzida desde o puerpério por depoprovera. Realizou teste rápido de gravidez, positivo, foram solicitados B-hCG quantitativo (52.000mUI/ml), US pélvico e Rx de tórax que evidenciou a presença de radiopacidade em terço médio de hemitórax direito. À TC de tórax visibilizou-se uma massa de 10x9cm em lobo inferior direito (LID), que à punção diagnosticou-se tumor trofoblástico epitelióide. Foi iniciado tratamento quimioterápico por 15 meses, com queda importante do B-hCG, no entanto ao Rx de tórax de controle ainda havia uma imagem radiopaca em LID, medindo 3x3,5cm. No serviço de origem foi optado por não ressecção, mas houve aumento da massa pulmonar e dos valores de B-hCG, quando então foi encaminhada ao nosso serviço. Foi realizada lobectomia inferior direita com linfadenectomia mediastinal sistemática. O anatomopatológico e a análise molecular, confirmaram o diagnóstico de Coriocarcinoma Pulmonar de origem gestacional, sem comprometimento linfonodal. A paciente evoluiu bem e após 2 semanas da ressecção, o B-hCG já encontrava-se em níveis normais. Conclusão: Neste caso, houve confirmação da origem gestacional do coriocarcinoma primário do pulmão, confirmada por genética molecular e a paciente permanece em regime quimioterápico sem elevação do B-hCG.
PO174 sarcoma FIBROMIXÓIDE DIAFRAGMÁTICO
Cataneo DC1, Pereira RSC2, Hasimoto EN3, Baida RL4, Lhanos JC5, Minossi JG6, Cataneo AJM7
1,7. Serviço de Cirurgia Torácica do Hospital das Clínicas da Faculdade de Medicina de Botucatu - UNESP, Botucatu, SP, Brasil; 2. Curso de Pós-Graduação em Bases Gerais da Cirurgia - Faculdade de Medicina de Botucatu - UNESP, Botucatu, SP, Brasil; 3. Residência em Cirurgia Geral do HC - FMB - UNESP, Botucatu, SP, Brasil; 4. Residência em Cirurgia Torácica do HC - FMB - UNESP, Botucatu, SP, Brasil; 5,6. Serviço de Gastroenterologia Cirúrgica do HC da Faculdade de Medicina de Botucatu - UNESP, Botucatu, SP, Brasil.
Palavras-chave: Sarcoma; Diafragma; Cirurgia
Introdução: Os sarcomas primários do tórax são tumores raros encontrados em adultos jovens entre a terceira e quinta décadas de vida, com discreto predomínio pelo sexo masculino. O sarcoma fibromixóide de baixo grau é uma neoplasia de tecidos moles de crescimento lento, mais comum em membros inferiores e retroperitônio, sendo rara em outras localizações. O diagnóstico diferencial é feito com tumores benignos como o neurofibroma mixóide, tumores de malignidade intermediária e outros sarcomas como o lipossarcoma de células fusiformes, mas há grande dificuldade de fazê-lo unicamente através de métodos de imagem. Apesar de manifestarem-se como grandes massas heterogêneas, também podem ser encontrados como nódulos pulmonares solitários, tumores endobrônquicos centrais e massas intraluminais nas artérias pulmonares. A macroscopia mostra grandes massas com margens bem definidas, circunscritas e de aparência fibrosa. Histologicamente há áreas fibróides e mixóides de tamanhos variáveis, discreta a moderada celularidade e células fibroblásticas fusiformes, com ou sem pleomorfismo nuclear e poucas figuras mitóticas. O tratamento de escolha é a ressecção cirúrgica do tumor primário, bem como das recidivas e das metástases que geralmente ocorrem antes de 2 anos. A quimioterapia e radioterapia parecem não mudar o curso da doença. Objetivos: Relatar um caso de sarcoma fibromixóide. Métodos: Avaliação do quadro clínico, diagnóstico, tratamento, exame histopatológico e evolução, através do prontuário. Resultados: Mulher, 36 anos, moradora de zona rural de Minas Gerais. Iniciou quadro de dor em hemitórax esquerdo (HTE), tendo procurado o serviço médico de sua cidade onde foi realizada uma radiografia de tórax que evidenciava uma radiopacidade homogênea em base de HTE. Após 2 tentativas de biópsia (bx) guiada por tomografia de tórax (TC), sem resultados conclusivos, a paciente nos foi encaminhada. A TC evidenciava uma massa heterogênea de 22x17cm, com áreas de necrose e pontos de calcificação, em base de HTE, com intenso realce à injeção de contraste, projetando-se para hipocôndrio esquerdo. O resultado da bx foi de Neoplasia Mesenquimal de células fusiformes de baixo grau. Realizada laparotomia mediana com ressecção de baço, segmento gástrico e rim esquerdo, invadidos pelo tumor, bem como de nódulo em hilo hepático; ampliada a incisão abdominal sob diafragma, esterno e 7° espaço intercostal e ressecados o diafragma e metástases pleurais regionais. O exame anatomopatológico evidenciou um sarcoma fibromixóide diafragmático de baixo grau com desdiferenciação de alto grau, medindo 22x17x13cm. No pós-operatório a paciente evoluiu bem, com alta hospitalar em 7 dias e após 8 meses de cirurgia, quimioterapia e radioterapia apresenta múltiplos pequenos nódulos pleurais e peritoneais, ainda sem clínica. Conclusão: O tumor descrito tem aparência benigna, no entanto, comportamento clínico agressivo, visto que havia metástases em pleura e peritônio e mesmo após ressecção, quimioterapia e radioterapia, continuam a crescer.
PO175 lipossarcoma MEDIASTINAL GIGANTE
Cataneo DC1, Baida RL2, De Faveri J3, Ruiz Jr RL4, Cataneo AJM5
1,4,5. Serviço de Cirurgia Torácica do Hospital das Clínicas da Faculdade de Medicina de Botucatu - UNESP, Botucatu, SP, Brasil; 2. Residência em Cirurgia Torácica do HC da Faculdade de Medicina de Botucatu - UNESP, Botucatu, SP, Brasil; 3. Serviço de Patologia do Hospital das Clínicas da Faculdade de Medicina de Botucatu - UNESP, Botucatu, SP, Brasil.
