Editorial
3 - Doenças pulmonares difusas e TCAR: os limites do radiologista
Diffuse lung diseases and HRCT: limitations of radiologists
Dante Luiz Escuissato
J Bras Pneumol.2010;36(1):6-7
Artigo Original
4 - Desenvolvimento e validação de um questionário de conhecimento em asma para uso no Brasil
Development and validation of an asthma knowledge questionnaire for use in Brazil
Marcos Carvalho Borges, Érica Ferraz, Sílvia Maria Romão Pontes, Andrea de Cássia Vernier Antunes Cetlin, Roseane Durães Caldeira, Cristiane Soncino da Silva, Ana Carla Sousa Araújo, Elcio Oliveira Vianna
J Bras Pneumol.2010;36(1):
ResumoObjetivo: Desenvolver e validar um questionário de conhecimento em asma para pacientes adultos asmáticos no Brasil. Métodos: Um questionário autoaplicável com 34 itens foi desenvolvido e aplicado em asmáticos e controles adultos. A pontuação total máxima era 34. Resultados: O questionário mostrou-se discriminante, com boa confiabilidade e reprodutibilidade. O escore médio para os asmáticos e controles foi, respectivamente, 21,47 ± 4,11 (variação: 9-31) e 17,27 ± 5,11 (variação: 7-28; p < 0,001). O teste de Kaiser-Meyer-Olkin revelou uma medida de adequação de 0,53, e o teste de esfericidade de Bartlett demonstrou uma adequação satisfatória dos dados para a análise fatorial (p < 0,001). Não houve diferença significativa entre os escores totais obtidos na primeira e na segunda aplicação do questionário, com um intervalo de duas semanas (p = 0,43). O coeficiente de consistência interna (coeficiente KR-20) foi 0,69. Conclusões: Este estudo validou um questionário de educação em asma para uso no Brasil.
Daiane de Oliveira Santos, Maria Cleusa Martins, Sonia Lucena Cipriano, Regina Maria Carvalho Pinto, Alberto Cukier, Rafael Stelmach
J Bras Pneumol.2010;36(1):14-22
ResumoObjetivo: Avaliar a aderência ao tratamento e a técnica de utilização de dispositivos inalatórios em pacientes com asma após atenção farmacêutica complementar. Métodos: Estudo prospectivo controlado com dois grupos paralelos: grupo estudo e grupo controle. Foram selecionados 60 asmáticos persistentes, utilizando regularmente inaladores dosimetrados (IDs), inaladores de pó seco (IPS) ou ambos. Os pacientes foram avaliados em três visitas durante 60 dias. As instruções foram fornecidas em todas as visitas aos pacientes do grupo estudo e apenas na primeira visita do grupo controle. Os pacientes que utilizaram < 80% ou > 120% do total de doses prescritas foram classificados como não aderentes. A manobra inalatória foi quantificada por escores, e uma técnica satisfatória foi definida por uma pontuação superior a 7 (máximo, 9) para o uso de ID e superior a 4 (máximo, 5) para o uso de IPS. Resultados: Concluíram o estudo 28 pacientes no grupo estudo e 27 no grupo controle, dos quais 18 (64,3%) e 20 (74,7%), respectivamente, foram classificados como aderentes. Houve um aumento nas medianas dos escores do uso de ID entre a primeira e a terceira visitas tanto no grupo estudo quanto no grupo controle (de 3 [variação, 0-5] para 8 [variação, 8-9]; p < 0,001; e de 5 [variação, 2-6] para 7 [variação, 6-8]), assim como nas medianas dos escores do uso de DPS (de 3 [variação, 2-4] para 5 [variação, 4-5]; e de 3 [variação, 2-4] para 5 [variação, 4-5]). Conclusões: A orientação fornecida pelo farmacêutico ao paciente foi importante para auxiliar na adequada realização da técnica inalatória, principalmente quanto ao uso de IDs.
