Uma mulher de 22 anos de idade apresentava hemoptise e dispneia (frequência respiratória, 38 ciclos/min; satura-ção periférica de oxigênio, 81%; pró-peptídeo natriurético cerebral, 2.073 ng/l), em conjunto com crepitações inspi-ratórias bilaterais e sopro cardíaco diastólico murmurar sobre o ápice. A imagem de TC de tórax mostrou consolida-ções multifocais cercadas por opacidades em vidro fosco, predominantemente nos lobos superiores (Figura 1), e sem embolia pulmonar. A broncoscopia não mostrou sangue endobrônquico mas uma vasculatura brônquica proeminente à esquerda (Figura 2). O LBA continha consistentemente sangue (90% de macrófagos alveolares com acúmulo de hemossiderina). A ecocardiografia detectou estenose mitral grave com a morfologia clássica de "bastão de hóquei" do folheto anterior e regurgitação aórtica leve. A pressão média da arterial pulmonar foi de 48 mmHg, e a pressão de oclusão da artéria pulmonar era de 32 mmHg. A reconstrução da válvula mitral foi realizada.
A estenose mitral pode provocar hemoptise.(1) A dilatação da vasculatura brônquica pode ser o primeiro sinal de pressão atrial esquerda elevada. O plexo venoso brônquico resultante da circulação arterial brônquica é ligado à circulação venosa pulmonar. Dois terços do sangue do plexo venoso retorna para as veias pulmonares e, em segui-da, para o átrio esquerdo.(2,3) Um aumento na pressão venosa pulmonar conduz a um fluxo reverso do sangue das veias pulmonares para o plexo venoso brônquico, visível como vasculatura brônquica ingurgitada.
LEITURAS RECOMENDADAS1. Wood P. An appreciation of mitral stenosis. I. Clinical features. Br Med J. 1954;1(4870):1051-63; contd. http://dx.doi.org/10.1136/bmj.1.4870.1051
2. Ohmichi M, Tagaki S, Nomura N, Tsunematsu K, Suzuki A. Endobronchial changes in chronic pulmonary venous hypertension. Chest. 1988;94(6):1127-32. http://dx.doi.org/10.1378/chest.94.6.1127
3. BAILE EM. THE ANATOMY AND PHYSIOLOGY OF THE BRONCHIAL CIRCULATION. J AEROSOL MED. 1996;9(1):1-6. HTTP://DX.DOI.ORG/10.1089/JAM.1996.9.1