Palavras-chave: Mediastino; Tumores do mediastino; Lipossarcoma
Introdução: Sarcomas originários do mediastino são raros, constituindo 0,1 a 2,7% de todos os sarcomas de partes moles. O lipossarcoma é o sarcoma mais comum de partes moles, com incidência de 9,8% a 16%. Comumente cresce no retroperitônio, podendo envolver outras estruturas vizinhas, como a região inguinal, fossa poplítea, membros e trato geniturinário. Lipossarcomas mediastinais primários são raros e pouco mais de cem casos foram reportados na literatura. Sua origem é do tecido mesenquimal primitivo residual do mediastino. Há autores que acreditam em uma degeneração maligna de um lipoma mediastinal. Predomina no sexo masculino, e a idade média de diagnóstico é com 50 anos. A clínica é compressiva pulmonar com tosse, dispnéia, derrame pleural e dor torácica. Tem crescimento insidioso, podendo invadir a cavidade pleural, sem haver sintomas. O diagnóstico diferencial se faz com outros sarcomas, e o completo estadiamento torácico deve ser feito para avaliar a ressecabilidade, invasão de vasos mediastinais e da parede torácica. A raridade da patologia torna difícil a avaliação do prognóstico e sobrevida, no entanto, ambos são relacionados à completa ressecção, pois os tratamentos quimioterápicos e radioterápicos são ineficazes. Objetivos: Relatar um caso de lipossarcoma mediastinal gigante. Métodos: Avaliação do quadro clínico, diagnóstico, tratamento e evolução através do prontuário. Resultados: Mulher de 45 anos, procedente do Paraná. Referia há 6 anos ter iniciado quadro de tosse seca com piora progressiva, acompanhada de dispnéia aos mínimos esforços e perda de peso não calculada. Após intensa piora do quadro, procurou serviço médico e nos foi encaminhada. Ao exame físico de entrada apresentava tiragem de fúrcula, diminuição de expansibilidade e murmúrio abolido em hemitórax esquerdo (HTE). Foi realizada radiografia de tórax (Rx) que mostrava uma radiopacidade homogênea em todo HTE, desviando o mediastino para a direita. À tomografia de tórax (TC) foi visualizada uma grande massa em HTE, com densidade e aspecto de gordura e sem realce à injeção de contraste, além de colapso total compressivo do pulmão esquerdo e da aorta torácica. A biópsia guiada por TC teve resultado de fragmentos de tecido adiposo sem atipias. Foi então optado pela ressecção da massa. Realizada toracotomia clássica esquerda, na abertura da cavidade já foi visibilizada a massa, que não apresentava aderências em parede, com pedículo mediastinal, clampeado e ligado. A cirurgia foi simples, rápida e sem intercorrências, tendo o pulmão esquerdo expandido totalmente após a retirada da massa. O anatomopatológico foi de Lipossarcoma mediastinal bem diferenciado. A Rx pós-operatório mostrava o pulmão esquerdo ventilado, sem sinais de edema de reexpansão, mas a paciente apresentou hipotensão não responsiva a volume ou drogas, evoluindo para o óbito 12 horas após o término da cirurgia. Conclusão: Apesar de não haver sangramento, nem edema de reexpansão, a retirada desse tumor gigante foi letal para o paciente.
PO176 tratamento VIDEOTORACOSCÓPICO DA SD. DO DESFILADEIRO TORÁCICO
Nálio Matias Faria CM, Cury FA, Nietman H, Filipe FMR
FAMERP, São José do Rio Preto, SP, Brasil.
Palavras-chave: SD do desfiladeiro torácico; Ressecção da primeira costela; Videotoracoscopia
Introdução: A síndrome do desfiladeiro torácico é de fenômeno compressivo do plexo braquial e/ou vasos subclávios. Estas estruturas atravessam um estreito denominado Canal Cervicoaxilar, que pode comprimir seu conteúdo em determinadas situações. As estruturas que comprimem, muitas vezes, são difíceis de ser identificadas individualmente como responsáveis, mas estão entre: clavícula; processo coracóide associado ao tendão do m. peitoral menor; primeira costela; ligamento costoclavicular; m. subclávio; m. escaleno médio; m. escaleno anterior; processo vertebral transverso; costela cervical; O tratamento é inicialmente conservador com remoção do fator desencadeante, como é o caso de correção das posturas inadequadas ao dormir. Segue-se fisioterapia e em caso de insucesso o tratamento cirúrgico. A ressecção da primeira costela é a cirurgia de escolha e tem as abordagens axilares ou videotoracoscópicas como as opções mais popularizadas na atualidade. Objetivos: Relatar a experiência do serviço de cirurgia torácica da faculdade de Medicina de São José do Rio Preto em tratamento videotoracoscópico na Sd. do desfiladeiro torácico (TVSD), e demonstrar a técnica empregada através da filmagem de um procedimento. Métodos: Trabalho retrospectivo com revisão de prontuários dos pacientes submetidos aos procedimentos em questão, avaliando-se indicações, resultados e complicações. Realizamos a documentação cinematográfica da última cirurgia realizada. Resultados: Foram realizadas seis TVSD de abril de 2002 a maio de 2006 em cinco pacientes (um caso foi realizado ressecção bilateral). Três pacientes do sexo feminino e dois masculinos com idades entre 28 e 47 anos e média de 38. Duas ressecções do lado direito e quatro à esquerda. Três cirurgias tiveram indicações baseadas em diagnósticos vasculares e três procedimentos foram indicados por sintomas neurais. Todos foram submetidos a TVSD. Não foi necessária a drenagem torácica pós-operatória em nenhum caso. A melhora clínica foi alcançada na totalidade. O tempo de internação variou entre 3 e 4 dias e não houve complicações. Conclusão: A experiência preliminar em TVSD em nosso serviço demonstrou-se eficaz e de baixa morbidade. Consideramos a necessidade de estatística mais significativa para conclusões seguras. Com a experiência atual os dados apresentados nos tornam defensores e propagadores desta técnica.
PO177 ESTENOSE TRAQUEAL SECUNDÁRIA A refluxo gastroesofágico
Medeiros IL, Terra RM, Minamoto H, Jatene FB
Serviço de Cirurgia Torácica do Hospital das Clínicas da FMUSP, São Paulo, SP, Brasil.
Palavras-chave: Estenose traqueal; Refluxo gastroesofágico; Tratamento clínico
Introdução: A estenose traqueal idiopática é uma doença rara caracterizada por estenose cicatricial inflamatória ao nível da cricóide e traquéia alta que acomete, principalmente, mulheres de 20 a 50 anos. O diagnóstico depende da exclusão de causas identificáveis de estenose, como lesão pós-intubação, trauma, infecções e colagenoses (granulomatose de Wegener, esclerodermia). Recentemente, alguns autores têm tentado correlacionar refluxo gastroesofágico (DRGE) como fator etiológico em alguns deste casos. Objetivos: Relatar caso clínico conduzido inicialmente como estenose traqueal idiopática, definindo-se depois como estenose secundária a DRGE. Métodos: Revisão de prontuário. Resultados: Paciente do sexo feminino, 44 anos, apresentava dispnéia aos esforços há 2 anos. Relata que o quadro piorou há 6 meses quando passou a apresentar dispnéia aos mínimos esforços, ortopnéia e cornagem. Não tinha antecedentes de intubação orotraqueal, trauma cervical, infecções (tuberculose, histoplasmose), colagenoses e/ou vasculites. O exame físico revelava uma paciente obesa (IMC 36kg/m2) com estridor laríngeo. Realizou broncoscopia e TC de traquéia que mostraram estenose na transição cricotraqueal acometendo a cartilagem cricóide com 25mm de extensão e 6mm de diâmetro. A biópsia da área de estenose mostrou metaplasia escamosa focal com fibrose e hialinização do córion. A pesquisa de anticorpos anti-citoplasma de neutrófilo (ANCA) foi negativa. Durante seu acompanhamento ambulatorial foi submetida a quatro dilatações endoscópicas, apresentando melhora transitória dos sintomas, voltando a ter dispnéia após um intervalo de tempo variável (2 a 12 meses). Antes de ser submetida a qualquer procedimento cirúrgico, realizou pHmetria de 24 horas, que revelou DRGE em níveis patológicos, no período em decúbito horizontal (refluxo patológico supino), além de refluxo supraesofágico (faringolaríngeo). Iniciou tratamento clínico para DRGE com omeprazol 40mg/dia, bromoprida 30mg/dia e medidas comportamentais, tais como, perda de peso, dieta, elevação de decúbito etc. Repetiu a pHmetria após 6 meses que demonstrou ausência de refluxo patológico. Desde o início do tratamento para o refluxo (06/2003) até seu último retorno de rotina (06/2006), a paciente permaneceu assintomática e sem necessidade de dilatações. Realizou nova TC de traquéia que mostrou leve estenose em subglote (10,4 x 10,6mm). Conclusão: A paciente do caso apresentava várias características que nos conduziram à hipótese de estenose traqueal idiopática: mulher, quarta década, estenose alta, ausência de intubação prévia, ANCA negativo. No entanto, apesar de não apresentar pirose e regurgitação, a paciente tinha DRGE acentuado, como evidenciado na pHmetria. A boa resposta ao tratamento clínico confirma que a paciente tinha uma lesão laringotraqueal secundária ao refluxo e foi evitado o tratamento cirúrgico.