Ebrahim Razi, Gholam Abbass Moosavi
J Bras Pneumol.2010;36(1):23-28
ResumoObjetivo: Determinar se há uma relação dos níveis de IgE total no soro e das contagens de eosinófilos com a resposta à farmacoterapia de rotina em pacientes com asma aguda. Métodos: Estudo transversal com 162 pacientes com asma aguda. Foram determinados os níveis séricos de IgE total, as contagens de células no sangue periférico e as contagens de eosinófilos. O tratamento foi ajustado individualmente de acordo com a gravidade da asma. Foi realizada espirometria antes do início do tratamento e duas semanas após seu término. Os pacientes foram divididos em dois grupos: alto nível de IgE (≥ 100 UI/mL) e baixo nível de IgE (< 100 UI/mL). Foram comparadas entre os dois grupos as relações das determinações basais e das alterações em percentual dos seguintes parâmetros: VEF, CVF, FEF25-75%, contagem de células brancas no sangue periférico e contagem de eosinófilos. Resultados: Não houve diferenças significativas entre os grupos em relação às alterações em percentual dos parâmetros estudados. Tampouco houve diferenças significativas entre os grupos em relação aos valores basais de VEF, CVF e FEF25-75%, em % do predito. Conclusões: Com base nesses achados, concluímos que os níveis séricos de IgE total, as contagens de células brancas no sangue periférico e as contagens de eosinófilos não são preditores do tratamento farmacológico de pacientes com asma aguda.
Observer agreement in the diagnosis of interstitial lung diseases based on HRCT scans
Viviane Baptista Antunes, Gustavo de Souza Portes Meirelles, Dany Jasinowodolinski, Carlos Alberto de Castro Pereira, Carlos Gustavo Yuji Verrastro, Fabíola Goda Torlai, Giuseppe D'Ippolito
J Bras Pneumol.2010;36(1):29-36
ResumoObjetivo: Determinar a concordância interobservador e intraobservador no diagnóstico de doenças pulmonares intersticiais (DPIs) por TCAR e o impacto da experiência dos observadores, dos dados clínicos e do grau de confiança nessas concordâncias. Métodos: Dois radiologistas torácicos e dois gerais independentemente avaliaram imagens de TCAR de 58 pacientes com DPIs em dois momentos: antes e após da anamnese clínica. Os observadores selecionaram até três hipóteses diagnósticas para cada paciente e definiram o grau de confiança dessas hipóteses. Um dos radiologistas torácicos e um dos gerais reavaliaram as mesmas imagens até três meses após a primeira leitura. As análises estatísticas foram feitas utilizando o coeficiente kappa. Resultados: Os radiologistas torácicos e os gerais, respectivamente, concordaram com uma ou mais hipóteses diagnósticas em 91,4% e 82,8% dos pacientes. Os radiologistas torácicos concordaram com o diagnóstico mais provável em 48,3% (κ = 0,42) e 62,1% (κ = 0,58) dos casos, respectivamente, antes e após a anamnese clínica; de forma semelhante; os radiologistas gerais concordaram com o diagnóstico mais provável em 37,9% (κ = 0,32) e 36,2% (κ = 0,30). A concordância intraobservador do radiologista torácico no diagnóstico mais provável foi de 0,73 e 0,63, antes e após da anamnese clínica, respectivamente; para o radiologista geral, essa foi de 0,38 e 0,42. Os radiologistas torácicos apresentaram graus de concordância quase perfeitos nas hipóteses diagnósticas definidas com o grau de confiança alto. Conclusões: A concordância interobservador e intraobservador no diagnóstico das DPIs por TCAR variaram de regular a quase perfeita, tendo sido influenciadas pela experiência do radiologista, pela história clínica e pelo grau de confiança.
