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ISSN (on-line): 1806-3756

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Cartas ao Editor

Quando é indicado o uso de meios de contraste na TC de tórax?

When is the use of contrast media in chest CT indicated?

Bruno Hochhegger1,2,3, Robson Rottenfusser4,5, Edson Marchiori6

DOI: http://dx.doi.org/10.1590/S1806-37562017000000179

AO EDITOR:

É inegável que a TC desempenha um papel importante no diagnóstico e tratamento de diversas doenças clínicas que afetam a parede torácica, o mediastino, a pleura, as artérias pulmonares e o parênquima pulmonar. A necessidade de realce por intermédio de meios de contraste intravenosos depende da indicação clínica. (1-3) Os agentes de contraste mais comumente usados na TC são os iodados. Os agentes de contraste iodados intravenosos são usados para a opacificação de estruturas vasculares. As principais famílias de agentes de contraste são a iônica e a não iônica. Os agentes de contraste podem ainda ser classificados em agentes de alta e baixa osmolalidade com base na concentração de iodo. A maioria dos centros usa agentes de contraste não iônicos (geralmente agentes de baixa osmolalidade) para estudos com contraste intravenoso.(1) A taxa de reações maiores (anafilaxia e morte, por exemplo) a agentes de contraste intravenosos iônicos e não iônicos é a mesma - 1 em 170.000 administrações, segundo se estima - mas a taxa de reações menores a agentes de contraste não iônicos é menor.(2) Aproximadamente 5-12% dos pacientes que recebem meios de contraste de alta osmolalidade apresentam reações adversas, a maioria das quais é leve ou moderada.(3-5) Já se estabeleceu uma relação entre o uso de agentes de contraste de baixa osmolalidade e a redução dos efeitos adversos. As crianças apresentam menor incidência de reações a agentes de contraste intravenosos, e a maioria das reações é leve (0,18% para agentes de baixa osmolalidade).(3,4) Os fatores de risco de reações a agentes de contraste incluem alergias a múltiplos medicamentos e asma.(5) Embora muitos departamentos de radiologia investiguem a alergia a mariscos, não há reatividade cruzada entre mariscos e agentes de contraste iodados.

Na verdade, na grande maioria dos casos em que é necessário realizar a TC de tórax, não é necessário usar meios de contraste para estabelecer um diagnóstico preciso. Não é necessário usar meios de contraste nas indicações mais prevalentes de TC, como DPOC, doença pulmonar intersticial, nódulo pulmonar, doença das vias aéreas pequenas, doença das vias aéreas grandes, e investigação de câncer de pulmão. No entanto, para a avaliação de doenças vasculares, é necessário usar um agente de contraste intravenoso na TC para delinear o lúmen do vaso (aneurisma, dissecção e invasão tumoral vascular, por exemplo). A doença embólica pulmonar é a terceira causa mais comum de doença cardiovascular aguda.(3,5) A angiotomografia de tórax é a maneira mais comum de investigar a presença de doença embólica pulmonar porque, além de ser precisa, rápida e amplamente disponível, pode avaliar patologias alternativas em casos de dor torácica indiferenciada. Tipicamente, o uso de TC para investigar doença vascular ou patologia pleural pode incluir imagens sem contraste para identificar hemorragia, realce e calcificações. Além disso, o realce pleural é usado para avaliar derrames exsudativos suspeitos ou conhecidos e empiema.(2) Também ajuda a avaliar doença maligna metastática ou primária da pleura, particularmente em casos de doença oculta, já que realce e espessamento da pleura são de interesse diagnóstico.

O uso de agentes de contraste iodados em casos de câncer de pulmão é controverso. Quando se suspeita de invasão mediastinal, o uso de contraste é indicado; no entanto, outras avaliações podem ser realizadas sem contraste.

Em suma, o uso de meios de contraste na TC de tórax é indicado na investigação de doenças vasculares e pleurais, mas a maioria das imagens pode ser obtida sem realce. Além disso, o agente específico e a via de administração baseiam-se em indicações clínicas e fatores relacionados com o paciente. A comunicação clara entre o médico e o radiologista é essencial para a obtenção do estudo mais adequado com o menor custo e risco mínimo para o paciente.

REFERÊNCIAS

1. Utter DP. Survey of contrast media use in southeastern U.S. hospitals. Radiol Technol. 1997;68(5):386-90. https://doi.org/10.1148/radiology.175.3.2343107
2. Katayama H, Yamaguchi K, Kozuka T, Takashima T, Seez P, Matsuura K. Adverse reactions to ionic and nonionic contrast media. A report from the Japanese Committee on the Safety of Contrast Media. Radiology. 1990;175 (3):621-8.
3. American College of Radiology. ACR manual on contrast media: version 8. Reston (VA): American College of Radiology; 2012.
4. Dillman JR, Strouse PJ, Ellis JH, Cohan RH, Jan SC. Incidence and severity of acute allergic-like reactions to i.v. nonionic iodinated contrast material in children. AJR Am J Roentgenol. 2007;188(6):1643-7. Erratum in: AJR Am J Roentgenol. 2007;189(3):512. https://doi.org/10.2214/AJR.06.1328
5. COAKLEY FV, PANICEK DM. IODINE ALLERGY: AN OYSTER WITHOUT A PEARL? AJR AM J ROENTGENOL. 1997;169(4):951-2. HTTPS://DOI.ORG/10.2214/AJR.169.4.9308442

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