PO178 síndrome de veia cava superior: ESTÁ ASSOCIADA A MAIOR RISCO DE complicações OPERATÓRIAS EM MEDIASTINOSCOPIA?
Terra RM, Mariani AW, Fernandez A, Jatene FB
Serviço de Cirurgia Torácica do Hospital das Clínicas da FMUSP, São Paulo, SP, Brasil.
Palavras-chave: Mediastinoscopia; Complicações; Síndrome de veia cava superior
Introdução: Síndrome de Veia Cava Superior (SVCS) acomete pacientes com gravidade e tem uma ampla gama de diagnósticos diferenciais. Por conta da gravidade e urgência do quadro, requer métodos diagnósticos acurados e com baixo índice de complicações. A mediastinoscopia é uma boa opção para o diagnóstico de lesões mediastinais, porém freqüentemente questionamos os seus riscos nos casos de hipertensão venosa, principalmente por conta da estase, o que poderia aumentar o risco de sangramento. Objetivos: Avaliar a hipótese de que SVCS seja fator de maior risco para complicações em pacientes submetidos a mediastinoscopia. Métodos: Estudo de coorte histórica, incluindo os pacientes submetidos a mediastinoscopia cervical no período de 1994 a 2004. Os casos foram divididos em 2 grupos: SVCS e não-SVCS. Pacientes eram considerados portadores de SVCS quando apresentavam sinais clínicos e radiológicos compatíveis com hipertensão venosa do território superior (edema facial e de MMSS, circulação colateral visível e imagem tomográfica compatível com obstrução extrínseca da VCS). Foram revistas as complicações intra e pós-operatórias em ambos os grupos e os resultados comparados através do teste exato de Fisher. Resultados: Dos 152 pacientes analisados encontramos 98 homens, 54 mulheres, com uma média de idade de 55,3 (± 17,7) anos. Os diagnósticos mais freqüentes foram: neoplasia pulmonar (58 casos), tuberculose (20 casos), sarcoidose (19 casos), linfoma (17 casos). O grupo SVCS apresentou 17 pacientes e o grupo não-SVCS 135. Não houve diferença significativa entre os grupos quanto ao sexo, idade e diagnóstico benigno ou maligno. No grupo SVCS encontramos 1 (5,9%) complicação intra-operatória (laceração de traquéia) e nenhum óbito relacionado ao procedimento. No pós-operatório este grupo apresentou 3 (17,6%) complicações (1 infarto do miocárdio e 2 pneumonias bacterianas). No grupo não-SVCS identificamos 10 (7,4%) complicações intra-operatórias (2 hemorragias graves, 6 hemorragias menores, 1 pneumotórax e 1 laceração parcial da traquéia), 10 (7,4%) complicações pós-operatórias (3 infecções de ferida, 2 pneumonias 1 infarto do miocárdio, 1 crise miastênica, 1 hematoma e 1 paciente com sepse) e 1 óbito por tamponamento cardíaco. Não houve diferença estatística significativa entre os dois grupos (p > 0,05) quando comparados os números de complicações intra-operatórias (RR = 0,79; IC95% = 0,03-5,23) e pós-operatórias (RR = 2,38; IC95% = 0,53-8,07). Conclusão: A mediastinoscopia mostrou ser um método seguro com 1,97% complicações graves e mortalidade de 0,6%. Não observamos diferença estatisticamente significativa entre os grupos. A maior tendência a complicações pós-op. observadas pode ser explicada por maior gravidade dos casos SVCS. Concluímos que o paciente com SVCS não tem maior risco de complicações que o pacientes que não se apresentam com a síndrome.
PO179 VALOR DA MEDIASTINOSCOPIA COMO MÉTODO diagnóstico DE AFECÇÕES MEDIASTINAIS
Terra RM, Andrade Neto JD, Fernandez A, Jatene FB
Serviço de Cirurgia Torácica do Hospital das Clínicas da FMUSP, São Paulo, SP, Brasil.
Palavras-chave: mediastinoscopia; Diagnóstico; Afecções mediastinais
Introdução: Desde que Carlens, em 1959, descreveu o procedimento, a mediastinoscopia é empregada no diagnóstico de afecções mediastinais. Entretanto, poucos trabalhos na literatura avaliaram a mediastinoscopia como método diagnóstico, a grande maioria das séries versa sobre complicações e seus fatores preditores ou sobre sua a validade para estadiamento das neoplasias pulmonares. Objetivos: Determinar o valor da mediastinoscopia no diagnóstico de afecções mediastinais. Métodos: Estudo de Corte Transversal baseado em dados de prontuário de pacientes submetidos à mediastinoscopia para o diagnóstico de lesões mediastinais (massa tumoral ou linfonodomegalia > 1cm no seu menor eixo), cujo diagnóstico não foi estabelecido por métodos menos invasivos. Os resultados anatomopatológicos obtidos pelo método foram comparados com o diagnóstico definitivo (obtido por outros métodos invasivos ou seguimento clínico por 2 anos) e com a suspeita clínica pré-operatória. Foram calculados a Sensibilidade (S), Especificidade (E), o Valor Preditivo Positivo (VPP), o Valor Preditivo Negativo (VPN) e avaliadas as complicações do método. Resultados: Foram identificados 119 pacientes, dos quais 4 foram excluídos por registros incompletos. Dos 115 casos incluídos, 74 eram homens e 41 mulheres com idade média de 52 (± 17,5) anos. A mediastinoscopia estabeleceu o diagnóstico definitivo em 107 casos, nos outros 8 casos o diagnóstico obtido à mediastinoscopia não foi compatível com o diagnóstico definitivo do paciente. Os diagnósticos mais freqüentes foram: tuberculose (19 casos), câncer de pulmão não pequenas células (18 casos), sarcoidose (16 casos), linfoma (15 casos) e câncer de pulmão de pequenas células (9 casos). A sensibilidade do método foi 92,15% e a especificidade 100%. Para nossa população o valor preditivo positivo encontrado foi 100%, enquanto que o negativo 61,9%. Índice geral de complicações de 7,8% com apenas 2 (1,7%) casos graves e nenhum óbito. O diagnóstico clínico de doenças mediastinais é difícil, tanto que a mediastinoscopia revelou diagnóstico diferente da suspeita clínica inicial em 22% dos casos e esta diferença se acentua conforme a suspeita, para linfoma a diferença foi de 53%. Conclusão: A mediastinoscopia provou ser um método sensível e especifico permitindo diagnóstico confiável das diversas doenças que acometem o mediastino, com baixo índice de complicações graves e mortalidade.