8 - Preditores do estado de saúde em pacientes com DPOC de acordo com o gênero
Gender differences in predictors of health status in patients with COPD
Renata Ferrari, Suzana Erico Tanni, Paulo Adolfo Lucheta, Márcia Maria Faganello, Renata Antonialli Ferreira do Amaral, Irma Godoy
J Bras Pneumol.2010;36(1):37-43
ResumoObjetivo: Avaliar o estado de saúde (ES) de pacientes com DPOC e identificar os principais preditores do ES nesses pacientes de acordo com o gênero. Métodos: Participaram do estudo 90 pacientes com DPOC (60 homens e 30 mulheres); idade média = 64 ± 9 anos) com ampla faixa de distúrbios obstrutivos (VEF1 = 56 ± 19% do predito). Os homens foram pareados individualmente às mulheres em função de VEF1 % do predito (razão 2:1). Os pacientes foram avaliados em relação à sua composição corporal, distância percorrida no teste de caminhada de seis minutos; percepção da dispneia através da Modified Medical Research Council Dyspnea Scale; Saint George's Respiratory Questionnaire (SGRQ); índice de comorbidade de Charlson; e índice Body mass index, airway Obstruction, Dyspnea, and Exercise capacity (BODE) multidimensional. A análise de regressão linear múltipla foi feita para identificar os preditores do ES por gênero. Resultados: O comprometimento do ES foi maior nas mulheres que nos homens no escore total do SGRQ e em todos os domínios (total: 51 ± 18% vs. 38 ± 19%; p = 0,002; sintomas: 61 ± 22% vs. 42 ± 21%; p < 0,001; atividade: 62 ± 18% vs. 49 ± 21%; p = 0,004; e impacto: 41 ± 19% vs. 27 ± 18%; p = 0,001). A regressão linear múltipla mostrou que a idade e a percepção da dispneia se associaram com o escore total do SGRQ em ambos os gêneros (homens, r² = 0,42; mulheres, r² = 0,70; p < 0,05). Conclusões: Nossos resultados mostraram uma associação entre o gênero e o ES em pacientes com DPOC. A idade e a percepção da dispneia são determinantes do ES em ambos os gêneros.
9 - O papel da razão FEF50%/0,5CVF no diagnóstico dosdistúrbios ventilatórios obstrutivos
The role of the FEF50%/0.5FVC ratio in the diagnosis of obstructivelung diseases
Marcelo Tadday Rodrigues, Daniel Fiterman-Molinari, Sérgio Saldanha Menna Barreto, Jussara Fiterman
J Bras Pneumol.2010;36(1):44-50
ResumoObjetivo: Avaliar a contribuição de um novo coeficiente, a razão FEF50%/0,5CVF, medida através da curva fluxo‑volume máximo expiratório, no diagnóstico dos distúrbios ventilatórios obstrutivos (DVOs); testar esse coeficiente na diferenciação entre grupos de pacientes normais, com DVO e com distúrbio ventilatório restritivo (DVR); e estabelecer pontos de corte para cada um dos diagnósticos funcionais e a probabilidade para cada diagnóstico a partir de valores individuais. Métodos: Estudo transversal, prospectivo, com a análise de testes de função pulmonar de 621 pacientes encaminhados ao Hospital de Clínicas de Porto Alegre entre janeiro a dezembro de 2003. Foram coletados dados demográficos e espirométricos. Os pacientes foram divididos conforme o diagnóstico funcional em três grupos: normal; DVO; e DVR. Foram calculadas as razões VEF1/CVF e FEF50%/0,5CVF, e as médias de FEF50%/0,5CVF foram comparadas entre os grupos. Para correlacionar FEF50%/0,5CVF com VEF1/CVF, utilizou-se a correlação de Pearson. Os pacientes foram, então, divididos em dois grupos: com e sem DVO. Foram calculadas as razões de verossimilhança para diferentes pontos de corte. Resultados: A média de idade dos pacientes foi de 55,8 ± 14,7 anos. Houve diferenças significativas nos valores médios de FEF50%/0,5CVF entre os grupos (2,10 ± 0,82, 2,55 ± 1,47 e 0,56 ± 0,29, respectivamente, para normal, DVR e DVO; p < 0,001). Houve uma correlação positiva do FEF50%/0,5CVF com VEF1/CVF no grupo DVO (r = 0,83). Valores de FEF50%/0,5CVF < 0,79 mostraram-se fortes indicadores de DVO e valores > 1,33 praticamente afastam esse diagnóstico. Conclusões: A razão FEF50%/0,5CVF é um parâmetro potencialmente útil para discriminar DVOs, correlacionando-se positivamente com o VEF1/CVF.
