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Editorial

Época de balanços

Taking stock

José Antônio Baddini Martinez

O final do ano, para muitos de nós, é época envolta em nostalgia. O período do Natal e Ano Novo cursa, para a maioria das pessoas, com redução do ritmo de trabalho, o que favorece a introspecção. A atmosfera festiva e aconchegante das reuniões familiares traz, entre outras coisas, recordações da infância, memórias de entes queridos ausentes, e induz a reflexões: Posso me considerar uma pessoa realizada? Será que ainda irei conseguir tudo aquilo que um dia sonhei? Não seria melhor eu dedicar mais tempo à família?

Do mesmo modo, diversas empresas interrompem as atividades públicas nos últimos dias de dezembro, com a finalidade de conferir estoques e contabilizar os ganhos e perdas anuais. Verdadeiramente, os últimos dias do ano são ocasiões propícias à meditação e balanços.

Dentro desse espírito, vale a pena analisarmos o caminho percorrido pelo Jornal Brasileiro de Pneumologia e seu antecessor, o Jornal de Pneumologia, em tempos recentes. Em editoriais previamente publicados sempre fizemos análises voltadas aos aspectos qualitativos que devemos perseguir.(1-3) Neste texto, vamos nos deter em alguns aspectos quantitativos da revista.

Os parâmetros listados nas Tabelas 1 e 2 correspondem a importantes medidas da qualidade geral de uma publicação. Pela sua observação, podemos constatar o enorme crescimento que o Jornal Brasileiro de Pneumologia vem tendo nos últimos anos.









O número total de artigos submetidos, independentemente de sua classificação, vem crescendo ano a ano, o que naturalmente reflete em aumento do número de manuscritos aceitos e publicados. O crescimento do número de páginas publicadas por volume tem acontecido apesar do estabelecimento de limites máximos de palavras para os diferentes tipos de artigos. Certamente que a submissão de mais artigos ao jornal tende a sobrecarregar funcionários da secretaria, membros do corpo editorial e revisores. Apesar desse aumento da carga de trabalho para todos os envolvidos com a publicação da revista, o tempo médio entre a submissão de um manuscrito e a decisão final acerca da sua aceitação ou rejeição mantém-se em níveis compatíveis com os das melhores revistas internacionais.

O número crescente de artigos submetidos trouxe, ainda, outras duas conseqüências: o aumento das taxas de rejeição de artigos e o alongamento do tempo entre a aceitação do manuscrito e sua publicação impressa. Um periódico científico não tem condições de publicar todo o material que lhe é submetido. Além de isso não ser viável, por razões econômicas e operacionais, também não é desejável do ponto de vista da qualidade perseguida. Hoje, o Jornal Brasileiro de Pneumologia tem as condições necessárias para, por meio de um sistema cego de análise por pares, selecionar os trabalhos com melhor metodologia, de casuísticas mais expressivas ou de maior importância epidemiológica, sem que isso coloque em risco a continuidade ou a periodicidade de sua publicação. Embora esse tipo de sistema de análise seja passível de críticas, a nosso ver ele ainda é o melhor e temos nos esforçado ao máximo para minimizar as possibilidades de erros.

Na era da comunicação eletrônica, não poderíamos deixar de analisar aqui alguns aspectos relacionados à homepage do jornal. Em janeiro de 2007, o número médio diário de acessos ao sítio www.jornaldepneumologia.com.br foi 688, em março ele dobrou para 1.328, e em setembro ultrapassou 2.000. No mês de outubro, o número médio diário de acessos foi 2.094. É de nosso conhecimento que pesquisadores do exterior têm entrado em contato com autores nacionais sobre artigos publicados no Jornal Brasileiro de Pneumologia acessados via Internet. Nós já estamos recebendo submissão de artigos científicos confeccionados em Portugal, Uruguai, Índia e Turquia. Portanto, os meios eletrônicos de divulgação são elementos chave para a divulgação do nosso jornal. Os dados aqui mostrados indicam que o Jornal Brasileiro de Pneumologia está em ritmo de crescimento acentuado, o que nos obriga a perseguir novos patamares. Dentro desse contexto, um marco importantíssimo está prestes a ser atingido:

A partir de janeiro de 2008, nossa revista vai tornar-se mensal!

De início, haverá uma redução do número de artigos publicados em cada fascículo, visando facilitar a adequação do trabalho dos nossos prestadores de serviço. Entretanto, no meio do ano pretendemos que a revista mensal já tenha readquirido as características da publicação atual. Acreditamos que essa medida reduzirá o tempo médio entre a aceitação de um manuscrito e sua efetiva publicação no jornal.

O advento da revista mensal deixará o jornal ainda mais próximo do leitor e permitirá a criação de novas seções dentro do periódico. Pretendemos iniciar a publicação de Ensaios Pictóricos como forma de atualização sobre achados radiológicos. Uma seção de Educação Continuada oferecerá ao leitor séries de artigos sobre temas de relevância clínica. As Diretrizes da Sociedade Brasileira de Pneumologia e Tisiologia deixarão de ser publicadas em suplementos especiais e, com textos mais enxutos e objetivos, serão incorporadas aos números regulares da revista.

Uma outra importante mudança programada para 2008 é a transferência em definitivo da administração de todo o processo de confecção da revista para Brasília, junto à sede da Sociedade Brasileira de Pneumologia e Tisiologia. Essa medida visa criar uma estrutura de trabalho profissional otimizada, estável, e duradoura, além de implicar na redução de custos. Contando com profissionais especificamente contratados para trabalhar junto ao jornal e totalmente familiarizados com sua confecção, os editores-chefes poderão residir em qualquer região do Brasil, uma vez que a quase totalidade das tarefas e decisões podem, atualmente, ser facilmente efetuadas pela Internet.

Nesse momento de mudanças, não poderíamos deixar de publicamente agradecer à Srta Priscilla de Cássia Bovolenta por todo seu trabalho e dedicação ao Jornal Brasileiro de Pneumologia ao longo dos últimos oito anos. A Srta Priscilla sempre foi personagem central e extremamente atuante em meio ao vendaval de transformações que acometeram a publicação nesse período. Certamente que, sem ela, não teríamos chegado onde estamos agora. Mesmo não podendo acompanhar a transferência do escritório do jornal para Brasília, seu nome sempre estará intimamente relacionado à história deste periódico.

Mais uma vez, não podemos perder a oportunidade de pedir à comunidade pneumológica brasileira que continue a submeter seus melhores trabalhos científicos a nosso jornal. Do mesmo modo, não deixem de citar nossa publicação sempre que puderem, em seus manuscritos submetidos a revistas internacionais. Somente desse modo a publicação ficará cada vez mais conhecida e será selecionada para sistemas de indexação científica mais renomados.

Para concluir, a equipe do Jornal Brasileiro de Pneumologia gostaria de desejar a seus leitores e colaboradores um 2008 repleto de alegrias e realizações, à semelhança do que nós temos vivido dentro deste jornal nos últimos anos.

Referências

1. Martinez JAB. Novos tempos, antigos desafios. J Bras Pneumol. 2005;31(3):1-2.

2. Martinez JAB. O Jornal Brasileiro de Pneumologia está no MEDLINE! J Bras Pneumol. 2006;32(6):xxvii-xxix.

3. Martinez JAB. Em busca da qualidade total. J Bras Pneumol. 2007;33(1):i-iii.
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Prof. Dr. José Antônio Baddini Martinez
Professor Associado da Faculdade de Medicina de Ribeirão Preto da Universidade de São Paulo Editor-Chefe do Jornal Brasileiro de Pneumologia

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