PO180 HÉRNIA DIAFRAGMÁTICA TRAUMÁTICA
Amorim E, Amorim E, Santos MFS
Hospital Universitário Presidente Dutra, São Luís, MA, Brasil.
Palavras-chave: Hérnia; Diafragma; Trauma
Introdução: A Hérnia Diafragmática Traumática foi descrita pela primeira vez em 1511 por Sennertus, e é resultado da protrusão de um ou vários órgãos abdominais para dentro da cavidade torácica secundária a lesão do diafragma por trauma. A incidência de HDT tem aumentado em decorrência do aumento da violência urbana e com o aumento de acidentes automobilísticos. Ocorre em cerca de 5% dos pacientes politraumatizados e a lesão do hediafragma esquerdo é em torno de vinte vezes mais freqüentes que a lesão do hemidiafragma direito, porém, a direita é muito mais grave que a esquerda e quase sempre é fatal. Objetivos: O objetivo deste trabalho, é apresentar 28 casos de doentes que apresentaram hérnia diafragmática traumática, os fatores de risco e as formas que foram tratados com sucesso. Métodos: Os 28 e oito pacientes foram tratados no Hospital Universitário Presidente Dutra e Pronto Socorro Municipal num período de 10 anos. 19 pacientes eram do sexo masculino e 9 do sexo feminino, a faixa etária variou de 10 a 80 anos. 65% dos pacientes foram atendidos nas primeiras 08 horas, e o diagnóstico mais tardio foi de 30 anos. Deste universo de pacientes, apenas 4 doentes apresentaram lesão diafragmática à direita. A via de acesso para os pacientes com diagnóstico precoce, foi preferencialmente a laparotomia e em apenas 2 casos, foi realizado a toracotomia combinada. Nos pacientes com diagnóstico tardio, a via de acesso preferencial, foi a toracotomia, pela possibilidade de haver aderência com as vísceras torácicas. Resultados: Os pacientes ficaram internados por um período que variou de 5 a 45 dias, três evoluíram com empiema pleural que foram tratados com drenagem torácica e dois deste foram posteriormente decorticados. Quatro pacientes pemaneceram colostomizados e posteriormente foi feito o tratamento definitivo. Conclusão: Concluímos que todos os pacientes vítima de politraumatismo devem ser suspeitos de lesão diafragmática e serem investigados com a finalidade de serem precocemente diagnosticados para que possamos ter o sucesso desejado e não retardarmos o tratamento.
PO181 tumor ESTROMAL GASTROINTESTINAL - GIST - relato de caso
Thomson JC1, Freire DN2, Stefanini AR3, Ferreira Filho OF4
1,2,3. Universidade Estadual de Londrina - Hospital Universitário, Londrina, PR, Brasil; 4. Universidade Estadual de Londrina - Hospital Universitário, Londrina, PR, Brasil.
Palavras-chave: Tumor estromal; GIST; Relato de caso
Introdução: As neoplasias mesenquimais afetam o trato gastrointestinal e podem ser divididas em dois grupos, sendo o menor grupo das neoplasias que apresentam tecidos semelhantes ao resto do organismo (lipomas - hemangiomas - leiomiomas); o maior grupo consiste nos tumores mesenquimais chamados de "Gastrointestinal stromal tumor" - GIST. Apesar de encontrados em qualquer parte do trato digestivo, são mais freqüentes no estômago e intestino, e mais raros no esôfago. Objetivos: Relato de tumor mesenquimal - GIST - no terço inferior do esôfago. Métodos: Análise retrospectiva do prontuário, exames realizados e estudo histológico e imunohistoquímico da peça. Resultados: Paciente de 62 anos, feminino, branca, quadro de disfagia, dor torácica difusa, tosse seca, emagrecimento e dispnéia progressiva há um ano. Negava tabagismo e alcoolismo. Exame físico normal. RX de tórax com massa retrocardíaca. A endoscopia digestiva revelou compressão extrínseca no terço inferior do esôfago com esofagite erosiva. A tomografia computadorizada mostrou lesão expansiva no mediastino posterior, junto à aorta torácica; ecocolordopplercardiografia transesofágico mostrou hipertrofia moderada do ventrículo esquerdo; broncoscopia normal. Realizado toracotomia esquerda com ressecção completa do tumor de 11,5 x 7,0 x 6,0cm na parede do esôfago, sem invasão de estruturas adjacentes. O anatomopatológico revelou neoplasia maligna mesenquimal, confirmada pelo perfil imunohistoquímico: tumor estromal - GIST - com índice proliferativo abaixo de 10%. Conclusão: GIST quando encontrados no esôfago, são raramente de grandes tamanhos e sintomáticos. O diagnóstico diferencial depende da histologia e da imunohistoquímica. O tratamento é cirúrgico e o prognóstico baseia-se no tamanho do tumor e index mitótico. Grandes tumores possuem comportamento agressivo, podendo evoluir para necroses, ulcerações e calcificações. Sobrevida de cinco anos ocorre em aproximadamente 40% dos casos.
PO182 tratamento cirúrgico DAS ESTENOSES TRAQUEAIS CONGÊNITAS: RESULTADOS DE EXPERIÊNCIA INICIAL
Terra RM, Minamoto H, Mariano LCB, Fernandez A, Jatene FB
Serviço de Cirurgia Torácica do Hospital das Clínicas da FMUSP, São Paulo, SP, Brasil.
Palavras-chave: Estenose traqueal; Doenças congênitas; Tratamento cirúrgico
Introdução: Estenose traqueal congênita é uma malformação rara e potencialmente letal. Apesar do desenvolvimento de novas técnicas e a melhora nos resultados cirúrgicos, ainda requer uma equipe especializada e cuidados individualizados. Objetivos: Nosso objetivo foi analisar os resultados dos pacientes tratados cirurgicamente em nossa instituição desde 2001. Métodos: Estudo Retrospectivo. Resultados: Seis meninos e uma menina (idade ao diagnóstico entre 28 dias e 3 anos) foram incluídos. Cinco casos tinham malformações cardíacas ou de grandes vasos associadas. A extensão da estenose foi: curta (3 pacientes), média (1) e longa (3). As técnicas utilizadas foram: traqueoplastia com pericárdio (n = 3), ressecção e anastomose (n = 2), traqueoplastia por "slide" (n = 1) e correção de anel vascular (n = 1). Resultados imediatos: cinco pacientes (71,5%) sobreviveram, quatro livres da doença e um manteve problemas respiratórios (malácia e granulação) necessitando de prótese temporária (Montgomery). Resultados tardios: a média de acompanhamento foi de 14,1 meses (entre 1,5 mês a 5 anos), um paciente morreu seis meses após cirurgia de causa não relacionada, os demais ficaram livres da doença (3) e um persistia com prótese traqueal até o término da análise dos dados. Conclusão: Estenose traqueal congênita é uma doença curável, entretanto, seu tratamento está associado a altas taxas de morbidade e mortalidade.