10 - Determinantes morfológicos de prognóstico em pneumonia nosocomial: um estudo em autópsias
Morphological prognostic factors in nosocomial pneumonia:an autopsy study
Luiz Mário Baptista Martinelli, Paulo José Fortes Villas Boas, Thais Thomaz Queluz, Hugo Hyung Bok Yoo
J Bras Pneumol.2010;36(1):51-58
ResumoObjetivo: Determinar a prevalência de pneumonia nosocomial nas autópsias em um hospital público universitário; identificar os fatores de risco relacionados à pneumonia nosocomial e os potenciais fatores prognósticos relacionados à ocorrência de pneumonia nosocomial fatal; e correlacionar os achados anatomopatológicos com a ocorrência de pneumonia nosocomial e/ou pneumonia aspirativa. Métodos: Estudo retrospectivo de 199 pacientes autopsiados, maiores de 1 ano de idade, internados no Hospital das Clínicas da Faculdade de Medicina de Botucatu da Universidade Estadual Paulista entre 1999 e 2006, cuja causa de morte (causa básica ou associada) foi pneumonia nosocomial. Testou-se a associação dos dados demográficos, clínicos e anatomopatológicos com os desfechos pneumonia nosocomial fatal e pneumonia aspirativa fatal. As variáveis significativas entraram na análise multivariada. Resultados: A idade média foi de 59 ± 19 anos. A prevalência de pneumonia nosocomial em autópsias foi 29%, e essa foi a causa mortis de 22,6% dos pacientes autopsiados. A pneumonia nosocomial fatal correlacionou-se com os achados anatomopatológicos de alterações estruturais tabágicas (OR = 3,23; IC95%: 1,26-2,95; p = 0,02) e acometimento pulmonar bilateral (OR = 3,23; IC95%: 1,26-8,30; p = 0,01). Não houve associações significativas entre as variáveis e pneumonia aspirativa fatal. Conclusões: Em nossa amostra, a pneumonia nosocomial teve prevalência elevada e foi responsável por quase 25% das mortes. A mortalidade é favorecida por alterações estruturais tabágicas e pneumonia bilateral. Esses achados corroboram os resultados de diversos estudos clínicos sobre pneumonia nosocomial.
Renata Amato Vieira, Edna Maria de Albuquerque Diniz,Maria Esther Jurfest Rivero Ceccon
J Bras Pneumol.2010;36(1):59-66
ResumoObjetivo: Avaliar se as concentrações dos mediadores inflamatórios (CCL5, soluble intercellular adhesion molecule type 1 [sICAM-1], TNF-α, IL-6 e IL-10) na secreção nasofaríngea e no soro de crianças com infecção do trato respiratório inferior (ITRI) por vírus sincicial respiratório (VSR) apresentam correlação com os marcadores clínicos de gravidade da doença. Métodos: Entre julho de 2004 e dezembro de 2005, 30 crianças com idade inferior a três meses, diagnosticadas com ITRI por VSR e admitidas em uma UTI neonatal foram incluídas neste estudo. Resultados: Houve uma correlação positiva significante entre a gravidade da doença na admissão hospitalar, determinada por um sistema de escore clínico modificado, e as concentrações de sICAM-1 e de IL-10 na secreção nasofaríngea e de IL-6 no soro dos pacientes. Houve também uma correlação positiva significante entre a concentração de IL-6 no soro e o tempo de oxigenoterapia e a duração da internação. Conclusões: As concentrações de sICAM-1 e IL-10 na secreção nasofaríngea e de IL-6 no soro determinadas na admissão poderiam ser usadas como marcadores de gravidade da ITRI por VSR. Os níveis de IL-6 determinados no soro na admissão também poderiam ser usados para predizer o prolongamento da oxigenoterapia e da duração da internação.
