ABSTRACT
Objective: Most studies of tuberculosis originate from high-income countries with a low incidence of tuberculosis. A review of the scientific production on tuberculosis in Latin American countries, most of which are low- or middle-income countries (some with high or intermediate tuberculosis incidence rates), would improve the understanding of public health challenges, clinical needs, and research priorities. The aims of this systematic review were to determine what has been published recently in Latin America, to identify the leading authors involved, and to quantify the impact of international collaborations. Methods: We used PubMed to identify relevant manuscripts on pulmonary tuberculosis (PTB), drug-resistant tuberculosis (DR-TB), or multidrug-resistant tuberculosis (MDR-TB), published between 2013 and 2018. We selected only studies conducted in countries with an annual tuberculosis incidence of ≥ 10,000 reported cases and an annual MDR-TB incidence of ≥ 300 estimated cases, including Brazil, Peru, Mexico, Colombia, and Argentina. Articles were stratified by country, type, and topic. Results: We identified as eligible 395 studies on PTB and 188 studies on DR/MDR-TB-of which 96.4% and 96.8%, respectively, were original studies; 35.5% and 32.4%, respectively, had an epidemiological focus; and 52.7% and 36.2%, respectively, were conducted in Brazil. The recent Latin American Thoracic Association/European Respiratory Society/Brazilian Thoracic Association collaborative project boosted the production of high-quality articles on PTB and DR/MDR-TB in Latin America. Conclusions: Most of the recent Latin American studies on tuberculosis were conducted in Brazil, Mexico, or Peru. Collaboration among medical societies facilitates the production of scientific papers on tuberculosis. Such initiatives are in support of the World Health Organization call for intensified research and innovation in tuberculosis.
Keywords:
Tuberculosis, pulmonary; Tuberculosis, multidrug-resistant; Latin America.
RESUMO
Objetivo: A maioria dos estudos sobre tuberculose é proveniente de países de alta renda com baixa incidência de tuberculose. Uma revisão da produção científica sobre tuberculose na América Latina, região onde a maioria dos países é de baixa ou média renda, alguns com alta ou média incidência de tuberculose, seria útil para entender as necessidades clínicas e de saúde pública, bem como as prioridades de pesquisa. O objetivo desta revisão sistemática foi identificar o que foi publicado recentemente na América Latina, os principais autores envolvidos e o impacto das colaborações internacionais. Métodos: O PubMed foi usado para identificar manuscritos relevantes sobre tuberculose pulmonar (TBP) e tuberculose resistente ou multirresistente publicados entre 2013 e 2018. Foram selecionados apenas os estudos realizados em países com incidência anual de tuberculose ≥ 10.000 casos notificados e incidência anual de tuberculose multirresistente ≥ 300 casos estimados, incluindo Brasil, Peru, México, Colômbia e Argentina. Os artigos foram estratificados por país, tipo e tópico. Resultados: Foram identificados 395 estudos sobre TBP e 188 sobre tuberculose resistente/multirresistente, dos quais 96,4% e 96,8%, respectivamente, eram estudos originais; 35,5% e 32,4%, respectivamente, concentravam-se em epidemiologia; 52,7% e 36,2%, respectivamente, haviam sido realizados no Brasil. O recente projeto colaborativo da Asociación Latinoamericana de Tórax/European Respiratory Society/Sociedade Brasileira de Pneumologia e Tisiologia impulsionou a produção de artigos de alta qualidade sobre TBP e tuberculose resistente/multirresistente na América Latina. Conclusões: A maioria dos estudos recentes sobre tuberculose na América Latina foi realizada no Brasil, México ou Peru. A colaboração entre sociedades médicas facilita a produção de artigos científicos sobre tuberculose. Iniciativas assim atendem ao pedido da Organização Mundial da Saúde de intensificação das pesquisas e inovações na área de tuberculose.
