Um homem brasileiro homossexual de 37 anos apresentava febre, dor torácica e várias protuberâncias pequenas palpáveis na parede torácica anterior. O exame físico revelou numerosos nódulos subcutâneos e intramusculares móveis de 1-2 cm na parede torácica anterior, com sinais de processo inflamatório local. A TC de tórax revelou numerosos nódulos redondos e ovais, a maioria dos quais com bordas calcificadas, na parede torácica anterior. Os nódulos estavam aparentemente relacionados com os músculos da região (Figura 1).
Como o paciente era de uma região onde a cisticercose é endêmica, suspeitou-se inicialmente dessa infecção. No entanto, os achados tomográficos não eram indicativos de cisticercose. A morfologia característica das calcificações observadas na cisticercose é semelhante ao arroz (ou a um charuto), e as calcificações ficam dispostas ao longo dos eixos longos dos músculos. Além disso, os nódulos na cisticercose distribuem-se de forma difusa pelos músculos. (1) No caso aqui relatado, as calcificações tinham forma de aro e ocorreram somente na parede torácica anterior. Ao aprofundarmos a discussão do caso, o paciente relatou que recebera injeção de silicone líquido nos seios, realizada 12 anos antes por um indivíduo não qualificado a fim de aumentar partes moles. Concluímos que sequelas de injeção de silicone líquido deveriam ser incluídas no diagnóstico diferencial de calcificações na parede torácica.
REFERÊNCIA1. Liu H, Juan YH, Wang W, Liang C, Zhou H, Ghonge NP, et al. Intramuscular cysticercosis: starry sky appearance. QJM. 2014;107(6):459-61. https://doi.org/10.1093/qjmed/hct243