Clinical characteristics and quality of life of smokers at a referral center for smoking cessation
Márcia Regina Pizzo de Castro, Tiemi Matsuo, Sandra Odebrecht Vargas Nunes
J Bras Pneumol.2010;36(1):67-74
ResumoObjetivo: Comparar, entre fumantes e nunca fumantes, os seguintes aspectos: qualidade de vida, IMC, hospitalizações, incapacidades, história familiar de transtorno mental, doenças relacionadas ao uso de tabaco, depressão e uso de substâncias psicoativas. Métodos: Um total de 167 fumantes inscritos em um programa de cessação do tabagismo no Centro de Referência de Abordagem e Tratamento do Tabagismo da Universidade Estadual de Londrina e 272 nunca fumantes doadores de sangue foram incluídos no estudo. Foram utilizados um questionário estruturado para a coleta de dados sociodemográficos, Alcohol, Smoking and Substance Involvement Screening Test, World Health Organization Quality of Life Instrument, brief version (WHOQoL-BREF) e Fagerström Test for Nicotine Dependence, todos validados para uso no Brasil, assim como critérios diagnósticos para a pesquisa de transtornos depressivos. Resultados: A média de idade para fumantes e nunca fumantes foi, respectivamente, de 45 e 44 anos. As mulheres predominaram nos dois grupos. Fumantes mais frequentemente apresentaram incapacidades laborais e domésticas, presença de fumantes em casa, hospitalizações, transtorno depressivo, uso de sedativos, história de transtorno mental na família e piores escores em todos os domínios do WHOQoL-BREF. A média de idade do início do tabagismo em fumantes com depressão ou em uso de substâncias psicoativas foi mais baixa do que os sem essas comorbidades. Fumantes apresentaram mais frequentemente diabetes, hipertensão arterial, doenças cardíacas, doenças respiratórias e úlcera péptica do que os que nunca fumaram. O IMC médio foi menor entre fumantes do que nos que nunca fumaram. Conclusões: Este estudo sugere que, no tratamento do tabagismo, deveriam ser identificados subgrupos de fumantes com características específicas: início precoce do tabagismo, doenças que sofrem agravos pelo tabaco, depressão e uso de substâncias psicoativas.
Deborah Carvalho Malta, Erly Catarina Moura, Sara Araújo Silva, Patrícia Pereira Vasconcelos de Oliveira, Vera Luiza da Costa e Silva
J Bras Pneumol.2010;36(1):75-83
ResumoObjetivo: Determinar a prevalência de tabagismo na população adulta do Brasil e propor recomendações para a redução do uso do tabaco. Métodos: Estudo transversal de base populacional, que incluiu uma amostra da população (18 anos ou mais) residente nas capitais dos 26 estados brasileiros e do Distrito Federal. Considerou-se para a determinação da amostra um intervalo de confiança de 95% e um erro amostral de 2%. Os participantes foram selecionados e entrevistados por meio do Sistema de Vigilância de Fatores de Risco e Proteção para Doenças Crônicas por Inquérito Telefônico (VIGITEL). Foram realizadas estimativas referentes à proporção de fumantes e o consumo de cigarros/dia conforme variáveis sociodemográficas. Adicionalmente, calculou-se a razão de prevalência de tabagismo entre homens e mulheres. Resultados: A prevalência de tabagismo foi de 16,1% (20,5% no sexo masculino e 12,4% no sexo feminino. A proporção de adultos que declararam fumar ≥ 20 cigarros ao dia foi de 4,9%, sendo maior no sexo masculino (6,5% vs. 3,6%). Houve maior prevalência de tabagismo entre indivíduos com menor escolaridade (≤ 8 anos). O número de cigarros consumidos/dia no sexo masculino foi aproximadamente o dobro que o número entre as mulheres. Conclusões: As estimativas a partir do VIGITEL apontam uma redução na prevalência do tabagismo, com uma maior prevalência em homens do que em mulheres. O VIGITEL tem sido fundamental para o monitoramento do tabagismo, bem como para orientar políticas públicas de promoção à saúde e prevenção de doenças crônicas não transmissíveis.
