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Artigo de Revisão

É possível uma vacina gênica auxiliar no controle da tuberculose?

Could a DNA vaccine be useful in the control of tuberculosis?

José Maciel Rodrigues Júnior, Karla de Melo Lima, Arlete Aparecida Martins Coelho Castelo, Vânia Luiza Deperon Bonato Martins, Sandra Aparecida dos Santos, Lucia Helena Faccioli, Célio Lopes Silva

ABSTRACT

The DNA vaccines currently under pre-clinical and clinical development may prove to be important tools in combating infectious diseases, such as tuberculosis, for which no safe and effective form of prevention has yet been developed. In recent years, several studies have aimed to develop a DNA vaccine encoding mycobacterial proteins such as antigen 85 (Ag85) and the 65-kDa mycobacterial heat shock protein (hsp65). The latter is protective against virulent infection with Mycobacterium tuberculosis (including multidrugresistant strains). The hsp65 DNA vaccine, currently under clinical evaluation in Brazil for cancer therapy, is able to induce the secretion of Th1 cytokines, such as gamma-interferon, associated with disease control. Furthermore, this vaccine stimulates cytotoxic CD8 and CD4 T-cell clones that can be characterized as memory cells, which are responsible for effective and longlasting immunity against tuberculosis. When used as a therapeutic agent in inoculated mice, the hsp65 DNA vaccine promotes changes in the immunity profile, triggering the secretion of Th1 cytokines and establishing a favorable environment for the elimination of bacilli. The results also demonstrate that the route of administration, as well as the formulation in which the vaccine is administered, fundamentally influence the pattern and duration of the immune response induced. Taking all currently available data into account, we can conclude that a DNA vaccine against tuberculosis could contribute significantly to the control of the disease.

Keywords: Tuberculosis/epidemiology. Vaccines, DNA/therapeutic use. Heat shock proteins. Auto-immunity.

RESUMO

Vacinas de DNA, ainda em fase de experimentação e testes clínicos, podem se tornar uma importante ferramenta de combate a doenças infecciosas para as quais, até hoje, não existe prevenção segura e eficaz, como a tuberculose. Nos últimos anos vários estudos têm sido dedicados ao desenvolvimento de vacinas de DNA que codificam proteínas de micobactérias, entre as quais destacam-se as que codificam o antígeno 85 (Ag 85) e a proteína de choque térmico de 65 kDa (hsp65). Estes dois antígenos foram os mais estudados apresentando resultados bastante satisfatórios em ensaios pré-clínicos e com grande volume de dados registrados na literatura. Além de proteger contra infecção experimental por Mycobacterium tuberculosis virulenta, a vacina DNA-hsp65 também apresenta atividade terapêutica, ou seja, é capaz de curar os animais previamente infectados, inclusive aqueles com bacilos resistentes a múltiplas drogas. Esta vacina, hoje em avaliação clínica no Brasil também para o tratamento de câncer, é capaz de induzir a produção de citocinas de padrão Th1 tal como IFN- interferon-gama, associadas ao controle da doença. Além disso, a vacina de DNA-hsp65 é capaz de estimular clones de células CD8 citotóxicos e CD4 que podem ser caracterizados como células de memória sendo responsáveis por conferir imunidade duradoura contra a infecção. Quando utilizada na terapia da infecção, a vacina de DNA-hsp65 faz com que haja uma mudança no padrão de resposta imune, induzindo a secreção de citocinas de padrão Th1 criando um ambiente favorável à erradicação do bacilo. Os resultados demonstram ainda que a via de administração e a formulação na qual a vacina é administrada exerce fundamental influência no padrão e duração da resposta imune desencadeada. O conjunto de resultados hoje disponíveis mostra que uma vacina de DNA contra a tuberculose contribuirá de maneira significativa no controle desta doença.

Palavras-chave: Tuberculose/epidemiologia. Vacina de DNA/uso terapêutico. Proteínas do choque térmico. Auto-imunidade.


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