PO183 malformação adenomatóide cística congênita EM ADULTO
Cataneo DC1, Baida RL2, Defaveri J3, Ruiz Jr RL4, Cataneo AJM5
1,4,5. Serviço de Cirurgia Torácica do Hospital das Clínicas da Faculdade de Medicina de Botucatu - UNESP, Botucatu, SP, Brasil; 2. Residência em Cirurgia Torácica do HC - FMB - UNESP, Botucatu, SP, Brasil; 3. Serviço de Patologia do Hospital das Clínicas da Faculdade de Medicina de Botucatu - UNESP, Botucatu, SP, Brasil.
Palavras-chave: Malformação adenomatóide cística congênita do pulmão; Doenças pulmonares; Congênito
Introdução: A Malformação Adenomatóide Cística Congênita (MACC) tem origem no período canalicular do desenvolvimento embrionário pulmonar. Conceitualmente é a proliferação anormal de bronquíolos terminais com supressão do crescimento alveolar e formação de cistos. Classifica-se, segundo Stocker, em tipo I, aquelas com cistos de 3 a 7cm de diâmetro, tipo II, com cistos de 0,5 a 2cm e tipo III, com cistos diminutos, de 0,5 a 1,5mm. Clinicamente é uma das doenças que causa a angústia respiratória do recém-nascido, mas pode ser assintomática. O diagnóstico no adulto é feito após infecções de repetição ou por achado ocasional em radiografia simples de tórax. O tratamento indicado é o cirúrgico, pela sintomatologia relacionada a infecções de repetição, além do risco aumentado de neoplasia. Objetivos: Relatar um caso de MACC em adulto. Métodos: Avaliação do quadro clínico, diagnóstico, tratamento e evolução através do prontuário. Resultados: Homem de 34 anos, pedreiro. Referia há 8 meses ter iniciado quadro de febre e tosse produtiva amarelada que evoluiu progressivamente para escurecida. Após essa piora do quadro, procurou o serviço médico de sua cidade, sendo internado e tratado com cefuroxima por 7 dias, com hipótese de abscesso pulmonar. Recebeu alta e procurou serviço particular para acompanhamento. Realizou tomografia de tórax (TC) que evidenciava um cisto maior que 6cm e múltiplos outros menores, todos de paredes finas com níveis hidroaéreos, em lobo inferior direito (LID). Foi indicado tratamento com clindamicina por 3 semanas e repetida a TC, que não mostrava alteração radiológica, a não ser pela ausência de níveis no interior dos cistos. Com ausência de melhora radiológica, o paciente nos foi encaminhado. Apresentava-se, no momento de admissão, assintomático e referia um episódio de pneumonia há 7 anos. Com a hipótese de doença cística, foi optado pela ressecção dos cistos. No intra-operatório, o LID encontrava-se totalmente comprometido, com múltiplos cistos em todo o parênquima, fortalecendo a hipótese de MACC. Realizada lobectomia inferior direita, o anatomopatológico confirmou o diagnóstico de MACC, do tipo I, sem degeneração maligna. O paciente evoluiu bem no pós-operatório, sendo mais prolongada a manutenção do dreno, pelo fato do LID ser grande e o restante do pulmão não ocupar toda a cavidade pleural remanescente. Conclusão: A MACC é uma doença pulmonar congênita raramente encontrada em adultos. Deve-se pensar nessa hipótese diagnóstica quando o quadro radiológico não é consistente com abscesso, pois há necessidade indiscutível de intervenção cirúrgica pelo fato de levar a infecções de repetição e pelo risco de malignização já abordado por diversos autores.
PO184 ESTENOSE LARINGOTRAQUEAL: EXPERIÊNCIA COM tubo T de silicone
Thomson JC, Ferreira Filho OF, Rossi C, Shimabukuro DF, Colombari F
Universidade Estadual de Londrina-Hospital Universitário, Londrina, PR, Brasil.
Palavras-chave: Traquéia; Estenose; Tubo T de silicone
Introdução: A experiência com a estenose laringotraqueal é relativamente recente (1952), sendo ainda tema passível de discussão, tanto pela sua importância como na utilização cada vez maior da entubação prolongada e ventilação mecânica nas UTIs. Objetivos: Mostrar a experiência com a utilização do tubo T de silicone na estenose laringotraqueal em sua fase aguda. Casuística e método: Através da análise de prontuário, foi estudada a evolução de 26 pacientes com o diagnóstico de estenose laringotraqueal, atendidos em um Hospital Universitário no período de 1989 a 2006. Resultados: Dos 26 pacientes analisados, 18 (73%) eram do sexo masculino e 7 (27%) do sexo feminino. A média de idade foi de 37 anos, variando de 15 a 72 anos. A causa mais comum da estenose foi a entubação prévia (92,3%). A estenose subglótica foi observada em 7 (27%) casos e a traqueal em 19 (73%). O tempo médio de entubação foi de 8,8 dias. O início dos sintomas da lesão variou de 30 dias a 3 anos. Na fase aguda da estenose, logo após seu diagnóstico, foi utilizado o tubo T de silicone, com permanência media de 8,7 meses. Após a retirada do mesmo, 17 (65%) casos evoluíram bem e 9 (35%) casos apresentaram recidiva necessitando novas intervenções. Em 16 pacientes (61,5%) foi realizado mais de um procedimento. Conclusão: Na fase aguda da estenose laringotraqueal, a utilização do tubo T de silicone apresenta bom resultado (65%), sendo a entubação prolongada a causa mais comum (92,3%) desta lesão.
PO185 ESTUDO PROSPECTIVO, RANDOMIZADO DE DUAS MODALIDADES DE ANALGESIA EPIDURAL PÓS-toracotomia E SEU IMPACTO NO controle da DOR E NO DESEMPENHO FUNCIONAL PULMONAR PÓS-OPERATÓRIOS
Goulart AE1, Sanchez PG2, Ribas FA3, Burlamaque AA4, Andrade CF5, Felicetti JC6, Guerreiro Cardoso PF7
1,2. Pavilhão Pereira Filho-Pós-Graduação Pneumologia-UFRGS, Porto Alegre, RS, Brasil; 3,4. Pavilhão Pereira Filho-Santa Casa de Porto Alegre-Serviço Anestesiologia, Porto Alegre, RS, Brasil; 5. Hospital da criança Santo Antonio-Santa Casa de Porto Alegre, Porto Alegre, RS, Brasil; 6,7. Cirurgia Torácica-Pavilhão Pereira Filho-Santa Casa de Porto Alegre, Porto Alegre, RS, Canadá.
