Resposta dos autores
Fábio José Fabrício de Barros Souza1, Anne Rosso Evangelista2, Juliana Veiga Silva2, Grégory Vinícius Périco3, Kristian Madeira4,5
Em nosso artigo sobre TC cervical em pacientes com AOS, avaliamos que houve um aumento do volume da via aérea de 7,9 cm3 (17,5%) quando comparamos o posicionamento da cabeça dos pacientes de forma neutra com o de uma inclinação de 44°.(1) Os resultados encontrados são fidedignos e apresentaram diferenças estatísticas significativas, apesar de o número de pacientes ter sido pequeno. (1) No título do artigo reforçamos que o estudo foi realizado por análise tomográfica cervical e que não descrevemos o uso de TC com análise nasal. Trabalhos apre-sentados sobre a avaliação do volume de via aérea na discussão também utilizaram como corte anatômico por métodos de imagem a porção que vai do palato duro até a base da epiglote para a análise de intervenção com um aparelho intraoral, com cirurgia de avanço maxilomandibu-lar e com pressão positiva contínua nas vias aéreas.(1) O embasamento clínico vem de um estudo realizado previamente e citado em nosso artigo sobre a redução do índice de apneia e hipopneia quando a polissonografia basal e a polissonografia com elevação da cabeceira da cama foram comparados.(1) As hipóteses levantadas para a explicação funcional são de que a elevação postural pode contribuir para essa determina-ção, evitando o deslocamento do fluido rostral e a queda da língua, reduzindo a resistência das vias aéreas superiores (VAS), modificando a pressão crítica de fechamento, interferindo no fator gravitacional e mudando a atividade neuromuscular.(1)
A "viaerologia", tão discutida pelo eterno Professor Bruno Carlos Palombini como uma visão clínica integradora de subespecialidades dentro das áreas de pneumologia, otorrinolaringologia, gastroenterologia e medicina do sono, defende a influência anatômica e funcional como um todo.(2) Desse modo, doenças como a AOS apresentam características fenotípicas multifatoriais, as quais não esgotamos e que não foram inves-tigadas na sua totalidade em nosso artigo.
A influência da cavidade nasal para pacientes com AOS é de extrema importância na análise clínica e nos índices de apneia e hipopneia. Os fatores anatômicos nasais, bem citados na sua correspondência, podem causar resistência significativa e ser um fator de contribuição na AOS. Não há descrição na literatura de avaliações nasais por imagem sem inclinação e com inclinação postural em pacientes com AOS. A maioria dos estudos que analisaram a volumetria das VAS por imagem e que avaliaram intervenções terapêuticas determinou o setor anatômico similar ao escolhido em nosso estudo. Acreditávamos também ser interessante analisar o volume das VAS em um local com maior colapsabilidade, como já demonstrado em avaliações tomográficas com pacientes sentados e deitados, nas quais o maior grau de variação mediante a posição foi a orofaringe.(3) Alterações anatômicas com obstrução nasal fixa, como desvio septal e pólipos, provavelmente devem variar pouco com a mudança postural. No entanto, pacientes com edema intranasal podem obter benefícios também com a inclinação cervical, sendo essa uma hipótese interessante a ser determinada em novas pesquisas.
REFERÊNCIAS
1. Souza FJ, Evangelista AR, Silva JV, Périco GV, Madeira K. Cervical computed tomography in patients with obstructive sleep apnea: influence of head elevation on the assessment of upper airway volume. J Bras Pneumol. 2016;42(1):55-60. http://dx.doi.org/10.1590/S1806-37562016000000092
2. Palombini BC. Uma visão integradora. In: Palombini BC, Porto NS, Araújo E, Godoy DV, editors. Doenças das vias aéreas: uma visão clínica integradora (Viaerologia). 1st ed. Rio de Janeiro: Revinter; 2001. p. 3-8.
3. Sutthiprapaporn P, Tanimoto K, Ohtsuka M, Nagasaki T, Iida Y, Katsumata A. Positional changes of oropha-ryngeal structures due to gravity in the upright and supine positions. Dentomaxillofac Radiol. 2008;37(3):130-5. http://dx.doi.org/10.1259/dmfr/31005700