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Resposta do autor

Resposta dos autores - Diferença entre capacidade vital lenta e capacidade vital forçada no diagnóstico de limitação ao fluxo aéreo

Authors reply - Difference between slow vital capacity and forced vital capacity in the diagnosis of airflow limitation

Jonathan Jerias Fernandez1,2, Maria Vera Cruz de Oliveira Castellano3, Flavia de Almeida Filardo Vianna3, Sérgio Roberto Nacif1, Roberto Rodrigues Junior4, Sílvia Carla Sousa Rodrigues1,5

No artigo de Fernandez et al., o diagnóstico de distúrbio ventilatório obstrutivo (DVO) foi feito se houve redução da razão VEF1/CV lenta (CVL) e/ou VEF1/CVF.(1) O achado isolado de ΔCVL-CVF ≥ 200 mL não definiu DVO. Como salienta a correspondência, em 82 de 187 casos, a razão VEF1/CVF já revelava DVO; porém, em 46 (25%) daqueles casos houve discordância entre os diagnósticos, semelhante ao observado por Saint-Pierre et al.(1,2) Em 21 de 73 casos de espirometria normal e em 15 de 32 casos de distúrbio inespecífico pela análise dos parâmetros da manobra expiratória forçada, a obstrução foi revelada apenas pela redução de VEF1/CVL.(1)

Kubota et al.(3) avaliaram indivíduos normais, observando, em idosos, maior ΔCVL-CVF, provavelmente por causa de aprisionamento aéreo ou esvaziamento pulmonar heterogêneo na manobra expiratória forçada pela perda da retração elástica; essa diferença foi menos pronunciada em jovens. Dessa forma, os autores sugeriram que "valores de referência para CVL seriam preferíveis para a interpretação da função pulmonar em idosos".(3) Pistelli et al.(4) também calcularam valores preditos para CVL, observando apenas 50 mL de diferença entre os valores médios de CVL e CVF; entretanto, a faixa estudada (8-64 anos) foi mais jovem do que a no estudo de Kubota et al. (17-95 anos).(3,4) Não existem valores preditos nacionais (derivados da espirometria) para CVL.

Em nosso estudo, os valores da condutância específica não diferiram entre aqueles com e sem ΔCVL-CVF ≥ 200 mL, podendo isso ter ocorrido pelas características da amostra, que também incluiu indivíduos com pneumopatias intersticiais (como sarcoidose, pneumonite por hipersensibilidade e fibrose com enfisema), nos quais as alterações no volume e fluxo podem ser mascaradas pelo balanço do comprometimento intersticial e das vias aéreas. Outrossim, reduções do VEF1% e de VEF1/CV(F), DVO, capacidade residual funcional aumentada e razão capacidade inspiratória/CPT reduzida (achados de limitação ao fluxo e aprisionamento aéreo) foram preditores da ΔCVL-CVF ≥ 200 mL.

A ΔCVL-CVF correlaciona-se positivamente com o índice de massa corpórea, e a análise de VEF1/CVL pode aumentar a prevalência do diagnóstico de DVO. Geralmente, a capacidade residual funcional e o volume de reserva expiratório são os volumes mais afetados na obesidade, sendo o comprometimento da CPT menos pronunciado. Em casos individualizados, principalmente se há dissonância com o quadro clínico, a pletismografia é fundamental para avaliar os mecanismos subjacentes à redução da CV(F) e VEF1.

A redução isolada dos fluxos terminais (semelhantemente à ΔCVL-CVF ≥ 200 mL) deve ser suportada por outros testes funcionais para confirmar DVO. No estudo de Saint-Pierre et al.,(2) casos discordantes (VEF1/CVF normal, mas VEF1/CVL reduzida) apresentavam menores valores de FEF25-75%.

A avaliação da ΔCVL-CVF é uma informação adicional, podendo ocorrer em indivíduos saudáveis por compressão dinâmica das vias aéreas no esforço (jovens) ou pela perda da retração elástica (idosos), mas também pode ser resultado de limitação ao fluxo aéreo. Recomendações da American Thoracic Society continuam orientando o uso da maior CV para compor o denominador da razão VEF1/CV(F).(5)

No Laboratório de Função Pulmonar do Instituto de Assistência ao Servidor Público Estadual de São Paulo realizamos aproximadamente 800 exames/mês. Atendemos uma ampla faixa etária com ampla variedade e complexidade de doenças. A manobra lenta é realizada sem molestar a rotina do laboratório, e a análise de seus parâmetros também acrescenta informações sobre a resposta ao broncodilatador.

REFERÊNCIAS

1. Fernandez JJ, Castellano MVCO, Vianna FAF, Nacif SR, Rodrigues Junior R, Rodrigues SCS. Clinical and functional correlations of the difference between slow vital capacity and FVC. J Bras Pneumol. 2019;46(1):e20180328. https://doi.org/10.1590/1806-3713/e20180328
2. Saint-Pierre M, Ladha J, Berton DC, Reimao G, Castelli G, Marillier M, et al. Is the Slow Vital Capacity Clinically Useful to Uncover Airflow Limitation in Subjects With Preserved FEV1/FVC Ratio?. Chest. 2019;156(3):497-506. https://doi.org/10.1016/j.chest.2019.02.001
3. Kubota M, Kobayashi H, Quanjer PH, Omori H, Tatsumi K, Kanazawa M, et al. Reference values for spirometry, including vital capacity, in Japanese adults calculated with the LMS method and compared with previous values. Respir Investig. 2014;52(4):242-250. https://doi.org/10.1016/j.resinv.2014.03.003
4. Pistelli F, Bottai M, Viegi G, Di Pede F, Carrozzi L, Baldacci S, et al. Smooth reference equations for slow vital capacity and flow-volume curve indexes. Am J Respir Crit Care Med. 2000;161(3 Pt 1):899-905. https://doi.org/10.1164/ajrccm.161.3.9906006
5. Culver BH, Graham BL, Coates AL, Wanger J, Berry CE, Clarke PK, et al. Recommendations for a Standardized Pulmonary Function Report. An Official American Thoracic Society Technical Statement. Am J Respir Crit Care Med. 2017;196(11):1463-1472. doi:10.1164/rccm.201710-1981ST

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