Palavras-chave: Analgesia epidural; Toracotomia; Ressecção pulmonar
Introdução: Dor após toracotomia utilizada para ressecções pulmonares contribui para a ocorrência de complicações pós-operatórias, através de interferência no desempenho respiratório e na função pulmonar. Os métodos de controle da dor incluem a utilização de analgesia epidural contínua, entretanto não há consenso sobre quais os métodos mais eficazes para este fim. Objetivos: Comparar a eficácia de dois métodos de analgesia epidural utilizados comumente para o controle da dor pós-operatória em toracotomias para ressecções pulmonares. Métodos: Pacientes submetidos a ressecções pulmonares foram randomizados e receberam analgesia epidural torácica (fentanil e bupivacaína), ou analgesia epidural lombar (morfina). A dor pós-operatória foi avaliada por escala de cotação numérica, sendo realizada no pré-operatório e nos 3 primeiros dias pós-operatórios, três vezes ao dia, a intervalos regulares. A espirometria (CVF, VEF1) foi realizada no pré-operatório e diariamente nos 3 primeiros dias de pós-operatório, sendo analisadas e comparadas entre os grupos as complicações clínicas, cardiológicas e respiratórias. Resultados: De 37 pacientes consecutivos submetidos a ressecções pulmonares, 17 pacientes receberam analgesia epidural torácica (fentanil e bupivacaína) e 20 receberam analgesia epidural lombar (morfina). Não houve diferença estatística significativa entre os grupos em relação a dor, na deterioração da função pulmonar, bem como complicações clínicas, cardiológicas e respiratórias. Em ambos os grupos, houve diminuição na intensidade da dor no decorrer dos dias do estudo. Observou-se uma significativa deterioração da função pulmonar no primeiro dia pós-operatório, mantendo-se nos 2 dias subseqüentes. Houve correlação positiva entre a intensidade da dor e o impacto na função pulmonar (CVF) no grupo que recebeu analgesia epidural torácica, especialmente durante o 1° e o 3° dias pós-operatórios. Conclusão: Tanto a analgesia epidural contínua torácica com fentanil e bupivacaína, quanto a epidural contínua lombar com morfina foram igualmente eficazes no controle da dor pós-operatória. Não obstante, nenhum método fora capaz de prevenir a deterioração da função pulmonar no período do pós-operatório precoce de toracotomia póstero-lateral.
PO186 fístula BRÔNQUICA PÓS-PNEUMONECTOMIA: CAUSAS E CUIDADOS
Biasi Cordeiro P, Cunha ET, Zamboni M, Lannes DC, Monteiro AS, Carvalho WR
Instituto Nacional de Câncer, Rio de Janeiro, RJ, Brasil.
Palavras-chave: Pneumonectomia; Pós-operatório; Fístula
Introdução: Pacientes submetidos a pneumonectomia tem um risco aumentado de complicações, especialmente fístulas brônquicas. O aparecimento de complicações acarreta grande aumento na mortalidade, justificando assim o interesse nos fatores causadores e nos cuidados para evitar o aparecimento destes eventos. Objetivos: O objetivo do estudo foi procurar identificar fatores associados com o aparecimento de fístula do colo brônquico após pneumonectomia e verificar se a lateralidade e o tipo de sutura do brônquio tiveram influência no desenvolvimento da complicação e no índice de mortalidade operatória. Procuramos comparar a taxa de mortalidade deste grupo com amostra histórica da década de 80, já existente no serviço, além de observar o tipo de cuidado oferecido na UTI após a reformulação daquele setor. Métodos: Análise retrospectiva dos prontuários de 73 pacientes pneumonectomizados no período de 1995 a 2002. Uma análise univariada com o teste do · 2 (chi-quadrado) foi utilizada para identificar fatores associados com o aparecimento de complicações, especialmente as fístulas, e sua relação com o uso de grampeadores automáticos ou sutura manual no fechamento do coto brônquico e se houve proteção ou não da sutura. Resultados: A idade média foi de 60 anos e 88% eram tabagistas. Histologicamente 46,5% apresentavam um carcinoma escamoso, enquanto 36% tinham adenocarcinoma. Pneumonectomia esquerda foi realizada em 60% dos pacientes. Um VEF1 menor que 40% existia em 11% dos pacientes. Quinze pacientes receberam quimioterapia neoadjuvante, sendo em nove ocasiões associada à radioterapia (12,5%). Pneumonectomia radical usual foi realizada em 58 pacientes, enquanto um acesso intrapericárdico foi utilizado em 15 indivíduos. Reforço da sutura do brônquio foi feito em 44% dos casos (32 pacientes) utilizando gordura pericárdica (18), pleura parietal (8) e músculo intercostal (6). A taxa de fístula brônquica foi 9,5%, todas, com exceção de uma, observadas do lado direito. A mortalidade global foi de 10,9%, significativamente menor que no grupo histórico (20%). Pneumonectomia direita/esquerda tiveram mortalidade de respectivamente 13,5% e 9%. Sutura automática do brônquio resultou em 13,1% de fístulas enquanto a sutura manual mostrou taxa de 9% (·2 = 0,39% e p = 0,53%, não significativo). Conclusão: Pneumonectomia direita acarreta um risco aumentado de complicações e uma mortalidade elevada, geralmente associada ao aparecimento de fístula brônquica. Fístula do coto brônquico após pneumonectomia esquerda é incomum. Reforço da sutura do brônquio deve ser utilizado, especialmente do lado direito. O uso de sutura mecânica ou manual não afetou a incidência de fístula. O desenvolvimento da curva de aprendizado e a melhoria dos cuidados de terapia intensiva permitiram grande redução na taxa de mortalidade dos pacientes submetidos a pneumonectomia.
PO187 ABCESSO PULMONAR? granulomatose de Wegener!
Fatureto MC, Tavares MG, Michelan MS, Innocente WRT, Ferrão MHL, Saldanha JC, Júnior JMCA, Micheletti AMR
Faculdade de Medicina da Universidade Federal do Triângulo Mineiro, Uberaba, MG, Brasil.
Palavras-chave: Granulomatose de Wegener; Pneumopatia cavitada; Ressecção pulmonar
Introdução: A granulomatose de Wegener (GW) é uma vasculite multissistêmica idiopática necrosante e granulomatosa com acometimento preferencial das vias aéreas superiores e inferiores, além dos rins. Não há predileção por sexo, rara em negros e apresenta maior prevalência na 5ª década de vida. Dentre os achados histopatológicos, encontram-se: necrose parenquimatosa, vasculite, e inflamação granulomatosa. As manifestações clínicas mais comuns são: sinusite, rinorréia, úlceras orais e nasais, poliartralgias, febre, tosse e hemoptise. O acometimento ocular pode se expressar com conjuntivite, esclerite ou formação de granuloma retro-orbitário que provoca proptose ocular. Seu diagnóstico é feito associando-se as manifestações clínicas, radiológicas (múltiplos nódulos escavados), achados anatomopatológicos e o anticorpo anticitoplasma de neutrófilos positivo (ANCA). Objetivos: Relatar um caso de granulomatose de Wegener de uma paciente admitida no Hospital Escola (HE-UFTM) em Uberaba, MG. Métodos: Estudo descritivo do caso clínico baseando-se nos dados levantados do prontuário da paciente. Resultados: MSS, 35 anos, feminino, negra, do lar, natural de Pedreiras-MA e procedente de Sacramento-MG. Havia uma história prévia de acidente ocular com corpo estranho ("palha-de-arroz"), em maio de 2005, ao exame clínico realizado em facultativo, foi diagnosticada uma ulceração conjuntival sendo proposto, tratamento com Prednisona 40mg/d por 8 meses com desmame até 10mg e Dexametasona tópico. Ficou 2 meses sem uso de corticóide oral até ser admitida no HE da UFTM no dia 20 de junho de 2006. No momento da internação, a paciente apresentava vômitos incoercíveis, que não melhoravam com medicamentos, bem como hematêmese, sendo evidenciada à EDA uma esofagite aguda hemorrágica. Apresentava quadro de Cushing farmacológico: ganho ponderal com distribuição corporal centrípeta durante o uso das medicações, erupções acneiformes, estrias abdominais, fáscies cushingóide, hipotrofia da musculatura apendicular. Nesta internação, observou-se uma hiperemia conjuntival, lacrimejamento e amaurose do olho esquerdo, além de diminuição da acuidade visual do olho direito. À avaliação oftalmológica foi diagnosticada uma esclerite necrotizante no olho esquerdo. O Rx e a CT de tórax mostraram uma lesão cavitada na língula. A broncofibroscopia foi normal e os materiais obtidos em nada auxiliaram. A paciente foi submetida à segmentectomia. O exame anatomopatológico mostrou reação inflamatória granulomatosa com células gigantes e vasculite. A pesquisa de fungos e micobactérias foi negativa. Estão em andamento: cANCA, pANCA, L1GDA. Foi indicada pulsoterapia por três dias com corticóide oral e mensal com Ciclofosfamida. Conclusão: A Granulomatose de Wegener, forma pulmonar cavitada única é rara, de difícil diagnóstico, muitas vezes exigindo ressecção cirúrgica para confirmação diagnóstica.
