INTRODUÇÃOA randomização é uma estratégia de pesquisa utilizada para aumentar a validade de ensaios clínicos que avaliam o efeito de intervenções (por ex., drogas ou exercício). O processo envolve a alocação aleatória dos participantes em grupo intervenção ou grupo controle e requer que os participantes tenham igual chance de serem alocados em qualquer um dos grupos. Quando implementada adequadamente, a randomização evita o viés de seleção e produz grupos de estudo comparáveis quanto a fatores de risco basais conhecidos e desconhecidos. Para que a ran-domização funcione, os investigadores e os participantes devem ser incapazes de prever em qual grupo cada um dos participantes será alocado - isso se chama sigilo de alocação; além disso, os investigadores devem ser incapazes de alterar a alocação de qualquer participante após a randomização.
ESTRATÉGIAS DE RANDOMIZAÇÃO COMUMENTE UTILIZADASA randomização simples é equivalente ao lançamento de uma moeda: um novo participante tem igual chance de ser alocado para grupo in-tervenção ou grupo controle, independentemente de alocações anteriores. Em vez de lançar uma moeda, entretanto, uma lista de randomização é gerada por computador e utilizada para preparar envelopes selados e sequencialmente numerados, ou, preferencialmente, essa lista é admi-nistrada por uma central telefônica ou site na internet. As vantagens da randomização simples são o baixo custo e a facilidade de implementa-ção. As desvantagens incluem o risco de gerar desequilíbrios no número de participantes nos grupos, assim como na distribuição de fatores de risco basais, em estudos com amostras pequenas (N < 100; Figura 1).
Na randomização em bloco, a lista de randomização é uma sequência aleatória de blocos de participantes em vez de participantes individuais. Os blocos têm um tamanho pré-determinado; por exemplo, quatro participantes em um bloco, com seis possíveis sequências de intervenção e controle. Essa estratégia garante que grupo intervenção e grupo controle sejam equilibrados quanto ao número de participantes (Figura 1). Para garantir o sigilo de alocação, deve-se utilizar variação aleatória dos tamanhos dos blocos (quatro a oito participantes por bloco).
A randomização estratificada é uma alternativa quando se deseja equilíbrio para fatores de risco chave basais. Cada novo participante é pri-meiramente classificado em estratos de acordo com características basais (por ex., idade ou gravidade da doença), e cada estrato tem uma lista separada de randomização. Depois disso, uma vez categorizados em seus estratos, os participantes são aleatorizados para grupo intervenção ou grupo controle. A estratificação deve ser realizada utilizando-se poucos estratos relevantes para que funcione bem. Estratégias de randomi-zação estratificada e em bloco podem ser combinadas para que pacientes sejam primeiramente categorizados em um estrato e então aleatori-zados em blocos.
A randomização adaptativa utiliza algoritmos de computador que levam em consideração fatores de risco basais e a alocação dos participan-tes anteriores para alocar o próximo participante. A vantagem desse método é que ele acomoda mais fatores de risco basais do que a estratifi-cação e, ao mesmo tempo, otimiza o equilíbrio dos grupos. Entretanto, é mais complexa e requer suporte de internet.
COMO ESCOLHERA randomização simples é de fácil implementação e de baixo custo, e pode ser uma boa opção para grandes ensaios (N > 200). A randomiza-ção em bloco é uma boa opção quando se deseja equilíbrio no número de participantes em cada grupo. A estratificação é uma boa opção para proporcionar equilíbrio de covariáveis importantes. Os métodos de randomização adaptativa podem ser uma boa opção quando a estrutura do ensaio inclui estatísticos e suporte de tecnologia da informação. Para todos os métodos, a implementação adequada é fundamental para garantir o sigilo de alocação e para evitar manipulações e viés de seleção.
REFERÊNCIAS1. Kang M, Ragan BG, Park JH. Issues in outcomes research: an overview of randomization techniques for clinical trials. J Athlc Train. 2008;43(2):215-21. http://dx.doi.org/10.4085/1062-6050-43.2.215
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