Palavras-chave:
Tuberculose pulmonar; Tuberculose resistente a múltiplos medicamentos; América Latina.
INTRODUÇÃOA Organização Mundial da Saúde (OMS) estima que, em 2017, houve 9,0-11,1 milhões de novos casos de tuberculose ativa e 1,2-1,4 milhões de mortes em decorrência da tuberculose, o que indica que a tuberculose é atualmente a principal causa de morte por infecção em todo o mundo e está entre as dez principais causas de morte em geral.(1) A Região das Américas da OMS, que é administrada pela Organização Pan-Americana da Saúde, inclui os Estados Unidos e o Canadá, ambos com baixa incidência de tuberculose, ao passo que a incidência de tuberculose varia de baixa a alta nos países da América Latina e Caribe, a maioria dos quais é de renda baixa a média com recursos limitados destinados à assistência à saúde e à pesquisa.(1,2)
Sociedades científicas como a Asociación Latinoamericana de Tórax (ALAT, Associação Latino-Americana do Tórax) e a Sociedade Brasileira de Pneumologia e Tisiologia (SBPT) promovem ativamente o treinamento, a educação médica continuada e a pesquisa que possa ser útil na luta contra a tuberculose. A influência dessas sociedades atinge a maioria dos países da América Latina. Recentemente, elas se aliaram à European Respiratory Society (ERS, Sociedade Respiratória Europeia) para elaborar iniciativas contra a tuberculose em diversos campos, inclusive na área de pesquisa.(3,4) Essas iniciativas são coletivamente denominadas projeto ALAT/ERS/SBPT. Como não havia fundos específicos para a tarefa, o projeto incluiu a coleta de dados, a criação de novos bancos de dados, a organização dos bancos de dados existentes e a elaboração de estudos, além da redação/tradução de artigos e facilitação de seu envio a periódicos revisados por pares.
De acordo com a OMS e o terceiro pilar de sua "End TB Strategy" (Estratégia para Acabar com a TB),(5,6) a pesquisa é essencial para promover melhores iniciativas clínicas e de saúde pública. A revisão de quem e o que foi recentemente publicado na América Latina sobre tuberculose ativa e a medição do impacto da colaboração internacional na produção de evidências científicas poderiam ajudar a compreender quais aspectos precisam ser abordados para que se cumpram as recomendações da OMS.
Foram incluídos no presente estudo cinco dos seis países da América Latina que relatam mais de 10.000 casos de tuberculose por ano. Esses países são, em ordem decrescente de incidência de tuberculose, Brasil, Peru, México, Colômbia e Argentina.(1-4) Coletivamente, os países supracitados relataram 160.683 casos em 2016, como se pode observar na Tabela S1 do arquivo suplementar (disponível no site do JBP: http://jornaldepneumologia.com.br/detalhe_anexo.asp?id=60).
Os países que estão se aproximando da meta de eliminação da tuberculose (cuja definição é menos de 1 caso/1.000.000 habitantes) precisam se concentrar em intervenções específicas, tais como o tratamento da tuberculose latente, e países com maior incidência de tuberculose precisam de atividades de controle da tuberculose cujo foco seja a tuberculose pulmonar (TBP) ativa.(3,4,7-9) Portanto, decidimos limitar nossa revisão a artigos a respeito de tuberculose ativa.
A diversidade epidemiológica dos países latino-americanos foi recentemente registrada em dois importantes documentos a respeito da região, ambos publicados conjuntamente pela Organização Pan-Americana da Saúde e pela OMS: o Plano Estratégico da Organização Pan-Americana da Saúde, de 2013,(10) e o Plano de Ação de Prevenção e Controle da Tuberculose, de 2014.(11) Espera-se que as prioridades de pesquisa estejam alinhadas com as prioridades e recursos disponíveis em cada país. No Brasil, o Plano Nacional pelo Fim da Tuberculose como Problema de Saúde Pública é um exemplo disso.(12) Novas informações provenientes de estudos locais são necessárias para aumentar a produção científica global na América Latina.