PO188 tratamento cirúrgico DA DUPLA ESTENOSE TRAQUEAL
Rosenberg NP1, Marcos TL2, Fracasso JI3, Martins Neto F4, Siqueira RP5
1. Hospital N. Sra. Conceição, Porto Alegre, RS, Brasil; 2,3,4,5. Hospital N. Sra. Conceição, Porto Alegre, RS, Brasil.
Palavras-chave: Estenose traqueal; Cirurgia; Traqueoplastia
Introdução: A estenose de traquéia ocorre em 1 a 2% dos pacientes que sobrevivem à extubação, podendo haver lesões complexas. O tratamento inclui o uso de próteses, procedimentos endoscópicos e a cirurgia. Objetivos: Relatar um caso de dupla estenose traqueal e revisar a literatura. Métodos: Relato de caso e revisão de artigos científicos. Resultados: Relata-se um caso de um paciente de 17 anos com história de trauma craniencefálico e ventilação mecânica por tubo orotraqueal durante 15 dias. Recebeu alta hospitalar e retornou à emergência com quadro de insuficiência respiratória. Broncoscopia mostrou duas áreas estenóticas de 90% da luz, uma no terço superior e outra no terço médio. Foi realizada traqueoplastia das duas lesões com ressecção de 4 anéis traqueais e preservação da parede posterior, apresentando boa evolução pós-operatória. Conclusão: O tratamento cirúrgico permanece como importante método para a correção da estenose traqueal em pacientes jovens, podendo ser utilizado para lesões complexas.
PO189 RESSECÇÃO DE LEIOMIOMA DE ESÔFAGO POR videotoracoscopia
Rosenberg NP, Marcos TL, Fracasso JI, Martins Neto F, Siqueira RP
Hospital N. Sra. Conceição, Porto Alegre, RS, Brasil.
Palavras-chave: Leiomioma esôfago; Cirurgia; Videotoracoscopia
Introdução: O leiomioma é um tumor esofágico incomum, principalmente se localizado no terço superior (aproximadamente 10% das lesões do esôfago torácico). Objetivos: Relatar um caso de ressecção de leiomioma por videotoracoscopia e revisar a literatura. Métodos: Relato de caso e revisão de artigos científicos. Resultados: Relata-se um caso de uma paciente de 40 anos com história de pneumonia grave com necessidade de internação em UTI. Após a resolução do quadro foi encaminhada ao nosso serviço por disfagia. Radiograma e tomografia mostraram lesão expansiva de bordos lisos de 5,8cm em seu maior diâmetro, causando compressão da traquéia e do esôfago. Endoscopia mostrou elevação da mucosa esofágica logo abaixo do esfíncter superior ocupando quase todo o lúmen do órgão, com extensão de 5 a 6cm, permitindo a passagem do aparelho. Esofagografia também mostrou lesão volumosa com compressão do esôfago torácico em seu terço superior. Foi submetida à ressecção da lesão por videotoracoscopia com boa evolução pós-operatória. O anatomopatológico confirmou o diagnóstico de leiomioma. Conclusão: A videotoracoscopia se destaca como técnica cirúrgica para o tratamento de lesões esofágicas benignas. Há trabalhos mostrando diminuição da dor pós-operatória e do tempo de internação hospitalar.
PO190 PSEUDOCISTO TRAUMÁTICO DE PULMÃO
Rosenberg NP, Marcos TL, Fracasso JI, Martins Neto F, Siqueira RP
Hospital N. Sra. Conceição, Porto Alegre, RS, Brasil.
Palavras-chave: Pseudocisto traumático; Cirurgia; Drenagem
Introdução: O pseudocisto pulmonar traumático é uma complicação rara de um trauma torácico fechado. Pode se manifestar com hemoptise, e a manifestação radiológica é um infiltrado pulmonar que evolui para lesão escavada podendo conter nível hidroaéreo. Objetivos: Relatar um caso de pseudocisto traumático pulmonar e revisar a literatura. Métodos: Relato de caso e revisão de artigos científicos. Resultados: Relata-se um caso de um paciente de 71 anos com quadro febril prolongado sem resposta à antibioticoterapia. Radiograma e tomografia de tórax mostraram lesão arredondada em lobo médio com nível hidroaéreo. Optou-se pelo tratamento cirúrgico por toracotomia, sendo realizada ressecção da lesão. Anatomopatológico mostrou pseudocisto traumático pulmonar. Conclusão: O pseudocisto traumático de pulmão é uma patologia rara, havendo poucos casos descritos na literatura. Pode apresentar infecção secundária e necessitar de tratamento cirúrgico. A maioria dos casos em crianças apresenta resolução espontânea. A drenagem percutânea pode ser utilizada antes da cirurgia.
PO191 sarcoma FIBROMIXÓIDE DE PAREDE torácica
Rosenberg NP, Marcos TL, Fracasso JI, Martins Neto F, Siqueira RP
Hospital N. Sra. Conceição, Porto Alegre, RS, Brasil.
Palavras-chave: Sarcoma; Tumor parede torácica; Cirurgia
Introdução: Os sarcomas de parede torácica são raros, representando apenas 6% dos sarcomas de tecidos moles. Geralmente ocorrem em adultos e se manifestam como uma massa indolor. Objetivos: Relatar um caso de sarcoma de parede torácica e revisar a literatura. Métodos: Relato de caso e revisão de artigos científicos. Resultados: Relata-se um caso de um paciente de 30 anos com abaulamento doloroso em região escapular esquerda. Radiograma de tórax mostrou lesão expansiva lobulada de 8cm em terço superior do hemitórax esquerdo com sinais de comprometimento de arcos costais. Realizada punção da lesão guiada por tomografia com diagnóstico de sarcoma de tecidos moles. O paciente foi submetido à toracectomia com ressecção de 3 arcos costais e reconstrução com tela de marlex, apresentando boa evolução pós-operatória. O anatomopatológico mostrou sarcoma fibromixóide de baixo grau. Conclusão: O sarcoma fibromixóide deve ser ressecado com margens cirúrgicas de pelo menos 2cm. O prognóstico está relacionado ao grau de diferenciação, presença de metástases e de dor no momento da apresentação.