14 - Traqueostomia precoce versus traqueostomia tardia em pacientes com lesão cerebral aguda grave
Early versus late tracheostomy in patients with acute severe brain injury
Bruno do Valle Pinheiro, Rodrigo de Oliveira Tostes, Carolina Ito Brum,Erich Vidal Carvalho, Sérgio Paulo Santos Pinto, Júlio César Abreu de Oliveira
J Bras Pneumol.2010;36(1):84-91
ResumoObjetivo: Comparar os efeitos da traqueostomia precoce e da traqueostomia tardia em pacientes com lesão cerebral aguda grave. Métodos: Estudo retrospectivo com 28 pacientes admitidos na UTI do Hospital Universitário da Universidade Federal de Juiz de Fora com diagnóstico de lesão cerebral aguda grave e apresentando escore na escala de coma de Glasgow (ECG) < 8 nas primeiras 48 h de internação. Os pacientes foram divididos em dois grupos: traqueostomia precoce (TP), realizada em até 8 dias; e traqueostomia tardia (TT), realizada após 8 dias. Dados demográficos e os escores Acute Physiology and Chronic Health Evaluation (APACHE) II, ECG e Sequential Organ Failure Assessment (SOFA) do dia da admissão foram coletados. Resultados: Não houve diferenças significativas em relação aos dados demográficos ou aos escores coletados nos grupos TP e TT: APACHE II (26 ± 6 vs. 28 ± 8; p = 0,37), SOFA (6,3 ± 2,7 vs. 7,2 ± 3,0; p = 0,43) e ECG (5,4 ± 1,7 vs. 5,5 ± 1,7; p = 0,87). A mortalidade em 28 dias foi menor no grupo TP (9% vs. 47%; p = 0,04). Pneumonia nosocomial precoce (até 7 dias) foi menos frequente no grupo TP, mas essa diferença não foi significativa (0% vs. 23%, p = 0,13). Não houve diferenças em relação à ocorrência de pneumonia tardia ou ao tempo de ventilação mecânica entre os grupos. Conclusões: Baseado nesses achados, a traqueostomia precoce deve ser considerada em pacientes com lesão cerebral aguda grave.
Cinthia Pedrozo, Clemax Couto Sant'Anna, Maria de Fátima B. Pombo March, Sheila Cunha Lucena
J Bras Pneumol.2010;36(1):92-98
ResumoObjetivo: Verificar a eficácia do sistema de pontuação, preconizado pelo Ministério da Saúde (MS), para o diagnóstico de TB pulmonar em crianças e adolescentes, infectadas ou não pelo HIV. Métodos: Estudo analítico transversal realizado entre janeiro de 2002 e dezembro de 2006, no qual foram incluídos 239 indivíduos menores de 15 anos. Os pacientes foram divididos em quatro grupos: grupo TB latente (TBL; n = 81); grupo não TB (NTB; n = 41); grupo TB (n = 104); e grupo TB/HIV (n = 13). Foram estudadas as características clínicas, radiológicas e laboratoriais segundo o sistema de pontuação. Resultados: Os relatos de febre, tosse, astenia e emagrecimento há mais de duas semanas foram significativamente maiores no grupo TB (p < 0,0001). No grupo TB, 95,0% dos casos tinham história de contato com indivíduo com TB, sendo que em 86,1% esse contato era intradomiciliar. No grupo TB/HIV, 75,0% dos casos haviam entrado em contato com TB e, em 58,3%, esse contato era intradomiciliar. Nos grupos TB e TB/HIV, respectivamente, 75,0% e 53,9% dos casos apresentaram alterações radiológicas parenquimatosas, enquanto 18,2% e 30,8% apresentaram alterações ganglionares e parenquimatosas. Os resultados da prova tuberculínica não apresentaram diferenças significativas entre os grupos. No grupo TB, 16,3% dos pacientes estavam desnutridos (p < 0,005 vs. o grupo TBL). A pontuação média utilizando o sistema MS foi a seguinte: grupo TBL, 24,2; grupo NTB, 18,5; grupo TB, 45,3; e grupo TB/HIV, 41,5. Conclusões: Os pacientes dos grupos TB e TB/HIV apresentaram pontuação significativamente maior do que aqueles nos outros grupos. Portanto, esse sistema de pontuação foi válido para o diagnóstico de TB pulmonar nessa população, independentemente do status HIV.