O principal objetivo desta revisão foi identificar as principais áreas de pesquisa sobre tuberculose nos países latino-americanos com as maiores taxas de TBP ativa, tuberculose resistente e tuberculose multirresistente. Os objetivos secundários foram identificar os pesquisadores latino-americanos que lideram a produção de pesquisa sobre tuberculose e avaliar o impacto das recentes colaborações internacionais entre as sociedades médicas na produção científica global da região.
MÉTODOSEste estudo concentrou-se nas contribuições científicas locais do Brasil, Peru, México, Colômbia e Argentina a respeito de TBP e tuberculose multirresistente. Esses cinco países, todos os quais são países de renda média, têm as maiores taxas de produção científica da América Latina. Em cada um desses países, a incidência anual de tuberculose é ≥ 10.000 casos notificados e a incidência anual de tuberculose multirresistente é ≥ 300 casos estimados, como se pode observar na Tabela S1 do arquivo suplementar (disponível no site do JBP: http://jornaldepneumologia.com.br/detalhe_anexo.asp?id=60). Os países supracitados são os únicos que participaram do projeto ALAT/ERS/SBPT.
Embora o Haiti esteja em quarto lugar na América Latina no que tange à incidência de tuberculose, decidimos não incluí-lo na análise regional desta revisão por vários motivos. Como o Haiti é um país de baixa renda, recebe apoio financeiro externo de longo prazo para pesquisa (principalmente de agências governamentais dos Estados Unidos). Além disso, o Haiti não esteve envolvido em nenhum estudo relacionado com o projeto ALAT/ERS/SBPT. As duas condições supracitadas dificultariam a avaliação da contribuição espontânea do país à pesquisa.
Critérios de inclusãoSelecionamos artigos revisados por pares e escritos em inglês, espanhol ou português por autores (responsáveis pela correspondência ou não) de qualquer um dos cinco países latino-americanos analisados no presente estudo (Brasil, Peru, México, Colômbia e Argentina). Usamos o PubMed para identificar manuscritos relevantes, publicados entre 1º de janeiro de 2013 e 19 de abril de 2018, cujos autores fossem pesquisadores latino-americanos. Para atribuir um determinado artigo a um determinado país, o primeiro critério de seleção foi o país do autor responsável pela correspondência, seguido pelo país do autor principal e o de cada um dos outros autores, com base nas filiações descritas no manuscrito original. Manuscritos com autores cuja filiação principal estivesse em um país de alta renda (os Estados Unidos, o Canadá ou um país da Europa, por exemplo) não foram considerados se nenhuma filiação latino-americana foi listada.
Realizamos nossas buscas em duas etapas, por meio dos seguintes descritores: "pulmonary tuberculosis" OR "pulmonary TB", para encontrar artigos sobre TBP (primeira etapa), e "multidrug-resistant tuberculosis" OR "multidrug-resistant TB" OR "MDR-TB" OR "drug-resistant tuberculosis" OR "drug-resistant TB", para encontrar artigos cujo foco fosse a tuberculose resistente/multirresistente (segunda etapa). A maioria dos manuscritos sobre tuberculose multirresistente foi encontrada durante a primeira etapa. Foram excluídos os artigos sobre tuberculose extrapulmonar, pois o objetivo desta revisão era identificar a produção científica a respeito da forma transmissível da tuberculose (TBP sensível ou resistente).
Incluímos artigos originais, artigos de revisão, editoriais, cartas, correspondência com dados originais e relatos de casos com novas informações, todos eles com texto completo. Para garantir a qualidade dos artigos, incluímos apenas aqueles que foram publicados em periódicos com fator de impacto no ano de publicação. Só foram incluídos os estudos de pesquisa básica com pacientes com TBP. Relatos de casos sem informações novas foram excluídos, assim como o foram os editoriais e cartas sem dados originais.
