Ainda curto, meu período como Editor-Chefe do JBP tem sido de intenso aprendizado.a É muito interessante obser-var a evolução do JBP desde sua fundação, há 40 anos.
Nossa organização como sociedade de pneumologia foi o grande impulso à criação de um periódico cujos objetivos iniciais eram disseminar o conhecimento pneumológico e nos fortalecer como sociedade - é incrível como permane-ce atual em sua essência.
O cenário, contudo, mudou muito. No início, eram publicados, em português, artigos já divulgados em revistas in-ternacionais, insipiente que era a ciência na área respiratória no país. Com o desenvolvimento da pneumologia brasileira, o JBP também cresceu e ganhou representatividade. A visão dos editores durante essa transição permitiu a inserção do JBP em diversas bases de dados até a obtenção de índices bibliométricos que permitiram nos compa-rar com outros periódicos de nossa área.(1)
Durante esses 40 anos, também nossa sociedade se fortaleceu. A Sociedade Brasileira de Pneumologia e Tisiolo-gia (SBPT) passou a desenvolver diretrizes próprias, contemplando não apenas o que de mais robusto existe em evidência científica, mas também a realidade nacional, a fim de torná-las aplicáveis em nosso meio. (2,3) Vários de nossos membros se tornaram referências internacionais em suas áreas de atuação; amostra disso pode ser notada no próprio Conselho Editorial do JBP.
Com base nessa sedimentação da ciência respiratória no país e sua representação pela SBPT - e ainda na fasci-nante trajetória do JBP contada pelos seus antigos Editores-Chefes - o presente numero é comemorativo dos 40 anos do JBP.
Passo a me perguntar o que queremos para o futuro; qual o Jornal que queremos ter nos próximos 10, 20, 40 anos? Certamente a resposta não é simples. São várias as missões que hoje precisam ser cumpridas pelo JBP, e o cenário em que ele se insere é mais complexo. É claro seu papel na disseminação do conhecimento pneumológico; porém, agora, esse papel não é mais limitado ao Brasil; também é evidente seu papel no estímulo à ciência nacional na área respiratória, mas também essa se tornou muito competitiva ao longo das últimas décadas, o que deve ser com-preendido como uma boa notícia. Nesse sentido, uma ponderação constante se faz necessária. Temos que buscar o que de mais avançado há na medicina respiratória sem deixar de ser uma porta aos pesquisadores mais jovens, ainda inexperientes na arte de expor seus achados, e debater seus estudos com seus pares dentro de um ambiente absolutamente científico.
Temos que aumentar nossa inserção internacional, mas sem perder a base que nos sustenta como um periódico regional.(4,5) Nesse aspecto, há um vazio a ser preenchido. Se observarmos todos os periódicos científicos na área respiratória, vemos que existe apenas um pequeno número de periódicos de abrangência mais generalista dentro de uma faixa de fator de impacto ao redor de 2. Esse número se restringe ainda mais se considerarmos apenas os pe-riódicos que não cobram pela publicação, padrão que pretendemos manter pelos próximos anos. Nossos esforços, portanto, devem ser de alcançar tal patamar, a fim de que essa exposição nos coloque em situação de destaque inequívoco frente aos demais periódicos. Nesse momento, retorno aos editorais que a esse precedem e vejo o quan-to caminhamos. Objetivos mais audaciosos só são realistas sobre uma base sólida, e essa base foi construída ao longo dessas quatro décadas por incansáveis equipes, capitaneadas por seus Editores-Chefes. Injusto seria tentar nomear a todos, sob pena certa de involuntariamente deixar de mencionar alguém. Desta forma, parabenizo aqui todos os Editores-Chefes ao que foi construído, estendendo a todos aqueles que os auxiliaram. Parabenizo também o corpo atual de editores associados, sem o qual não seria possível planejar os voos futuros. Por fim, ficam os meus parabéns a toda equipe editorial, com particular reconhecimento ao grupo de assistentes editoriais que tornaram e tornam possível o dia a dia do JBP, primando pela qualidade de todo o processo. Foi o conjunto dessas pessoas que fizeram e fazem do JBP a referência que ele hoje representa. Feliz 40 anos, JBP!
REFERÊNCIAS
1. Carvalho CR, Baldi BG, Jardim CV, Caruso P, Souza R. New steps for the international consolidation of the Brazilian Journal of Pulmonology. J Bras Pneumol. 2014;40(4):325-6. http://dx.doi.org/10.1590/S1806-37132014000400001
2. Brazilian recommendations of mechanical ventilation 2013. Part 2. J Bras Pneumol. 2014;40(5):458-86. http://dx.doi.org/10.1590/S1806-37132014000500003
3. Dourado VZ, Guerra RL, Tanni SE, Antunes LC, Godoy I. Reference values for the incremental shuttle walk test in healthy subjects: from the walk distance to physiological responses. J Bras Pneumol. 2013;39(2):190-7. http://dx.doi.org/10.1590/S1806-37132013000200010
4. Souza R, Carvalho CR. Brazilian Journal of Pulmonology and Portuguese Journal of Pulmonology: strengthening ties in respiratory science. Rev Port Pneumol. 2014;20(6):285-6. http://dx.doi.org/10.1016/j.rppneu.2014.11.001
5. Morais A, Cordeiro CR. Portuguese Journal of Pulmonology and Brazilian Journal of Pulmonology--"aquele abraço" ("a great big hug"). J Bras Pneumol. 2014;40(6):589-90. http://dx.doi.org/10.1590/S1806-37132014000600001