Uma mulher de 68 anos de idade com miastenia gravis foi submetida a TC de tórax, a qual revelou massa sólida com 4 cm no mediastino an-terior, compatível com timoma (Figura 1). Um brônquio traqueal tipo II, originando-se 3 cm acima da carina, foi detectado como um achado incidental na TC (Figura 2). Foi programada cirurgia eletiva (toracoscopia). Um bloqueador endobrônquico foi colocado no brônquio fonte es-querdo através de um broncoscópio rígido para ventilar o pulmão direito. Um tubo orotraqueal (9 mm) com cuff foi colocado acima da ramifica-ção do brônquio traqueal para ventilar adequadamente todas as áreas do pulmão direito. Os cirurgiões torácicos ressecaram com sucesso o timoma do mediastino anterior por abordagem toracoscópica esquerda.
A presença de anomalia congênita assintomática da árvore traqueobrônquica em pacientes de cirurgia torácica pode ser um desafio não só para os cirurgiões torácicos, mas também para os anestesistas. A anomalia mais comum (relatada em até 3% da população) é o brônquio tra-queal que supre o lobo superior direito. Quando se considera a ventilação pulmonar unilateral nesses pacientes, os anestesistas devem evitar o bloqueio do brônquio traqueal colocando um bloqueador brônquico à esquerda e um tubo traqueal proximalmente ao nível do brônquio tra-queal, de forma que todas as áreas do pulmão direito possam ser ventiladas. Nosso caso destaca os desafios cirúrgicos e também as implica-ções do manejo das vias aéreas do paciente que apresenta brônquio traqueal e massa do mediastino anterior.
LEITURA RECOMENDADA1. Wooten C, Patel S, Cassidy L, Watanabe K, Matusz P, Tubbs RS, et al. Variations of the tracheobronchial tree: anatomical and clinical significance. Clin Anat. 2014;27(8):1223-33. http://dx.doi.org/10.1002/ca.22351