Os estudos sem relação com o projeto colaborativo da ALAT/ERS/SBPT foram analisados separadamente. Em seguida, comparamos os artigos que apresentavam relação com o projeto e os que não apresentavam. A comparação limitou-se a artigos publicados em 2016, 2017 ou no primeiro trimestre de 2018.
Análise de dadosPrimeiro, os artigos foram divididos em dois grupos: artigos sobre TBP e artigos sobre tuberculose resistente/multirresistente. Os artigos foram então estratificados por país e tipo de manuscrito - artigos com dados originais (manuscritos completos, relatos curtos ou cartas), editoriais e artigos de revisão - bem como por tópico (epidemiologia/pesquisa, bioquímica/diagnóstico, tratamento/desfechos ou genética/imunologia/vacinas). Dois dos autores avaliaram os manuscritos de modo independente. As divergências foram resolvidas por consenso.
Para cada país, foram identificados os autores que publicaram o maior número de artigos sobre TBP ou tuberculose resistente/multirresistente. Para cada um desses autores, foi realizada uma análise bibliométrica completa, incluindo o total de publicações, o índice h e o número de citações. Os artigos relacionados com o projeto ALAT/ERS/SBPT (e, portanto, seus autores) não foram considerados na análise principal, embora tenham sido considerados na análise comparativa. O estudo foi realizado em conformidade com as diretrizes de 2009 do Preferred Reporting Items for Systematic Reviews and Meta-Analyses.(13)
RESULTADOSForam publicados 803 manuscritos entre janeiro de 2013 e abril de 2018 (Figura 1): 532 sobre TBP e 271 sobre tuberculose resistente/multirresistente. Dos 803 manuscritos, 583 foram considerados aptos para análise: 395 sobre TBP e 188 sobre tuberculose resistente/multirresistente.
Dos 395 artigos sobre TBP, foram excluídos 137, pelos seguintes motivos (Figura 1A): relato de caso ou carta sem novas informações (n = 45); autores que não eram de nenhum dos países latino-americanos especificados (n = 34); artigos cujo foco não era a tuberculose (n = 25) e publicação em periódico sem fator de impacto no ano de publicação (n = 33). O número anual de artigos sobre TBP sem relação com o projeto ALAT/ERS/SBPT foi bastante estável (Tabela 1): 60 em 2016, 90 em 2017 e 17 no primeiro trimestre de 2018.
Como se pode observar na Figura 2A, o país que mais contribuiu com artigos sobre TBP foi o Brasil, responsável por 208 (52,7%) dos 395 artigos, seguido pelo México, com 79 (20,0%), Peru, com 57 (14,4%), Colômbia, com 29 (7,3%), e Argentina, com 22 (5,6%). A Tabela 2 descreve os tipos de artigos publicados na América Latina; a maior proporção foi de estudos originais, isto é, 96,4% (381 artigos). O tema mais estudado nesses artigos foi epidemiologia/pesquisa (em 35,5%), seguido por genética/imunologia/vacinas (em 29,9%), bioquímica/diagnóstico (em 23,5%) e tratamento/desfechos (em 11,1%).