Artigo Especial
Illustrated Brazilian consensus of terms and fundamental patternsin chest CT scans
C. Isabela S. Silva, Edson Marchiori, Arthur Soares Souza Júnior, Nestor L. Müller, Comissão de Imagem da Sociedade Brasileirade Pneumologia e Tisiologia
J Bras Pneumol.2010;36(1):99-123
ResumoO objetivo deste novo consenso brasileiro é atualizar e dar continuidade à padronização da terminologia dos principais descritores e padrões fundamentais da TC de tórax em língua portuguesa. Este consenso contém uma descrição sucinta dos principais termos utilizados na TC de tórax e ilustrações de exemplos clássicos. O grupo de autores é formado por médicos radiologistas membros do Colégio Brasileiro de Radiologia e Diagnóstico por Imagem, especializados em radiologia torácica, e por pneumologistas membros da Sociedade Brasileira de Pneumologia e Tisiologia, com particular interesse em diagnóstico por imagem.
Artigo de Revisão
17 - Rinite alérgica: indicadores de qualidade de vida
Allergic rhinitis: indicators of quality of life
Inês Cristina Camelo-Nunes, Dirceu Solé
J Bras Pneumol.2010;36(1):124-133
ResumoO objetivo desta revisão foi apresentar evidências da relação entre rinite alérgica e redução da qualidade de vida. As fontes de dados foram artigos originais, revisões e consensos indexados nos bancos de dados Medline e LILACS entre 1997 e 2008. As palavras de busca foram "rinite alérgica", "qualidade de vida" e "distúrbios do sono". Os pacientes com rinite alérgica frequentemente têm redução na qualidade de vida causada pelos sintomas clássicos da doença (espirros, prurido, coriza e obstrução). Além disso, a fisiopatologia da rinite alérgica, com frequência, interrompe o sono, ocasionando fadiga, irritabilidade, déficits de memória, sonolência diurna e depressão. A carga total da doença recai não apenas no funcionamento social e físico prejudicados, mas também no impacto financeiro, que se torna maior quando se consideram as evidências de que a rinite alérgica é um possível fator casual de comorbidades, tais como a asma e a sinusite. A obstrução nasal, o mais proeminente dos sintomas, está associada a eventos respiratórios relacionados aos distúrbios do sono, uma condição que tem profundo efeito sobre a saúde mental, o aprendizado, o comportamento e a atenção. Finalmente, a rinite alérgica - doença crônica que afeta crianças, adolescentes e adultos - frequentemente é subdiagnosticada ou inadequadamente tratada. O impacto deletério dos distúrbios do sono associados à rinite alérgica sobre a habilidade para realizar as atividades de vida diária dos pacientes é um importante componente da morbidade da doença. Com um diagnóstico acurado, existem vários tratamentos disponíveis que podem reduzir a carga associada à rinite alérgica.
Curso de Atualização - Micoses
Cecília Bittencourt Severo, Luciana Silva Guazzelli, Luiz Carlos Severo
J Bras Pneumol.2010;36(1):134-141
ResumoA zigomicose (mucormicose) é uma infecção rara, mas altamente invasiva, causada por fungos da ordem Mucorales (gêneros Rhizopus, Mucor, Rhizomucor, Absidia, Apophysomyces, Saksenaea, Cunninghamella, Cokeromyces e Syncephalastrum). Esse tipo de infecção é usualmente associado a doenças hematológicas, cetoacidose diabética e transplante de órgãos. A apresentação clínica mais frequente é a mucormicose rinocerebral, com ou sem envolvimento pulmonar. A zigomicose pulmonar ocorre mais frequentemente em pacientes com neutropenia profunda e prolongada e pode se apresentar como infiltrado lobar ou segmentar, nódulos isolados, lesões cavitárias, hemorragia ou infarto. As manifestações clínicas e radiológicas são na maioria dos casos indistinguíveis daquelas associadas com aspergilose invasiva. Este artigo descreve as características gerais da zigomicose pulmonar, com ênfase no diagnóstico laboratorial, e ilustra a morfologia de algumas lesões.
