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Editorial

A hora da virada

Time to turn the page

Carlos R. R. Carvalho

O Jornal Brasileiro de Pneumologia (JBP) ocupa, hoje, uma posição de destaque dentro do cenário das revistas científicas brasileiras. No SCImago Journal Rank (www.scimagojr.com), o JBP aparece, ao final de 2009, como o 53º periódico da área respiratória entre os 79 indexados pela base de dados Scopus em todo o mundo. Na área, trata-se da principal revista da América Latina, ficando atrás somente de revistas americanas, canadenses e europeias, assim como de duas na Ásia e de uma na Oceania.

Todo esse reconhecimento e visibilidade internacional só foi possível devido ao fundamental trabalho realizado pelos editores do nosso Jornal, que mantiveram sua publicação com regularidade desde 1975, apoiado pelas diretorias da nossa Sociedade Brasileira de Pneumologia e Tisiologia (SBPT). Nos últimos 10 anos, durante as gestões da Profa. Thais Queluz, do Prof. Geraldo Lorenzi Filho e do Prof. José Antônio Baddini Martinez, demos enormes passos na direção de uma progressiva internacionalização. Inicialmente, fomos para a SciELO e, assim, os artigos passaram a ser acessados livremente tanto em português quanto na sua versão para o inglês. Em seguida, foi conseguida indexação no Medline, o que definitivamente nos tornou acessíveis aos leitores de todo o planeta. Mais recentemente, fomos indexados no sistema ISI Web of Knowledge. Dessa forma, no início de 2012, será divulgado pelo Journal of Citation Reports o fator de impacto do nosso JBP. Ou seja, no momento, os artigos publicados entre 2008 e 2010 estão sendo avaliados quanto às citações que estão recebendo por outras publicações para a definição do primeiro fator de impacto.

Outro ponto fundamental consiste na independência obtida pelo JBP. Apesar de ser a revista científica da SBPT, o Editor-Chefe não é mais eleito como membro da diretoria daquele biênio, mas sim é escolhido por uma comissão composta pelos presidentes da SBPT e por ex-editores do Jornal, que analisam os currículos dos candidatos, assim como sua proposta de trabalho para os próximos quatro anos de sua futura gestão. O Dr. Roberto Stirbulov, atual presidente da SBPT, já garantiu a continuidade dessa independência e o total apoio às atividades de nosso Jornal.

Desde 1980, participo dos congressos brasileiros organizados pela SBPT e, desde 1994, participo dos congressos internacionais, principalmente aqueles organizados pela American Thoracic Society (ATS). Nesse período, fui testemunha do enorme crescimento da participação de pesquisadores brasileiros tanto na programação do evento, quanto na apresentação dos resultados de suas pesquisas. Contribuiu para essa mudança a criação e a sedimentação de vários programas de pós-graduação implementados em nosso país. Esse fato demandou que muitos artigos científicos fossem gerados e, dessa forma, a publicação científica brasileira cresceu de forma significativa.

Entre 2008 e 2010, foram apresentados, nos dois congressos brasileiros que ocorreram, 1.270 trabalhos. No mesmo período, nos dois principais congressos internacionais, o da ATS e o da European Respiratory Society, foram apresentados mais de 1.000 estudos brasileiros, sendo cerca de 450 no congresso americano e 550 no europeu. Ou seja, a partir de 2008, cerca de 2.000 trabalhos científicos na área respiratória foram desenvolvidos em nosso país por pesquisadores nacionais. Somente uma pequena parte deles já foi submetida a publicações, e uma fração ainda menor já está publicada.

O JBP é uma excelente opção para veicular esses conhecimentos. Em 2009, foram submetidos para publicação 230 artigos e, até novembro de 2010, 263. É muito pouco. Ainda não valorizamos adequadamente nosso Jornal. Por outro lado, a visibilidade obtida com nossos artigos é crescente. O reconhecimento internacional é real. Estamos recebendo manuscritos originais de vários países da América Latina e da Europa. Atualmente, o sítio eletrônico da revista está disponível em português, espanhol e inglês, facilitando o acesso da comunidade internacional à revista (www.jornaldepneumologia.com.br). No mês de novembro de 2010, o número médio de acessos diários ao sítio do JBP foi de 1.763. Segundo dados obtidos no SciELO (www.scielo.br), o número total de acessos a artigos do JBP, no ano de 2009, foi de 1.218.090 e, até novembro de 2010, esse número já atinge 1.289.898.

A principal missão da nova equipe de editores é solidificar essa internacionalização. A previsão do fator de impacto do nosso Jornal hoje é de 0,54. Nossa meta é de pelo menos triplicar esse valor ao final dos quatro anos de gestão. Pesquisadores de qualidade, com reconhecimento internacional e com publicações relevantes, estão em nossas clínicas e hospitais, em nossas faculdades e em nossos programas de pós-graduação. Agora, é necessário que todos se envolvam nesse projeto. Se o JBP atingir esse objetivo, teremos um periódico nacional em pé de igualdade com revistas muito mais tradicionais na área. Para isso, é preciso que os autores brasileiros considerem enviar para o JBP pelo menos um artigo original por ano. É necessário que a revisão feita pelos pares seja rigorosa, com sugestões pertinentes, no sentido de melhorar a qualidade do trabalho para uma eventual publicação. O tempo é fundamental. Não pode ocorrer atraso nem retardo nas avaliações. O trabalho dos revisores, apesar de ser anônimo, é de importância crucial para que o JBP mantenha um padrão de qualidade. Hoje, a taxa de rejeição dos artigos enviados está em 50%.

Vamos mudar algumas características e sessões do JBP visando a uma modernização e facilitando a veiculação da informação científica. Por exemplo, não vamos mais aceitar relatos de casos no formato vigente até 2010. Já possuímos um número bem superior a dez relatos aceitos para serem publicados ao longo de 2011. Porém, os autores poderão enviar os casos como uma carta ao editor, como uma sessão de discussão de imagem ou como uma atualização de métodos diagnósticos ou de abordagem terapêutica. Nos próximos editoriais e no sítio do JBP, iremos divulgar as mudanças.

O JBP pertence a toda comunidade interessada nas afecções torácicas. Dessa forma, queremos estimular os cirurgiões, os pediatras, os broncoscopistas, os oncologistas, os patologistas, os radiologistas, os fisioterapeutas, os intensivistas, os especialistas em sono, os especialistas em fibrose cística e todos os pneumologistas a publicarem os resultados de suas pesquisas em um periódico que reflita o estágio da ciência em nosso meio, pois elas terão circulação internacional.

Essa é a hora da virada. Convido a todos os interessados em contribuir que entrem em contato com o JBP, enviem suas opiniões e sugestões e se inscrevam como revisores. Com o apoio de todos, o JBP deverá ser cada vez mais o veículo de exposição de nossos trabalhos e um orgulho para a medicina respiratória de nosso país.

Carlos R. R. Carvalho
Editor-Chefe do Jornal Brasileiro de Pneumologia

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