Dos 188 artigos sobre tuberculose resistente/multirresistente, foram excluídos 82, pelos seguintes motivos (Figura 1B): duplicata ou relato de caso/carta sem novas informações (n = 11); autores que não eram de nenhum dos países latino-americanos especificados (n = 28); artigos cujo foco não era a tuberculose resistente/multirresistente ou cujo foco era a tuberculose animal (n = 32) e publicação em periódico sem fator de impacto no ano de publicação (n = 12). O número anual de artigos sobre tuberculose resistente/multirresistente sem relação com o projeto ALAT/ERS/SBPT foi bastante estável (Tabela 1): 32 em 2016, 41 em 2017 e 10 no primeiro trimestre de 2018. Como se pode observar na Figura 2B, o país que mais contribuiu com artigos sobre tuberculose resistente/multirresistente foi o Brasil, responsável por 68 (36,2%) dos 188 artigos, seguido pelo Peru, com 53 (28,2%), México, com 33 (17,6%), Argentina, com 20 (10,6%), e Colômbia, com 14 (7,4%). A Tabela 2 mostra que a maior proporção de artigos sobre tuberculose resistente/multirresistente foi de estudos originais, isto é, 96,8% (182 artigos). O tema mais comum foi epidemiologia/pesquisa (em 32,4%), seguido por tratamento/desfechos (em 30,9%), bioquímica/diagnóstico (em 27,1%) e genética/imunologia/vacinas (em 9,6%).
A análise bibliométrica dos principais autores por país para as categorias TBP e tuberculose resistente/multirresistente está resumida na Tabela 3. Para ambas as categorias, é evidente que a Rede Brasileira de Pesquisa em Tuberculose desempenha um papel de liderança no Brasil,(14-19) ao passo que a Rede de Pesquisa Partners in Health e a Universidade de Harvard desempenham papéis importantes no Peru.(20-23) Na Argentina, no México e na Colômbia, a maioria dos estudos de pesquisa básica é realizada em apenas algumas instituições de alto nível, geralmente em colaboração com outros países dentro e fora da América Latina.
A Tabela 4 apresenta a análise comparativa de estudos com e sem relação com o projeto ALAT/ERS/SBPT. No total, 289 artigos foram publicados no período de comparação (2016-2018). Os estudos relacionados com o projeto ALAT/ERS/SBPT corresponderam a 13,5% do total de artigos, isto é, 9,7% dos artigos sobre TBP e 20,1% dos artigos sobre tuberculose resistente/multirresistente (Figura 3). Todos esses artigos foram publicados em periódicos com fator de impacto. As contribuições dos autores que publicaram no âmbito do projeto ALAT/ERS/SBPT estão resumidas na Tabela 5.
DISCUSSÃOO objetivo desta revisão sistemática foi identificar as principais áreas de estudos sobre TBP e tuberculose resistente/multirresistente realizados recentemente no Brasil, Peru, México, Colômbia e Argentina, os autores latino-americanos envolvidos nesses estudos e o impacto da colaboração entre sociedades médicas internacionais. É difícil avaliar a quantidade e a qualidade da produção científica dos países selecionados, porque não há comparador de referência ou padrão ouro.
Em uma recente análise bibliométrica, Sweileh et al.(24) avaliaram os estudos sobre tuberculose multirresistente publicados em todo o mundo entre 2006 e 2015. Os autores observaram que o número de estudos sobre tuberculose e tuberculose multirresistente aumentou de 4.460 e 279, respectivamente, em 2013 para 4.711 e 342, respectivamente, em 2016. Eles também classificaram os países de acordo com o nível de produção científica sobre tuberculose multirresistente: o Peru ficou em 13º lugar, com 69 artigos; o Brasil ficou em 18º, com 51; o México ficou em 24º, com 36; a Argentina ficou em 31º, com 29; a Colômbia ficou em 37º, com 14. Na análise bibliométrica mundial, 71,3% dos artigos eram artigos originais; 9,6% eram artigos de revisão e 3,8% eram editoriais. Não obstante as diferenças metodológicas entre o estudo supracitado e o nosso (naquele estudo, o banco de dados Scopus foi usado, o foco foi a tuberculose multirresistente e as buscas não se limitaram a periódicos com fator de impacto), a produção global nos países latino-americanos incluídos em nosso estudo é quantitativamente consistente com a relatada pelos autores daquele estudo. Como o número de artigos publicados aumentou continuamente ao longo do tempo, o número de artigos publicados por ano é comparável. No que tange aos tipos de artigos, nossos achados também foram semelhantes: os artigos originais foram os mais comuns, seguidos por artigos de revisão e editoriais. Houve uma diferença no tocante à distribuição proporcional dos tipos de artigos; em nosso estudo, 96,5% dos artigos identificados eram artigos originais, ao passo que no estudo de Sweileh et al. apenas 71,3% eram artigos originais.(24) Neste último estudo, um autor latino-americano (Becerra MC, do Peru) esteve entre os 20 principais autores que publicaram estudos sobre tuberculose multirresistente, tendo sido o autor de 29 artigos durante o período avaliado. Esse mesmo autor também ficou entre as primeiras posições em nosso estudo. Nove dos autores mais bem classificados dos cinco países estudados por nós apresentaram índice h ≥ 20 (valor máximo: 50), o que confirma que há grupos de pesquisa de alta qualidade ativos na região. No entanto, deve-se ter em mente que alguns dos autores mais bem classificados estudam um amplo espectro de doenças tropicais além da tuberculose e que, portanto, seus índices h refletem sua produção científica global.