PO192 malformação arteriovenosa PULMONAR COM abscesso CEREBRAL
Rosenberg NP, Marcos TL, Fracasso JI, Martins Neto F, Siqueira RP
Hospital N. Sra. Conceição, Porto Alegre, RS, Brasil.
Palavras-chave: Malformação arteriovenosa; Cirurgia; Pulmão
Introdução: As malformações arteriovenosas pulmonares são raras, podendo estar relacionadas a alterações neurológicas (abscesso cerebral: 33%). Objetivos: Relatar um caso de malformação arteriovenosa pulmonar associado com abscesso cerebral e revisar a literatura. Métodos: Relato de caso e revisão de artigos científicos. Resultados: Relata-se um caso de uma paciente de 26 anos com história de abscesso cerebral já drenado cirurgicamente. Radiograma de tórax mostrava indefinição dos feixes broncoalveolares no lobo médio. Tomografia computadorizada mostrou lesão de contornos irregulares em lobo médio e impregnação pelo contraste na fase arterial, com mais de 200UH. Angiorressonância foi compatível com malformação vascular. Submetida à toracotomia com identificação de volumosa malformação, sendo realizada lobectomia média com boa evolução pós-operatória. O anatomopatológico confirmou o diagnóstico de malformação arteriovenosa. Conclusão: O tratamento inicial das malformações vasculares pulmonares é a embolização, ficando a cirurgia reservada para as muito volumosas ou sem resposta ao tratamento angiográfico.
PO193 RESSECÇÃO DE SCHWANNOMA COM DEGENERAÇÃO CÍSTICA POR videotoracoscopia
Rosenberg NP, Marcos TL, Fracasso JI, Martins Neto F, Siqueira RP
Hospital N. Sra. Conceição, Porto Alegre, RS, Brasil.
Palavras-chave: Schwannoma; Tumores mediastinais; Videotoracoscopia
Introdução: Os tumores neurogênicos estão entre as lesões mediastinais mais freqüentes (10 a 34%). Os schwannomas (tumores da bainha nervosa) geralmente se localizam no sulco costovertebral e o tratamento é cirúrgico. Objetivos: Relatar um caso de schwannoma ressecado por videotoracoscopia e revisão da literatura. Métodos: Relato de caso e revisão de artigos científicos. Resultados: Relata-se um caso de um paciente de 30 anos com história de dor cervical. Radiograma de tórax com lesão no ápice do hemitórax esquerdo. Tomografia computadorizada mostrou lesão de 3,4cm em mediastino posterior com conteúdo líquido e impregnação periférica pelo contraste. Realizada ressecção da lesão por videotoracoscopia, apresentando boa evolução pós-operatória. O anatomopatológico mostrou schwannoma com degeneração cística. Conclusão: A videotoracoscopia tem papel importante na ressecção de tumores mediastinais benignos, estando associada a menor dor e retorno mais rápido ao trabalho. O prognóstico do schwannoma é bom, sendo rara a recorrência.
PO194 fístula TRAQUEO-GÁSTRICA PÓS-ESOFAGECTOMIA
Rosenberg NP, Marcos TL, Fracasso JI, Martins Neto F, Siqueira RP
Hospital N. Sra. Conceição, Porto Alegre, RS, Brasil.
Palavras-chave: Fístula Traqueo-gástrica; Esofagectomia tratamento
Introdução: A esofagectomia transtorácica pode obter boa sobrevida no tratamento do câncer de esôfago, mas permanece com morbidade significativa (em torno de 34%). As complicações mais freqüentes são respiratórias. Objetivos: Relatar um caso de fístula traqueo-gástrica e revisar a literatura. Métodos: Relato de caso e revisão da artigos científicos. Resultados: Relata-se um caso de um paciente com história de esofagectomia transtorácica com levantamento gástrico há 1 ano e 9 meses por carcinoma epidermóide. Apresentava crises de tosse e dispnéia ao se alimentar. Raio-X contrastado mostrou extravasamento de contraste pelo tubo gástrico com provável comunicação com a traquéia. Broncoscopia mostrou orifício na parede lateral posterior direita da traquéia próximo à carena. Endoscopia digestiva foi compatível com fístula traqueo-gástrica. Foi submetido à cirurgia, com ressecção e fechamento do orifício gástrico e reparo traqueal com proteção com "patch" de pleura. O pertuito da fístula se localizava junto à linha de "stapler" do tubo gástrico. O paciente apresentou boa evolução pós-operatória. Conclusão: A fístula traqueo-gástrica é complicação rara da esofagectomia (apenas 1 caso em uma grande série de Altorki), que pode ter bons resultados com o tratamento cirúrgico.
PO195 LOCALIZAÇÃO ANORMAL DE BÓCIO INTRATORÁCICO
Rosenberg NP, Marcos TL, Fracasso JI, Martins Neto F, Siqueira RP
Hospital N. Sra. Conceição, Porto Alegre, RS, Brasil.
Palavras-chave: Bócio intratorácico; Cirurgia; Esternotomia
Introdução: Diversas lesões benignas ou malignas podem se manifestar como massas mediastinais, com diferentes prognósticos e tratamentos, entre elas o aumento da tireóide. O bócio geralmente é abordado por via cervical, mas pode ser intratorácico em 1 a 15% dos casos, se localizando quase sempre no mediastino anterior. Objetivos: Relatar um caso de bócio intratorácico de localização atípica e revisar a literatura. Métodos: Relato de caso e revisão de artigos científicos. Resultados: Relata-se um caso de uma paciente de 49 anos com história de tireoidectomia parcial há 8 anos, queixando-se de dispnéia aos esforços. Radiograma e tomografia de tórax mostraram volumosa massa em mediastino médio de 13cm no maior diâmetro, arredondada, heterogênea, estendendo-se desde o lobo esquerdo da tireóide até abaixo da carena. Causava compressão e deslocamento ântero-lateral da traquéia. Foi submetida à ressecção cirúrgica por esternotomia, apresentando boa evolução pós-operatória. Conclusão: O bócio intratorácico raramente é localizado no mediastino médio, podendo entrar no diagnóstico diferencial das massas nesta localização. O tratamento cirúrgico geralmente necessita de abordagem por esternotomia.
PO196 tratamento cirúrgico DA estenose brônquica tuberculosa
Rosenberg NP, Marcos TL, Fracasso JI, Martins Neto F, Siqueira RP
Hospital N. Sra. Conceição, Porto Alegre, RS, Brasil.
Palavras-chave: Tuberculose endobrônquica; Estenose brônquica; Cirurgia
Introdução: A tuberculose endobrônquica ocorre em 4 a 18% dos pacientes com doença pulmonar parenquimatosa, podendo evoluir para estenose brônquica. A estenose também pode ser causada por linfonodos aumentados. É importante excluir a presença de neoplasia. Objetivos: Relatar um caso de estenose brônquica tuberculosa e revisar a literatura. Métodos: Relato de caso e revisão de artigos científicos. Resultados: Relata-se um caso de uma paciente de 46 anos com diagnóstico de tuberculose pulmonar em tratamento há 6 meses. Apresentava tosse há 7 meses e dispnéia com piora nos últimos 2 meses. Radiograma de


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