19 - Capítulo 8 - Infecções fúngicas em imunocomprometidos
Chapter 8 - Fungal infections in immunocompromised patients
Rodney Frare e Silva
J Bras Pneumol.2010;36(1):142-147
ResumoAs complicações pulmonares se constituem na maior causa de morbidade e mortalidade no hospedeiro imunocomprometido, devido à deficiência nos mecanismos básicos de defesa. Independente da causa da imunodepressão, infecções bacterianas, virais e fúngicas são as mais frequentes. Entre as infecções fúngicas, a aspergilose é a mais comum (incidência de 1-9% e mortalidade de 55-92%) nos diferentes tipos de transplantados. Embora a forma pneumônica seja a mais frequente, lesões do sistema nervoso central e sinusite não são raras. O sinal do halo em TC de tórax representa uma área de baixa atenuação em volta do nódulo, revelando edema ou hemorragia. O padrão ouro para o diagnóstico é a identificação do fungo por cultura de escarro, amostras de LBA ou biópsia. Na falta dessa identificação, a detecção de galactomanana, um dos componentes da parede celular de Aspergillus sp., tem mostrado sensibilidade e especificidade de 89% e 98%, respectivamente. Anfotericina B, anfotericina B lipossomal, caspofungina e voriconazol têm efeito sobre o fungo, com destaque para esse último. A pneumonia por Pneumocystis jirovecii, que pode ser fatal, teve sua incidência reduzida pelo uso preventivo de sulfametoxazol/trimetoprima. Dispneia e hipoxemia em pacientes imunodeprimidos indicam a necessidade da pesquisa de fungos. O uso de sulfametoxazol/trimetoprima por 14-21 dias associado com corticosteroides costuma ser eficaz. A candidíase disseminada é outra rara enfermidade fúngica causada por Candida spp.
Relato de Caso
20 - Pneumoconiose por exposição a metal duro com pneumotórax bilateral espontâneo
Hard metal pneumoconiosis with spontaneous bilateral pneumothorax
Maria Auxiliadora Carmo Moreira, Amanda da Rocha Oliveira Cardoso, Daniela Graner Schuwartz Tannus Silva, Maria Conceição de Castro Antonelli Monteiro de Queiroz, Albino Alegro Oliveira, Tiago Marinho Almeida Noleto
J Bras Pneumol.2010;36(1):148-151
ResumoA pneumoconiose por metal duro, descrita pela primeira vez em 1964, é uma doença difusa causada por inalação de partículas de cobalto. A doença pode se manifestar de três formas diferentes: asma ocupacional, doença intersticial e alveolite alérgica. Relata-se um caso de um jovem do sexo masculino, afiador de ferramentas, com quadro de tosse seca e dispnéia progressiva há um ano, apresentando-se à admissão com pneumotórax espontâneo bilateral. O diagnóstico foi confirmado através de biópsia pulmonar a céu aberto.
21 - Lipoma de traqueia simulando doença pulmonar obstrutiva
Tracheal lipoma mimicking obstructive lung disease
Vinícius Turano Mota, José Geraldo Soares Maia, Ana Teresa Fernandes Barbosa, Diego Franco Silveira Fernandes, Emanuelly Botelho Rocha
J Bras Pneumol.2010;36(1):152-155
ResumoOs tumores de traqueia são raros e podem ser de difícil diagnóstico, por mimetizarem outras afecções pulmonares de caráter obstrutivo, como asma e DPOC. Relatamos um caso de lipoma de traqueia em uma paciente que fora tratada para asma e DPOC, sem resposta adequada, até apresentar complicações infecciosas. A presença do tumor foi sugerida por TC de tórax e confirmada por fibrobroncoscopia. A paciente foi submetida à ressecção endoscópica do tumor; porém, evoluiu para o óbito por pneumonia e choque séptico.
Cartas ao Editor
22 - Novo teste alternativo para o complexo Mycobacterium tuberculosis
New alternative test for Mycobacterium tuberculosis complex
Viroj Wiwanitkit
J Bras Pneumol.2010;36(1):156-
Resposta do autor
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