No presente estudo, consideramos os artigos nos quais pelo menos um dos autores tivesse filiação em um dos cinco países latino-americanos selecionados. Portanto, não foram contados os artigos nos quais a filiação estivesse fora desses países (Universidade de Harvard em vez de Rede de Pesquisa Partners in Health no caso de estudos conduzidos no Peru, por exemplo). Como mencionado anteriormente, não consideramos estudos realizados no Haiti, porque os projetos de pesquisa naquele país são financiados principalmente pelo governo dos Estados Unidos e porque o Haiti ainda não participou de nenhum dos estudos publicados no âmbito do projeto ALAT/ERS/SBPT.
Uma maneira indireta de avaliar a qualidade dos estudos é observar o número e a proporção de artigos aceitos para publicação em periódicos que sejam revisados por pares e tenham um fator de impacto. No presente estudo, foram excluídos os artigos publicados em periódicos sem fator de impacto, como foi o caso de apenas 33 (7,7%) de 428 artigos sobre TBP e 12 (6,0%) de 200 artigos sobre tuberculose resistente/multirresistente. Isso sugere que a grande maioria de artigos desse tipo produzidos na América Latina foi publicada em periódicos de alta qualidade.
Os resultados de nosso estudo mostram como as colaborações internacionais são capazes de aumentar a qualidade e a quantidade da produção científica na América Latina. São exemplos de colaborações desse tipo a colaboração entre a iniciativa Partners in Health da Universidade de Harvard e o consórcio do Programa Nacional de Tuberculose do Peru,(20-23) bem como a colaboração interna no Brasil no âmbito da Rede Brasileira de Pesquisa em Tuberculose, que tem propiciado diversas colaborações internacionais cuja base é um plano nacional de pesquisa bem elaborado.(14-19)
O projeto ALAT/ERS/SBPT permitiu a criação de uma rede de pesquisa com cinco países latino-americanos e a Itália em colaboração com o Instituto Científico Maugeri (Tradate, Itália). Particularmente relevantes são as colaborações científicas no âmbito desse projeto entre quatro instituições no México - o Instituto Nacional de Doenças Respiratórias, na Cidade do México; o Centro de Investigação, Prevenção e Tratamento de Infecções Respiratórias, no Hospital Universitário de Monterrey; a Universidade Autônoma de Nuevo León, em San Nicolás de los Garza e o Programa Nacional de TB do México - e quatro instituições no Brasil - a Fundação Oswaldo Cruz, na cidade do Rio de Janeiro; a Universidade Federal do Rio Grande do Sul, em Porto Alegre; a Rede Brasileira de Pesquisa em Tuberculose e o Programa Nacional de Controle da Tuberculose. Assim, o projeto ALAT/ERS/SBPT não só envolveu três associações médicas científicas como também trabalhou com três universidades e dois programas nacionais de combate à tuberculose, sem nenhum financiamento.
