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Cartas ao Editor

Escala visual para a quantificação da hiper-hidrose

Visual scale for the quantification of hyperhidrosis

Roberto de Menezes Lyra

Ao Editor:

Na maioria das vezes, os pacientes com hiper-hidrose têm, no âmbito social, uma experiência sensorial e emocional desagradável, difícil de ser externada de modo simples ao médico e de ser compreendida pela sociedade. Por outro lado, avaliar e quantificar clinicamente a hiper-hidrose não é tarefa fácil; por isso, li com bastante entusiasmo o manuscrito de Sakiyama et al. descrevendo uma avaliação quantitativa da intensidade da transpiração palmar e plantar em pacientes portadores de hiper-hidrose palmoplantar primária.(1)

Certamente, um equipamento de medição vem a somar na melhor quantificação da hiper-hidrose durante a propedêutica. Isso porque as apresentações clínicas de hiper-hidrose são muito variadas de pessoa para pessoa, embora haja um certo padrão de apresentação na hiper-hidrose localizada. Supõe-se que isso se deve, em parte, à grande variação anatômica da cadeia simpática e também, ao fato de que o sistema nervoso simpático não possui uma distribuição metamérica tão precisa, o que dificulta a sua representação em dermátomos.(2,3)

Outrora, para quantificar a hiper-hidrose, restava-nos mensurá-la clinicamente através de uma escala visual pela qual o paciente era questionado quanto à intensidade de sua hiper-hidrose, através de figuras, que, em uma escala, variam de um estado de normalidade até o estado de pior hiper-hidrose possível. Desse modo, podemos registrar no prontuário a intensidade da hiper-hidrose na avaliação inicial como também a cada reavaliação e, se for o caso, também no pós-operatório.(4)

Assim, quantifica-se o tipo de apresentação da hiper-hidrose, se a hiper-hidrose é generalizada ou localizada, e qual o tipo de distribuição corpórea (Figura 1). Realiza-se uma hachura demarcando as áreas que apresentam transpiração em excesso nas figuras do corpo humano. A seguir, utilizando-se as escalas visuais mostradas na Figura 1, determina-se a quantidade de suor e o tipo de hiper-hidrose localizada que o paciente apresenta (hiper-hidrose palmar, axilar e/ou plantar).



Fisiologicamente existe uma grande variabilidade na produção de suor, que depende de situações de calor no ambiente, estações climáticas, esforço físico, estresse e até do ciclo circadiano. Por isso, é de fundamental importância que o paciente nos oriente e quantifique as áreas a serem demarcadas, possibilitando, assim, um melhor embasamento ao raciocínio para a escolha do tratamento clínico ou cirúrgico da hiper-hidrose.(5)


Roberto de Menezes Lyra
Thoracic Surgeon. Hospital do Servidor Público Estadual de São Paulo - HSPE/SP, São Paulo Hospital for State Civil Servants - São Paulo, Brazil


Referências

1. Sakiyama BY, Monteiro TV, Ishy A, de Campos JR, Kauffman P, Wolosker N. Quantitative assessment of the intensity of palmar and plantar sweating in patients with primary palmoplantar hyperhidrosis. J Bras Pneumol. 2008;38(5):573-8. http://dx.doi.org/10.1590/S1806-37132012000500006

2. Zhang B, Li Z, Yang X, Li G, Wang Y, Cheng J, Tang X, Wang F. Anatomical variations of the upper thoracic sympathetic chain. Clin Anat. 2009;22(5):595-600. http://dx.doi.org/10.1002/ca.20803 PMid:19418453

3. Schünnke M, Schulte E, Schumacher U. Dores viscerais. In: Prometheus, atlas de anatomia: cabeça e neuroanatomia. Rio de Janeiro: Guanabara Koogan; 2007. p. 322-3

4. Lyra Rde M, Campos JR, Kang DW, Loureiro Mde P, Furian MB, Costa MG, et al. Guidelines for the prevention, diagnosis and treatment of compensatory hyperhidrosis. J Bras Pneumol. 2008;34(11):967-77. PMid:19099105

5. Boscardim PC, Oliveira RA, Oliveira AA, Souza JM, Carvalho RG. Thoracic sympathectomy at the level of the fourth and fifth ribs for the treatment of axillary hyperhidrosis. J Bras Pneumol. 2011;37(1):6-12. http://dx.doi.org/10.1590/S1806-37132011000100003 PMid:21390426.

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