De acordo com Sweileh et al.,(24) a iniciativa Partners in Health da Universidade de Harvard e o Instituto Científico Maugeri estão entre as 10 instituições mais ativas do mundo no que tange ao número de artigos publicados sobre tuberculose multirresistente. (3-6,25-59) Exemplos adicionais de colaboração científica identificados em nosso estudo são as colaborações na área de pesquisa básica entre instituições de ponta no México, Argentina e Colômbia, frequentemente financiadas por outros parceiros internacionais.(60-64)
É digno de nota que o projeto ALAT/ERS/SBPT não só aumentou a qualidade e quantidade da produção científica na América Latina como também incentivou jovens pesquisadores a publicar pela primeira vez (o que melhorou seu currículo acadêmico), além de ter consolidado o currículo de publicações de vários especialistas seniores (Tabela 4). Além disso, como mencionado anteriormente, a colaboração não recebeu nenhum financiamento específico de nenhum grupo ou sociedade médica.
Não obstante seu desenho abrangente, nosso estudo tem várias limitações. Em primeiro lugar, o estudo examinou apenas cinco países latino-americanos, todos com alta incidência de tuberculose; como o Haiti não foi incluído, o estudo não abrangeu toda a Região das Américas da OMS. Portanto, o presente estudo não examinou toda a produção científica da região. Além disso, como optamos por usar o termo "pulmonary TB" em vez do termo "TB" em nossas buscas, é possível que algumas publicações relevantes não tenham sido incluídas. No entanto, essa abordagem foi útil para limitar o número de artigos que mencionassem casos extrapulmonares e que, embora incluíssem a tuberculose, não se concentrassem na doença (havia vários artigos sobre tuberculose animal e artigos nos quais a tuberculose era mencionada apenas na discussão, sem que qualquer outro dado fosse apresentado). Não obstante, é provável que a produção científica global a respeito da tuberculose na região tenha sido subestimada. Além disso, só foi formalmente possível comparar diretamente os manuscritos com e sem relação com o projeto da ALAT/ERS/SBPT no caso dos manuscritos sobre tuberculose resistente/multirresistente. Por fim, embora as principais colaborações tenham sido descritas e a análise bibliométrica essencial tenha sido realizada, a análise detalhada das colaborações científicas e das citações dos artigos identificados não fazia parte dos objetivos de nosso estudo.
Concluímos que, embora tenhamos demonstrado que a produção científica na América Latina é de alta qualidade, o número de publicações parece baixo em comparação com o relatado em outras regiões.(24) Parece-nos surpreendente que, embora tenham acesso a uma grande quantidade de dados, os programas nacionais de tuberculose dos países avaliados tenham patrocinado poucos artigos publicados. É preciso mais apoio para ampliar os esforços de pesquisa existentes na América Latina, o que fortaleceria a capacidade dos programas nacionais de tuberculose de usar seus dados para melhorar a prevenção, diagnóstico e tratamento de TBP sensível e resistente em seus respectivos países e de superar as limitações de financiamento e as barreiras linguísticas.(24)
A colaboração internacional entre sociedades médicas deve ser promovida como forma comprovadamente eficaz de impulsionar a produção científica na área de tuberculose na América Latina. Não obstante a falta de financiamento, colaborações desse tipo poderiam apoiar o terceiro pilar da "End TB Strategy" (Estratégia para Acabar com a TB) da OMS, isto é, a intensificação das pesquisas e inovações na área de tuberculose.
AGRADECIMENTOSEste estudo foi realizado no âmbito dos projetos colaborativos da ERS/ALAT e ERS/SBPT e do plano de pesquisa operacional do WHO Collaborating Centre for Tuberculosis and Lung Diseases (Tradate, ITA-80, 2017-2020-GBM/RC/LDA), bem como no da Global TB Network, organizada pela World Association for Infectious Diseases and Immunological Disorders.
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